Barra e Recreio lideram ranking de valorização

A ressignificação da moradia que gerou um boom de negócios no mercado imobiliário, especialmente no segmento de alto luxo, alçou a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes (ambos na Zona Oeste) ao topo do ranking dos bairros mais valorizados do Rio de Janeiro. De acordo o Índice FipZap+ referente a setembro, a Barra e o Recreio atingiram uma valorização de 8,7% e 8,8%, respectivamente, nos últimos 12 meses.

O aumento no valor das unidades na região é maior do que o registrado em bairros da badalada Zona Sul carioca. O preço do metro quadrado de um imóvel na Barra (R$ 11,8 mil) é superior ao praticado na mundialmente famosa Copacabana (R$ R$ 11,2 mil) e ainda mais elevado do que nos bairros do Flamengo (R$ 11,1 mil) e de Laranjeiras (R$ 10,1 mil).

Com empreendimentos de alto padrão que reúnem arquitetura contemporânea, plantas confortáveis, lazer sob medida e diferenciais de tecnologia, segurança, sustentabilidade e serviços compartilhados, Barra e Recreio também lideram a lista de bairros mais demandados para operações de compra e venda de imóveis, com 12% e 9%, respectivamente — o que inclui ainda uma demanda reprimida natural da própria região por um upgrade dos imóveis.

Economista do DataZAP+, Larissa Gonçalves informa que o aumento da procura por imóveis na Zona Oeste vem se confirmando desde 2020. “O ciclo de crescimento do mercado imobiliário é longo, e, quando a região está prosperando, a tendência é de manutenção desse movimento por um longo tempo”, explica ela, acrescentando que, a despeito da indefinição no campo político em função das eleições presidenciais, a expectativa é que o nível de valorização observado na Barra e no Recreio se mantenha.

Para o empresário Eric Labes, CEO da Start Investimentos, o aumento da procura por imóveis na região deve-se a uma conjunção de fatores, como, por exemplo, a busca das pessoas por mais qualidade de vida e por mora-dias mais espaçosas. “A esse fator, soma-se ainda a maior oferta de empreendimentos em locais premium e com alto nível de sofisticação”, afirma. Segundo ele, o crescimento da demanda também por imóveis no Recreio é uma tendência natural, “uma vez que já não existem terrenos edificáveis na orla da Barra”.

Entusiasta da tese de que “o futuro imobiliário do Rio está na Barra da Tijuca”, Labes não só aposta na manutenção do frenético ritmo de crescimento da região, como prevê para um período de 15 anos, no máximo, o esgotamento da disponibilidade de terrenos também nessas áreas da Zona Oeste, a exemplo do que ocorre atualmente na Zona Sul. “Isso ocorrerá principalmente na Barra, cujo desenvolvimento já tem 50 anos. O Recreio deverá oferecer mais possibilidades porque o bairro só começou a despertar mais interesse das grandes incorporadoras a partir dos anos 2000″, explica Labes.

A Start Investimentos lançou recentemente, na Praia do Pontal, o condomínio de luxo On The Ocean, com 134 unidades de até cinco quartos na cobertura. O VGV foi de R$ 250 milhões.

Sanderson Fernandes, diretor da Avanço Realizações Imobiliárias, entende que o crescimento da região foi muito impulsionado pela pandemia, mas não é apenas circunstancial. “A demanda por residenciais de luxo na Barra da Tijuca deverá se manter em alta nos próximos anos”, estima o executivo. A incorporadora é dona do Condomínio Arouca, localizado no Jardim da Barra, que tem casas e mansões de até 1,3 mil metros quadrados de área total e preço médio de R$ 20 milhões.

Oferta de imóveis na região dobrou em dez anos

Estudo divulgado recentemente pelo Secovi Rio confirma a tendência observada nos resultados do Índice FipZap+. Segundo o levantamento, somente nos últimos dez anos a oferta de imóveis na Barra da Tijuca dobrou, saindo de 5,2 mil unidades, em junho de 2012, para 11,9 mil em junho de 2022.

Para Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio, a valorização da Barra da Tijuca tem relação com a mudança de perfil dos imóveis que passou a ser buscado após a pandemia e com a adoção do trabalho em home office pelas empresas. “Muitas famílias passaram a buscar imóveis maiores e com espaços de lazer que ofereçam mais qualidade de vida, características comuns dos lançamentos na Barra e no Recreio”, analisa.

Schneider observa que o mercado imobiliário do Rio de Janeiro passa por um momento especial, principalmente considerando-se o desempenho dos últimos quatro anos. “Não podemos falar ainda se a valorização vai se manter, porque vivemos um cenário de incertezas na política, na economia e até no exterior, com a guerra na Ucrânia. Mas podemos ver claramente um cenário de estabilidade até mais consistente do que o observado de 2016 a 2020.”

O estudo do Secovi Rio aponta que o valor do metro quadrado ofertado para venda de imóveis na Barra da Tijuca é maior na Avenida do Pepê (R$ 19.062), seguida por Avenida Lúcio Costa (R$ 16.617), Jardim Oceânico (R$ 13.642), Península (R$ 12.199) e Ilha Pura (R$ 8.979).

Os endereços com o maior volume de unidades vendidas foram: Rua Rodrigo Melo Franco (168), Avenida Lúcio Costa (148), Avenida das Américas (96), Avenida Dulcídio Cardoso (93) e Avenida dos Flamboyants (79).

Valor Econômico, caderno Imóveis de Valor

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