Empresa que faz impermeabilização há 84 anos vê seu futuro nas startups

As startups estão transformando mercado por mercado – e nem mesmo a impermeabilização ou a manta asfáltica escapam do movimento. A Vedacit, uma empresa que atua há 84 anos e vende mais de 100 produtos em 50 mil pontos de venda, começou o próprio programa de aceleração de startups, em 2018. Diante dos resultados, a Vedacit está investindo mais no programa: além de um aporte semente de R$ 100 mil, outros R$ 100 mil serão colocados em desenvolvimento de produto.

O Vedacit Labs foi lançado no segundo semestre de 2018, junto da aceleradora Liga Ventures. O objetivo é levar mais serviços e tecnologias ao mercado da construção civil. “Ouvimos dos clientes que não bastava só entregar produtos. Era preciso oferecer garantia e orientação sobre nossos sistemas de impermeabilização e de manta asfáltica”, diz Luis Fernando Guggenberger, responsável pelo programa de aceleração.

As primeiras cinco startups selecionadas começaram a aceleração em março de 2019. A Vedacit investe R$ 100 mil nos empreendimento em troca de 5% de participação no esquema de mútuo conversível.

As startups recebem residência gratuita no WeWork Paulista (São Paulo), por seis meses; aceleração desenhada pela Liga Ventures; e compromisso de desenvolvimento e mentoria da Vedacit para pensar ou repaginar soluções.

Um exemplo de startup acelerada é a Lógica-e. Uma de suas frentes é trazer automação a equipamentos da construção civil, desenvolvendo circuitos eletrônicos e sensores. Ao mesmo tempo, a Vedacit via problemas para certificar a aplicação correta de sua manta asfáltica.

A Lógica-e desenvolveu uma vassoura metálica de alta tensão que identifica microfissuras na manta. A verificação anterior era feita colocando água na manta, processo que levava 72 horas por aplicação e gastava bilhões de litros anualmente.

Matheus Souza dos Santos e Bruno Roussenq Bichels, da Lógica-e (Foto: Lógica-e)

Além da Lógica-e, a primeira edição teve as construtechs Construcode, NETResíduos, Obra Azul e Programa Doce Lar.

O produto da Lógica-e com a Vedacit se chamaria Vedacit Detector. A invenção foi validada em 66 obras, com 88% de aceitação. A Vedacit investiu mais de R$ 200 mil no projeto, por conta do desenvolvimento de hardware. “Depois de validar o problema e o produto, projetamos um fluxo de caixa descontado e vimos que o potencial de ganho superava a necessidade de capital”, afirma Alexandre Quinze. O executivo de tecnologia da informação da Vedacit também foi mentor da Lógica-e durante o Vedacit Labs.

O Vedacit Detector já está sendo comercializado. “A gente vende agora não apenas esse equipamento ou a manta asfáltica em si, mas um metro quadrado já com garantia de impermeabilização. Estamos indo do produto para o serviço com garantia, ampliando modelos de negócio.”

O futuro da aceleração na Vedacit

O novo ciclo do Vedacit Labs começa nesta semana, com mais cinco startups: ConnectData (São Paulo), Construct In (RS), Elixir AI (RS), Omni-eletronica (SP) e Prevision (SC).

Diante dos resultados da aceleração anterior, a Vedacit aumentou seu investimento: agora, coloca outros R$ 100 mil apenas para desenvolvimento de produto. Ao todo, o investimento da empresa no programa foi de R$ 2 milhões.

A expectativa da gigante da impermeabilização é alta: ela espera um aumento de 5% em seu Ebitda até 2023 graças às receitas geradas pelo contato com startups. Nas empresas mais tradicionais, a inovação precisa vir junto a um bom negócio.

Empresas médias avançam no setor imobiliário

Nas placas de construção de edifícios, um sinal de que a retomada do setor imobiliário em São Paulo traz novidades. Ao contrário do que ocorreu no período pré-crise, com as grandes construtoras e incorporadoras dominando o mercado, agora as empresas médias têm conseguido ampliar a presença no setor. Marcas menos conhecidas estampam os anúncios de lançamentos em quase todas as regiões da capital.A explicação está na conjuntura atual e nos problemas financeiros enfrentados pelas grandes companhias durante a crise.

“No passado, as empresas maiores estavam muito capitalizadas e as pequenas e médias em um patamar abaixo nesse quesito. Elas não conseguiam competir na compra de terrenos. A crise mudou essa dinâmica”, diz o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), Claudio Hermolin.Descapitalizadas, as grandes empresas abriram espaço para as pequenas e médias formarem seu banco de terrenos e fazer os projetos que agora estão saindo do papel. Isso reduziu a concentração no setor. “A diversificação cria dinâmica de novos entrantes, projetos diferentes e dá mais opções ao consumidor”, diz Hermolin. No ano passado, o setor lançou 55,5 mil unidades residenciais em São Paulo – 50% superior aos números de 2018. As unidades representam 42% de tudo que foi lançado no País.

Outro fator que contribui para o avanço das empresas médias é a alta liquidez no mercado, intensificada pelo cenário de juros baixos. Nos últimos tempos, fundos de investimentos têm ajudado na capitalização das companhias menores, que ganharam maior poder de fogo para negociar a compra de terrenos e desenvolver os projetos.A Vitacom é um exemplo desse movimento. Em 2017, quando as grandes empresas sofriam com a escalada dos distratos (devolução do imóvel) por causa da recessão econômica, a construtora e incorporadora conseguiu captar R$ 600 milhões com o fundo americano Hines. No ano seguinte, mais R$ 1,5 bilhão com o fundo de Cingapura Capital Land. E, em 2019, outros R$ 2 bilhões com o fundo 7 Bridges.”O capital está abundante. Uma vantagem competitiva que era abrir o capital deixou de ser relevante”, diz o presidente da Vitacon, Alexandre Lafer Frankel. Na avaliação dele, a empresa tem hoje o mesmo nível de acesso ao capital que as companhias abertas. “A diferença é que temos mais liberdade nas decisões.”No ano passado, a companhia lançou oito empreendimentos. Neste ano, serão 12 projetos. “Desde os primeiros aportes temos tido um crescimento da ordem de 50% ao ano”, afirma Frankel. O executivo diz que o foco da companhia continuará sendo as unidades compactas – a empresa já lançou unidades de 10 a 32 metros. E esse número pode diminuir ainda mais. “São lançamentos com foco no investidor, que tem apresentado uma demanda muito alta (por causa da taxa de juros).”

Há 46 anos no mercado, a Benx é outra que entrou na onda dos fundos de investimentos e teve aportes para três projetos nos últimos anos. “Com a taxa de juros mais baixa, esses investidores estão apoiando as empresas médias na compra de terrenos e desenvolvimento dos projetos”, diz o diretor-geral da companhia, Luciano Amaral.De 2016 para cá, a incorporadora lançou 15 empreendimentos. Dois já foram entregues, 11 estão em construção e 2, em lançamento. Para este ano, a expectativa é fazer outros cinco lançamentos. Amaral conta que, depois de fazer muitos projetos para o Minha Casa Minha Vida, em 2018 e 2019 a companhia decidiu voltar ao mercado de médio e alto padrão.Umas das apostas é o emblemático Parque Global, que ficou embargado por cinco anos. “Estamos retomando o projeto”, diz o executivo. São cinco torres residenciais, shopping center e um complexo de inovação, educação e saúde, nas proximidades do Parque Burle Marx, em São Paulo.Na mesma linha, a Gamaro está desenvolvendo o empreendimento O Parque. O projeto prevê a construção de quatro torres, três residenciais e uma corporativa. Duas foram lançadas em dezembro de 2018 e já tiveram 60% das unidades vendidas. A terceira torre residencial será lançada neste mês. O prédio comercial, em construção, será vendido à parte para algum investidor ou empresa que vai administrar o ativo.Especializado na construção de edifícios educacionais, o grupo só criou a incorporadora em 2014. Desde então, lançou cinco empreendimentos (incluindo O Parque).

Para o ano que vem, há previsão de um novo projeto no bairro do Ipiranga. Segundo o diretor de incorporação da companhia, Ricardo Grimone, os projetos têm sido tocados com capital próprio e financiamentos bancários. “Mas temos sido bastante procurados por fundos para possíveis parcerias e estamos em conversas.”Volta das grandesPara garantir o estoque de terrenos, a empresa está de olho em oportunidades. Segundo ele, as grandes construtoras estão começando a voltar ao mercado, o que tem aumentado a disputa. “As grandes sofreram muito, pararam, arrumaram a casa e estão retomando os negócios. Isso tem aumentado a concorrência nas novas aquisições”, diz Grimone.

O economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, confirma esse movimento. “Na crise, tivemos empresas que reduziram suas estruturas e algumas que encerraram as atividades. Nesse período, deixaram de fazer lançamentos, mas estão voltando”, diz ele. “As empresas estão se reestruturando e aprovando projetos”, completa Odair Senra, presidente do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon-SP). Esse movimento vai aparecer nos próximos lançamentos. 

Comissão da Reforma Tributária começa seus trabalhos na quarta-feira

A Comissão Mista da Reforma Tributária vai começar seus trabalhos na próxima quarta-feira (4). A reunião de instalação está marcada para as 14h30, na sala 19 da Ala Alexandre Costa.

Criada em uma solenidade na Presidência do Senado no dia 19, a comissão será composta por 25 senadores e 25 deputados. Para elaborar sua proposta de reforma tributária, os parlamentares terão como base as propostas de emenda à Constituição sobre o tema que tramitam na Câmara (PEC 45/2019) e no Senado (PEC 110/2019). Além disso, o governo também deve enviar uma proposta para o Congresso.

O senador Roberto Rocha (PSDB-MA) é o presidente da comissão, que tem o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) como relator. Roberto Rocha disse trabalhar com um prazo de 45 dias para a apresentação de uma proposta. A ideia dos parlamentares é apresentar um sistema tributário mais racional e menos burocrático. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, disse esperar que a comissão trabalhe em um texto consensual.

— Tenho certeza de que esses 50 membros vão fazer uma redação que concilie o Brasil e fortaleça o empreendedorismo, gerando empregos e riqueza. É uma reforma aguardada há décadas pelos brasileiros, com desburocratização, com simplificação. É a possibilidade, de fato, de dar segurança jurídica e tranquilidade aos empreendedores — destacou Davi.

Fonte: Agência Senado