OAB pede investigação do vazamento de dados de 220 milhões de pessoas

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pediu que a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) investigue o vazamento de dados de mais de 220 milhões de brasileiros. As informações foram disponibilizadas para venda na internet, e o episódio foi noticiado em veículos de comunicação.

No ofício enviado à ANPD, a Ordem dos Advogados manifesta preocupação com o vazamento, que compreende uma base de CPFs em número superior ao da população brasileira. São 37 bases de dados que abarcam nome, endereço, foto, score de crédito, renda, situação na Receita Federal e Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Parte dos dados, como nome e CPF, foi publicada na internet gratuitamente. Já o conjunto completo dos registros está sendo vendido em fóruns da rede.

“O ocorrido submete praticamente toda a população brasileira a um cenário de grave risco pessoal e irreparável violação à privacidade e precisa ser investigado a fundo pelas autoridades competentes, em particular por essa agência”, destaca o ofício da OAB.

A Ordem dos Advogados ressalta que não houve notícia sobre medidas adotadas pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados sobre o incidente. O ofício lembra que a Lei Geral de Proteção de Dados (No 13.709 de 2018) atribui à ANPD a responsabilidade de fiscalizar agente de tratamento, inclusive por meio de auditorias, e pede que o órgão tome providências.

Segundo a presidente da Comissão de Proteção de Dados da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Rio de Janeiro, Estela Aranha, este pode ser o maior vazamento de dados da história do país, não somente em número de pessoas mas também na diversidade de informações.

Estela diz que a primeira tarefa é investigar como o vazamento ocorreu e quem está por trás dele para responsabilizar o controlador do banco de dados. Ela acrescenta que, emergencialmente, é preciso ter também um plano de contingência, com as medidas que precisam ser tomadas para reduzir os riscos para as pessoas cujas informações foram vazadas ou colocadas à venda.

“A primeira é informar amplamente os titulares dos dados sobre os riscos envolvidos e quais medidas podem ser tomadas para mitigar possíveis danos. Outra é que deve recair sobre o controlador dos dados a responsabilidade por tais medidas”, explica a advogada.

Segundo Estela, nos Estados Unidos, houve um episódio de grande vazamento da empresa Equifax que terminou com um acordo para a criação de um fundo de US$ 420 milhões direcionados ao ressarcimento das perdas das vítimas.

Como a Autoridade Nacional de Proteção de Dados foi efetivamente instituída há alguns meses, Estela Aranha defende a busca de parceria desta com outras instituições, como a Polícia Federal e a Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça.

Origem

Não há comprovação de onde os dados teriam saído. Para o diretor da Associação Data Privacy Brasil, Rafael Zanatta, ou o responsável reuniu todas essas informações, ou elas foram obtidas de alguma base.

Há uma suspeita de que tais informações poderiam ter vindo da Serasa Experian, que trabalha com análise de crédito. A hipótese foi motivada pelo fato de terem sido encontradas semelhanças entre os dados vazados e os usados pela empresa. A Serasa negou que os dados tenham vazado de sua base.

Para Zanatta, a prioridade agora é investigar a origem para avaliar as formas de responsabilização de quem está por trás do vazamento, partindo dos indícios já existentes. Ele entende que seria necessário “delimitar, por meio de auditoria da ANPD, os servidores da Serasa e as bases [vazadas] para responder qual o grau de similitude”.

Zanatta explica que, no caso das pessoas que tiveram dados vazados ou comercializados, ainda não há nada que possa ser feito enquanto não forem encontrados os responsáveis, mas argumenta que é para além da ANPD e que outros entes públicos, como o Congresso Nacional, podem debater medidas para mitigar os efeitos do vazamento e evitar novos incidentes como este.

ANPD

Em nota à Agência Brasil, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados respondeu que, desde que tomou conhecimento do incidente, “destacou todo seu quadro técnico para analisar, com base na LGPD, os aspectos que cercam o ocorrido”.

A autoridade diz que já recebeu informações do Serasa e oficiou a Polícia Federal, a empresa Psafe, que encontrou o vazamento, o Comitê Gestor da Internet no Brasil e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

Senacon

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) instaurou procedimento para averiguação do caso. A Serasa Experian foi notificada para informar se os dados saíram de sua base ,ou de operadoras que tratam informações a seu mando, e por quanto tempo os dados ficaram expostos.

No inquérito, a Senacon quer saber também quem teve acesso aos dados vazados, quais informações foram acessadas e que medidas foram adotadas para melhorar a segurança e proteção da informação destes indivíduos. A Senacom deu 15 dias para que a Serasa respondesse aos questionamentos.

Valor Investe

Coronavírus hoje: Brasil tem 3º registro mais alto de mortes em 24h

O Brasil registrou 1.439 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 221.676 óbitos desde o começo da pandemia. Foi o terceiro registro mais alto de mortes pela doença em 24 horas no país desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 1.064 — a maior desde o dia 4 de agosto, quando chegou a 1.066. A variação foi de +10% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de estabilidade nos óbitos pela doença.

Em casos confirmados, desde o começo da pandemia 9.060.786 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 60.301 desses confirmados no último dia. A média móvel nos últimos 7 dias foi de 51.567 novos diagnósticos por dia –já são 20 dias com esse índice acima da marca de 50 mil. Isso representa uma variação de -5% em relação aos casos registrados em duas semanas, o que indica tendência de estabilidade nos diagnósticos.

Os dados são do novo levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de informações das secretarias estaduais de Saúde, consolidados às 20h de quinta-feira (28).

  • Total de mortes: 221.676
  • Registro de mortes em 24 horas: 1.439
  • Média de novas mortes nos últimos 7 dias: 1.064 (variação em 14 dias: +10%)
  • Total de casos confirmados: 9.060.786
  • Registro de casos confirmados em 24 horas: 60.301
  • Média de novos casos nos últimos 7 dias: 51.567 por dia (variação em 14 dias: -5%)

Vacina contra covid-19

A farmacêutica suíça Novartis informou nesta sexta-feira que assinou um acordo inicial com a BioNTech para prover apoio na fabricação da vacina do coronavírus que desenvolveu com a Pfizer.

Pelo acordo, a Novartis vai pegar o ingrediente ativo produzido pela BioNTech, colocá-lo em frascos e enviar de volta para a empresa alemã para serem distribuídos.

Valor Investe

Empreendimento no interior paulista atrai empresas de grandes centros

Os altos custos e a falta de segurança nos grandes centros têm feito com que cada vez mais empresários migrem para o interior, e um exemplo deste processo pode ser visto na cidade paulista de Brodowski, na região de Ribeirão Preto, que está recebendo o primeiro polo industrial, comercial e empresarial 4.0 do país, que engloba a 4ª Revolução Industrial.

Após a revolução inglesa, que introduziu a máquina à vapor; a produção em série e a revolução do silício e da eletrônica, que transformaram a indústria; chegou a vez da 4ª Revolução Industrial, que foca na melhoria da eficiência e produtividade dos processos, por meio de tecnologias de automação, troca de dados e conceitos de Internet das Coisas e computação em nuvem.

De acordo com Mairon Leal, diretor da Sevenplan Urbanismo, idealizadora do projeto em Brodowski, o polo já nasceu de olhos abertos para o futuro. “Quem não estiver aderindo à indústria 4.0 terá que, obrigatoriamente, aderir no futuro. Proprietários de muitas localizadas em grandes centros, como São Paulo, estão optando por trocar a vida agitada por um local menos violento, que ofereça mais qualidade de vida”, afirma.

O ineditismo do projeto se dá em razão de reunir diversos tipos de empresas em um condomínio fechado; com guarita, segurança e monitoramento 24h por dia; e ser dotado de alta tecnologia e completa infraestrutura logística. As obras já começaram, e a entrega será no segundo semestre de 2022. Depois de finalizado, o polo gerará cerca de 2 mil empregos diretos e fomentará a economia de toda a região.

“Outro ponto importante é a redução de custos, pois o rateio da segurança pelo condomínio reduzirá muito as despesas para cada empresa, que contará com segurança armada 24h por dia, muro blindado, entre outros itens”, comenta Leal.

A incorporação de novas tecnologias em automação, inteligência artificial e internet das coisas em todos os setores industriais está provocando uma verdadeira revolução nos processos de manufatura, logística e tecnologia da informação de empresas inovadoras preparadas para o futuro. E este é justamente o conceito do polo 4.0, que possui uma área total de 300 mil m2, sendo 27 mil m2 de áreas verdes arborizadas.

Denominado Polo Empresarial e Industrial Thomazella, o empreendimento possui 118 lotes de 1.000 m2 a 1.600 m2, energia renovável, drenagem de águas pluviais, prédios com iluminação em led, ruas amplas e pavimentadas para o tráfego de qualquer tipo de caminhão, rede de água potável com poço artesiano, rede coletora de esgoto com estação elevatória e emissário para tratamento municipal em Brodowski, infraestrutura diferenciada com boulevard comercial e coworking, praça de alimentação, lounges de convivência, centro médico, heliponto, prédio de recepção com cafeteria e salas de reuniões e de treinamento.

Localizado na rodovia Cândido Portinari, está a 12 km do aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto, e possui rápido acesso à rodovia Anhanguera. O projeto do polo é da Sevenplan Urbanismo, empresa com sede em Franca. “Desde a localização privilegiada, no centro da região que mais cresce no país, até a total infraestrutura logística, o empreendimento foi projetado e desenvolvido para dar apoio às empresas, estejam elas em fase inicial de planejamento ou já estabelecidas e consolidadas no mercado”, conclui Leal.

Radar Imobiliário

Permuta de imóveis não deve incidir impostos

Em diversas decisões judiciais há um consenso que a permuta de imóveis não deve incidir PIS, Cofins, IRPJ e CSLL. O posicionamento reiterado aplica-se às empresas do ramo imobiliário optantes pela sistemática do lucro presumido, segundo a publicação.

Para explicar melhor, “as pessoas jurídicas que exerçam atividades imobiliárias de loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda e venda de imóveis construídos ou adquiridos para a revenda podem excluir da base de cálculo dos tributos federais os valores dos imóveis recebidos em permuta”.

Nesse caso, a Justiça entende que a operação não gera acréscimo patrimonial, e sim a substituição de ativos.

Dada a natureza desse tipo de operação, os magistrados destacam ainda que os contratos envolvendo permuta ou troca de imóveis não podem ser equiparados, para efeitos tributários, ao contrato de compra e venda.

Nesse caso, inválida o entendimento consignado no Parecer Normativo COSIT nº 9/14 da Receita Federal, que, pautado no artigo 533 do Código Civil, reputa que a permuta equivale a duas operações simultâneas de compra e venda que devem ser submetidas à tributação, sob pena de autuação pelos auditores fiscais.

Consultor Jurídico

MDR pretende regularizar mais de 100 mil imóveis

Com o programa do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), a expectativa é regularizar mais de 100 mil imóveis, dentre eles, 20 mil vão receber melhorias estruturais, até o final deste ano.

Para isso, a adesão dos municípios deve ser feita a partir de segunda-feira (1º), eles que serão os facilitadores do programa. A ação que faz parte do Casa Verde e Amarela visa possibilitar o acesso ao título, além de combater um problema histórico em todo país. Outros benefícios são a garantia do direito real sobre o lote das famílias, com segurança jurídica; além da redução de conflitos fundiários, ampliação do acesso ao crédito, estímulo à formalização de empresas e aumento do patrimônio imobiliário brasileiro. 

As áreas ocupadas, principalmente, por famílias de baixa renda, que vivem em núcleos urbanos informais, classificados como de interesse social serão contempladas, mas não serão incluídas as casas localizadas em áreas de risco ou não passíveis de regularização.

A gestão municipal deve acessar o sistema a partir do dia 1º de fevereiro, já a população deve manter o cadastro atualizado junto às prefeituras, em especial na Secretaria de Habitação.

Radar Imobiliário

Dívida pública chega a 89,3% do PIB em 2020, o maior patamar da história

O aumento nos gastos do governo para o enfrentamento dos efeitos da pandemia causou um crescimento na dívida pública brasileira, que encerrou 2020 em 89,3% do PIB, o maior patamar da série histórica iniciada em dezembro de 2006. A estatística foi divulgada nesta sexta-feira pelo Banco Central (BC).

O endividamento já vinha subindo mesmo antes da crise, em janeiro, mas foi acelerado com os gastos para a saúde e para financiar o auxílio emergencial ao longo do ano. Em janeiro, a relação dívida/PIB estava em 74,6%, chegou a 80,5% em maio e em 89,1% em outubro. No total, o aumento foi de 15 pontos percentuais.

O indicador chegou a superar os 90%, mas o Banco Central recalculou com base na revisão das estatísticas do PIB feita pelo IBGE.

A estatística considera a dívida pública bruta, que compreende o governo federal, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e os governos estaduais e municipais. O dado é acompanhado de perto pelo mercado financeiro para medir a capacidade do país de pagar suas dívidas, o chamado nível de solvência.

Déficit nas contas

O aumento da dívida é reflexo do maior déficit no setor público da história. De acordo com o Banco Central, o resultado de 2020 foi de R$ 703 bilhões (9,49% do PIB), muito acima do registrado em 2019, quando o déficit foi de R$ 61,9 bilhões (0,84% do PIB).

Antes de 2020, o maior déficit era o de 2016, mas ainda assim em um patamar muito inferior, de R$ 155,8 bilhões.

O número exclui os gastos com juros da dívida e é referente ao chamado setor público consolidado, que engloba União, estados, municípios e empresas estatais.

O déficit ficou concentrado no governo central, que registrou resultado de R$ 745,4 bilhões, e suavizado pelos governos regionais, que tiveram superávit de R$ 38,7 bilhões, e pelas empresas estatais, que também registraram resultado positivo, mas de R$ 3,6 bilhões.

O Globo

Onda de calor no Rio traz cuidados específicos no uso da máscara; veja as orientações

O calor escaldante no verão já é velho conhecido do carioca. Este ano, porém, um adereço obrigatório para quem precisa sair às ruas tornou ainda mais difícil aguentar a inclemência do sol. Como não dá para deixar a máscara de lado (nem abaixo, nem acima), algumas dicas podem ajudar na hora de escolher a proteção ideal e, ao mesmo tempo, mais fresca para os dias quentes do Rio.

A primeira orientação dos infectologistas é sobre o tecido das máscaras caseiras. Ainda que também ofereçam proteção, acessórios feitos de material sintético, como o poliéster ou a lycra, tendem a esquentar mais, além de umidecerem com mais facilidade. Como a máscara molhada perde a eficácia e precisa ser substituída de imediato, o ideal é privilegiar tecidos mais resistentes à umidade.

– Quanto mais natural for o material, melhor. Se você faz duas ou três camadas de algodão, fica resguardado sem causar o mesmo efeito negativo no calor do poliéster. O que não pode é usar uma máscara de crochet como as que tenho visto, por exemplo. Até é mais fresco, mas não adianta nada – pontua a médica Ana Helena Figueiredo, infectologista do Grupo Iron.

Outro conselho importante, seguindo a mesma linha de raciocínio, diz respeito ao número de máscaras que você deve portar caso precise sair de casa por mais tempo. A recomendação habitual é trocá-las a cada duas horas, mas, com o suor excessivo e a consequente umidade, é preciso diminuir esse período. Leve em consideração, portanto, que você pode precisar de mais adereços. Ao chegar em casa, deixe o material usado em local arejado até que ele esteja completamente seco ou, de preferência, lave tudo com cuidado e deixe secar.

– O principal é que o uso de máscara no verão não é alternativa. Tem que fazer, mesmo sendo desconfortável. É aguentar a máscara ou a máscara de oxigênio, um tubo na garganta – afirma, categórica, Tânia  Vergara, presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio.

A última dica dos especialistas é de ordem comportamental. Se você está na rua e não tem ninguém por perto em nenhuma direção, vale tirar um pouco a máscara do rosto para tomar um ar fresco, recolocando em seguida assim que houver qualquer aproximação. Mas atenção: o procedimento deve ser feito com cuidado, higienizando as mãos com álcool em gel e pegando a máscara somente pelas laterais, sem tocar na parte onde vão a boca e o nariz.

– A máscara, na verdade, protege mais aos outros do que a nós mesmos. Então, nessas situações em que não há ninguém próximo, faz sentido poder tirá-la brevemente. As circunstâncias, no caso o forte calor, fazem com que tenhamos que variar um pouco mais as práticas – diz a infectologista Ana Helena, que recrimina outra novidade vista pelas ruas da cidade: – Essas máscaras com zíper não têm lógica. Se a pessoa vai abrir porque não tem ninguém perto, é melhor simplesmente tirar.

O Globo

Custo dos materiais de construção subiu até 80% no último ano

Os custos da construção continuam altos em todo o estado. Entre os materiais, por exemplo, alguns produtos tiveram aumento de 80% em relação ao início de 2020. A mão de obra também subiu muito no ano passado e em 2021 a previsão ainda não é de melhora.

O mercado da construção civil está aquecido. Com juros mais baixos para financiamentos imobiliários e outros tipos de crédito, as pessoas passaram a investir mais em obras seja pra construir, reformar ou comprar e isso mexeu com todo o mercado imobiliário.

“Nesse momento nós temos uma mão de obra mais escassa, devido ao alto volume de construções que nós vemos aí na cidade e no país, nós temos o material de construção mais alto porque existe um consumo muito mais forte e as indústrias ainda não estão preparadas para poder atender toda essa demanda”, comentou João Paulo Tavares, membro Associação dos Diretores das Empresas do Mercado Imobiliário do Tocantins (Ademi-TO).

Entre os materiais de construção, comparando os preços do início do ano passado com os praticados em janeiro de 2021, tem produto com reajuste de mais de 80%, como os fios e cabos elétricos, por exemplo.

Estruturas metálicas estão 50% mais caras. O preço de tubos e conexões aumentou quase 40% ao longo o último ano. Cimento, pisos e tintas, tiveram reajustes na casa dos 20%. Levando em consideração só os materiais, os aumentos representaram 25% maior nas despesas finais da obra.

Até os fornecedores estão pesquisando antes de comprar os produtos. “A gente tá cotando, fazendo como o consumidor deve fazer, cotando com diferentes indústrias, buscando a melhor oportunidade e o melhor preço para os nossos clientes”, disse o presidente da Associação dos Lojistas de Materiais de Construção do Tocantins, Juliano Meurer.

Se mesmo com preços mais altos o consumidor continua comprando tem dica pra gastar menos. “É a confecção de um projeto bem definido, onde possamos prever alguns cenários bem definidos, evitando atrasos e desperdícios. Outra medida é a aquisição antecipada de alguns materiais”, disse o engenheiro civil José Marco.

G1

Projeto de criação de moradias para revitalizar Centro do Rio anima setor da construção civil

Na Rua do Ouvidor, a faixa vermelha de “aluga-se” presa à porta antiga de ferro — trancada com correntes e cercada de concertina, daquela cortante usada em muros de áreas violentas —, evidencia os efeitos da decadência que um pacote de alterações urbanísticas e tributárias da prefeitura pretende reverter. Na via, considerada no passado o centro do Centro do Rio, lojas e edifícios comerciais fechados repetem o impacto que a pandemia e as sucessivas crises espalharam por todo o entorno, no coração da cidade. Como adiantou O GLOBO na última terça-feira, as medidas da Secretaria municipal de Planejamento Urbano visam a mudar esses rumos com o estímulo à produção de moradias na região. E, embora o projeto Reviver Centro ainda tenha que ser aprovado na Câmara dos Vereadores, já serviu de injeção de ânimo ao mercado que pode concretizar essa ideia.

— O Centro e os proprietários de imóveis não aguentam ficar mais quatro anos na situação atual, de construções vazias e sendo depreciadas. Por isso, achamos que é uma discussão não só fundamental, mas urgente — afirma Claudio Hermolin, vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio (Sinduscon-Rio). — O princípio básico para uma região ter potencial de valorização para o mercado é localização, e a do Centro é ímpar, com todos os modais de transporte, um aeroporto regional e perto de vias de grande circulação. Falta a criação de incentivos e a flexibilização da legislação para que se torne efetiva a possibilidade de imóveis antigos, mal aproveitados e até abandonados serem transformados em empreendimentos que gerem vida, ocupação e renda na região.

Ele ressalta que as propostas do município atacam justamente esses entraves legais que há anos retardam os investimentos, por exemplo, em retrofits. Entre as alterações sugeridas, Hermolin destaca pontos como a dispensa de novas garagens e a desobrigação de que os imóveis tenham uma área mínima (desde que possuam um banheiro integrado), atualmente estipulada em 28 metros quadrados.

— Hoje, para tornar residencial um prédio de escritórios, cada um com 20 metros quadrados, é preciso no mínimo quebrar paredes, porque a legislação atual não permite moradias com esse tamanho no Centro. Além disso, teria que ter um número de vagas de garagem exigido. Se o prédio não tiver, alguns andares seriam usados para essa finalidade, ou as vagas seriam construídas no subsolo, o que em termos de engenharia é muito mais caro. É tanto custo, tanta modificação, que as empresas desistem — ressalta o dirigente do sindicato.

“Hoje, para tornar residencial um prédio de escritórios, cada um com 20 metros quadrados, é preciso no mínimo quebrar paredes, porque a legislação atual não permite moradias com esse tamanho no Centro”CLAUDIO HERMOLINVice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado

Alex Veiga, CEO do Grupo Patrimar, concorda que o pacote do município pode trazer bons ventos. Para ele, a não exigência de uma metragem mínima na região é chave para os planos decolarem, uma vez que permitiria a oferta de unidades mais compactas, possibilitando preços mais baixos, onde, segundo ele, está a demanda atual.

— Havendo a flexibilização anunciada pela prefeitura, certamente vamos adquirir algo na região. Apostaria no mercado de médio padrão, que tem uma demanda reprimida devido à crise de anos recentes. Diria que seria ocupação imediata, com fila de espera. O Centro do Rio é de uma beleza extraordinária, tem infraestrutura, e ainda podem ocorrer investimentos em áreas contíguas, como no Porto — afirma o executivo.

Além da tentativa de atrair investidores, a prefeitura também lançou anteontem uma plataforma web de consulta pública (https://reviver-centro-pcrj.hub.arcgis.com) para ouvir a população sobre o que pode tornar o Centro mais convidativo para morar. Na enquete, há perguntas como a ordem de temas prioritários a serem tratados, com itens como segurança e serviços de esporte e lazer, ou sobre qual seria a maior dificuldade de mobilidade/acessibilidade para se viver na região.

Na famosa Ouvidor, que de tão importante já foi enredo até de escola de samba (do Salgueiro, em 1991), em cada quarteirão há retratos da urgência de uma retomada. O prédio com a porta protegida com concertina fica na esquina com a Rua do Carmo, com um suntuoso salão nobre desocupado. Nas imediações, há dois edifícios comerciais completamente vazios, sem nem sinal do burburinho de escritórios e repartições. Em outro, no número 77, uma tradicional cafeteria, no térreo, não resistiu ao pouco movimento e fechou este mês. Dos outros 10 andares da construção, só dois estão ocupados. Porteiro do imóvel, André Correia da Silva, de 47 anos, mora na cobertura, e assistiu à debandada de empresas da região.

— No momento, a situação não anda legal, não. Estão ocorrendo muitos furtos, saques a construções vazias e invasões — diz ele, que aponta vantagens e barreiras atualmente de se viver onde a prefeitura quer incentivar que mais gente more. — Acho aqui maravilhoso. Resolvo tudo perto de casa. Só ao mercado que vou um pouco mais longe, na Rua Riachuelo, na Lapa. Acho que eu perderia um pouco da privacidade que tenho hoje, mas seria muito bom ter mais vizinhos.

A mais alguns passos do endereço de André, dobrando a não menos badalada Rua Gonçalves Dias, um banner próximo a duas lojas fechadas deixa claro que, ao menos, há esperança por dias melhores. “Tudo isso vai passar e o Rio vai voltar a florir”, está escrito. A rua, de onde partiu o primeiro bonde em direção à Zona Sul e que abriga a Confeitaria Colombo, um patrimônio do Rio, nos séculos passados era conhecida por suas boutiques e joalherias caras. Nos tempos mais recentes, mantinha seu charme com cafés e uma moda mais contemporânea. Mas, só no quarteirão da Colombo, são 12 lojas fechadas, muitas delas com placas de aluga-se. O paredão de portas cerradas se estende até o Largo da Carioca.

E, mesmo às 17h de uma terça-feira, em tempos de pandemia parece viver uma eterna tarde de sábado, com poucos clientes pelo Centro. 
Nos nove meses de 2020 em que o comércio esteve aberto, dados do Clube de Diretores Lojistas do Rio mostram uma queda de 6,9% nas vendas de bens não duráveis e de 9,2% nas de bens duráveis. Se fosse computado o desempenho dos três meses em que as lojas ficaram fechadas, esses números subiriam para 31,9% e 30,2% , respectivamente. Além da pandemia e do desemprego, os lojistas apontam questões como a violência, os camelôs e o aumento do número de moradores de rua como fatores que influenciaram os resultados.

Já os imóveis fechados, calculou o Sinduscon e a Ademi em meados de 2020, no auge da pandemia, chegavam a 13 mil no Centro. Para escritórios de alto padrão, a consultoria imobiliária JLL aponta que, no quarto trimestre do ano passado, a taxa de vacância na região foi 40,3%, pouco acima dos 39,6% de média da cidade. Foi a área também em que mais inquilinos devolveram seus imóveis, muito influenciados também pelo avanço do home office.  

— No quarto trimestre, o Centro foi a área onde mais espaços foram alugados, se comparado com outras regiões do Rio. Porém, foi a área também onde mais espaços foram devolvidos. Nessa balança, o saldo acabou negativo em 18,8 mil metros quadrados — explica Yara Matsuyama, gerente de locação de escritórios da JLL.

“O Centro do Rio precisa se tornar mais multidisciplinar, com um mix de habitação e comercial. E, ao dinamizar a moradia, é preciso também é pensar no restante, numa visão mais holística. Tem que ter moradia,  mais também escolas, saúde, cultura, área pública com qualidade”GUILHERME SOARESDiretor de Projetos e Obras da Tétris

Diretor de Projetos e Obras da Tétris, Guilherme Soares afirma, porém, que, ao tornar o Centro uma área mais agradável à moradia, uma das consequências pode ser também reativar a demanda por escritórios na região, já que as pessoas querem morar perto do trabalho.

— Assim como já ocorre em outras grandes cidades do mundo, o Centro do Rio precisa se tornar mais multidisciplinar, com um mix de habitação e comercial. E, ao dinamizar a moradia, é preciso também é pensar no restante, numa visão mais holística. Tem que ter moradia,  mais também escolas, saúde, cultura, área pública com qualidade, que permita contato com o verde, esporte, qualidade de vida… São formas de quebrar um paradigma de que o Centro não é uma região boa para morar. Essa percepção precisa mudar — diz Soares, que considera positivas as propostas da prefeitura.

Especialista em Direito Urbanístico e pró-reitor comunitário da Universidade Candido Mendes, Cristiano Teobaldi também vê as medidas como acertadas, como a instauração de um IPTU progressivo para evitar a especulação imobiliária. Ele ressalta, no entanto, pontos que precisam ser analisados. Entre eles, o fato de grande parte dos imóveis do Centro serem de propriedade dos governos municipal, estadual ou federal, e muitos deles desocupados atualmente. Ele ressalta a importância de essas construções serem incluídas nos planos de revitalização da região. E lembra que, para isso, podem ser usados instrumentos como a alienação de patrimônios públicos ou o direito real de uso, em que o imóvel continua sendo público, mas de uso privado, principalmente, para moradia.

— O projeto de tornar a região um híbrido entre comercial e moradia corrige um erro estrutural e histórico no Rio. Mas é preciso estar atento também a outras questões, como o processo a gentrificação. Com o metro quadrado valorizado, aquelas pessoas que já moram em algumas áreas residenciais do Centro, como o entorno da Providência, podem acabar sendo afastadas da região, o que seria um resultado muito danoso. Assim como seria bom que o projeto viesse acompanhado de ações que visem à regularização fundiária em comunidades no entorno do Centro, como as bordas do Estácio — ressalva Teobaldi.  

Câmara antecipa discussão sobre plano diretor

Após o anúncio do pacote de medidas para incentivo às moradias no Centro, a Câmara Municipal decidiu antecipar os debates sobre o novo Plano Diretor da cidade, com a criação de uma Comissão de Representação para o avaliar o assunto, constituída ontem, conforme publicação no Diário Oficial da Casa. Presidente da comissão, o vereador Rafael Aloisio Freitas (Cidadania) lembra que as discussões já estavam previstas para o início deste ano, mas serão adiantadas com o objetivo de se ter um estudo o mais breve possível. 

— As questões do Centro serão incluídas nesse debate. Se considerarmos que haverá pontos que merecem ser aprofundados, podemos tratá-los à parte. Diariamente na Câmara, que fica na Cinelândia, vemos que às 17h acaba todo o movimento na região. São mais que necessárias ações para mudar esse quadro — diz Aloisio Freitas. Segundo ele, antes mesmo do início do ano legislativo, ao longo dos próximos dias, as lideranças dos partidos serão chamadas para indicarem um vereador de cada bancada a participar da comissão e que, em breve, o secretário municipal de Planejamento Urbano, Washington Fajardo, deve ser convidado também às discussões. A previsão, segundo ele, é que na primeira quinzena de fevereiro a comissão já esteja funcionando.

O vereador acredita que questões mais polêmicas, como a não exigência de garagens nos prédios que forem transformados em residenciais no Centro, devem suscitar as discussões mais acaloradas. Mas ressalta a importância de que elas sejam travadas logo. Além do Centro, ele acredita que regiões como o Porto Maravilha, o entorno da Avenida Brasil e áreas da Zona Oeste como o distrito industrial de Santa Cruz devam concentrar parte importante dos debates.

O Globo