Santander reforça linha de ‘home equity’ na crise

Diante de uma reformulação da área de negócios imobiliários, o Santander colocou entre as prioridades avançar na oferta do “home equity”, o crédito com garantia em imóveis, tendo em vista o contexto de crise econômica e a necessidade de liquidez de pessoas físicas e jurídicas. À frente do projeto está Sandro Gamba, que trabalhou por duas décadas na Gafisa, em uma jornada até a presidência, e ocupa desde fevereiro a diretoria de negócios imobiliários no banco.

Oferecido no Brasil desde 2006, o home equity ganha cada vez mais atenção de bancos e fintechs. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ano passado que a linha é pouco explorada, uma vez que 95% das casas são quitadas, mas as pessoas não conseguem usá-las como garantia em empréstimos. O mercado de home equity somava R$ 10,5 bilhões em abril, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Em meio à crise causada pela pandemia de covid-19, o Santander reduziu a burocracia do produto chamado Use Casa, tornou o processo mais digital, para evitar o deslocamento do cliente, e está fazendo ofertas on-line e pelo aplicativo. “Não é um produto plenamente conhecido, por isso nesses últimos dois meses uma das prioridades é potencializá-lo”, disse Gamba ao Valor, em sua primeira entrevista sobre a reestruturação da área.

Em maio, o volume de recursos liberados cresceu 120% em comparação a janeiro. O banco não divulga o tamanho da carteira, mas em meados do ano passado ela estava em R$ 1,7 bilhão. A taxa de juro da linha é de 1% ao mês, enquanto um empréstimo pessoal em banco tem juro médio de 3,32% ao mês, segundo a Anefac.

O prazo é de até 20 anos e o cliente pode financiar 60% do valor do imóvel, para qualquer finalidade. A linha ganha tração na crise porque muitos empresários têm usado para tomar empréstimo na pessoa física, mas para uso em negócio próprio, enquanto o crédito para pessoa jurídica está mais restrito.

O tempo para liberação dos recursos, no entanto, ainda é um desafio. A média é de 25 dias, mas o banco tem conseguido reduzir para nove dias em algumas situações. “À medida que aumenta o volume, atingiremos mais eficiência. Há oportunidade de redução do tempo a partir de melhorias operacionais, na plataforma e no registro do imóvel como garantia.”

O avanço no home equity faz parte de um projeto mais amplo de reestruturação dos negócios imobiliários do banco. Neste ano, o Santander decidiu unificar em uma mesma diretoria as áreas de crédito imobiliário pessoa física e jurídica – que representam 8,7% da carteira ampliada de R$ 463,4 bilhões -, administração dos bens retomados e o desenvolvimento de seus ativos imobiliários, para extrair mais valor de cada negócio.

Nesse sentido, o banco está desenvolvendo projetos de incorporação em terrenos que antes eram usados para agências físicas, em imóveis de clientes que têm interesse no desenvolvimento da área ou em imóveis retomados, em parceria com o próprio mercado. 

“Não estamos participando apenas como agente financeiro, mas da estruturação dos projetos, com maior relevância no ciclo completo do mercado imobiliário”, afirma Gamba, cuja vinda para o banco foi exatamente para aprofundar a visão de mercado.

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