Condomínios de luxo: surfe na piscina e pista de pouso

O mercado de condomínios de luxo com opções de lazer trouxe um conceito que vai além de conforto, beleza, segurança e comodidade. O consumidor de alta renda espera mais. Morar, ou passar fins de semana, em casas com acesso a campos de golfe, piscinas com ondas, hípicas para equitação, trilhas para caminhada pela natureza, pista para pouso aeronaves e marina para barcos é uma realidade desejada, e disponível, para quem pode dispor de, no mínimo, R$ 2,5 milhões para viver uma experiência que ultrapassa o simples ato de comprar um bom imóvel. É para quem almeja uma casa que traga, também, um estilo de vida.

Empreendimentos como o Fasano Cidade Jardim, Village Boa Vista, ambos em São Paulo e Aretê Búzios, no Rio de Janeiro, com pista de pouso para jato particular e marina para barcos, são alguns exemplos. Também no Rio, dois condomínios na Barra da Tijuca, bairro carioca a beira mar, Golden Green e Reserva Uno contam com campos de golfe. Os apartamentos têm plantas a partir de 500 metros quadrados, com valores superiores a R$ 7 milhões, de acordo com Alexandre Frickmann, diretor comercial da BAP Administradora de Bens. Segundo ele, o diferencial em áreas urbanas fica por conta do lazer sofisticado, como spa, piscina térmica, pistas de corrida e quadra de tênis.

O Fasano Cidade Jardim, em fase em de lançamento na capital paulista, tem como um de seus atrativos conexão com o hotel Fasano e com o sofisticado shopping Cidade Jardim, que reúne marcas como

Gucci, Prada, Hermes, Valentino, Louis Vuitton, Dior e Cartier. Resultado de projeto em conjunto da incorporadora JHSF e do grupo Fasano, o condomínio, em uma área de seis mil metros quadrados, terá apartamentos de 156 m2 e 420 m2, com valor de R$ 35 mil o metro quadrado. Os moradores também terão acesso ao Fasano Club e à piscina aquecida com raia de 25 metros. “Procuramos investir para que o entretenimento associado ao imobiliário fosse diferenciado”, disse Thiago Alonso, CEO da JHSF, com o charme dos serviços prestados pela marca Fasano.

Quanto ao retorno, o metro quadrado, há dez anos, foi vendido em empreendimento semelhante, o Parque Cidade Jardim, a R$ 5 mil. Hoje, está em R$ 35 mil. Em breve, o mesmo grupo lançará o Village Boa Vista, condomínio de apartamentos de 150 m2 a 400 m2, contíguo à Fazenda Boa Vista, no município de Porto Feliz, com o conceito de segunda residência. Ou seja, casa para fins de semana e férias. Além de contar com todo o complexo de lazer da fazenda (cavalos, trilhas, dois campos de golfe, de polo, quadra de tênis, espaço para triatlo, ciclismo e lago voltado para natação), a novidade ficará por conta de uma piscina com ondas de até 2,70 metros de altura. Um achado para os surfistas do campo.

“O projeto veio a partir de um estudo realizado no mundo voltado para segunda residência que concluiu que o lazer era uma das coisas importantes nesse mercado. As pessoas querem ter um lugar prático onde possam reunir amigos e família”, diz Alonso.

Em comum, esses clientes têm hábitos e culturas similares. Os proprietários da Fazenda Boa Vista são, em geral, famílias com sobrenomes tradicionais e profissionais liberais de destaque. Muitas famílias reúnem várias gerações em casa, avós, pais e netos. Já o novo Village, com apartamentos, será voltado para famílias interessadas em serviços de qualidade com padrão de hotel cinco estrelas. “Hoje tanto a mulher quanto o marido têm atividade intensa durante a semana. No fim de semana, os dois querem descansar, por isso a oferta maior de serviços agregados”, disse Alonso.

No Rio de Janeiro, houve, nos últimos anos, mudança no perfil dos clientes muito ricos que buscam lazer acima de tudo. “Há menos de uma década, eram pessoas entre 45 e 60 anos. Agora, vemos um número maior de jovens milionários”, disse Alexandre

Frickmann, referindo-se à geração dos millennials, que enriqueceu rapidamente, muitos deles com negócios em startups, fintechs, inteligência artificial.

O segmento de luxo passou ao largo da crise. “Esse é um mercado que tem comportamento descolado de outro segmentos imobiliários”, diz Claudio Hermolin, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário, Ademi- RJ.

Um dos motivos, além da queda de juros, foi o crescimento de 8,4% do rendimento médio do grupo 1% mais rico, segundo o IBGE. No ano passado, 14 mil brasileiros entraram para o grupo dos que possuem patrimônio superior a US$ 1 milhão, conforme a consultoria Capgemini. Hoje, há 186 mil milionários no Brasil. Ou seja, as perspectivas são promissoras.

O resultado para o setor imobiliário de um ano de Jair Bolsonaro no poder

É fato que o mercado imobiliário passou por anos difíceis recentemente no Brasil. Isso se explica tanto pela própria dinâmica do setor, que historicamente se comporta em ciclos, quanto pela combinação de retração da economia e explosão do desemprego, que levaram os brasileiros a adiar decisões de compra de bens de alto valor e os empresários a adotar uma postura mais cautelosa nos investimentos. A boa notícia é que esse cenário parece estar, finalmente, ficando para trás.

Acompanho o humor do mercado há mais de uma década, em relacionamento direto com investidores nacionais e estrangeiros, e observei de perto o sobe-e-desce das expectativas ao longo dos últimos 12 meses – da lua-de-mel logo depois da eleição do presidente Jair Bolsonaro e no início do seu mandato, passando por decepções com o ritmo da agenda reformista e da recuperação econômica, e agora com a sedimentação do entendimento de que os negócios, pouco a pouco, vão voltando aos trilhos. Essa retomada de um horizonte promissor é essencial para os negócios imobiliários crescerem de maneira continuada e sustentada, pois sinaliza uma demanda mais firme e abre caminho para a efetivação de investimentos em novos projetos, lançamentos de empreendimentos e atração de mais capital com visão de longo prazo.

No GRI Club, realizamos a cada trimestre a pesquisa Termômetro do GRI, que ouve os principais executivos e empresários do mercado imobiliário. Logo agora que o governo Bolsonaro completa um ano, os dados mostram que, na comparação com o período imediato à eleição, houve melhora significativa em diversos indicadores, ainda que o pico do otimismo com a gestão federal e seus impactos, registrado no primeiro trimestre de 2019, tenha ficado para trás. A impressão que fica, das conversas que mantenho com os comandantes das principais empresas do mercado, é de que a gestão dos negócios vem buscando se descolar das oscilações na esfera política e se calcar fundamentalmente nos graduais progressos micro e macroeconômicos.

Hoje, 71% dos consultados pela nossa pesquisa dizem que suas companhias estão investindo e/ou ampliando negócios no País, um excelente sinal diante do momento que vivemos. Outro aspecto positivo é que, agora, 82% acreditam em melhora do desempenho do setor nos próximos 12 meses, bem mais do que os 69% que tinham a mesma opinião no final de 2018. Mantidas essas tendências, 2020 promete ser o ano mais favorável da nossa história recente.

O melhor de tudo, porém, é perceber que o crescente bom humor já se comprova na prática. Por exemplo, os Indicadores de Registro Imobiliário, produzidos pela Fipe em parceria com as Associações dos Registradores Imobiliários, revelam que, só no estado de São Paulo, principal polo imobiliário do País, foram registradas mais de 919 mil transferências imobiliárias entre julho de 2018 e junho de 2019, sendo 613 mil relativas a compra e venda.

 Para se ter uma ideia, no ano passado inteiro, esse número não passou de 908 mil e, em 2017, de 848 mil. Ou seja, o mercado está, sim, se movimentando mais intensamente e concretizando transações, o que significa mais negócios, investimentos, moradias, espaços corporativos e desenvolvimento sócio-econômico.

Comparando com outros países emergentes, podemos ver que o Brasil, que já despontava, também conforme nossas pesquisas, como o preferido da América Latina na ótica dos investidores imobiliários, tem tudo para se consolidar nessa posição e canalizar cada vez mais investimentos – sobretudo diante da crescente instabilidade vivida pela região.

Vale destacar ainda que o otimismo do setor imobiliário aqui no Brasil, durante 2019 todo, vem se mostrando mais acentuado do que na maior parte dos mais de 20 países em que nosso grupo atua. Esse é o sentimento que vou levar ao encontro dos principais líderes do mercado imobiliário global que organizamos a cada começo de ano na Suíça. É hora de juntar esforços, locais e internacionais, para que a retomada do mercado imobiliário brasileiro seja sólida e consistente, e para que o setor continue desempenhando seu papel vital para a economia brasileira e o bem-estar da população.

Crédito: Gustavo Favaron, CEO e Managing Partner do GRI Group

QuintoAndar passa a atuar em compra e venda

A imobiliária digital QuintoAndar, conhecida por ser uma plataforma de aluguel de imóveis, vai entrar no mercado de compra e venda de unidades residenciais. A atuação começa pelo Centro e pelas zonas Oeste e Sul da cidade de São Paulo, no mercado secundário, ou seja, de unidades usadas, com preços de R$ 200 mil a R$ 3 milhões.

“A linha entre alugar, comprar e vender imóveis está cada vez mais tênue”, afirma o cofundador e presidente do QuintoAndar, Gabriel Braga, citando que parte de quem pretende alugar a unidade que possui também tem interesse em vendê-la e uma parcela dos que buscam imóvel para locação pode se interessar pela compra.

O QuintoAndar pretende desenvolver parcerias com outras imobiliárias e tem conversas com incorporadoras para, futuramente, ter presença também na intermediação de vendas de unidades residenciais novas.

Assim como no processo de locação, o QuintoAndar participa da avaliação das unidades com o objetivo de encontrar a máxima liquidez e o melhor retorno para os proprietários. As fotos disponíveis no site são feitas por profissionais, e as visitas, agendadas online, acompanhadas por corretores.

Para os compradores, o modelo adotado possibilita encontrar o imóvel buscado com mais facilidade, diz Braga. O QuintoAndar está fechando parcerias com bancos para financiamento imobiliário.

Redpoint eventures faz aporte de R$ 50 mi na Housi, de Frankel

A Housi, plataforma de moradia sob demanda cujo embrião nasceu na construtora e incorporadora Vitacon, vai receber seu aporte de recursos inaugural. A gestora Redpoint eventures, a primeira do Vale do Silício a atuar no Brasil e única com portfólio local, vai investir mais de R$ 50 milhões na nova companhia criada por Alexandre Frankel, empresário que conquistou notoriedade pela aposta em apartamentos compactos.

Com a transação, a casa de venture capital terá participação minoritária entre 10% e 17% na Housi e dois assentos no conselho de administração a ser constituído — com um total de cinco cadeiras. O contrato entre os sócios foi assinado na quarta-feira à noite.

A plataforma é, desde o início deste ano, um negócio totalmente separado da construtora e fica aos cuidados da holding da família Frankel. Em janeiro, quando lançou oficialmente a marca Housi, o empresário explicou sua aposta e criou um bordão de sua visão de negócios do momento: “Agora, penso muito mais em bits do que bricks”. Foi assim que justificou a troca do foco em tijolos pela tecnologia.

O novo negócio de Frankel é 100% digital. A empresa, que não é dona de nenhum empreendimento, faz a gestão de unidade residenciais e cuida de toda administração, taxas, burocracias e aluguel para o proprietário e, portanto, também para o locatário. Os serviços disponíveis aos usuários vão desde seguro-fiança até roupa de cama. No cardápio, já tem aos seus cuidados 5 mil unidades, com valor estimado em R$ 3 bilhões — menos de 20% deles são da carteira proprietária Vitacon.

Pioneira nesse modelo no Brasil, a Housi passa a ter metas bastante agressivas com a capitalização. “O plano é ter 1 milhão de habitações em cinco anos”, antecipou Frankel ao Valor.

“De forma simplificada, o dinheiro do venture capital compra tempo para as startups. Com mais capital, o empresário pode fazer em dez meses o que levaria dez anos organicamente, sozinho”, disse Flavio Pripas, do time de investimento da Redpoint.

A Housi ficará no segundo fundo da casa no país. O primeiro é de 2012, formado a partir da captação de US$ 130 milhões, e nele estão participações em três unicórnios: Gympass, Rappi e Creditas. A segunda carteira teve início em 2018 e ainda não está fechada. Enquanto o primeiro fundo foi formado essencialmente com recursos internacionais, o novo tem forte base de investidores locais.

“Investimos, na verdade, em bons empreendedores. O Alexandre já está mais que provado. Além disso, ele teve a coragem de, mesmo com todo sucesso da Vitacon e no auge do desempenho, escolher como foco o universo digital”, disse Pripas. Para a seleção, explicou o executivo, a gestora busca startups que criam soluções, a partir da tecnologia, para problemas do mundo real e com grande potencial de escala.

“Lá fora, esse modelo é uma realidade há muitos anos. E não são raras empresas com 500 mil a 600 mil unidades sob gestão”, disse Frankel, citando como exemplo Estados Unidos, Canadá e Alemanha. Ele explicou que, aqui no Brasil, está ocorrendo agora com imóveis residenciais o que aconteceu no comércio e resultou nas grandes gestoras de shopping centers, há algumas décadas.

A Housi vai iniciar a atividade fora de São Paulo ainda neste fim de ano. A primeira operação fora da cidade vai ser em Porto Alegre (RS). Outras seis capitais estão na mira para o começo de 2020. “Os recursos novos serão totalmente dedicados à expansão.”

A ideia para a plataforma surgiu a partir da experiência de Frankel na incorporação da Vitacon. Como boa parte do público comprador são investidores, e não os moradores de fato, o empresário percebeu que ele garantiria toda experiência que propunha em seus empreendimentos se conseguisse fazer a gestão para o dono. Com isso, também garantiria um retorno melhor para o comprador e menos trabalho — ou seja, mais satisfação com a aplicação. Para a Housi, a meta de retorno é entre 7% e 10% ao ano mais IGP.

Na Redpoint, a aposta na Housi é a primeira com ligação ao mercado imobiliário. O lema da casa mundo afora é investir em fundadores que criam novos mercado ou redefinem os existentes — são US$ 4,8 bilhões em ativos sob gestão, 518 companhias financiadas e 157 ofertas iniciais e fusões ou aquisições realizadas.

Klein vende galpões para HSI e GIC por quase R$ 2 bi

Um fundo gerido pela Hemisfério Sul Investimentos (HSI) com recursos do fundo soberano de Cingapura (GIC) fechou ontem a compra, por quase R$ 2 bilhões, de um portfólio de cerca de 10 galpões do empresário Michael Klein, segundo antecipou ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. O contrato abrangeu quase 1 milhão de m2.

Segundo cálculos do Valor, desde o fim do ano passado, Klein já vendeu cerca de R$ 2,6 bilhões em ativos, entre lojas locadas para C&A e Riachuelo, um prédio comercial em Barueri (SP) e os galpões negociados com o fundo.

Parte dos imóveis vendidos ao HSI é locada para a Via Varejo, dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio, e são usados como centros de distribuição de mercadorias. Os contratos de locação serão mantidos. Entre os centros envolvidos na venda estão o de Duque de Caxias, região metropolitana do Rio de Janeiro, e de Arujá (SP).

Uma fonte ouvida ontem diz que há possibilidade de o empresário vender mais imóveis locados para a Casas Bahia. Klein tem 301 imóveis alugados à Via Varejo, incluindo centros de distribuição e prédios comerciais.

A família Klein é a maior acionista da Via Varejo desde junho, quando se uniu a um “pool” de fundos e aumentou a sua posição na empresa — hoje em 27,5%.

Segundo uma fonte do mercado, também fizeram ofertas firmes pelos galpões, na fase final da disputa, Brookfield em conjunto com BTG Pactual, Blue Macaw e Credit Suisse. No início das negociações, dez participantes chegaram a demonstrar interesse pelos ativos.

No mercado, havia expectativa que as ofertas pelo portfólio ficassem na faixa de R$ 1,6 bilhão a R$ 1,9 bilhão e que o negócio fosse fechado até o início de novembro.

Procurada, a HSI preferiu não se manifestar. Klein informou, por meio de nota, que o Grupo CB contratou o Bradesco BBI para condução de um processo competitivo para venda de alguns ativos.

“As negociações estão avançadas com um dos interessados, mas alguns detalhes ainda encontram-se pendentes. Estes imóveis estão localizados em várias regiões do país e a iniciativa faz parte de uma estratégia de reposicionamento para os ativos do Grupo CB e permitirá que Michael Klein avalie novas oportunidades de negócios”, informa.

O Valor apurou que os recursos da venda serão usados para reduzir alavancagem de outros negócios de Klein e investir na sua operação de aviação executiva. Sobre o assunto, Klein já negou que a intenção seja diminuir endividamento e tem mencionado que busca a “reorganização” de seu portfólio de ativos.

No ano passado, a Via Varejo pagou R$ 292,7 milhões em aluguel de imóveis aos Klein, segundo dados informados pela varejista à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo o mesmo documento, desde 2010, o montante pago soma R$ 859,74 milhões.

O segmento de galpões tem chamado a atenção de investidores, diante da perspectiva de crescimento da economia. Há demanda principalmente por parte de empresas de comércio eletrônico. Levantamento da CBRE aponta que, de janeiro a outubro, foram vendidos R$ 5,6 bilhões em galpões.

Na semana passada, o sócio da gestora focada no mercado imobiliário VBI Real Estate, Rodrigo Abbud, disse que, neste ano, fez seu maior comprometimento em recursos desde 2012. Os investimentos da VBI para aquisições de galpões somam R$ 800 milhões, e os aportes para projetos sob medida (“build to suit”), R$ 320 milhões. Na ocasião, Abbud ressaltou que a retomada do ciclo de galpões está começando, que haverá valorização dos aluguéis e, consequentemente, apreciação dos ativos.

Empresas desenvolvedoras de galpões para locação, como Global Logistic Properties (GLP), da Goodman Brazil Logistic Partnership (GBLP) e Log Commercial Properties também têm investido na ampliação de seus portfólios.

Segundo dados da consultoria Newmark Knight Frank, a taxa de vacância de condomínios industriais e logísticos caiu de 19,9% no segundo trimestre para 19,1% de julho a setembro no Estado de São Paulo. O preço médio mensal pedido por metro quadrado locado ficou em R$ 18,5, praticamente estável no período. A absorção bruta chegou a 292 mil m2 no Estado de São Paulo. A pesquisa apontou taxa de vacância de 19,1%.

Destino do Tijuca Tênis Clube

Os conselheiros do Tijuca Tênis Clube decidem no dia 10 de dezembro se aceitam ou não a proposta da BRMalls para a construção de um shopping center nos terrenos que compõem a sua sede na Rua Conde de Bonfim. Será apresentado também o conceito arquitetônico do empreendimento. Alguns integrantes reclamam que a direção não informou sobre as consequências para as atividades sociais e esportivas, assim como a nova estrutura que estará disponível aos sócios.

*Coluna Ancelmo Gois

Câmbio e juros diminuem interesse por casa no exterior

Investir em imóveis de alto padrão nos Estados Unidos e Europa tornou-se uma alternativa para brasileiros de alto poder aquisitivo também em momentos de crise econômica. Nos últimos anos, com a recessão interna, a procura de casas e apartamentos de luxo no exterior por parte de brasileiros cresceu bastante, principalmente em cidades como Miami, Orlando, Nova York, Lisboa, Paris e Londres. Agora, influenciado pelas expectativas de retomada da economia brasileira, esse público está voltando a apostar no país. Juros baixos e desvalorização do real também contribuem para tornar o mercado brasileiro mais atraente.

“O mercado nacional agora é o grande concorrente, as pessoas estão preferindo investir aqui”, afirma Renata Firpo, diretora internacional da imobiliária Coelho da Fonseca. As taxas de financiamento imobiliário, diz, nunca foram tão baixas. Caíram de 11%, três anos atrás, para 7%. Descontando a inflação, dá uma taxa real em torno de 4%, mesmo nível da que vigora nos Estados Unidos, compara a especialista.

Não que tenha havido uma saída em massa de outros países e a expectativa é de que o movimento mude de direção, em função do câmbio, que pode encontrar um patamar mais estável em 2020, prevê Renata Firpo. “No ano que vem, a situação deve se acalmar e as pessoas devem aumentar novamente a busca por imóveis no exterior”, diz.

Em Portugal, o fluxo de brasileiros dessa faixa socioeconômica teve impacto no próprio mercado local. “O pico foi em 2018. É uma demanda que continua, talvez não na intensidade de 2017 e 2018, mas ainda é forte”, diz Rafael Ascenso, gerente geral da imobiliária Porta da Frente, com sede em Lisboa. Segundo ele, entre 2016 e 2018, a participação dos brasileiros no mercado de Portugal alcançou igual ou maior dimensão do que a dos próprios portugueses. Em 2018, a Porta da Frente vendeu 86 imóveis de alto padrão para brasileiros, com ticket médio entre € 900 mil e € 1,2 milhão. Algumas vendas alcançaram até € 4 milhões a € 5 milhões.

A maior parte dos brasileiros ricos que chegam a Portugal procura apartamento. “Eles querem algo cômodo, que possam fechar e viajar”, diz Ascenso. Buscam unidades de três a quatro dormitórios e preferem os bairros históricos de Lisboa e as cidades de Cascais e Estoril. Também pedem apartamentos com serviços de hotelaria (flats), modalidade praticamente inexistente em Portugal, mas que tende a crescer, para atender à demanda dos brasileiros.

Os compradores são normalmente empresários e famílias em busca de segurança e melhor qualidade de vida. “Uma das principais razões é a segurança”, diz Ascenso. Para Renata Firpo, Lisboa é hoje o grande destino para brasileiros. “A língua e a cultura são as mesmas, o clima se aproxima do nosso, a comida é conhecida. Culturalmente, a gente se reconhece”, define.

Em Orlando, no Estado da Flórida (EUA), outro destino preferido pelos brasileiros, uma opção são empreendimentos que combinam lazer e investimento. “A ideia é desmistificar a impressão de que ter casa a longa distância é complicado”, diz Felipe Guedes, diretor global de vendas da Magic Development, especializada na construção e operação de condomínios residenciais no estilo resort de luxo, próximo aos parques da Disney, que proporcionam geração de receita por meio de locação de curto prazo.

Essa é uma grande tendência de mercado, diz Guedes. Depois do Airbnb e opções semelhantes de hospedagem, grandes redes de hotéis estão investindo nesse tipo de empreendimento. “É uma forma de competirem com os aplicativos”, afirma. São condomínios residenciais administrados como hotel. No caso da Magic Development, são operados pela rede Wyndham.

“Os brasileiros sempre foram grandes investidores em imóveis na Flórida”, diz Guedes. Segundo ele, durante os anos mais intensos da crise, até 2016, o volume de compras em Miami e Orlando aumentou e a demanda continua aquecida. No caso dos condomínios do tipo residence resort, eles podem investir na região sem ter que se preocupar com manutenção das casas. Podem usar os imóveis quando quiserem e no restante do tempo deixá-los no programa de locação.

Os condomínios cinco estrelas da Magic Development contam com casas de três a quatro suítes no estilo townhome (ligadas umas nas outras), com mobília e decoração sofisticadas, por preços que variam de US$ 380 mil a US$ 560 mil. Eles dispõem também de serviços como concierge, equipes de manutenção e segurança 24 horas, motorista para viajar até o aeroporto, acompanhamento VIP nos parques da Disney, arrumadeiras e também cozinheiras.

Empresários do Rio pedem a Bolsonaro prioridade nos recursos federais

Com o estado do Rio de Janeiro cumprindo um regime de recuperação fiscal, em vigor desde 2017, um grupo de 40 empresários fluminenses esteve em Brasília, nesta quinta-feira (28), para pedir ao presidente Jair Bolsonaro prioridade na alocação de recursos federais no estado.

“O estado do Rio de Janeiro, que é o segundo estado em PIB [Produto Interno Bruto, soma dos bens e serviços produzidos no país] do Brasil, está entre os seis mais desiguais do Brasil. Como o Rio está em recuperação fiscal, ele tem um limite de investimento”, disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouveia Vieira.

Segundo ele, a Baixada Fluminense, que concentra 13 milhões de habitantes, que são 70% da população do estado, sofre com problemas sociais graves, como falta de saneamento básico em 60% das residências e déficit habitacional de 113 mil moradias.

Saneamento Básico
Baixada Fluminense sofre com falta de saneamento básico – Arquivo/Agência Brasil

“Estamos recordando ao presidente da República esse drama que a população está passando e advogando que, entre 2020 e 2026, nesse período, nós vamos precisar, nessa região, perto de R$ 40 bilhões de investimento, e o estado do Rio, no máximo, vai poder investir em torno R$ 18 bilhões”, alertou.

O empresário lembrou que o Rio de Janeiro foi a capital do Brasil desde o período imperial até 1960, mas nunca recebeu uma compensação após a transferência na sede de governo para Brasília. “O que nós viemos ponderar é que nos investimentos globais do Brasil, nessas matérias, que se olhe o Rio, não com privilégio, mas com uma alocação de recursos equivalente não apenas a esse desassistimento social, mas também um pouco pelo período histórico”, argumentou.

Além do saneamento básico e o déficit habitacional, o presidente da Firjan citou outros problemas da Baixada Fluminense, como o fato de apenas 10% das crianças estarem matriculadas em creche e as dificuldades de mobilidade urbana, que faz com que o morador da região gaste, em média, 2 horas e 30 minutos por dia em deslocamento na região metropolitana.

As estatísticas fazem parte de um levantamento encomendado pela própria federação e apresentadas ao presidente Jair Bolsonaro. Ainda de acordo Gouveia Vieira, o presidente iria conversar com a equipe de governo para ver como apoiar a demanda dos líderes empresariais.

‘Afinidade de ideias’ aproxima empresas e governo Bolsonaro

Praticamente ao fim do primeiro ano do mandato do presidente Jair Bolsonaro, empresários já se dizem adaptados ao estilo da atual gestão e à nova dinâmica na relação entre o governo e a iniciativa privada. Os interlocutores mudaram, mas empresários estão satisfeitos com a abertura do secretariado do governo e com a “afinidade de ideias”.

No início do governo, muitos empresários tiveram dificuldades em circular no Palácio do Planalto e na Esplanada dos Ministérios. Acostumados a serem recebidos pelos antecessores de Bolsonaro e a terem o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o chamado “Conselhão”, como um canal sempre aberto mas pouco efetivo, empresários chegaram a recorrer ao vice-presidente Hamilton Mourão. O vice, porém, passou a ter um perfil mais discreto ao longo do tempo.

Ainda hoje eles ainda reclamam de ter pouco acesso ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas encontraram interlocutores no Planalto e na Esplanada dos Ministério com autonomia para tomar decisões e propor políticas públicas. O próprio presidente da República passou a receber mais empresários nas últimas semanas.

Rogério Marinho, secretário especial de Previdência e Trabalho, é um dos mais elogiados. Outros citados são Carlos Da Costa, secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade, e José Ricardo Martins da Veiga, de modernização do Estado.

Subordinado ao ministro Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Veiga está à frente do projeto para alçar o Brasil da posição 125 para a 50 no ranking Doing Business do Banco Mundial ao fim do mandato de Bolsonaro. Ele integra um grupo de trabalho com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).

“Já é muito claro que este governo tem inclinação mais liberal e reformista do que os anteriores”, diz André Sacconato, consultor econômico da Fecomercio-SP e coordenador-geral do grupo de trabalho sobre ambiente de negócios da entidade. “Essa convergência de ideias facilita muito a interlocução, porque cria agenda positiva. E isso facilita muito nossa agenda, que sempre foi liberal.”

O otimismo com 2020, segundo fontes ouvidas pelo Valor, deve-se sobretudo à sintonia do setor privado com o programa de reformas. “O que eu sinto no meio empresarial é um apoio ao governo Bolsonaro”, diz Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. “A classe preza por resultados, e há uma sensação inconteste de que há uma melhora na economia”.

Skaf esteve em diversos eventos no Palácio do Planalto nos últimos meses. Nesta semana, passou pela Presidência em um encontro fora da agenda. Ao Valor disse que foi cumprimentar Bolsonaro e passar a ele o visão dos empresários de que “as coisas estão no caminho certo”. O presidente tem recebido mais empresários à medida que a economia dá sinais de melhora e as empresas querem detalhar planos e propostas.

Ontem, Bolsonaro encontrou uma comitiva de 40 empresários liderados por presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira.

A comitiva entregou a Bolsonaro um estudo sobre a necessidade de investimentos no Estado. O pano de fundo, entretanto, é a preocupação do setor privado fluminense com a deterioração das relações entre Bolsonaro e o governador do Rio, Wilson Witzel.

“É um governo absolutamente liberal na questão da economia. É o sonho dourado de qualquer empresário ter liberdade de empreender”, disse Vieira ao Valor após o encontro. “E, ao mesmo tempo, saber que o Estado brasileiro vai proteger o empresário verdadeiro, contra os malfeitos, a corrupção e dar um jeitinho. Nenhuma empresa consegue competir em um mercado bichado”.

Vieira elogiou também a equipe econômica, especialmente Paulo Guedes, que já lhe pediu que trouxesse demandas do setor.

Diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi, também elogia a abertura do governo às pautas do setor privado. E, embora reconheça dificuldades na relação do Executivo com o Congresso, diz que a disposição do governo em impulsionar reformas é o que as torna possíveis.

“O governo agora está disposto a fazer essas reformas estruturantes. E essas reformas são estruturantes”, afirma. Dentre as medidas de agrado da indústria, além das reformas, ele cita os planos de privatizações e concessões e as políticas para reduzir o preço do gás.

“As medidas do governo estão bastante adequadas ao momento em que estamos vivendo”, afirmou. “Vamos ganhar competitividade e isso está ligado a ações que estão sendo implementadas.”

Termômetro do otimismo do setor é o resultado do Índice de Confiança do Empresário Industrial, que fechou novembro em 62,5 pontos ante uma média histórica de 54,6 pontos. É o segundo melhor resultado desde 2003, superado apenas pelos 63,2 pontos de novembro de 2018, logo após a eleição.

“A relação melhorou à medida que os interlocutores se conheceram. É natural que o governo chegue e tenha que se ajustar. Mas, ao fim deste ano, o contato está fluindo”, relata o presidente Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel.

O presidente-executivo da Abimaq, José Velloso, entende que a criação de secretarias especiais no guarda-chuva do Ministério da Economia facilitou a interlocução. Também destaca como positiva a postura de Guedes de dar preferência à resolução de pleitos coletivos.

“A gente entende que este governo não é daquele tipo que tínhamos no passado que atendiam pleitos individuais, de empresas ou de setores. Um governo liberal olha para um todo”, argumenta.

O dirigente elogia uma série de propostas e medidas já adotadas pela área econômica, como as reformas da Previdência, tributária e do pacto federativo. Também pesa para a avaliação o recuo de Guedes na ideia de promover uma abertura comercial unilateral, que poderia atingir a indústria brasileira.

Governo e setor privado estimam Custo Brasil em R$ 1,5 trilhão por ano

Estimativa divulgada nesta quinta-feira (28), em São Paulo, pelo Ministério da Economia revela que o Custo Brasil consome das empresas R$ 1,5 trilhão por ano, o que representa 22% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país). O cálculo foi feito pelo governo federal em parceria com o setor privado.

Custo Brasil é um termo que descreve o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encarecem e comprometem novos investimentos pelas empresas e pioram o ambiente de negócios no país.

Segundo o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, essa estimativa reflete o custo que as empresas brasileiras têm acima da média dos países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “É um número que representa o peso da nossa burocracia, o peso de vários erros que foram cometidos no passado”, disse Costa a jornalistas.

Costa ressaltou que, entre os elementos que compõem o Custo Brasil, o que mais pesa para as empresas é o emprego de capital humano. “O Brasil, que precisa contratar pessoas para reduzir o índice de desemprego, tem como principal componente do Custo empregar capital humano. Cometemos erros no passado de qualificação de mão de obra, de educação e de excessivos encargos trabalhistas”, explicou.

Segundo o secretário, depois disso, aparece o pagamento de tributos. “Nossa estrutura tributária é muito complexa. E o terceiro [elemento] é utilizar a nossa infraestrutura, que, nas últimas décadas, se deteriorou. Precisamos ter medidas concretas, que o governo federal está implementando, para que nós consigamos reverter essa situação.”

Depois de divulgar a estimativa do Custo Brasil, o secretário lançou o Programa de Melhoria Contínua da Competitividade, que terá como base o Custo Brasil e que foi feito em parceria com entidades setoriais. A portaria do programa foi assinada hoje.

“Estamos, a partir de hoje, implementando aquele que pode ser um programa que pode transformar nossa economia. É uma forma de tratarmos cada um dos problemas com método, com cálculo do impacto de cada melhoria, de cada nova lei, cada nova norma, sobre nosso ambiente de negócios e de nossa competitividade e dificuldade”, destacou Costa. “Vamos trabalhar para que nosso Custo Brasil se reduza o mais rápido possível”, disse o secretário. Ele enfatizou que ainda não é possível calcular em quanto tempo o Brasil poderá reduzir seu custo, de modo que este entre na média dos países que compõem a OCDE.

O programa traz uma abordagem que busca reduzir o Custo Brasil por meio de nova metodologia de análise e governança, avaliando e priorizando propostas que tenham chances de melhorar o ambiente de negócios e a competitividade brasileira. O secretário informou que, para isso, será criado um canal centralizado de comunicação no site do Ministério da Economia, por meio do qual serão recebidas propostas de políticas públicas ou de soluções para a melhoria do ambiente de negócios, aberto a organizações representativas do setor privado. Um conselho deliberativo da secretaria é quem irá avaliar as propostas e tomar as decisões.