Home equity e hipoteca reversa ganham espaço no Brasil

Muito popular em países como Estados Unidos e Canadá, o home equity – modalidade em que se faz um empréstimo financeiro usando um imóvel como garantia – começa a ganhar força no Brasil. Apenas no primeiro semestre de 2021, foram firmados 11.151 contratos do tipo, somando R$ 2,3 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Até novembro, a cifra estava em R$ 4,856 bilhões – uma alta de 13% em relação a 2020.

Batizado por aqui de CGI (Crédito com Garantia de Imóvel), o home equity também está na mira do governo, que anunciou um pacote de estímulo ao crédito imobiliário em novembro passado. Entre o conjunto de medidas sugeridas, um projeto de lei que será enviado ao Congresso pelo Executivo busca permitir que os proprietários possam fazer mais de uma tomada de crédito tendo o mesmo imóvel como garantia. Se aprovada, a proposta pode liberar até R$ 10 trilhões em CGI, de acordo com Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC).

A principal diferença entre o home equity e a hipoteca – outro modelo de crédito com lastro no imóvel – é o tipo de contrato. No caso da hipoteca, não há alienação fiduciária, o que significa um processo longo e vagaroso para que a instituição financeira se aproprie do bem caso o cliente deixe de pagar as parcelas da dívida. Já no caso do home equity, o contrato prevê a alienação fiduciária, assim como acontece com os financiamentos imobiliários. Caso o cliente fique inadimplente e não haja acordo, a instituição aliena o imóvel e o leva a leilão para que a dívida seja paga.

Imóvel alugado, sem precisar sair

Uma novidade que se apoia no modelo de CGI é a possibilidade de as pessoas fazerem dinheiro com seu patrimônio imobiliário. Uma das empresas que começa a trabalhar com esse formato é a Aluguel Virtual, da holding RPX, que funciona como uma gestora de ativos. Ela oferece ao cliente a possibilidade de receber um pagamento sobre bens imobiliários através do modelo de home equity.

Trocando em miúdos, o cliente recebe da empresa mensalmente um aluguel, além de uma parcela extra nos aniversários do contrato, e pode continuar morando no imóvel ou alugar para terceiros. “É um modelo que não existia no Brasil, mas daqui a dez anos vai ser normal”, afirma o presidente executivo da empresa, Rafael Pimenta. “O brasileiro vai aprender a não deixar mais dinheiro parado.”

Uma vez aprovada a avaliação do imóvel, a plataforma da Aluguel Virtual calcula o seu valor e faz uma oferta de pagamento aos proprietários, diretamente ou através de imobiliárias e corretores. “Se o imóvel estiver 100% quitado e com a papelada certinha, aprova facilmente”, diz Pimenta. Na sequência, os parceiros, como bancos e fundos de investimento, dão um crédito sobre o imóvel para realizar a operação. “O risco de o cliente perder o imóvel é zero porque é a empresa que paga o aluguel mensal e as parcelas do crédito, além de o contrato ter seguro”, afirma.

O empresário diz que a duração média dos contratos é de 20 anos, mas o proprietário pode encerrá-lo a qualquer momento, assim como a empresa. Nos primeiros dois anos, há uma multa prevista para o lado que desistir, mas a partir do terceiro ano não. “Imagine que a pessoa consegue um comprador para o imóvel e quer fechar o negócio. Se o ativo valer até R$ 1 milhão, o resgate do valor é feito na hora. Para valores maiores, em até 15 dias. E então a Aluguel Virtual deixa de ser gestora do ativo”, diz.

‘Hipoteca reversa’

Outro modelo semelhante que começa a ganhar forma é o da hipoteca reversa. Nessa modalidade, idealizada para a população aposentada, o imóvel é avaliado por um banco e, uma vez estipulado o valor, o proprietário pode receber um percentual do imóvel.

As pessoas têm três opções: receber um percentual do imóvel à vista (em torno de 40%); receber uma parte à vista (por exemplo, 20%) e os demais 20% parcelados, como complementação de renda; ou parcelar os 40% na íntegra.

Em todos os casos, a dívida só se concretiza com o falecimento da pessoa ou do casal. Depois disso, o imóvel é leiloado e os herdeiros recebem o saldo final.

A fintech de home equity LendMe, do empresário Elyseu Mardegan Jr, é uma das que está testando o modelo. “Tive um primeiro contato com hipoteca reversa nos Estados Unidos, em 2010. Pensei que seria fantástico para o Brasil, onde a aposentadoria pública é muito baixa”, diz Mardegan. “É uma forma de os aposentados complementarem a renda. Imagina um casal que construiu uma casinha na Mooca, por exemplo, e recebe R$ 2 mil de aposentadoria. Graças a esse patrimônio, eles podem dobrar a renda, se reinserir no mercado consumidor, pagar um plano de saúde. Faz muita diferença na qualidade de vida do idoso”, afirma.

Para validar o modelo no País, a LendMe optou por apresentar uma proposta ao Banco Central (BC) e foi uma das empresas aprovadas para desenvolver uma espécie de projeto-piloto em um programa da autoridade monetária. A primeira reunião para tratar do tema aconteceu este mês e o empresário acredita que o produto fique de pé ainda este ano.

Segundo ele, ainda é preciso resolver questões como se haverá ou não cobrança de IOF sobre o valor recebido, se o proprietário vai perder algum benefício previdenciário, se vai incidir Imposto de Renda sobre as parcelas e que tipos de seguros vão proteger cliente e imóvel.

“Fizemos o protótipo e agora precisamos revisá-lo e validar os pontos com o BC”, diz ele. “Estamos vendo uma boa vontade e uma colaboração inenarráveis por parte do BC e do Ministério da Economia para lançar o produto.”

O Estado de SP

Digital Twins e Metaverso apontam caminhos da inovação em construção civil

Construir cidades de acordo com o comportamento das pessoas, criar projetos e fazer a gestão em cenários digitais que espelham a realidade e possibilitam maior eficiência antes do início das obras, são apenas alguns dos exemplos que apontam a digitalização como o futuro da construção civil e que a entrada do setor na Indústria 4.0 é questão de tempo. Isso foi o que os visitantes conferiram na programação de tecnologia que é um dos destaques da FEICON, principal evento do setor de construção civil da América Latina, que acontece até o dia 1º de abril, no São Paulo Expo.

“O desenvolvimento e aplicação da tecnologia é fundamental para resolver dois problemas da construção no País, a produtividade e o déficit habitacional. O Building Information Modelling (BIM), por exemplo, representa o início de uma transformação digital que tende a trazer melhora de 50% na produção e tem as informações como protagonistas. São elas que alimentam o Digital Twins (Gêmeos Digitais) e o Metaverso”, afirmou Micheli Mohr, engenheira civil da Altoqi, empresa de tecnologia aplicada à engenharia, uma das palestrantes do painel promovido pela Inovatech, que teve como tema as duas ferramentas.

Como exemplo, a especialista apresentou o projeto de uma escola construída em Santa Catarina, na metade do tempo estimado, com o uso da réplica virtual, que forneceu as informações e perspectivas do projeto e possibilitou maior eficiência no canteiro de obra, reforçando as vantagens da aplicação do Digital Twins.

Para falar sobre as possibilidades digitais que estão revolucionando o setor, a engenheira dividiu o palco com o especialista em Metaverso, Marcelo Rodino, CEO e cofundador da Flex Interativa, desenvolvedora de experiências digitais com realidades aumentada, virtual e mista. Ele destacou a influência, as transformações e as vantagens da aplicação tanto na construção civil, quanto em outros segmentos e o interesse do mercado. “Entre os dias 23 e 28 de novembro, foram movimentados U$ 85 milhões em vendas únicas de terrenos virtuais”, ressaltou.

O profissional apresentou também o uso na área da saúde e de educação para mostrar a versatilidade da tecnologia. “É possível fazer com as crianças interajam com o conteúdo, aumentando o poder da absorção e, além disso, obviamente, salvando vidas também. Já tivemos operações de sucesso”, acrescentou.

Na área de construção e no mercado imobiliário, a aplicação da tecnologia vai além da comercialização de espaços, segundo o profissional. “Engenheiros e arquitetos podem construir seus projetos, interagirem juntos com os clientes no ambiente virtual e fazer os ajustes necessários. São potenciais que nós especialistas enxergamos no metaverso. Tem diversas possibilidades”, explicou Rodino.

Para Mohr, a transformação que as tecnologias têm proporcionado ao setor de construção civil é um movimento sem volta. “Quando a gente fala das cidades projetadas em gêmeos digitais, por exemplo, vemos que será possível planejar as áreas urbanas com informações vindas das pessoas, então teremos maior assertividade na construção do espaço, podendo melhorar trânsito, determinar a quantidade de ambiente construído em dada região, projetar a parte de recriação, de convivência, enfim será possível promover melhorias na confecção destes espaços”, destacou a engenheira.

Outras palestras que abordaram a tecnologia como tema no primeiro dia do evento foram: “A confiança como elemento chave na transformação digital”, “Digitalização em novos negócios” e “Como vender mais com canais digitais: Uma oportunidade de aumentar as vendas”.

Além de tecnologia, o evento conta com uma grade de conteúdos que voltados para varejo, produtos, sistemas construtivos, vendas, consumidor, canteiro de obra e soluções para o mercado, trazendo um panorama completo para todos os elos da cadeia construtiva.

Radar Imobiliário

Incerteza da Economia sobe 4,2 pontos em março, aponta FGV

O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), subiu 4,2 pontos em março, para 121,3 pontos.

“A alta da incerteza em março foi influenciada pela deflagração da guerra entre Rússia e Ucrânia, mas teve dois momentos distintos. Nos primeiros dias após o início do conflito, o indicador subiu fortemente, refletindo a grande incerteza econômica daquele momento. Posteriormente, no entanto, houve uma calibragem para baixo, influenciada por uma visão menos pessimista em relação ao impacto potencial do conflito e pela identificação de fatores favoráveis da nova conjuntura à economia nacional, como o aumento no preço das commodities e o redirecionamento de fluxos financeiros da Rússia e países próximos para países emergentes como o Brasil. A tendência do IIE-Br para os próximos meses dependerá dos desdobramentos dessas tensões geopolíticas”, afirma Anna Carolina Gouveia, economista do FGV Ibre, em comentário no relatório.

Os dois componentes do Indicador de Incerteza caminharam no mesmo sentido em março. O componente de Mídia (IIE-Br Mídia) subiu 3,0 pontos, para 121,9 pontos, contribuindo em 2,6 pontos para o índice agregado.

O componente de Expectativas (IIE-Br Expectativa), que mede a dispersão nas previsões de especialistas para variáveis macroeconômicas, subiu 7,2 pontos, para 110,2 pontos, contribuindo em 1,6 ponto para a evolução na margem do IIE-Br.

O IIE-Br é formado por dois componentes: com peso de 80%, o IIE-Br Mídia, baseado na frequência de notícias com menção à incerteza nas mídias impressa e online, e construído a partir das padronizações individuais de cada jornal; e o IIE-Br Expectativa, com os 20% restantes e construído a partir da média dos coeficientes de variação das previsões dos analistas econômicos reportadas na pesquisa Focus, do Banco Central, para a taxa de câmbio e a Selic 12 meses à frente e para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado para os próximos 12 meses.

A coleta do indicador é realizada do dia 26 do mês anterior ao dia 25 do mês de referência.

Valor Investe

Desemprego fica em 11,2% até fevereiro, abaixo do piso das projeções, de 11,3%

A taxa de desemprego no país ficou em 11,2% no trimestre móvel encerrado em fevereiro, mesmo número registrado de novembro a janeiro, 0,4 ponto percentual (p.p.) abaixo do verificado nos três meses encerrados em novembro, de 11,6%, e 3,4 pontos percentuais abaixo do resultado de fevereiro de 2021 (14,6%), mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado também ficou abaixo da mediana das expectativas de 29 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, que apontava para uma taxa de 11,4%, com intervalo das projeções de 11,3% a 11,8%.

No trimestre até fevereiro, o país tinha 12,016 milhões de desempregados – pessoas de 14 anos ou mais que buscaram emprego, mas não conseguiram encontrar. O número aponta retração de 3,1% frente ao trimestre anterior (menos 389 mil pessoas) e queda de 19,5% frente a igual período do ano anterior (menos 2,9 milhões de pessoas).

Após a divulgação de hoje, o IBGE regulariza o calendário de divulgação da Pnad Contínua, com a liberação dos resultados no mês seguinte ao mês em que se referem os dados. O prazo de divulgação tinha sido ampliado na pandemia por causa da necessidade de ampliar o período de coleta, que passou a ser feita por telefone diante das medidas de isolamento social.

O início do ano é tradicionalmente marcado por aumento do desemprego, já que há dispensa dos trabalhadores que tinham sido contratados de forma temporária para o período do fim do ano.

Entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022, a população ocupada (empregados, empregadores, funcionários públicos) era de 95,2 milhões de pessoas. Isso representa uma variação de 0,3% em relação ao trimestre móvel anterior, encerrado em novembro (mais 304 mil pessoas ocupadas), mas classificada como estabilidade pelo IBGE por estar dentro do intervalo de confiança. Frente a igual trimestre do ano anterior, subiu 9,1% (7,9 milhões de pessoas).

Já a força de trabalho — que soma pessoas ocupadas ou em busca de empregos com 14 anos ou mais de idade — estava em 107,2 milhões no trimestre até fevereiro de 2022, 0,1% a menos do que no trimestre imediatamente anterior (menos 85 mil pessoas), classificada como estabilidade pelo IBGE, e 4,9% acima de igual período do ano anterior (mais 5 milhões de pessoas).

Taxa é a menor para o período desde 2016

A taxa de desemprego no trimestre móvel encerrado em fevereiro é a menor para o período desde 2016 (10,3%), segundo os dados da Pnad Contínua.

“Na série histórica, só não é menor que os anos de 2013 a 2016”, explica Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Massa salarial

A massa de rendimentos real habitualmente recebida por pessoas ocupadas (em todos os trabalhos) foi de R$ 234,104 bilhões no trimestre de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022, segundo a Pnad Contínua.

O número aponta alta de 0,6% frente ao trimestre móvel anterior (encerrado em novembro), ou R$ 1,453 bilhão. O desempenho, no entanto, é classificado como estabilidade pelo IBGE, porque está dentro do intervalo de confiança da pesquisa.

Frente a igual período do ano anterior, há queda de 0,2% (menos R$ 550 milhões), também dentro da estabilidade estatística.

Já a renda média dos trabalhadores ficou estável no período, segundo o IBGE. De acordo com dados da Pnad Contínua, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores (considerando a soma de todos os trabalhos) foi de R$ 2.511 no trimestre móvel até fevereiro de 2022, variação de 0,3% frente ao trimestre móvel anterior (R$ 7 a mais), mas dentro do intervalo estatístico. Frente a igual período do ano anterior, houve redução de 8,8% na renda média, uma diferença de R$ 241.

Valor Investe

IMPRENSA OFICIAL

:: Portaria estabelece as hipóteses de substituição de exame pericial presencial por exame remoto e as condições e limitações para sua realização. Clique aqui.

:: Publicado o Manual Operacional de Aplicação de FGTS em Fundo Mútuo de Privatização. Clique aqui.

:: Resolução regulamenta o direito de manutenção da condição de beneficiário para ex-empregados demitidos ou exonerados sem justa causa e aposentados. Clique aqui

Vale produz areia sustentável para pavimentação asfáltica

Areia produzida a partir do reaproveitamento do rejeito de minério de ferro nas operações da mineradora Vale em Itabira (MG) pode ser usada no revestimento de estradas, com benefícios ambientais e econômicos. Essa é a conclusão de estudo desenvolvido nos últimos cinco anos pela Vale, em parceria com a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) do campus Itabira. 

A pesquisa demonstrou o potencial da areia sustentável para aplicação em pavimentos rodoviários. Os resultados dos testes, realizados em laboratório, mostraram aumento de mais de 50% da vida útil da estrada e redução em torno de 20% dos custos da obra, por meio da utilização do insumo em todas as camadas, em comparação aos pavimentos construídos com materiais tradicionais, como brita, solo e areia natural.

Já utilizada com sucesso no mercado da construção civil, a areia sustentável da Vale resulta também em ganhos para a segurança das operações da empresa, ao reduzir a disposição dos rejeitos em barragens, e constitui alternativa ao consumo da areia natural, segundo recurso mais explorado no mundo, depois da água.

Os pesquisadores querem confirmar agora as conclusões do estudo em pavimentação rodoviária, por meio do monitoramento de uma pista experimental, construída em área operacional da Mina Cauê, em Itabira. Essa primeira estrada rodoviária com revestimento asfáltico, criada pelo setor de mineração, é toda monitorada por instrumentos, informou o gerente executivo de Licenciamento Ambiental da Vale, Rodrigo Dutra Amaral.

“Com 425 metros de extensão, a pista é formada por quatro camadas com diferentes misturas da areia Vale e conta com 96 sensores de pressão, temperatura, deformação e umidade, que fornecerão dados sobre o desempenho das estruturas do pavimento sujeitas ao tráfego constante de cargas e às condições climáticas reais”, afirmou Amaral.

As informações serão analisadas durante dois anos pela Unifei do campus Itabira e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de serem compartilhadas com o Instituto de Pesquisas em Transporte (IPR) do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), visando à criação de um acervo técnico e à normatização do método, acrescentou o gerente.

Investimentos

Os investimentos da Vale em pesquisa e inovação para aplicação de areia sustentável em pavimentos rodoviários somam mais de R$ 7 milhões.

A gerente da Vale, Marina Dumont, disse que esse mercado oferece boas oportunidades de novos negócios para a empresa, resultando em benefícios diretos para a comunidade. “Promovemos a economia circular nas operações, com o reaproveitamento de um material que seria descartado em pilhas e barragens. Cada quilômetro de rodovia pode consumir até 7 mil toneladas do rejeito gerado na produção do minério de ferro. Somente no estado de Minas Gerais, temos aproximadamente 250 mil quilômetros de estradas sem pavimentação”, lembrou.

A responsável técnica pela pesquisa, engenheira Laís Resende, da Vale, afirmou que a areia atua como agente redutor do consumo de cimento e cal, além de reduzir em até 6% o consumo de cimento asfáltico de petróleo (CAP), considerado um dos materiais mais caros nesse tipo de obra.

Desde 2015, a Vale já investiu cerca de R$ 50 milhões em diferentes linhas de pesquisa, que buscam avaliar o potencial técnico dos rejeitos de minério de ferro e das areias provenientes do tratamento do rejeito na aplicação de pré-moldados, pavimentação, rochas artificiais, geopolímero e aglomerantes, entre outros.

Além da pavimentação asfáltica, a Vale também estuda a aplicação da areia sustentável em pavimentação vicinal (estradas rurais), nas quais estão sendo investidos cerca de R$ 1,6 milhão, e em pavimentação ferroviária, cujo valor está em torno de R$ 6 milhões.

Sustentabilidade

A empresa entrou com pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para uma tecnologia que utiliza a areia sustentável na produção de revestimento asfáltico. O produto foi desenvolvido com qualidade comercial, visando a aplicação no mercado da construção civil a partir de adequações na operação de minério de ferro no estado de Minas. O material arenoso, anteriormente depositado em pilhas e barragens, é processado e transformado em produto, seguindo os mesmos controles de qualidade de produção de minério de ferro.

No ano passado, a empresa processou cerca de 250 mil toneladas de areia sustentável. Este ano, a Vale já acertou a destinação de cerca de 1 milhão de toneladas de areia. A estimativa é que em 2023 esse número dobre para 2 milhões de toneladas.

A empresa informou que seu foco principal, com a produção da areia sustentável, é a sustentabilidade das operações de minério de ferro, minimizando o passivo ambiental, além de buscar o fomento de emprego e renda por meio da geração de novos negócios. 

De acordo com a Vale, a areia resultante do tratamento de minério de ferro é um produto 100% legal, com alto teor de sílica e baixo teor de ferro, além de alta uniformidade química e granulométrica. O material não apresenta características perigosas em sua composição porque o processamento mineral para obtenção da areia é essencialmente físico, sem alterações na composição dos materiais, assegurou a companhia. Essa areia pode ser utilizada para concretos, argamassas, pré-fabricados, artefatos, cimento e pavimentação rodoviária e vicinal.

Redução de barragens

A Vale destacou, entre outras iniciativas para redução do uso de barragens, a construção de quatro plantas de filtragem de rejeitos que, inclusive, vão auxiliar na produção da areia. As duas plantas inauguradas no início do ano, nas usinas de Cauê e Conceição, poderão potencializar a produção da areia sustentável em Itabira, já que reduzem o percentual de água do rejeito, viabilizando tanto o empilhamento a seco do material, quanto o interesse do mercado pelo produto.

O Complexo Vargem Grande, em Nova Lima, já tem a tecnologia, e uma quarta planta de filtragem de rejeitos deve ser inaugurada no segundo trimestre do ano, na Mina Brucutu, no município de São Gonçalo do Rio Abaixo.

A Vale já obteve autorização ambiental para a produção de areia na Mina de Viga, em Congonhas. Outras minas da empresa, também situadas em Minas Gerais, se encontram em processo de regularização ambiental para produção do insumo.

Agência Brasil

Prefeitura do Rio anuncia a volta do Morar Carioca

O Morar Carioca está de volta, agora mais carioca do que nunca. A Prefeitura do Rio anunciou, nesta semana, o retorno do programa, que dessa vez contará exclusivamente com recursos próprios do município. Serão investidos R$ 500 milhões, dentre os quais R$ 450 milhões em obras de urbanização integrada e R$ 50 milhões para ações de regularização fundiária.

O Morar Carioca vai realizar intervenções em 22 comunidades, beneficiando mais de 20 mil moradias e impactando a vida de mais de 80 mil pessoas residentes em Áreas de Especial Interesse Social (AEIs). Além de entregar mais de 40 mil novos títulos de propriedade, até 2024, este é o maior investimento em ações de regularização fundiária da história da cidade do Rio.

– Com a urbanização da favela, você leva dignidade aos moradores. No campo da regularização fundiária,  o título de propriedade do imóvel permite ao cidadão alcançar a plena cidadania, entrando na vida formal. Por exemplo, se ele quiser fazer um financiamento, com o título de propriedade poderá dar o imóvel como garantia. Temos que defender que sempre tenha uma parte importante do orçamento alocada para a urbanização das comunidades. Vamos sempre priorizar as pessoas mais pobres dessa cidade – afirmou o prefeito Eduardo Paes.

O anúncio da volta do programa, interrompido pela gestão passada, marcou o momento de retomada de investimentos da Prefeitura, que conseguiu organizar as contas públicas em 2021, e sinalizou o realinhamento da Secretaria Municipal de Habitação à sua missão original: trabalhar pela garantia do direito à moradia digna. Além de ser importante para as comunidades contempladas, o Morar Carioca também vai contribuir para a economia, uma vez que a previsão é que o programa gere 1.500 vagas de emprego.

–  Com a regularização fundiária, a pessoa tem de fato e de direito a posse do imóvel, podendo vender ou transferir para familiares, em caso de hereditariedade. Nessa retomada do programa Morar Carioca, a novidade é que vamos fazer a regularização fundiária em paralelo às obras de urbanização das comunidades, o que vai agilizar todo o processo  – disse o secretário de Habitação, Cláudio Caiado.

Os projetos se baseiam em cinco pilares: infraestrutura urbana, conectividade viária, iluminação pública, coleta de lixo e lazer e paisagismo. Estão previstas a instalação de redes de abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem pluvial; consolidação e ampliação da malha viária para conexão interna e com o entorno; instalação de sistema de iluminação nas ruas e praças; implantação de sistema de coleta de lixo e reciclagem; e criação de áreas de lazer, com a valorização e reconstituição de áreas verdes.

O programa terá a utilização de lâmpadas de LED nas obras, por meio do programa Luz Maravilha. Além de revitalizar os espaços públicos, a nova iluminação vai contribuir para a segurança pública, ao inibir delitos e reduzir a criminalidade.

Obras começam em abril

As obras começam em abril e o primeiro bairro a ser contemplado será Costa Barros, que terá o parque linear totalmente requalificado e ainda ganhará outras intervenções. No mesmo mês, a comunidade Centro Social Costa Barros receberá obras de urbanização integrada do Morar Carioca. Ainda para este ano, estão previstos os inícios das obras dos projetos do Chapéu Mangueira (Leme), Meringuava (Taquara), Caminho de Dentro e Largo do Correia (Guaratiba), Comunidade do 77 (Padre Miguel) e Ladeira da Reunião (Tanque).

Portal da Prefeitura RJ

Prefeitura do Rio lança a Rio+30 Cidades

O Rio de Janeiro vai retomar o protagonismo nas discussões ambientais. A Prefeitura do Rio lançou, oficialmente, na tarde de ontem (30/3), no Museu do Amanhã, a Rio+30 Cidades. A conferência sobre desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo será realizada ao longo de três dias, entre 17 e 19 de outubro, e colocará o Rio de Janeiro como centro das discussões sobre desenvolvimento sustentável, desta vez focado em discutir o futuro das cidades. No evento, a Prefeitura ainda anunciou que vai conceder incentivo fiscal para empresas da cadeia de crédito de carbono e apresentou a logomarca oficial da conferência, desenvolvida pela OM.art.

“Essa é a nossa grande agenda. Só haverá crescimento econômico, diminuição das desigualdades se nós tratarmos deste tema. Não é mais só uma agenda do defensor da natureza. É de toda a sociedade. O impacto dela nas populações mais pobres precisa ser discutido“, disse o prefeito Eduardo Paes.

A Conferência marcará os 30 anos de realização da Rio 92, a primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, um marco nas discussões globais ambientais. O evento trará ao Brasil diferentes gerações de agentes transformadores – políticos, acadêmicos, lideranças locais, ativistas e representantes de comunidades tradicionais, indústria e comércio -, para debater políticas públicas nas cidades capazes de combinar sustentabilidade e justiça social.

A Rio+30 Cidades marca a consolidação do Rio, que tem sua política Municipal sobre Mudança do Clima e Desenvolvimento Sustentável desde 2011, como cidade-líder global nas discussões sobre meio ambiente e enfrentamento à emergência climática. A Conferência deu origem à necessidade de conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a utilização responsável dos recursos naturais, sedimentando o conceito de desenvolvimento sustentável.

“As cidades concentram 70% da população do planeta e são nelas onde as decisões políticas têm consequências diretas na vida dos que mais precisam. Vamos promover um encontro inédito entre as gerações, setores produtivos e cidades para o enfrentamento da emergência climática. A Rio+30 Cidades resgata o legado e vocação do Rio como capital natural do Brasil e das cidades como vanguarda global na justiça climática resgatando a esperança no combate à fome, na restauração de ecossistemas, na criação de empregos verdes e transição energética. Consolidaremos compromissos que serão levados aos governos nacionais e organismos internacionais em conferências como a COP27, que será realizada em novembro, no Egito“, afirmou o secretário de Meio Ambiente, Eduardo Cavaliere.

A programação da Rio+30 Cidades e seu formato inédito é resultado de reuniões e encontros de diferentes setores produtivos e culturais que ocorrem desde 2021 e serão consolidados na Carta do Rio, documento da Conferência Rio+30 Cidades que será apresentado na Cop-27.

De forma simultânea, a Rio+30 Cidades receberá o 8º Fórum Global do Pacto de Milão, que vai debater as políticas locais para o aumento da segurança alimentar. Inédita neste formato, a iniciativa conta com o apoio de municípios brasileiros, governos locais internacionais, organizações internacionais, sociedade civil e redes de cidades como a União das Cidades Capitais Iberoamericanas – UCCI – e o Pacto de Milão.

Retomando a liderança das discussões sobre o tema, o Rio definiu a medida de neutralidade de emissões líquidas até 2050 e, além disso, a cidade se tornou embaixadora da campanha internacional “Race to Zero”, que busca apoiar cidades na transição para uma economia de baixo carbono.

O Rio de Janeiro é protagonista na política climática e de combate à pobreza internacional e nacional. Por essa razão, a cidade aderiu ao importante compromisso internacional para a redução das emissões de gases de efeito estufa e reforçou seu posicionamento em liderar políticas públicas com forte impacto nas sociedades presente e futura. O comprometimento do Rio com a agenda do desenvolvimento sustentável também está evidente tanto na adoção de legislação municipal climática quanto na ênfase em políticas que buscam erradicar a pobreza. O Rio de Janeiro sempre teve papel relevante em organismos e fóruns multilaterais, fortalecendo a agenda climática como instrumento de crescimento inclusivo e sustentável.

Para celebrar o anúncio da Rio+30 Cidades, o Monumento do Cristo Redentor e a Roda-Gigante Yup Star Rio, no Porto, foram iluminados de verde durante a noite desta quarta-feira.

Incentivo fiscal e redução do ISS

Durante a cerimônia, a Prefeitura anunciou a novidade de conceder incentivo fiscal para empresas da cadeia de crédito de carbono. O Poder Executivo enviará na sexta-feira (31/3) para a Câmara um projeto de lei para reduzir de 5% para 2% o ISS cobrado de empresas do setor que se instalarem na cidade. São certificadoras, auditorias, consultorias, desenvolvedoras de projetos, entre outras.

Além desta medida, o município prevê um fomento de R$ 60 milhões que poderão ser abatidos no imposto de empresas que comprarem crédito de carbono. Com as medidas, a Prefeitura prevê acelerar de 5% para 8,3% a meta de neutralização de emissão de CO2 na cidade, prevista no Plano Estratégico Rio 2021-2024.

“O nosso objetivo é retomar a vocação do Rio de ser a capital verde do país e, além disso, criar um ecossistema ideal para o estabelecimento de um hub do mercado de crédito de carbono na cidade” afirmou o secretário de Fazenda e Planejamento, Pedro Paulo.

Diário do Rio

RBR entra em financiamento habitacional

A RBR, especializada em mercado imobiliário, vai entrar na área de financiamento habitacional para pessoas físicas, segmento tradicionalmente dominado pelos bancos. A ideia da gestora, que tem R$ 6,5 bilhões em recursos sob o guarda-chuva, é justamente oferecer uma alternativa ao crédito para aquisição de casa própria das instituições financeiras tradicionais.

Segundo o sócio responsável pela operação, Guilherme Antunes, “a expansão acontece em decorrência da crescente demanda do mercado por financiamento ao consumidor”. O gestor reconhece haver um cenário macroeconômico desafiador, “com juros altos, inflação em elevação e possivelmente baixo crescimento”. No entanto, ressalta que “para alguns pode parecer um contrassenso, mas é nesse cenário que a gente gosta de atuar e vê oportunidades”.

Antunes explica que, em um ambiente mais desfavorável para o crédito em geral, os bancos tradicionais costumam “subir a régua”, ou seja, tornarem-se mais conservadores na liberação ainda que mantenham um apetite mais elevado em relação à linha. “Nós podemos oferecer condições diferenciadas e ter um processo de aprovação mais ágil. Muitas famílias que não vão conseguir as taxas subsidiadas [com recursos da poupança] nos bancos terão oportunidade com nossas soluções.”

O representante da RBR reconhece que as taxas da casa tendem a ser mais elevadas que o crédito tradicional, mas “por outro lado, temos flexibilizações no processo de aprovação e nas formas de pagamentos”. Conforme Antunes, a perspectiva da gestora é trabalhar em uma linha atrelada a índices de preços. “A gente tem expectativa de trabalhar com taxas entre 8% e 12% mais a inflação”, afirma.

O financiamento ao consumidor, diz o sócio, vai ser feito de forma indireta. Os recursos virão de um novo fundo da casa, mas a oferta em si será realizada por meio de parcerias com incorporadoras, distribuidores de ativos bancários e outros canais.

De acordo com a gestora, o montante inicial do portfólio vai alcançar R$ 100 milhões a partir de recursos proprietários da RBR e de um investidor institucional. “Nossa expectativa é de já utilizar essa capacidade de R$ 100 milhões em três meses”, afirma Antunes. O foco inicial será o financiamento de unidades residenciais na cidade de São Paulo. “Mas em um futuro próximo a ideia é fazer o Brasil inteiro”, acrescenta. De acordo com o gestor, a casa vê potencial de R$ 1 bilhão em financiamento habitacional nesse formato nos próximos 18 meses.

“Com a nova operação, vamos ampliar nossa atuação, que hoje tem um foco maior em fundos imobiliários e de crédito privado, e pulverizar o risco, com aumento da base de clientes potenciais e acompanhar a oportunidade em crédito à pessoa física.” A RBR tem experiência no crédito imobiliário, mas até então as operações se restringiam a à sociedade com empreendedores na compra de terrenos, financiamento de obra e antecipação de resultados de projeto. Segundo a casa, cerca de R$ 2 bilhões já foram investidos nesses formatos, em mais de cem operações e parcerias com 50 empresas.

Valor Econômico

Startup fatura R$ 27 milhões com intermediação de crédito para obras imobiliárias

A dificuldade de acesso a crédito afeta vários setores da economia. Vinícius Motta, natural do Rio de Janeiro, presenciou essa realidade ao abrir sua empresa. Formado em engenharia civil, Motta percebeu que vários de seus clientes não concluíam suas obras imobiliárias por falta de recursos financeiros. Em 2019, para solucionar esse problema, ele e o amigo Diego Carielo criaram o Minha Casa Financiada, startup que atua como intermediária de crédito na venda de projetos de construção.

“A empresa nasceu dessa dor. O cliente não tinha dinheiro para pagar e fazer a obra, e eu não tinha dinheiro para dar ao cliente. Portanto, o recurso tinha de vir de algum lugar”, conta Motta a PEGN.

A startup busca simplificar o acesso das pessoas a linhas de crédito imobiliário em parceria com instituições financeiras. Atualmente, segundo Motta, a empresa é responsável por cerca de 40% dos financiamentos individuais feitos pela Caixa Econômica Federal neste segmento. Também mantém parcerias com Banco Inter, Cyrela e Creditas.

Para facilitar o processo de construção, a empresa também conecta clientes a arquitetos e engenheiros de todas as regiões do país. Já são cerca de três mil construtores cadastrados na plataforma.

“A gente ganha um valor de participação dos bancos por fazer a intermediação, e também recebemos uma quantia dos construtores para eles terem acesso ao nosso sistema”, explica Motta.

Segundo ele, a ideia é solucionar os problemas da construção civil de ponta a ponta. “Ao entrar no site o cliente pode simular a montagem da casa e fazer uma aprovação de crédito online. Ele também já entra em contato com o construtor que vai finalizar o projeto.” 

O tíquete médio dos projetos é de 700 mil reais, com taxas de juros que variam de 8,63% até 15% ao ano.

A plataforma oferece três opções de financiamento: construção e terreno próprio, aquisição de terreno e construção e home equity. “Oferecemos também crédito para condomínios que precisam fazer obras e não possuem capital”, diz Motta.

Nos últimos dois anos, diz ele, a startup intermediou quase R$ 2,2 bilhão de crédito de 4,3 mil clientes, faturando R$ 27 milhões em 2021. Hoje conta com 34 funcionários, e pretende ampliar para 50 até dezembro. 

De olho no futuro, a empresa pretende lançar um novo produto em parceria com a Cyrela para promover a construção de edifícios e casas de alto padrão em condomínios. 

Pequenas Empresas, Grandes Negócios (PEGN)