Comerciais sintonizados com o entorno

A integração com São Paulo e os traços de sustentabilidade unem os vencedores da categoria Empreendimentos Comerciais no Master Imobiliário 2020. Mais do que a alta tecnologia típica dos projetos corporativos de luxo, os complexos B32, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, e Park Tower, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, caracterizam-se por valorizar a experiência dos usuários em sintonia com a cidade.

Uma praça de 8 mil metros quadrados liga a Faria Lima aos prédios do B32 – um edifício corporativo, um teatro com capacidade para até 500 pessoas, um restaurante e cafés. A área de circulação pública será um centro de atividades, segundo o idealizador do projeto, Rafael Birmann. Completa o cenário uma escultura metálica de uma baleia, que deve se tornar ponto de referência na vizinhança. 

De propriedade da Faria Lima Prime Properties (FLPP), o complexo será entregue gradualmente até o fim do ano. O B32 tem 120 mil m² de área ao todo e está situado em um terreno na esquina da Rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, em uma das mais valorizadas regiões do mercado corporativo “Triple A” na capital.

O principal edifício do complexo tem 125 metros de altura e 25 pavimentos, com lajes de mais de 2 mil m² e pé-direito de três metros. O prédio tem fachada de vidros insulados, core central – que reúne as áreas técnicas, elevadores e escadas –, além de colunas de sustentação nas periferias, o que lhe confere uma grande abertura para a iluminação natural.

Diariamente, de 5 mil a 6 mil pessoas devem circular pelas dependências do local, que terá equipe operacional própria.

O B32 recebeu o selo verde LEED (em inglês, Leadership in Energy and Environmental Design) na categoria Platinum. Alguns dos seus destaques de sustentabilidade incluem o aproveitamento de água e a economia de energia elétrica. O empreendimento conta com uma estação de tratamento de água que funciona por meio de ozônio e microfiltragem. Além disso, ele alcançou 40% de redução de consumo energético em relação à base de referência adotada pela certificação.

Vista para o verde. Não muito longe dali, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, a proximidade com o Parque do Ibirapuera tornou o projeto do Park Tower uma opção incomum para o mercado. A 650 metros da entrada principal da área verde, o empreendimento privilegiou a vista para a natureza e as opções de envolvimento com o entorno como diferenciais, além de sua eficiência operacional, certificada pelo selo verde LEED na categoria Gold.

“Está em um terreno de 6,56 mil m² entre a Paulista, os Jardins e o Itaim Bibi. Em qualquer cidade do mundo, a visão para um parque é valorizada, diz Rodrigo Abbud, sócio-fundador e head dos segmentos de escritórios da gestora de investimentos imobiliários VBI Real Estate, responsável pelo Park Tower. O prédio tem certificação Triple A conferida pela Escola Politécnica da USP.

Com 22,3 mil m² de área bruta locável, o Park Tower tem 13 pavimentos e core lateral para garantir a vista livre para o Ibirapuera. Suas lajes corporativas, com 1.568 m² e 1.847 m², são majoritariamente retangulares e permitem a montagem de escritórios sem divisórias. O pé-direito de 5 metros, confere altura acima da média. No lobby, são 7 metros de pé-direito.

A fachada é revestida por vidros insulados, que permitem a passagem de luz com mais controle térmico, evitando gastos extras com climatização. A integração com o entorno também foi um fator determinante, segundo o executivo. Considerando a boa infraestrutura de transporte da Brigadeiro Luís Antônio, a VBI reforçou a infraestrutura para os usuários que dispensam o carro, oferecendo um espaço para que ciclistas tomem banho antes do trabalho.

Galpão industrial alia refrigeração à sustentabilidade

Com o desafio de dar eficiência a um galpão industrial que opera a até 30 graus Celsius negativos, a Bresco inovou no reaproveitamento de recursos e nas soluções de resfriamento, o que rendeu ao complexo Bresco BRF Londrina o Master Imobiliário na categoria Built to Suit. A empresa atua na aquisição, desenvolvimento e construção de propriedades por meio dos modelos de built to suit, saleleaseback e no desenvolvimento de propriedades especulativas para locação.

Certificado pelo selo LEED, o centro de distribuição foi construído em 14 meses para ser um polo logístico de mercadorias da BRF, com mais de 23 mil m². O galpão tem pé-direito de 12,80 metros e foi reconhecido internacionalmente pela planicidade e pelo nivelamento do seu piso, que suporta até 6 toneladas por metro quadrado. O empreendimento tem capacidade para 123 mil toneladas de produtos e conta com 30 docas para veículos frigoríficos.

De acordo com o diretor de operações da Bresco, Carlos Sisti, foi adotado no imóvel um sistema de refrigeração indireto, com reduzida utilização de amônia. Tóxica, a substância é adotada apenas para fazer as trocas de calor no sistema, e outro fluido é utilizado para distribuir a refrigeração pelos ambientes.

O calor proveniente do resfriamento do óleo de compressores é utilizado para fazer o degelo de alguns equipamentos, para reaquecer o ar na antecâmara e para aquecer o piso da câmara de congelados. “É um sistema circular, moderno e inovador”, diz.

Além disso, o galpão tem uma estrutura no seu telhado para captar a chuva, que é utilizada na reposição de água de condensadores – a estimativa é de que, com essa solução, a BRF deixe de consumir 8,7 mil m³ de recursos hídricos por ano.

A economia de água também pode ser verificada no paisagismo do complexo, que adotou espécies vegetais adaptadas ao clima de Londrina, dispensando a irrigação.

“O projeto reduziu em mais de 70% o consumo de água potável (em relação à base estipulada pelo certificador do selo verde)”, diz Sisti.

Mais desafiadora, a redução do consumo de energia elétrica alcançada foi de cerca de 20%. A economia deve-se à eficiência do sistema de ar-condicionado, das luminárias e do sistema de refrigeração.

O galpão possui ainda um sistema de aquecimento solar para a água destinada aos chuveiros dos vestiários.

Manutenção. A maior facilidade de manutenção é outro fator diferencial. Sisti explica que a decisão de instalar alguns equipamentos de refrigeração mais próximo do piso prescinde o uso de escadas para consertos ou ajustes.

O sistema de combate a incêndios também evita acidentes e interrupções na operação. A distribuição de linhas de sprinklers foi feita no teto do galpão, e não em prateleiras, que usualmente deixam o sistema mais suscetível a danos.

Além disso, as tubulações são preenchidas com gás, e o bombeamento de água é acionada por sensores apenas em caso de necessidade.


Prédio comercial dos anos 1940 vira residencial

O Residence Jacques Pilon é um marco de revitalização do centro de São Paulo, segundo Mauro Teixeira Pinto, sócio diretor da TPA Empreendimentos, que ganhou prêmio Retrofit na categoria Empreendimento nesta 26.ª edição do Master Imobiliário.

As obras de renovação transformaram um edifício comercial, em ritmo de decadência, num moderno  residencial com unidades compactas, equipadas e decoradas, com serviços pay per use, destinado a locações de curta e longa duração.

Para o diretor, o retrofit resgatou “a exuberância do projeto de um dos arquitetos modernistas mais importantes do Brasil”. O edifício Irradiação, construído na década de 1940, é obra do francês Jacques Pilon, integrante de um grupo que redesenhou São Paulo em sua crescente urbanização, entre as décadas de 1930 e 1960.

Algumas obras – como Edifício Jaraguá (1939), Biblioteca Mário de Andrade (1942), Edifício São Luiz e o próprio Irradiação (1944) – mudaram a paisagem do centro da capital.

Eficiência. O retrofit incluiu eficiência nos sistemas instalados, como elogiou a comissão julgadora do Master. “Com a modernização das instalações elétricas e hidráulicas, a revisão e reforma das estruturas internas, a manutenção da fachada original e a construção de áreas comuns, o edifício entrou no século 21 com o que há de mais atual, contribuindo para revitalização da região central”, diz o júri em seu voto.

São 161 apartamentos em oito andares, com áreas de 20 m² e 41 m², já equipados e mobiliados, com serviços pay per use, espaço fitness e lazer na cobertura. A TPA fechou parcerias com empresas que operam no mercado de aluguel residencial com serviços.

O modelo adotado, que inclui decoração, assistência jurídica, manutenção e uma carteira de clientes corporativos, aposta na grande atividade econômica do comércio local para atrair inquilinos e hóspedes.

Para o arquiteto Marcos Ferreira Gavião, responsável pelo restauro do empreendimento, o trabalho de modernização refletiu o conceito de retroart.

“O Jacques Pilon é um dos prédios importantes para a arquitetura, e deve se tornar um exemplo de como é possível resgatar a história com qualidade”, afirma. Ele ainda enfatiza que, como ponto de origem da cidade, o centro é cheio de edifícios históricos.

O retrofit do novo residencial foi finalizado e entregue em abril de 2019. Idealizado para venda a compradores privados e a investidores para aluguel de curta ou longa permanência.

De acordo com Teixeira Pinto, o valor geral de vendas (VGV) do residencial é de R$ 58 milhões, com preço médio de R$14,5 mil o m².

Resgate. Fundada em 1974, a TPA investe na região central da capital atendendo à demanda por moradias. A oportunidade de resgatar um edifício, que representa a história da cidade, contribui para o movimento de recuperação do centro.

Os principais pontos do retrotif foram modernização das instalações elétricas e hidráulicas, revisão e reforma das estruturas internas, construção de áreas comuns e adequação do edifício ao século 21, além de revitalização de fachada, mantendo sua característica acústica original.

Master Imobiliário: Maioria dos prêmios é de São Paulo

No 26.º Master Imobiliário, as 21 obras premiadas trazem a marca da excelência na concepção e realização, segundo o júri formado por especialistas e representantes de entidades do setor. A cidade de São Paulo é palco de 12 empreendimentos e projetos contemplados, metade deles concentrada na Avenida Faria Lima e redondezas.

Promoção do Sindicato da Habitação (Secovi-SP) e do Capítulo Brasileiro da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (Fiabci Brasil), o evento neste ano teve novo formato por causa da pandemia. A tradicional festa da entrega dos troféus, com shows musicais para 1,3 mil convidados, foi substituída por um programa de TV, fruto de parceria entre Fiabci, Secovi, BandNews e Estadão, ontem à noite, para a celebração dos vencedores de 2020.

“O prêmio consagra a excelência”, diz o presidente do Secovi, Basilio Jafet, destacando o compromisso de distinguir a primazia dos trabalhos e iniciativas de profissionais da indústria imobiliária. “O objetivo é contemplar projetos que vão se tornar tendências e serão seguidos por outras empresas”, afirma o presidente da Fiabci, José Romeu Ferraz Neto.

Com o caráter de inovação e as experiências bem-sucedidas, a premiação projeta casos exemplares do que o setor faz de melhor no território brasileiro.

O escritório de arquitetura Athié Wohnrath conquistou dois prêmios. Um por design de interiores na sede do Bradesco BBI, na Avenida Faria Lima, esquina com a Juscelino Kubitschek, coração do mercado corporativo da capital. Segundo a comissão julgadora, o projeto desenvolveu “conceitos de convívio, sustentabilidade, inovação e conforto” para interação de colaboradores e clientes com o espaço físico.

O segundo troféu veio com o retrofit do Complexo Centenário, na região da Berrini, uma extensão do eixo financeiro da Faria Lima, que avançou na direção sudeste da cidade.

Jafet vê “extrema importância” nos projetos de retrofit para melhorar locais já ocupados. “Moderniza o que está defasado, com arquitetura e tecnologia de primeira linha”, diz.

Para Ferraz Neto, “era um ícone e, agora com esse retrofit, volta a ser”, em referência ao Plaza Centenário, inaugurado em 1996 e conhecido como Robocop por sua fachada de vidro e metal com 139 metros de altura.

 “Retrofit é uma tendência”, declara, explicando que prédios se defasam com o tempo. “Vale trazê-los de novo para o mercado com tecnologia de ponta.”

Outro contemplado na Avenida Faria Lima é o edifício comercial B32, com espaços abertos ao público e um teatro, além de, segundo o júri, destaques em sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Neste caso, a empresa premiada foi a Faria Lima Prime Properties. Jafet enfatiza que a importância da Faria Lima não é só para o setor, é para a cidade. “São prédios modernos, com alta tecnologia.”

No entorno, destacam-se o São Paulo Corporate Towers, que rendeu prêmio de comercialização para a consultoria CBRE, e dois residenciais também contemplados nesta edição: o PIN Home Design, da incorporadora Tegra, na Rua dos Pinheiros, e o Condomínio Praça Ibiapinópolis, da Three Desenvolvimento Imobiliário, perto do Shopping Iguatemi. “Ultimamente, dentro dessa nova tendência de ter habitações perto dos escritórios, tem saído uma série de projetos residenciais perto da Faria Lima”, diz Ferraz Neto.

Tanto a incorporadora Helbor como a HBR Realty também ganharam dois prêmios, cada uma. Foram três projetos em parceria com as construtoras MPD e Toledo Ferrari. Além do Shopping Urupema, em Mogi das Cruzes, e do Facces Jardins, residencial de altíssimo padrão, com preço médio de R$ 35,5 mil por metro quadrado, Helbor e HBR trazem o 1.º empreendimento W ao Brasil, marca internacional de alto luxo.

O projeto, que une o W Hotel e o W Residences São Paulo, terá uma torre de 45 andares na Vila Olímpia, a 800 metros da Faria Lima.

No ano passado, o Master também consagrou dois projetos de hotel e branded residences: um do Four Seasons e outro do Hotel e Residências Fasano.

“É um nicho que está crescendo”, avalia Ferraz Neto, dizendo que o cliente tem oportunidade de morar e de ter todo o serviço de hotelaria ao seu dispor. “Fora do País está consagrado, e aqui está se consolidando com produtos diferenciados.”

Seis entidades escolhem os vencedores

O Master Imobiliário tem duas categorias: Empreendimento e Profissional. Na primeira, concorrem residenciais e comerciais já prontos e entregues. Na Profissional, são inscritos, para avaliação do júri, projetos de marketing, comercialização, inovações tecnológicas, sustentabilidade e soluções arquitetônicas, entre outros.

A comissão julgadora escolhe por votação os premiados e foi presidida neste ano por Carlos Pires, da consultoria KPMG.

Seis entidades, representadas por seus presidentes e especialistas, integram o júri: Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBea), Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-SP), Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Instituto de Engenharia (IE) e Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap).

Três diferentes visões vencem na mesma categoria

O porte não importa. Com 5 casas, 160 apartamentos ou quase 2 mil, três incorporadoras ganharam o prêmio Residencial na categoria Empreendimento do Master Imobiliário. Respectivamente, são obras da Three, Tegra e Eztec.

Com tipologias de 38 m² até 154 m², o Cidade Maia tem 1.969 apartamentos, ocupando nove torres, de 28 andares, em Guarulhos, na Grande São Paulo. “É um dos maiores residenciais da Eztec, com 312 mil m² de área construída em terreno de 46 mil m²”, afirma o diretor comercial, Marcos Ernesto Zarzur.

Dois fatores valorizam a localização do empreendimento. Ser vizinho do Shopping Maia, inaugurado em 2015, e ficar perto dos 170 mil m² do Bosque Maia, parque municipal com pistas de corrida e skate, trilhas, quadras de esporte e lago, uma referência de contato com a natureza.

Ao todo, são cinco condomínios, cada um com a sua área de lazer. Valorizar os espaços de convívio foi um dos objetivos do projeto de paisagismo, de Benedito Abbud. Ele destaca “a imponência” das palmeiras imperiais e o espelho d’água, na entrada, a praça central e o cinturão verde que integra o empreendimento à paisagem.

Interligando as áreas comuns dos condomínios, para uso de moradores e convidados, a praça central tem 5 mil m² e um piso inferior, destinado ao acesso de veículos.

O valor geral de vendas (VGV) do Cidade Maia é de R$ 1 bilhão, diz Zarzur. Já foram comercializados 70% dos 1.969 apartamentos. Em média, o valor é de R$ 6,5 mil por m². O preço final varia de R$ 360 mil para unidades de 56 m², a R$ 1 milhão, de 154 m². Com 448 imóveis (38 m² e 56 m²), o Condomínio Alameda é o que tem maior porcentual (94%) negociado, com destaque para tipologia de 38 m², totalmente vendida.

Em São Paulo, a Tegra entregou o Pin Home Design, na Rua dos Pinheiros, a 180 metros da estação Fradique Coutinho, do metrô. Comodidade e localização são dois conceitos da linha home design, afirma o diretor de Incorporação da Tegra, João Mendes. “Pin HD é a opção para quem busca comodidade e proximidade com o trabalho”, diz. “Pinheiros tem diversas linhas de ônibus, metrô e ciclofaixas, com rápido acesso ao eixo financeiro da Avenida Faria Lima.”

Vizinho dos Jardins e colado à Vila Madalena, o bairro tem larga oferta de gastronomia, lazer e cultura, além da vida noturna – hoje, em hibernação por causa da pandemia. “Perfil cosmopolita, grande oferta de serviços e a inauguração de estação de metrô transformaram Pi

Segundo a Tegra, destacamse a fachada com painel de madeira, piscina com parede de vidro e a pintura de Giuliano Martinuzzo, que se estende da parede na frente do prédio, passa pelo hall e salão de festas, seguindo até o bicicletário.

Lançado em novembro 2017, o Pin é um representante da crescente verticalização da Rebouças e ruas vizinhas a partir do novo zoneamento, em 2016, que permitiu edifícios mais altos – antes, restritos a 25 metros. Com a mudança, o boom de lançamentos chegou a 3.845 apartamentos, de 2016 a 2019.

Com 26 andares e 160 unidades, o Pin tem oito apartamentos por pavimento, dois voltados para cada face – sem unidades “de frente” ou “de fundos”. Todos são dois dormitórios, de 71m² e 72,5m². A maioria dos compradores, segundo Mendes, está na faixa de 30 a 50 anos.

O condomínio Praça Ibiapinópolis, da Three Desenvolvimento Imobiliário, foi concluído no final de 2019, com a entrega das cinco casas aos moradores. São 300 m² de área construída – subsolo, térreo, 1º andar e cobertura – mais jardim privativo, perto do Shopping Iguatemi e da Avenida Faria Lima, no Jardim Paulistano.

Condomínio fechado de alto padrão, em bairro nobre, com área de uso exclusivo de 500 m² para cada uma das casas. A comissão julgadora endossa “a implantação inteligente e eficiente” da obra . “A parte social e os quartos, voltados para recuos arborizados do terreno, dão privacidade e leveza”, diz o voto.

O empreendimento foi 100% vendido ao preço médio de R$ 6,5 milhões, diz Francesco Rivetti, sócio da Three Desenvolvimento Imobiliário. “Fizemos um cinturão verde, com jardins e árvores, ao redor das casas.” O subsolo comporta quatro carros por unidade, com acesso por elevador privativo.

Fundada em 2012, a Three atua na concepção e gestão de residenciais de alto padrão. Seu portfólio tem 14 empreendimentos entregues, lançados e em desenvolvimento. A maioria dos projetos é de condomínio com poucas casas e tem famílias como público-alvo.

“Há a indústria da construção civil e existem os alfaiates, que é a nossa turma”, diz Rivetti, brincando. “O que viabiliza isso é o baixo número de unidades.” Com atuação próxima, atende a demandas específicas do comprador, incluindo adequação de layout externo, segundo o desejo de cada família. “Fazemos um trabalho mais taylor made do que simplesmente uma repetição da planta original como foi concebida.”



Financiamentos crescem 34% com queda nas taxas de juros

Taxas de juros em queda e baixo retorno de investimentos financeiros levaram a uma alta de 34% nos financiamentos imobiliários no Brasil entre janeiro e julho deste ano, em comparação a igual período do ano passado.

Os dados são de um levantamento da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), que registrou um total de R$ 54,7 bilhões em empréstimos no período.

A taxa de juros para financiamento atingiu o menor patamar histórico, saindo de 10,5% ao ano em 2016 para 6,99% em 2020, considerando um perfil de comprador de 40 anos e um imóvel de R$ 500 mil.

A estimativa do setor, segundo Claudio Hermolin, vice-presidente de intermediação imobiliária e marketing do Secovi-SP, é que cada ponto percentual a menos na taxa de juros represente um milhão de famílias a mais com acesso a crédito para um imóvel de médio padrão ou dois milhões de famílias com crédito para uma unidade popular.

Yslanda Barros, que é especialista em mercado imobiliário, ressalta que a redução dos juros impacta também o valor das parcelas.

Levantamento realizado pela plataforma imobiliária Kzas mostra que em um financiamento de R$ 500 mil, com entrada de R$ 100 mil e 360 meses para pagar, a parcela inicial caiu de R$ 4.630,43 para R$ 3.369,60 entre 2016 e 2020.

“Ao final do contrato, o mutuário terá economizado cerca de R$ 243,5 mil só com a taxa mais baixa”, diz Eduardo Muszkat, diretor financeiro e fundador da plataforma Kzas.

O executivo diz que há 20 anos o crédito era escasso e caro. A Selic (taxa básica de juros) alta impedia a entrada de ofertantes de crédito, que ficava restrito a bancos que tinham depósitos de poupança.

“A Selic a 2% permite a entrada de novos agentes ofertando crédito, o que deverá aumentar ainda mais o acesso à aquisição de imóveis para um grupo cada vez maior de pessoas”, avalia Muszkat.

Foi a prestação mais baixa que ajudou o casal Sabrina Santos, 24, e William Silva, 28, sócios na Deal’s Art, agência de marketing digital, a comprar a casa própria e a marcar o casamento para maio do ano que vem.

“Fizemos várias simulações no passado e agora conseguimos uma parcela com valor semelhante em um imóvel melhor, com eletrodomésticos inclusos e mais bem localizado do que o outro que estávamos olhando”, diz Sabrina, que escolheu um apartamento de 56 m² na Vila Andrade, zona sul de São Paulo, com parcela inicial de R$ 2.669,97.

O novo cenário trouxe de volta um tipo de investidor que andava sumido: aquele que considera a compra de um imóvel alavancado, ou seja, com dívidas, para alugar para terceiros.

“Ainda que esse investidor tenha um ônus mensal (a parcela provavelmente será maior que o aluguel recebido), é uma oportunidade de formar patrimônio investindo pouco”, diz Leonardo Azevedo, fundador e diretor-executivo da startup Apê11.

Animada com aquecimento do mercado, a construtora Canopus, de Minas Gerais, está conseguindo liquidar o estoque de imóveis e planeja 11 lançamentos em São Paulo até o fim do ano que vem.

A construtora, que é focada no alto padrão, entrou em um novo nicho de mercado com o financiamento imobiliário mais barato e agora passa a oferecer apartamentos a partir de R$ 190 mil.

“Entre 2016 e 2017, vendíamos até duas unidades do estoque por mês. Subiu para cerca de cinco entre 2018 e 2019. Agora, estamos vendendo até nove mensalmente”, diz.

A construtora espanhola Grupo Lar, que já tinha feito projetos no interior de São Paulo, resolveu fincar unidade na capital e começa a lançar os primeiros imóveis na cidade. “A situação macro do Brasil veio melhorando ao longo dos últimos anos”, diz o diretor-geral Guilherme Carlini.

Apesar da expansão, a participação do crédito imobiliário no PIB (Produto Interno Bruto) ainda é bem pequena se comparada a outros países.

Por aqui, o percentual chega a 9,3%, enquanto no Chile é de 27,9% e nos Estados Unidos, 53,1%. “A projeção é que essa participação chegue a 20% em 20 anos”, diz Muszkat

Valora prepara aportes de R$ 300 milhões no mercado imobiliário

A recuperação rápida do mercado imobiliário tem despertado a atenção de investidores, que se posicionam para reforçar as apostas no ramo. A Valora, gestora com R$ 3,9 bilhões em ativos espalhados por diferentes setores da economia, está formatando dois novos fundos para aportar R$ 300 milhões no setor imobiliário. Atualmente, o segmento representa 18% da carteira da gestora, com R$ 700 milhões aplicados, devendo subir para até 26% – ou R$ 1 bilhão -, após os novos aportes.

Fundo 1. A Valora está montando neste momento um fundo de R$ 100 milhões para aportar em novos empreendimentos residenciais em parceria com incorporadoras. Será voltado a projetos na cidade de São Paulo e apartamentos de médio e alto padrão. A ideia é firmar parcerias em as partes fiquem com metade do negócio, segundo o sócio Alessandro Vedrossi (ex-Brookfield Incorporações). Ele espera iniciar os aportes ainda este ano para aproveitar o ciclo de retomada dos lançamentos imobiliários na sequência da flexibilização da quarentena.

Fundo 2. Ainda neste ano, a Valora pretende também fazer uma captação na ordem de R$ 200 milhões e levar à Bolsa um fundo de investimento imobiliário (FII) para a compra de cotas de outros veículos do tipo – o chamado fundo de fundos, ou FOF. A oferta será enquadrada na Instrução 400 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), isto é, que permite a participação de todos os perfis investidores, grandes ou pequenos.

Só cresce. O número de participantes no mercado de FIIs continua crescendo e chegou a 957 mil em julho, 48% mais do que no início do ano. Vedrossi diz que os FOFs têm bastante procura por parte de novos investidores, uma vez que estes fundos têm gestores que se encarregam de fazer a “curadoria” das compras de cotas, selecionando aquelas mais rentáveis para a carteira – o que facilita o trabalho dos investidores novatos.

*Coluna Broadcast

Pague Menos e Cyrela trocam estratégia para manter IPOs

A liquidez no mercado e o juro baixíssimo no Brasil atraem muito dinheiro à Bolsa, mas os investidores estão indicando que a seletividade veio para ficar. A rede de farmácias Pague Menos, do empresário Deusmar de Queiroz (foto), teve de reduzir o valor da ação para tentar emplacar sua oferta inicial (IPO, da sigla em inglês), que estava cambaleando. O piso da faixa indicativa de preço caiu de R$ 10,22 para R$ 8,50. Foi uma tentativa de viabilizar o lançamento, a ser precificado amanhã. A incorporadora Lavvi, outra candidata a abrir capital, também não encontrou céu azul entre os investidores. Sua controladora, a Cyrela, vai colocar 15% dos recursos necessários à oferta, no esforço de fazer decolar o lançamento na B3. Procuradas, Pague Menos e Cyrela não quiseram dar entrevistas.

Par. Duas incorporadoras tiveram os planos de abrir capital frustrados recentemente, a Riva 9 e a You Inc. Ambos processos de IPO acabaram suspensos por falta de demanda.

*Coluna Broadcast

Construtora instala túnel de desinfecção na obra

Com a reabertura gradual das atividades, os cuidados para evitar a propagação do coronavírus precisam de ainda mais atenção. E o mercado imobiliário, ciente dessa importância, tem adotado estratégias que vão muito além da máscara e do álcool em gel. A CAC Engenharia, por exemplo, investiu em três túneis de desinfecção na entrada das obras Campo Belo e Portinari, em São Gonçalo, e Conceito, em Nova Iguaçu. As três obras reúnem quase 500 colaboradores entre próprios e terceirizados.

Cristiano Coluccini, CEO da empresa, explica que a função do túnel é desinfetar funcionários evitando levar contaminação tanto da rua para o canteiro, quanto do canteiro para a casa. Com aproximadamente três metros, é preciso que a passagem do funcionário seja de forma contínua, de 10 a 15 segundos, para garantir a eficácia da aplicação. “Fizemos uma grande pesquisa para identificar o melhor modelo de túnel, pois o mercado oferece vários tipos de produtos desinfetantes. Optamos pelo ozônio que é 100% seguro e sem risco para a saúde. Ele não tem efeitos colaterais e é eficiente na neutralização dos vírus, 100 vezes mais eficiente que o cloro e 99% mais eficaz na eliminação de vírus, fungos ou bactérias”, afirma Coluccini.

Outra medida adotada é o suporte aos trabalhadores com soluções de desinfecção para manter uma boa higiene das mãos e a limpeza de superfícies, ferramentas e equipamentos. “Com isso fechamos o ciclo de proteção. Não basta o colaborador usar o túnel; ele precisa ter acesso a todas as informações para estar totalmente seguro”, diz Coluccini. Além disso, a CAC contratou uma empresa especializada para fazer a limpeza e a desinfecção dos ambientes de escritório, vestiário/banheiro, cozinha e almoxarifado. As inciativas foram implementadas em todos os canteiros de obras no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.

Kits de higiene

A Direcional Engenharia investe na informação e na prevenção com a escala da jornada de trabalho nos canteiros de obras, aferição de temperatura, marcações nas paredes dos pavimentos erguidos indicando o número máximo de pessoas permitido no espaço, e refeições em horários alternados. Ao término da última jornada antes do fim de semana, os colaboradores recebem kits de higiene (sabonete, detergente e papel higiênico).

Atendimento psicológico

A Jeronimo da Veiga também se adaptou ao novo cenário. “Além do túnel de desinfecção instalado no Conceito, residencial em Nova Iguaçu lançado em parceria com a CAC Engenharia, dividimos o horário do almoço, disponibilizamos mais material de limpeza, uma máquina de jato para limpar as partes de refeitório, vestiários e banheiros, portaria com limpeza das mãos e controle de temperatura, horário de entrada diferenciado, home office para pessoal de risco e atendimento psicológico para toda a equipe, entre outras ações”, conta Maurício Corrêa, diretor Comercial da empresa.

Diálogo de segurança

Na Riooito, os cuidados nos escritórios incluem material de desinfecção na entrada, disponível nas salas e banheiros, máscaras e verificação de temperatura no início da jornada. Já nas obras, a empresa investe no diálogo de segurança frequente com os colaboradores com orientações sobre prevenção, aferição de temperatura na entrada, álcool em gel em todo o canteiro, almoço em turnos, e distanciamento nos bancos do refeitório.

Novo diretor-presidente da Brasil Brokers

O conselho de administração da Brasil Brokers elegeu Daniel Abramant Guerbatin como o novo diretor-presidente da empresa, no lugar de Claudio Kawa Hermolin, que renunciou ao cargo alegando razões pessoais.

*Coluna Empresas

Fintech da Cyrela entra em crédito para reforma de condomínios

A CashMe, fintech da construtora Cyrela especializada em crédito com garantia de imóvel, anunciou nesta sexta-feira o lançamento de uma linha para financiar obras em condomínios.

Segundo a startup, os recursos podem ser usados para fins como pintura, reforma estrutural, adaptação para portaria digital, upgrade nos elevadores e instalação de painel solar. O valor do empréstimo é de a partir de 100 mil reais.

A CashMe também opera home equity tradicional, crédito para compra de imóveis, crédito para incorporadoras com garantia de estoque e capital de giro para empresas.

A exemplo do crédito habitacional, Caixa amplia pausa no pagamento das dívidas de pessoas físicas e empresas

A Caixa Econômica Federal anunciou a ampliação da pausa no pagamento das dívidas de pessoas físicas e empresas. O prazo passou de 90 dias para 180 dias e pode ser utilizado pelos clientes que já pediram a suspensão das prestações  e em novas solicitações. A medida vale para empréstimo pessoal (CDC), renegociações, microcrédito e demais operações de crédito.   

No caso dos financiamentos habitacionais, a pausa no pagamento das prestações já tinha sido ampliada por 180 dias, no fim de julho. 

Ao divulgar recentemente o balanço trimestral do banco estatal, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, admitiu que o percentual de provisionamento contra eventuais calotes iria subir com o fim da pausa nos pagamentos, iniciada em maio. Segundo Guimarães, seria preciso abrir uma rodada de renegociação de dívidas porque os clientes terão dificuldades para voltar a pagar em dia.  

— Esperamos um aumento no provisionamento, certamente. Vamos ter que negociar quando o efeito da pausa passar. A Caixa, como um banco federal, ajudará as pessoas e ao mesmo tempo defenderá  o banco. Como temos garantia real, temos tranquilidade. O que penso é que pode ser uma negociação que demore alguns trimestres — disse Guimarães.

No primeiro trimestre, o índice de inadimplência da carteira para atrasos entre 15 e 90 dias atingiu 9,33%, puxado pelo crédito imobiliário. Com a pausa nos pagamentos, o percentual baixou para 4,62% no segundo trimestre. Já no caso de atrasos superiores a 90 dias, o índice foi de 3,14% para 2,48% entre o primeiro e o segundo trimestres.

Juros distribuídos por parcelas

Com a pausa, os valores das demais prestações serão alterados e os juros do período pausado serão distribuídos pelas demais parcelas, aumentando o valor da prestação mensal.  O prazo final de pagamento do contrato também é postergado automaticamente, permanecendo a quantidade de parcelas a pagar, taxa de juros e demais condições.   

No caso de empréstimos com atraso, o período pausado considera as parcelas atrasadas e os encargos, que  também são incorporados ao saldo devedor. A medida só vale para contratos com atraso de até 50 dias. 

A pausa no pagamento das dívidas faz pacote de medidas anunciadas pela Caixa, em março, como uma forma de aliviar o orçamento das famílias e empresas, diante da crise na economia causada pela pandemia do coronavírus. O prazo começou em 60 dias e  foi estendido até 180 dias.  

Para solicitar a pausa, os clientes podem acessar a internet ou o aplicativo  App Caixa. Há opção também pelo telefone  0800 726 8068 e  WhatsApp pelo telefone 0800 726 0104.