Governo propõe abertura total do mercado livre de energia a partir de 2028

O Ministério de Minas e Energia abriu, nesta sexta-feira, uma consulta pública sobre um plano de abertura total do mercado livre de energia elétrica a partir de 2028.

A proposta do governo permite que todos os consumidores do país, inclusive os ligados em baixa tensão como residências, comprem energia elétrica diretamente de qualquer fornecedor –gerador, comercializador ou distribuidora.

O avanço na agenda de liberalização de mercado vem dois dias após o governo ter publicado uma portaria autorizando que todos os consumidores conectados em alta tensão possam aderir ao mercado livre de energia a partir de 2024, o que foi considerado uma conquista por grande parte do setor elétrico.

Pelos termos da minuta de portaria colocada agora em discussão, a migração de consumidores residenciais para o chamado “ambiente de contratação livre” (ACL) estaria permitida a partir de 2028. Já para consumidores comerciais e industriais ainda não habilitados pelas regras atuais, o cronograma se inicia em 2026.

A proposta mantém a segregação entre os segmentos de “atacado” e “varejo” do setor elétrico –isto é, os consumidores da baixa tensão que decidirem acessar o mercado livre deverão ser representados por agente varejista perante a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Em nota, o Ministério de Minas e Energia disse esperar com a medida maior competitividade do setor, o que tende a proporcionar “preços mais interessantes”.

“O MME reconhece que alguns temas ainda carecem de regulamentação e aprimoramentos, sendo os principais: regulamentação do supridor de última instância e do agregador de medição, revisão dos mecanismos de gestão de portfólio e descontratação das distribuidoras, aprimoramentos à comercialização varejista e separação das atividades de fio e energia”, acrescentou.

A consulta pública permanecerá aberta para recebimento de contribuições até 1º de novembro.

Money Times

Receita Federal paga hoje último lote de restituição do IR 2022

A Receita Federal paga, nesta sexta-feira (30), o quinto e último lote de restituição do Imposto de Renda 2022. Neste lote, o fisco vai pagar R$ 1,9 bilhões para 1,2 milhão (1.220.501) de contribuintes. O depósito vai ser feito na conta informada na declaração.

Quem aguardava restituição e não foi contemplado no 5º lote está na ‘malha fina’. Das 38.188.642 declarações do IRPF 2022, ano-base 2021, que a receita recebeu, 1.032.279 declarações foram retidas em malha. Esse número representa 2,7% do total de documentos entregues.

O fisco vai enviar cartas para contribuintes com declarações na malha fina. O objetivo é avisar as pessoas que este é o momento para providenciar a correção, apresentando declaração retificadora.

Como saber se cai na malha fina?

Para saber se a sua declaração está em malha fina, acesse o portal e-CAC (Centro de Atendimento Virtual), selecione a opção “Meu Imposto de Renda (Extrato da DIRPF)” e na aba “processamento”, escolha o item “pendências de malha”. Lá você pode ver se sua declaração está em malha e também consegue saber o motivo pelo qual ela foi retida.

Se a declaração está em malha porque você cometeu algum erro no preenchimento ou deixou de informar alguma coisa, você pode fazer uma retificação da sua declaração, desde que ainda não tenha recebido o termo de intimação.

Valor Investe

Desemprego cai a 8,9% no trimestre encerrado em agosto, diz IBGE

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 8,9% no trimestre encerrado em agosto, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (30). O número representa uma queda de 0,9 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior, terminado em maio, e é o menor patamar desde o trimestre encerrado em julho de 2015 (8,7%).

Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).

O resultado veio em linha com a expectativa do mercado, que esperava uma taxa de 8,9%, conforme pesquisa da Reuters.

O contingente de pessoas ocupadas bateu novo recorde na série histórica, iniciada em 2012, totalizando de 99 milhões de pessoas. O número de trabalhadores desocupados, por outro lado, teve queda de 8,8% (menos 937 mil pessoas) na comparação trimestral, menor nível desde novembro de 2015.

Na comparação anual, a queda é de 30,1% (menos 4,2 milhões).

Já o rendimento real habitual cresceu pelo segundo mês consecutivo, chegando a R$ 2.713 no trimestre.

/ IBGE

O nível de ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) subiu para 57,1% no período em relação ao trimestre anterior (56,4%), ficando acima dos 53,4% registrados mesmo período do ano passado.

“O mercado de trabalho segue a tendência demonstrada no mês passado, continuando o fluxo que ocorre ao longo do ano, de recuperação”, explica Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa, em nota de divulgação.

Atividades que ajudaram na queda

O IBGE destaca três atividades como maiores influências para a queda do desemprego em agosto. O setor de “Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas” subiu 3% em comparação com o trimestre anterior, adicionando 566 mil pessoas ao mercado de trabalho.

Já “Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais” cresceu 2,9% (mais 488 mil pessoas) enquanto o grupo “Outros serviços” apresentou alta de 4,1% (211 mil pessoas).

Grupo de empregados sem carteira assinada bate recorde

O número de empregados sem carteira assinada no setor privado avançou 2,8% no trimestre (mais 355 mil pessoas), totalizando 13,2 milhões de pessoas, maior patamar da série histórica iniciada em 2012. Na comparação anual, a alta é de 16% (1,8 milhão de pessoas) no ano.

Já o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) aumentou 1,1%, chegando a 36 milhões.

O grupo de trabalhadores por conta própria foi para 25,9 milhões de pessoas, mantendo a estabilidade na comparação com o trimestre anterior. O número de empregados no setor público cresceu 4,1%, a 12,1 milhões.

Entre os desalentados, a população total foi de 4,3 milhões de pessoas e o percentual de desalentados foi de 3,8%, ambos mantendo estabilidade.

A taxa de informalidade foi 39,7% da população ocupada, contra 40,1% no trimestre anterior e 40,6% no mesmo trimestre de 2021. O número de trabalhadores informais chegou a 39,3 milhões, diz o IBGE.

CNN Brasil

Incorporação imobiliária e o registro de unidades autônomas. O que muda com a lei 14.382

A Lei Federal 14.382, que dispõe sobre o Sistema Eletrônico dos Registros Públicos, publicada em junho de 2022, trouxe atualizações relativas à matéria de Direito Imobiliário, tais como digitalização, modernização e interconexão dos cartórios, com a criação do Sistema Eletrônico de Registros Públicos (SERP) e, ainda, alterações na Lei de Incorporação Imobiliária (4.591/1964) e na Lei de Parcelamento de Solo Urbano (6.766/1979).

Um dos principais temas com reflexos nas incorporações imobiliárias foi o tratamento registral para as frações ideais de terrenos que se tornarão futuras unidades autônomas quando do processo de incorporação do empreendimento imobiliário.

Antes da Lei 14.382, não havia norma administrativa com orientações concretas e uníssonas quanto ao regime registral dessas frações ideais, criando divergências de entendimento entre os serviços registrais, dependendo da localização do imóvel.

Na prática, a Corregedoria Geral de um estado aplicava a impossibilidade de criação de matrícula própria para as unidades em construção, com fundamento na inexistência físico-jurídica do imóvel e a temeridade da involução do empreendimento. Em outro estado, entendia-se pela plena possibilidade de abertura de matrículas para as unidades futuras, com fundamentação da existência jurídica das frações ideais, ainda que por ficção legal.

O legislador, buscando dirimir as divergências e unificar o regime registral dessas unidades, trouxe à Lei 14.382/2022, pela redação do artigo 237-A, parágrafos 4° e 5° da Lei de Registros Públicos (6.015/1973), a possibilidade de abertura de matrículas para as futuras unidades autônomas em construção após o registro do memorial de incorporação, partindo-se da premissa de que o objeto é o imóvel enquanto unidade econômica e não mais unidade física atrelada ao solo.

Assim, por meio de uma tutela eficiente com a consolidação das informações, buscou-se maior segurança para o mercado imobiliário, possibilitando ao empreendedor, ao alienar as unidades futuras em construção, que o faça com matrículas próprias, distintas da matriz registral do empreendimento, regularizando as unidades desde logo.

Jornal Jurid, por Kelly Sanches, advogada no escritório Rücker Curi Advocacia

Custo de materiais é maior problema enfrentado pelo mercado imobiliário em 2022, segundo pesquisa

De acordo com levantamento realizado pela Brain Inteligência Estratégica, em parceria com a ABRAINC, 82% das empresas observam o custo de materiais como a maior dificuldade para o setor no ano de 2022. O item foi seguido de longe pela dificuldade de aprovação/licenciamento (44%) e pelo custo de terrenos (33%). 

A pesquisa que destacou o custo de materiais foi divulgada durante a 5ª edição do Fórum Brasileiro das Incorporadoras Imobiliárias (INCORPORA), evento promovido pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), que reuniu grandes entidades e empresas do setor.

Realizado a partir de questionário com 356 empresas e 850 consumidores, o estudo se propôs a traçar um panorama do cenário atual e compreender as expectativas para 2023. 

O contexto é visto com otimismo para 62% dos respondentes, que acreditam que no próximo ano a conjuntura do mercado estará um pouco ou muito melhor do que está agora, enquanto apenas 3% acreditam que estará muito pior. 

“A maioria das pessoas previa um cenário desfavorável, sobretudo pela alta dos juros, mas não é o que temos visto”, afirma Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica, responsável pela pesquisa. Não é para menos. Afinal, 55% dos respondentes disseram que venderam acima ou de acordo com a meta prevista no início do ano. Por outro lado, 38% vendeu abaixo da meta. 

Do ponto de vista dos consumidores, observa-se a consolidação de tendências, como o impacto significativo das compras de imóveis com viés residencial. Foram 85% das unidades vendidas em 2022, sendo 69% para moradia e 16% para 2ª residência ou imóvel de lazer. No entanto, a intenção de compra para os próximos meses caiu e está em 33% neste momento.

O destaque está por conta do aumento da intenção de compra entre os respondentes que recebem acima de 15 mil reais por mês – o que justificaria o crescimento na venda de imóveis de alto e médio padrão. “A compra do imóvel é vista como uma forma de proteger parte do patrimônio da alta inflacionária, assim como obter ganhos reais no longo prazo”, aponta Luiz França, Presidente da ABRAINC. 

O Estado de SP

62% dos empresários acreditam na melhora do setor imobiliário em 2023, diz pesquisa

Um levantamento realizado pela Brain Inteligência Estratégica, em parceria com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), mostrou que 62% dos empresários do setor acreditam que o mercado imobiliário em 2023 estará um pouco ou muito melhor do que este ano. Além disso, 55% disseram que as vendas de 2022 estiveram de acordo ou acima das metas previstas no início do ano.

A pesquisa foi realizada com 356 empresários do setor imobiliário, com o objetivo central de coletar suas percepções sobre o desempenho do setor e das empresas neste ano, além das perspectivas para o futuro.

“A maioria das pessoas previa um cenário desfavorável, sobretudo pela alta dos juros, mas não é o que temos visto. Os resultados do ano têm sido positivos e os empresários mostram-se bastante otimistas para 2023”, disse Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica.

Outro levantamento, também englobado no material “Tendências para o Mercado Imobiliário”, buscou ouvir as percepções dos consumidores a respeito da intenção de compra de imóveis e da relação das pessoas com o imóvel. Foram ouvidos 850 entrevistados de todas as regiões do país. 85% dos consumidores que adquiriram imóveis nos últimos 12 meses, compraram unidades residenciais (69% para moradia e 16% para segunda residência ou imóvel de lazer).

Segundo o presidente da ABRAINC, Luiz França, tanto os imóveis populares como os de alto e médio padrão tiveram bons resultados e a expectativa para o ano que vem é boa.

“O setor imobiliário é um grande motor para o crescimento do país e para geração de empregos. (…) O Brasil hoje se destaca com relação aos outros países do mundo. Nós pudemos ter uma política de aumentar a taxa de juros antes dos próximos países, ou seja, nós estamos com uma inflação controlada comparado com outros países do mundo”, avaliou França.

Além disso, 78% dos entrevistados disseram que a residência é o local em que eles mais gostam de estar. Os dados, coletados entre os meses de agosto e setembro, foram apresentados durante a 5ª edição do Incorpora, o Fórum Brasileiro das Incorporadoras Imobiliárias.

O evento, em São Paulo, reuniu empresas e CEO´s do mercado imobiliário, além de representantes de instituições financeiras do Brasil, em uma série de painéis sobre os grandes desafios do setor e as perspectivas para o ano que vem.

“É fundamental reunir players importantes do setor para debatermos soluções que beneficiem o consumidor, abram portas para novos investimentos e gerem empregos e dividendos para o Brasil”, afirmou França.

CNN Brasil

Entrevista | CEO SKR Incorporadora: “A qualidade construtiva entregue no Brasil é incomparável”

Os novos rumos da SKR Incorporadora são o mote da entrevista a seguir com o engenheiro civil Silvio Kozuchowicz, CEO e fundador da empresa, que deve alcançar VGV de R$ 1,3 bilhão em 2022 – após crescimento de 258% no ano passado. A companhia estreou no segmento de gestão de ativos imobiliários, reforçando a aposta no lifestyle e na hospitalidade como estratégia de diferenciação.

Como o senhor avalia o atual momento do mercado imobiliário?

Silvio Kozuchowicz – O setor sofreu um baque muito forte com o aumento da inflação e o dos custos da construção civil ocorrendo simultaneamente, o que fez muitas empresas zerarem as margens. Mas já temos visto uma recuperação dos preços, com os valores se estabilizando em patamares anteriores aos dessas crises. O que está para trás, teremos que absorver. Vamos encontrar novos momentos de normalidade.

Em um setor tão competitivo, qual a estratégia para se diferenciar?

A SKR tem investido bastante em hospitalidade e lifestyle. Por exemplo, estamos trazendo um conceito de pop-up kitchen: serviço de cozinha com chefs renomados, seja para o público em geral ou o residencial. Um restaurante com café da manhã que poderá ser servido no local ou entregue nos apartamentos. É um conceito que temos visto nas grandes capitais do mundo: empreendimentos com torres independentes e um link de serviços de alimentação e facilidades.

Um condomínio ao lado de um hotel que funciona como prestador de serviços e de comodidades para o empreendimento residencial de alto padrão.

Da mesma maneira que os hotéis vivem uma tendência de se assimilarem a residências, o residencial da SKR tem buscado transformar o modo de viver com mais serviços, com requintes de hospitalidade.

A companhia estreou como gestora de ativos. Como isso mudou a organização?

Existe uma tendência que veio para ficar, de não aquisição de imóveis, mas do seu uso, com apelo para a população mais nômade, que se muda com frequência, os mais jovens. É uma atualização do mercado que não tínhamos em São Paulo.

Estamos desenvolvendo três empreendimentos com a Cyrela, a Canadian Pension Plan Investment Board (CPPIB) e a Greystar Real Estate Partners, LLC nesse modelo: serão cerca de 600 unidades destinadas exclusivamente para locação profissional nos próximos três anos. Seremos coproprietários nesses empreendimentos, e isso exigiu novas especializações da empresa.

É uma diversificação, não se trata mais de contratar e vender, mas de estar ao lado da moradia e ir além da entrega dos imóveis. Vamos ter unidades completamente decoradas e equipadas para a pessoa entrar e morar. Isso foi um aprendizado, mas é uma tendência que veio para ficar.

O paisagismo ganhou protagonismo no pós-pandemia?

O paisagismo já fazia parte dos nossos projetos, e estamos reforçando isso no pós-pandemia. Agora, além da arquitetura e do design, passamos a usar o paisagismo como mote. É o verde retomando um espaço que é dele, com plantas nativas invadindo as áreas comuns e de transição. As pessoas se conscientizaram do quanto estavam distantes da natureza e do quanto ela nos faz bem.

O design passou a ser percebido com mais valor pelo cliente?

Espero que sim. Buscamos antecipar tendências há muito tempo, criando projetos com grandes arquitetos como Isay Weinfeld, Perkins&Will, Andrade Morettin, Triptyque e Angelo Bucci. Agora, tentamos romper com a visão modernista, trazendo um pouco mais de textura, mmovimento e inovação para aquecer os interiores dos projetos.

Como a inovação tecnológica tem impactado os produtos imobiliários e seus consumidores?

Os aplicativos de serviços vieram para ficar, trazendo mais praticidade e segurança para os usuários. Do ponto de vista estrutural, a tecnologia embarcada nos prédios já é muito diferente do que aplicávamos há cinco anos. Cabeamento para 5G e infraestrutura de carga para carro elétrico, com medidores de consumo individualizados, são opções que já existem em antecipação ao futuro. Acho que o cliente ainda não está percebendo isso, mas são diferenciais para a qualidade de vida nos próximos anos.

Como engenheiro de formação, o senhor acha que a qualidade construtiva aumentou no segmento de alto padrão?

Acho que hoje em dia se constrói melhor. As próprias normas ficaram mais restritivas. Cada prédio precisa ser adaptado a uma demanda local, do ponto de vista de acústica, hidráulica e segurança. O consumidor atual é muito mais exigente do que foi no passado e não admite receber qualquer coisa. Por outro lado, isso está encarecendo a construção. A qualidade construtiva entregue no Brasil hoje é incomparável, tão boa quanto à vista nos grandes centros mundiais. Agora a qualidade está presente também em projetos que atendem às novas demandas sociais. As pessoas querem se relacionar mais, e essa interação deve ser estabelecida nos projetos. O mercado imobiliário tem escutado melhor essa voz e adequado os projetos a essas demandas – e não o contrário. Nosso setor estava atrasado nesse sentido e agora está conseguindo ser protagonista dessas mudanças.

Valor Econômico, caderno Imóveis de Valor

Abecip/Rocha reitera que 2022 será o segundo melhor ano para crédito imobiliário

 O crédito imobiliário tende a se manter aquecido neste ano e no próximo, a despeito do ambiente de juros mais altos, de acordo com o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Rocha Neto.

Ele reiterou a previsão de que 2022 será o segundo melhor ano em termos de financiamentos, perdendo apenas para 2021. E disse que 2023 poderá ser o terceiro melhor ano da história para o setor.

A previsão da Abecip é que os financiamentos para a compra e a construção de imóveis neste ano devem totalizar R$ 244 bilhões, podendo até mesmo superar esse valor. Será confirmado, o resultado será inferior ao de 2021, que fechou em R$ 255 bilhões. A previsão considera o crédito liberado a partir de recursos da poupança (SBPE) e do FGTS.

O resultado de 2022 tende a ser puxado pelo crédito via FGTS, com previsão de alta de 31%, para R$ 64 bilhões, enquanto o SBPE deve cair 12%, para R$ 180 bilhões.

Entre janeiro e agosto de 2022, os financiamentos (SBPE e FGTS) totalizaram R$ 147,7 bilhões, queda de 8% em relação ao mesmo período de 2021.

“É 8% menor, mas a gente considera ainda muito bom”, disse Rocha, lembrando que o último ano foi de recorde. “É um dado que demonstra a pujança do setor”. O presidente da Abecip citou que a taxa reiterou ainda que não faltará recursos (funding) para os financiamentos imobiliários.

O Estado de SP, coluna Broadcast

Incorporadoras esperam recuperação de margem em 2023

A expectativa de queda de juros, da continuação da desaceleração do custo para construir e da melhora nas margens das incorporadoras foi o tema central do Incorpora, Fórum Brasileiro das Incorporadoras Imobiliárias, promovido pela associação brasileira do setor (Abrainc), nesta quinta-feira (29) em São Paulo.

Para Ricardo Gontijo, presidente da Direcional, o custo dos materiais está sob controle, mas a mão de obra, por causa dos reajustes dos salários, ainda sobe. “O aumento na mão de obra não é de todo ruim, porque são mais famílias que podem comprar nosso produto”, ponderou o executivo. A Direcional constrói imóveis de padrão econômico.

Empresas que atuam com rendas mais altas também analisam que o cenário é positivo. O presidente da incorporadora Setin, Antonio Setin, afirmou que a queda de juros e do INCC, índice que mede a inflação da construção civil, devem ajudar seu negócio, focado no público de média-alta renda, porque a decisão de compra é muito afetada pelo comportamento desses dois fatores. O INCC é usado para reajustar as prestações do imóvel durante a sua construção. “Em 2023, com um candidato eleito ou outro, a sociedade e os setores da construção civil assistirão aos indicadores como IPCA ou INCC em queda visível”, disse.

O setor imobiliário tem crescido em vendas e lançamentos, mas passa por dificuldade em suas margens, porque não conseguiu repassar ao consumidor os aumentos de custo dos últimos meses, segundo Leandro Melnick, presidente da Even e do conselho de administração da incorporadora gaúcha Melnick. Mesmo com o arrefecimento atual, haveria um saldo de elevação de custo que foi absorvido pelas companhias. O executivo afirmou esperar que até o fim do próximo ano as margens estejam mais razoáveis no setor, com custos controlados. “Me junto aos otimistas, mas estou apreensivo”, disse.

José Ramos Rocha Neto, presidente da associação brasileira de crédito imobiliário (Abecip) tentou tranquilizar o mercado sobre os recursos para financiar os empreendimentos imobiliários, com a queda de 4,6% no saldo da poupança até agosto deste ano, na comparação com o mesmo período de 2021.

Mesmo assim, o total de recursos para financiamento do setor passou de R$ 1,66 trilhão para R$ 1,81 trilhão, também em relação ao período de janeiro a agosto. O que mudou foram as fontes alternativas, como a letra imobiliária garantida (LIG), letras de crédito imobiliário (LCI), certificado de recebíveis imobiliários (CRI) e fundos de investimento imobiliário (FII). A participação da LIG, apesar de pequena, dobrou de 2% para 4%.

A participação da poupança e do FGTS nesse total caiu de 74% para 69% em um ano.

Para o fim de 2022, a expectativa da entidade é que o total do financiamento imobiliário no país fique em R$ 44 bilhões, queda de 4% ante 2021, mas o segundo melhor ano do indicador. Segundo Rocha Neto, 2023 pode ser o terceiro melhor ano para o financiamento imobiliário, o que significa uma queda ante o desempenho atual.

Apesar do corte de 95% no orçamento federal para o programa Casa Verde e Amarela em 2023, o presidente da Abrainc, Luiz França, afirmou que os recursos do FGTS darão conta de sustentar as atividades do programa, com exceção da faixa inicial, para a população com renda de até R$ 2.400 ao mês. “Os demais grupos têm concorrência entre as empresas”, disse.

Valor Econômico

Brasil tem cidades mais baratas para morar na América Latina

O Brasil tem as cidades mais baratas para morar entre as principais da América Latina. Entretanto, ao analisar a acessibilidade financeira para comprar ou alugar um imóvel, o país apresenta um cenário bem ruim. É o que revela um estudo inédito realizado pela plataforma QuintoAndar.

O levantamento analisou 12 cidades mais populosas da região da América Latina, 7 brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre) e cinco capitais da América Latina (Lima, Cidade do México, Buenos Aires, Quito e Cidade do Panamá). Juntas, essas cidades congregam mais de 55 milhões de habitantes. O estudo levou em conta dados dos últimos 12 meses, encerrados em julho de 2022, com base nos anúncios e nas buscas feitas nos portais Zonaprop (Argentina), Imovelweb e WImóveis (Brasil), Plusvalia (Equador), Inmuebles24 (México), Compreoalquile (Panamá), Adonde Vivir e Urbania (Peru), integrantes do Grupo QuintoAndar.

Segundo o levantamento, Buenos Aires, na Argentina, tem o metro quadrado mais caro da América Latina, média de 2.479 dólares. A Cidade do México, com preço médio de 2.200 dólares o metro quadrado é a segunda cidade mais cara na região, seguido pela Cidade do Panamá, com preço médio de 2.129 dólares.

A primeira cidade brasileira que aparece no ranking é Brasília, que ocupa a quinta posição, com preço médio do metro quadrado em 1.886 dólares. Porto Alegre tem o valor mais baixo e o ocupa o último lugar do ranking, com preço médio de 990 dólares. Vale destacar que dados abaixo consideram os preços dos anúncios e não de transação, o que pode gerar algum viés para mercados inflados.

De acordo com o levantamento, a inflação, a valorização do dólar e as elevadas taxas do crédito para a habitação têm feito com que muitos consumidores adiem os seus planos de compra de um imóvel e continuem no aluguel. Como o preço de venda está mais caro, as pessoas preferem esse mercado, diminuindo o estoque para aluguel.

Em relação ao aluguel, Buenos Aires também figura no topo do ranking do preço do metro quadrado anunciado entre as 12 cidades analisadas. O preço médio do m² nos últimos 12 meses, encerrados em julho, foi de US$ 11,8. Isso significa que um apartamento de 50 m² não sai por menos de US$ 590 por mês.

“Durante a pandemia, houve uma curiosa combinação de fatores que se traduziu num pequeno boom imobiliário. E é possível perceber que o mercado na América Latina está hoje, em boa parte, aquecido. A Argentina é uma exceção: Buenos Aires vive um cenário de muita oferta e pouca procura. Ainda assim, com a inflação em alta, os preços de imóveis na capital são comparativamente maiores que os de outras cidades da região”, explica Vinicius Oike, economista do QuintoAndar. Ele acrescenta que a capital argentina vive um cenário de muita oferta e pouca procura, marcado por um excesso de estoque de casas à venda, o que agrava a escassez no mercado de locação.

Comprometimento de renda

O estudo também aponta uma situação crítica no que diz respeito ao comprometimento da renda com o aluguel. Apenas 3 das 12 cidades analisadas apresentam um percentual inferior a 30% – considerado o limite recomendado por especialistas. As três são brasileiras: Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro.

E, quando se fala na compra de imóveis, das 12 cidades analisadas, 11 aparecem com um índice deacessibilidade financeira considerado “alarmante” – ou seja, quando o indicador que revela quantos anos de renda uma família precisa comprometer para comprar um imóvel é superior a 7-10 anos. A única exceção é Belo Horizonte, que, ainda assim, possui um indicador “preocupante” (pouco menos de 7 anos).

“Os valores de comprometimento para compra são bastante similares e também indicam uma baixa acessibilidade financeira. Já os valores no aluguel apontam para um mercado formal descolado da renda familiar média. No caso da Cidade do México, há uma fatia expressiva do mercado que atende estrangeiros, que tipicamente têm renda muito mais elevada que a família média local”, ressalta Oike.

O indicador que analisa a acessibilidade financeira é o price to income ratio, que considera o preço mediano dos imóveis e a renda anual mediana das famílias. De uma maneira geral, ele revela quantos anos de renda uma família precisa comprometer para comprar um imóvel. Quanto maior o valor, pior a acessibilidade financeira. “O indicador é bastante simples, o que facilita comparações internacionais, mas omite alguns fatores como condições de crédito”, destaca o estudo. Valores maiores que 3-4 são considerados preocupantes e valores acima de 7-10 são alarmantes.

No caso do aluguel, para avaliar a acessibilidade do mercado, faz se a comparação do aluguel mediano com a renda mensal mediana familiar. O rent to income ratio deve ser menor que 0,3 ou 30%. Quanto menor o indicador, menor o estresse financeiro que a família enfrenta para pagar o aluguel. Neste caso, não sao considerados taxas de condomínio ou impostos que costumam ser pagos pelos inquilinos.

De acordo com o estudo, as cidades destaques foram belo Horizonte e Porto Alegre, que tem padrão similar de renda as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, mas os imóveis são considerados mais baratos. Os valores próximos a 7 sinalizam uma baixa acessibilidade financeira.

Os valores de RIR orbitam a faixa de 30%, considerado o limite máximo que uma família deveria gastar com aluguel. Já Salvador é um ponto discrepante, indicando que o mercado de aluguel vem focando em públicos de mercado de alta renda. Nas demais cidades da América Latina, os valores do PIR são similares e indicam baixa acessibilidade financeira. Já os valores de RIR indicam um mercado formal deslocado da renda familiar.

Para conferir o ranking das cidades e os indicadores, acesse a íntegra da matéria. Clique aqui

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