Academias ganham novo status no alto padrão

Academia de condomínio nunca foi um lugar esteticamente bem resolvido nos empreendimentos imobiliários. Até há bem pouco tempo, em geral, era mal dimensionada, com circulação, iluminação e ventilação longe de ser as mais adequadas. Mas isso vem mudando. Projetos mais recentes ocupam andares nobres e dão protagonismo aos ambientes dos residenciais com apelo arquitetônico sofisticado e equipamentos de última geração.

“Esses ambientes ganharam uma nova escala nos empreendimentos de alto padrão”, afirma Otavio Zarvos, CEO da incorporadora Idea!Zarvos. Segundo ele, além de incentivar o cuidado com a saúde, as academias estimulam a convivência familiar. “As pessoas treinam juntas e dividem o mesmo ‘personal’. Isso faz da academia o ponto central das áreas comuns atualmente”, diz.

Dois prédios da empresa refletem essa centralidade, carregados de sofisticação. No já entregue edifício Ourânia, na Vila Ipojuca, Zona Oeste da capital paulista, o desenho proposto pelo arquiteto Marcio Kogan é inspirador e remete a um spa digno do norte europeu.

No Damata, em fase de construção no Itaim, o arquiteto Isay Weinfeld levou a academia de 500 metros quadrados para a cobertura, a 120 metros do nível da rua. “Abrimos mão de alguns apartamentos para oferecer aos moradores a oportunidade de desfrutar do visual espetacular da região enquanto se exercitam”, comenta Zarvos.

Especializada em locação de longa temporada com serviços, a JFL Living também se destaca nas academias high-tech de seus prédios. Não raro, contêm equipamentos melhores do que os encontrados em ambientes profissionais. “Nosso público-alvo valoriza a qualidade de vida, o bem-estar e a praticidade”, diz Carolina Burg Terpins, sócia-fundadora da JFL.

Um dos projetos em desenvolvimento nos Jardins deve receber uma academia da marca italiana Reaxing, que adota o método de treinamentos baseados em neurorreatividade, buscando competência dinâmica e não apenas a alta performance esportiva.

Além de atender à demanda crescente por um estilo de vida mais saudável, Carolina acredita que as superacademias contribuem para entregar uma experiência de moradia mais exclusiva e diferenciada. “Buscamos criar um ecossistema que inclua gastronomia, arte e design, e ainda esporte e ‘wellness’, dois dos principais atributos.”

Para agradar ao público que adora esporte, a incorporadora AG 7, de Curitiba, foi além e consultou atletas profissionais e um “coach” de maratona para projetar as academias em dois projetos: Age 360 e Pace.

“Eles nos ajudaram a setorizar os ambientes internos da academia e sugeriram adaptações, como o uso de rolos para acoplar as bikes de competição, o que melhora o rendimento nos treinos”, explica Giovanna Romano, líder de Produto da AG 7. Nos dois prédios, as academias ocuparão pavimentos altos e terão salas de ioga, meditação, alongamento e nutrição e “personal trainer”.

FATURANDO ALTO

Uma das empresas de equipamentos que atendem as incorporadoras é a Technogym. Segundo o CEO, Ricardo Rocha, o segmento imobiliário tornou-se um novo e lucrativo filão de negócios para a empresa.

“Antes da pandemia, nossos principais clientes eram as academias. De lá para cá, isso mudou: incorporadoras e pessoas físicas, que têm áreas para exercícios físicos em casa, passaram a responder por mais de 70% de nosso faturamento”, revela Rocha.

Segundo o executivo, 36% dos R$ 150 milhões movimentados pela Technogym em 2023 foram vendas para construtoras. Além de equipamentos de última geração, elas usam um aplicativo da companhia que informa quais aparelhos são mais utilizados, gerencia horários de pico e agenda o uso das academias por apartamento ou família.

“Para o administrador do condomínio, é uma ferramenta essencial, porque ajuda a definir onde investir os recursos para melhorias e manutenção da academia por meio de dados reais”, explica.

Valor Econômico, seção Imóveis de Valor

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