Confiança do empresário cai e atinge menor nível desde abril

O Índice de Confiança Empresarial (ICE), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), caiu 0,5 ponto de janeiro para fevereiro deste ano. É a quarta queda consecutiva.

Com isso, o ICE chegou a 91,1 pontos em uma escala de 0 a 200 pontos, o menor nível desde abril de 2021 (89,6 pontos).

O indicador consolida os índices de confiança dos quatro setores econômicos pesquisados: indústria, construção civil, comércio e serviços.

O Índice da Situação Atual, que avalia a percepção dos empresários sobre o presente, caiu 3,2 pontos e atingiu 88,1 pontos.

O Índice de Expectativas, que mede a confiança dos empresários em relação ao futuro, subiu 1,9 ponto e chegou a 93,3 pontos.

Entre os quatro setores, dois apresentaram queda. A confiança dos serviços cedeu dois pontos e chegou a 89,2 pontos.

A indústria recuou 1,7 ponto, mas continua com a maior pontuação entre os segmentos (96,7 pontos).

Ao mesmo tempo, dois setores tiveram alta. A confiança da construção subiu 0,9 ponto indo para a 93,7 pontos.

O comércio cresceu 2,1 pontos, mas manteve-se com o pior indicador entre os quatro segmentos (87 pontos).

CNN Brasil

PEC do laudêmio pode incentivar grilagem de terras e criar praias privadas no Brasil

Uma proposta de Emenda à Constituição (PEC) aprovada na Câmara nesta semana obriga os donos de imóveis localizados nos chamados terrenos de marinha, à beira-mar — hoje ocupados em regime de aforamento —, a comprarem a parte remanescente da União.

A maior parte dos imóveis com essa configuração fica no Rio. Caso a proposta seja aprovada pelo Senado, os proprietários teriam que pagar, em até dois anos, 17% do valor do bem, percentual que cabe ao governo nesses imóveis, presente no Balanço Geral da União.

Essa operação poderia render ao governo algo entre R$ 500 bilhões e R$ 1 trilhão. Quem tem um apartamento à beira-mar de R$ 2 milhões, por exemplo, teria de desembolsar à União R$ 340 mil sob o risco de ficar inadimplente.

Além disso, a PEC transfere parte dos terrenos no litoral para estados e municípios e autoriza a regularização de terrenos irregulares, o que poderia favorecer a grilagem e a judicialização destes imóveis.

Essa é a posição do secretário de Desestatização do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, que, em entrevista, ao GLOBO defendeu que a compra dos imóveis não seja obrigatória, mas siga um instrumento que já existe hoje por meio de um aplicativo da Secretaria de Patrimônio da União (SPU).

A PEC pode afetar 500 mil imóveis no país. E também tem outras implicações, como o risco de incentivar a grilagem e a criação de praias particulares, mostra reportagem exclusiva para assinantes do GLOBO.

O GLobo

Atividade econômica da cidade do Rio cresceu 4,1% em 2021

A atividade econômica carioca cresceu 4,1%, em 2021, após um recuo de igual percentual em 2020. É o que mostram os dados da segunda edição de 2022 do Boletim Econômico do Rio, publicação mensal da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS).

– Desde o início trabalhamos para melhorar a economia da cidade, dando mais segurança jurídica e atraindo investimentos, com muito foco na geração de empregos e aumento de renda para os cariocas. O ano de 2021 foi de retomada e em 2022 a previsão é de um crescimento ainda mais expressivo – explicou o secretário Chicão Bulhões.

Outro número que exemplifica a melhora do cenário econômico da cidade é a geração de 81,4 mil empregos formais no último ano, sendo quase 60 mil no setor de serviços. No comércio, foram gerados 16 mil empregos neste período, enquanto indústria e construção criaram 7,2 mil, o que corresponde a 8,8% do total. Dos novos postos de trabalho, 53,2% foram ocupados por mulheres e 46,8% por homens, sendo a maior parte das vagas ocupada pelos jovens, 86,8% por pessoas com idade entre 18 e 29 anos.

O Rio foi a segunda capital do país que mais gerou empregos em 2021. Só para efeitos de comparação, em 2020 houve uma perda de 107,7 mil vagas, com a cidade ocupando a última posição entre todas as capitais do Brasil.

A taxa de inflação no Rio nos últimos 12 meses terminados em janeiro de 2022 foi de 9%, abaixo da inflação brasileira, de 10,4%. O aumento dos preços no Rio foi puxado principalmente pela alta de 13,9% dos preços administrados, e de 8,3% da alimentação no domicílio. Os mesmos itens aumentaram 16,8% e 8,6%, respectivamente, no Brasil.

Prefeitura do Rio

Receita publica regras para declaração do Imposto de Renda

Publicada no Diário Oficial da União de hoje (25) a Instrução Normativa nº 2.065, com as regras da declaração do Imposto de Renda deste ano, que tem como base os rendimentos obtidos em 2021.

O período de entrega das declarações será de 7 de março a 29 de abril. Os lotes de restituição terão início em 31 de maio, divididos em cinco grupos mensais até 30 de setembro. A expectativa da Receita é receber 34,1 milhões de declarações até o final do prazo.

De acordo com as regras, estão obrigadas a apresentar a Declaração de Ajuste Anual os cidadãos que tiveram, em 2021, rendimentos tributáveis com valor acima de R$ 28.559,70. Ontem (24), em entrevista, os técnicos da Receita Federal lembraram que o auxílio emergencial, pago pelo governo para amenizar prejuízos causados pela pandemia, é considerado tributável.

Se a pessoa recebeu, além do salário,o auxílio emergencial e, somando esses rendimentos tributáveis, ultrapassar o limite de R$ 28,5 mil, ela estará obrigada a apresentar declaração de IR.

No caso de rendimentos considerados “isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte”, quem recebeu valor superior a R$ 40 mil é obrigado a declarar.

Continuam obrigados a apresentar declaração os que obtiveram ganho de capital na alienação de bens ou direitos sujeitos à incidência do imposto, bem como pessoas que têm direito a isenção de imposto sobre ganho de capital na venda de imóveis residenciais, seguidos de aquisição de outro imóvel residencial no prazo de 180 dias; e pessoas que tenham operado em bolsas de valores.

Também são obrigados a declarar aqueles que, no dia 31 de dezembro de 2021, possuíam propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, acima de 300 mil; e pessoas que, na atividade rural, receberam rendimentos tributáveis com valor acima de R$ 142.798,50.

Facilidades

Entre as inovações preparadas para este ano está a disponibilização da declaração pré-preenchida em larga escala para contribuintes, a partir da autenticação via contas Gov.br.

A conta Gov.br é uma identificação que comprova, em meios digitais, a identidade do cidadão, de forma a dar segurança para o acesso a serviços digitais. Ela é gratuita e, tanto cadastro como acesso, podem ser feitos pela internet. 

A habilitação dos serviços de Imposto de Renda com a conta Gov.br terá início em 3 de março.

A declaração pré-preenchida possibilitará ao cidadão iniciar o preenchimento do documento já com diversas informações à disposição. Nela, praticamente todas informações em posse da Receita Federal serão importadas diretamente para a declaração. Entre os exemplos citados pelos auditores, durante o anúncio das regras, estão informações de rendimentos pagos por empresas e outras pessoas; despesas médicas informadas por estabelecimentos médicos; e o histórico de bens e direitos das declarações de anos anteriores.

No ano passado, foram 400 mil declarações pré-preenchidas foram apresentadas. Para este ano, a previsão é entre 3 milhões e 4 milhões.

Outra novidade é o novo formato (mais integrado) do IRPF em multiplataforma, tanto para computadores online como para dispositivos móveis. Os auditores explicaram que será possível, por exemplo, começar a declaração no celular, continuar no programa instalado no computador e finalizar na internet.

Pix

Também é novidade a possibilidade de o cidadão pagar as cotas do IR via Pix, bem como receber a restituição pelo sistema de transferências. Na prática, significa que o cidadão não precisará sair de casa para pagar seu Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), que passará a ser impressos com códigos de barra e QR code.

Agência Brasil

Anvisa autoriza o primeiro autoteste de covid-19 que faz uso da saliva

Mais dois novos autotestes de covid-19, incluindo o primeiro que faz uso da saliva, em substituição ao swab nasal, foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com isso já são quatro produtos autorizados no país. A publicação dos novos registros está na resolução Resolução-RE 605, de 24 de Fevereiro de 2022, publicada nesta sexta-feira (25) no Diário Oficial da União. Para obter o registro, os autotestes foram avaliados quanto à segurança, o desempenho e o atendimento aos requisitos legais exigidos.

Segundo a Anvisa, um dos principais pontos de atenção para análise dos autotestes é a usabilidade, que inclui as orientações de uso e as instruções em linguagem simples que permite a pessoa leiga fazer o uso correto do produto.

Produtos

Registrado em nome da empresa Kovalent do Brasil Ltda, o SGTi-flex COVID-19 Ag – AUTOTESTE, Será fabricado no Brasil. O swab nasal não profundo (haste utilizada para coleta secreção nas narinas) poderá ser encontrado no mercado nacional em versões com um, dois e cinco testes para atender às famílias.

Já o autoteste COVID Ag Oral Detect, registrado em nome da empresa Eco Diagnóstica Ltda, é o primeiro autoteste registrado no Brasil que utiliza amostra de saliva e que também terá fabricação nacional. Nesse caso, a coleta requer que o usuário cuspa a saliva em um copo. Essa coleta não utiliza swab, mas o kit possui este item que será usado apenas para transferir a quantidade certa da saliva do copo para o tubo de extração.

Autoteste

O autoteste é o produto que permite que a pessoa realize todas as etapas da testagem, desde a coleta da amostra até a interpretação do resultado, sem a necessidade de auxílio profissional. Para isso, deve seguir atentamente as informações das instruções de uso, que possuem linguagem simples e figuras ilustrativas do seu passo a passo.

Independentemente do seu resultado, a Anvisa adverte que o uso de máscaras, a vacinação e o distanciamento físico são medidas que protegem a população pois reduzem as chances de transmissão do novo coronavírus.

A lista de produtos desse tipo autorizados no Brasil é atualizada periodicamente e pode ser acessada aqui.

Agência Brasil

‘Inflação do aluguel’ sobe 1,83% em fevereiro ante o mês anterior

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 1,83% em fevereiro, ante 1,82% no mês anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre). O índice agora acumula alta de 3,68% em 2022 e de 16,12% em 12 meses.

Em fevereiro de 2021, o índice havia subido 2,53% e acumulava alta de 28,94% em 12 meses, observa o FGV/Ibre.

“A inflação ao produtor fechou o mês de fevereiro sob influência dos preços de grandes commodities, como soja (de 4,05% para 8,91%), milho (de 5,64% para 7,92%) e combustíveis, com destaque especial para o óleo Diesel (de 2,30% para 5,53%). A contribuição desses três itens respondeu por 45% da taxa apurada pelo IPA”, afirmou em nota André Braz, coordenador dos índices de preços do FGV/Ibre.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 2,36% em fevereiro, ante 2,30% em janeiro. De acordo com o FGV/Ibre, na análise por estágios de processamento, a taxa do grupo Bens Finais variou 1,21% em fevereiro. No mês anterior, a taxa do grupo havia sido de 0,75%.

A principal contribuição para este resultado partiu do subgrupo alimentos in natura, cuja taxa passou de 1,11% para 6,89%, no mesmo período. O índice relativo a Bens Finais, que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis para o consumo, variou 0,69% em fevereiro, ante 0,90% no mês anterior.

Valor Econômico

Marcos Saceanu é nomeado vice-presidente do Fórum Setorial da Construção Civil da Firjan

O presidente da Ademi-RJ, Marcos Saceanu, é o novo vice-presidente do Fórum Setorial da Construção Civil da Firjan, criado para promover o debate sobre o cenário do setor da construção e atuar na redução de obstáculos que engessam o crescimento do mercado e dos investimentos. A reunião de instalação e posse dos membros do colegiado aconteceu no último dia 16, marcando o início das atividades.

“Foi com muita honra que aceitei o convite para integrar o fórum da Firjan, pois será importante levar o olhar do mercado imobiliário e da construção civil para a elaboração de propostas, projetos e ações que defendam os interesses do setor. Estamos representando a classe de empresários e temos o desafio de nos posicionar para garantir uma retomada efetiva”, afirmou Saceanu.

Entre as pautas prioritárias do Fórum estão o aumento da produtividade e do grau de industrialização do setor, a agilidade no processo de licenciamento de obras, questões tributárias e a melhoria da qualificação profissional. “Estamos atentos às dores do setor e vamos agir para minimizar os gargalos e melhorar o desempenho da indústria da construção”, apontou o vice-presidente.

A abertura da reunião foi marcada pelas palestras de Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), que falou sobre as perspectivas e desafios do segmento para os próximos anos, e do secretário de Estado de Infraestrutura e Obras do Governo do Rio, Max Lemos, que traçou o panorama da política habitacional do Estado.

O Fórum terá reuniões mensais, sempre com temas relevantes para o setor. O próximo encontro acontecerá no dia 23 de março, com a pauta sobre licenciamento de obras.

Confira os integrantes do Fórum Setorial da Construção Civil da Firjan:

Presidente: Marcelo Kaiuca (Multibloco)
Vice-Presidente: Marcos Saceanu (Piimo)
Assessor: Roberto da Cunha (Firjan)

Conselheiros:

Alexandre Boffoni – Construtora Tenda
André Luiz de Aguiar Vicente – Cerâmica GGP
André Lopes – Sael Engenharia
Armando Sousa – GRANIPEX
Carlos Campista – Mozak Engenharia
Cláudio Castilho – Engemolde
Claudio Hermolin – Tekron Engenharia e Construções
Elissandra Candido – KVG Engenharia
Francisco Luz Goulart – Construtora Luz
Leonardo Mesquita – Cury Construtora
Jorge Zarur – Prêmio Empreendimentos Imobiliários
Luís Lima – Cerâmica Argibem
João Fernandes – Cofix Construções e Empreendimentos
Guilherme Tonelli – Cyrela RJZ Construtora
Francisco Roberto de Siqueira – Siqueira Engenharia
Gustavo Sarruf – GSAP Arquitetura
Henrique Blecher – BAIT INC
Luís Alfredo Salomão – Metalbras
Fernando Costa – CITÉ Arquitetura
Luiz Cláudio Monteiro – SH Formas Andaimes
Luiz Fernando Gomes – Enge Prat Engenharia e Serviços
Luiz Marcel Araújo – DBM Engenharia
Mauro Varejão Brasilis – Pietra Mármores e Granitos
Omair Zorzi – Knauf do Brasil
Otávio Grimberg – SIG Empreendimentos Imobiliários
Paulo Camillo Penna – SNIC – Sindicato Nacional da Indústria do Cimento
Rafael Silva – CBCA – Centro Brasileiro da Construção em Aço
Renato Vasco – Direcional Engenharia
Sidnei Louro – Manchester Distribuidora de Ferro e Aço
Ramon Teixeira – MRV Engenharia
Sérgio Yamagata – Nigatec Engenharia
Waldir dos Santos Junior – H.W.J. Engenharia
Murillo Allevato – ADEMI-RIO
Sérgio Leusin – GDP – Gerenciamento e Desenvolvimento de Projetos
Vinicius Benevides – Dimensional Engenharia
Renato Clarck – Performance
Roberto Kauffmann – Arkan Empreendimentos

Caixa terá, ao menos, mais 10% de expansão do crédito imobiliário em 2022, diz Guimarães

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, voltou a afirmar que a carteira de crédito imobiliário do banco deve crescer ao menos 10% em 2022. Segundo ele, janeiro e fevereiro já tiveram originação recorde e a expectativa é que o crédito com funding da poupança (SBPE) cresça novamente mais do que o crédito com fuding do FGTS (Casa Verde e Amarela).

A carteira de crédito habitacional cresceu 9,2% em 2021, para R$ 557,6 bilhões. No SBPE houve expansão de 13,8%, a R$ 218,8 bilhões, enquanto no FGTS a alta foi de 6,5%, a R$ 338,5 bilhões.

Segundo ele, em janeiro de 2022 o banco obteve a maior contratação de sua história na habitação, de R$ 11,6 bilhões, com crescimento de 66,3% em relação a janeiro de 2021. “O resultado recorde de contratação é fruto de estratégias inovadoras e de longo prazo, com foco na rentabilização da base, cross selling e foco no cliente, com o lançamento de novos e competitivos produtos, assim como a digitalização dos processos, por meio do App Habitação”.

Segundo Guimarães, não é possível prever como será o crédito pelo FGTS este ano, porque as liberações dependem da liberação do conselho curador do fundo. Mas no SBPE, onde a Caixa controla o funding, a expectativa é de expansão mais forte. “Temos bases de capital e funding únicas. E não estamos fazendo securitização, mas podemos voltar a a fazer”.

Crédito para o agronegócio

A instituição tem por meta se tornar líder no crédito para o agronegócio até 2024. Guimarães explicou que a Caixa saiu do oitavo lugar em abril de 2020 para terceiro lugar em novembro de 2021 no ranking de maiores bancos no agro. “A carteira do agro foi a que mais cresceu e devemos passar para 2º lugar nos próximos meses”, afirmou. A contratação de crédito agro cresceu 102,9% de 2020 para 2021, chegando a R$ 15,5 bilhões.

A Caixa participou também, pela primeira vez, do Plano Safra, com R$ 7,5 bilhões, que o banco pretende dobrar para R$ 15 bilhões este ano.

“Temos market share de 4,5% no agro e esperamos terminar o ano com 10%”, defendeu o CEO da instituição. Ele pontuou que “pelos próximos 100 anos” o agronegócio será o setor em que o Brasil terá vantagem competitiva e “queremos atuar no setor”, acrescentou.

Inadimplência recua

O executivo afirmou que a queda na inadimplência do banco é uma normalização após os efeitos da pandemia, que causaram um aumento, especialmente no segundo trimestre do ano passado. A inadimplência da Caixa ficou em 1,95% em dezembro, de 2,16% em setembro e 1,73% em dezembro de 2020.

Questionado sobre as perspectivas para a inadimplência este ano, ele não fez projeções, mas afirmou que a Caixa “tem uma carteira muito segura”.

Ele também acredita que a economia deve crescer mais do que o mercado projeta. “Está todo mundo falando que a economia vai crescer 0,2%, 0,5% este ano. Eu discordo, acho que vai crescer 2%. Quando as perspectivas para 2020 era de queda de 8%, 9%, 10% do PIB, eu falava que ia cair 3%, 4% e era ridicularizado, mas no fim caiu 4%”, comentou. “Não temos risco de crédito relevante, 91% da nossa carteira tem garantia”, acrescentou.

Valor Investe

Invasão da Ucrânia deve elevar inflação e desacelerar o PIB no Brasil, dizem economistas

A consequência da invasão da Rússia à Ucrânia na economia brasileira deve ser o reforço de um quadro de estagflação – ou seja, um aumento da inflação com a redução do ritmo de atividade. Na avaliação de economistas, o efeito deverá ser imediato na já combalida economia brasileira.  

O economista Armando Castelar, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que haverá reflexos no preço do petróleo, dos combustíveis, trigo, pão e alimentos, que devem ficar mais caros. Nas contas do economista, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano deve passar dos atuais 6% para 6,2% a 6,3%. A previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2022, por sua vez, que  era de 0,6%, deve recuar para algo entre 0,3% a 0,4%. 

Castelar lembra que o resultado do IPCA-15 deste mês, de 0,99% e acima do esperado, já indica que talvez o Banco Central tenha de ir além de 12,25% ao ano com a Selic, a taxa básica de juros. E, com  esse choque, ele acredita que essa tendência possa ser reforçada. “Possivelmente, além da reunião (do Comitê de Política Monetária) de março e de maio, vai ter de subir juros em junho.”

Na avaliação do economista e consultor, Alexandre Schwartsman, o conflito entre Rússia e Ucrânia afeta produtos importados pelo Brasil, como petróleo, gás e trigo. “Quando há um aumento de preços em produtos que exportamos mais, há o impacto da inflação, mas também há o efeito positivo para o produto, o que movimenta a atividade. Nesse caso, teremos só o impacto do aumento de preços.” 

Além disso, destaca ele, a pressão de alta do dólar também tem um efeito inflacionário. Só hoje (24/2) a moeda americana subiu 2,02% ante o real, de R$ 5,01 para R$ 5,10. A moeda vinha experimentando nos últimos dias um movimento de baixa e chegou a ficar abaixo de R$ 5,00. “Esse é um cenário em que os países emergentes podem ter dificuldades para captar recursos”, diz Schwartsman

Para Castelar, a primeira reação a choques deste tipo, tanto por parte de  investidores do mercado financeiro como da economia real, é segurar os planos e aguardar para avaliar o que fazer. Esse tipo de choque também amplia a aversão ao risco, fortalecendo as aplicações em títulos do Tesouro Americano, que são papéis mais seguros. “Países emergentes são vistos como mais arriscados.”

O reflexo desse movimento, observa o economista, deve ser uma suspensão temporária na apreciação do real, algo que se acelerou nas últimas semanas com a forte entrada de capital na Bolsa. No entanto, Castelar frisa que o padrão histórico observado em choques provocados por conflitos  internacionais mostra que eles são transitórios. Isto é, são críticos num primeiro momento e, gradativamente, há uma acomodação. “Esses choques não duram muito tempo.” A sua previsão é que num prazo entre quatro a seis meses a economia estará reagindo e a tendência é que os fundamentos econômicos prevaleçam. 

Reação da diplomacia brasileira

Como o Brasil irá se posicionar na diplomacia com os Estados Unidos, China e Europa por conta da mudança na geopolítica mundial em razão do conflito entre Rússia e Ucrânia é o ponto mais importante, na opinião do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, a ser acompanhado nos próximos meses. Ele observa que dependendo dessa nova configuração, isso pode ter impacto nos investimentos no Brasil no longo prazo.

“Nesse mundo mais arisco que está surgindo e o Brasil com dificuldade nessas três esferas e se aproximando justamente do pária internacional que se transformou a Rússia, isso pode ter consequências”, frisa o economista.

Vale dizer que o primeiro impacto do conflito deve aparecer  na inflação e na pressão altista das cotações  do petróleo, algumas commodities agrícolas, como trigo e milho. “Poderemos ter alguma pressão adicional a uma inflação já pressionada.”

Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, também aponta a pressão inflacionária como foco de preocupação neste momento, especialmente nos preços de grãos, trigo, milho e petróleo, que estão subindo no atacado e devem chegar ao consumidor.

Por enquanto, a LCA não mudou a projeção para o ano de um IPCA de 6%. Depois da divulgação do IPC-A15 de fevereiro, que veio acima das expectativas, a consultoria passou a considerar viés de alta nessa projeção, que agora foi reforçado por causa desse conflito.

Outro impacto do conflito, alertado por Imaizumi, é uma piora  no fluxo das cadeias globais de produção que já estavam com problemas por causa da pandemia. Segundo ele, esse quadro pode se agravar agora, com aumento de preços de fretes internacionais, por exemplo.

A economista Zeina Latif, consultora econômica, também avalia que o primeiro impacto do conflito aparece no canal comercial, com a subida de preços das commodities, dos fertilizantes, petróleo e derivados. Mas ela lembra que parte desse impacto já havia sido computado nos preços das matérias que já vinham em trajetória de alta.

No entanto, a economista ressalta que os impactos  do ponto de vista financeiro ainda são incertos. “Não estamos na região de conflito, onde o país pode ser diretamente afetado.” Zeina lembra que no passado, quando houve conflitos no Oriente Médio, o mercado sacudia alguns dias  e depois acalmava.

Ela pondera, no entanto,  que hoje  a configuração mundial é diferente. “Não sabemos  se esse confronto pode ser o prenúncio de algo mais preocupante, temos uma postura mais beligerante da Rússia e  da China.”

Na opinião de Zeina, desde que o conflito não atinja maiores proporções, ele não será fator de volatilidade de curto prazo para o Brasil, exceto a pressão inflacionária.

A economista da Tendências, Alessandra Ribeiro, lembra ainda de uma questão setorial importante que pode afetar a economia nacional, que é a importação de fertilizantes da Rússia. “Teremos de ver quão fácil será esse comércio diante do conflito”, diz ela.  A Rússia é uma das principais exportadoras do insumo para o Brasil e, em janeiro, respondeu por 30,1% dos adubos e fertilizantes que entraram em território nacional, segundo informações do Ministério da Economia. 

Outro ponto, segundo Alessandra, é avaliar o impacto das sanções à Rússia na economia mundial. A restrição de venda de vários produtos vai ter impacto na atividade econômica, podendo reduzir o PIB mundial. Nessa situação, o Brasil – que já está com uma economia enfraquecida há algum tempo, também seria afetado. “Isso tudo dificulta o comércio, eleva os preços e reduz crescimento.” 

O Estado de SP