Desistência de contrato por problema financeiro não gera devolução do dinheiro

A pessoa que assina contrato de compra e venda com pacto de alienação fiduciária em garantia, mas desiste do mesmo porque as parcelas se tornam muito caras, comete quebra antecipada do acordo e não tem direito à devolução de parte do valor já pago.

Com esse entendimento, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça deu provimento ao recurso especial de uma empresa de empreendimentos imobiliários que concordou com o pedido do comprador, mas não achou justo ser obrigada a devolver o dinheiro, com retenção de parte do valor já pago.

O contrato foi assinado para compra de um terreno em 120 parcelas. O comprador não chegou ficar em dívida, mas após o pagamento de 60 delas informou que sua situação econômico-financeira tinha se complicado e que não conseguiria honrar o compromisso até o final.

O objetivo do comprador era fazer incidir o artigo 53 do Código de Defesa do Consumidor: o vendedor fica com parte do pagamento para ressarcir suas despesas e devolve o restante. Sugeriu 10% de retenção para a empresa.

A 3ª Turma, no entanto, entendeu que o procedimento a ser observado é o dos artigos 26 e 27 da Lei 9.514/97. Assim, mesmo sem dívida, o comprador perde o bem alienado fiduciariamente, que é levado a leilão pelo credor; com o valor da venda, o resto do débito é satisfeito; se sobrar algo, é feita a devolução ao comprador.

“Em resumo, a formulação pelo adquirente de pedido de resolução do contrato de compra e venda com pacto de alienação fiduciária em garantia sem a imputação de culpa ao vendedor, mas por conveniência do adquirente, representa quebra antecipada do contrato”, concluiu o relator, ministro Paulo de Tarso Sanseverino.

Entendimento do ministro Paulo de Tarso Sanseverino foi seguido por unanimidade
Sergio Amaral

Hipótese fora da lei
Ao analisar a matéria, o relator reconheceu que a jurisprudência do STJ varia de posicionamento: ora manda devolver os valores pagos nas parcelas, com pequena retenção; ora define que não há devolução, mas sim leilão do bem e quitação do débito.

Isso porque a hipótese de o comprador desistir do contrato por sua própria conveniência não consta na legislação brasileira. A Lei 9.514/97 trata do Sistema de Financiamento Imobiliário e tem o inadimplemento como pressuposto para a consolidação da venda do bem em leilão.

O pedido também não foi feito por onerosidade excessiva, já que não há vantagem extrema de uma parte sobre a outra ou mesmo acontecimento extraordinário e imprevisível a justificá-la.

Ainda assim, o ministro Paulo de Tarso Sanseverino apontou que essa postura deve ser entendida como comportamento que se mostra contrário à manutenção do contrato ou ao direito do credor fiduciário. Os contratos devem ser cumpridos, pois foram livremente pactuados.

“A figura bem se compatibiliza com o instituto da quebra antecipada (ou antecipatory breach na common law), segundo o qual há inadimplemento, mesmo antes do vencimento, quando o devedor pratica atos abertamente contrários ao cumprimento do contrato, como a pretensão de resolução da avença”, concluiu.

Consultor Jurídico

Caged confirma força da Construção Civil para a retomada da atividade econômica

A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) avalia o resultado do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) como uma confirmação importante do papel do setor da Construção Civil para a retomada da atividade econômica do país. A Construção contratou 50.489 trabalhadores formais em agosto, contribuindo para o saldo positivo de 249.388 postos de trabalho com carteira assinada no mês passado. Os dados do Caged foram divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Ministério da Economia.

“A Construção Civil é um termômetro importante da economia e o Caged vem confirmando, mês a mês, que mesmo com o impacto da pandemia o setor tem sido resiliente na geração de empregos. No acumulado do ano, a Construção soma saldo de 58 mil contratações, enquanto a economia como um todo, infelizmente, registra a perda de 850 mil vagas. Os números da Construção dão ânimo para as incorporadoras sigam confiantes e contribuindo para que a economia volte a crescer a partir de 2021”, afirma o presidente da Abrainc, Luiz Antonio França.

Portal Segs

Ministério da Economia entra em ‘modo eleições’ e já admite adiar reforma tributária para 2021

O Ministério da Economia suspendeu o andamento de reformas estruturais diante da proximidade das eleições municipais e da pouca disposição de lideranças políticas para debater mudanças no período.

Com isso, integrantes da pasta admitem que a próxima etapa da proposta de alterações no sistema tributário só deve ser enviada ao Congresso em 2021.

Colabora para o adiamento a repulsa dos líderes partidários a apoiar durante a corrida eleitoral a criação de um imposto sobre pagamentos.

Lideranças do governo manifestaram ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na segunda-feira (28) a preferência de discutir um texto somente após o pleito nos municípios.

Mas, mesmo após as eleições, a equipe econômica vê o calendário apertado até o fim do ano.

O ministro Paulo Guedes (Economia) apresentou na segunda aos líderes partidários uma reforma que previa não apenas a criação do novo imposto para substituir encargos que empresas pagam sobre salários. O tributo teria alíquota de 0,2% a ser aplicada sobre os pagamentos, e arrecadaria R$ 120 bilhões por ano.

Guedes também propôs aos líderes o corte do IPI para a linha branca.

O corte nesses bens (o que inclui geladeiras e fogões, por exemplo) já foi adotado pelo então ministro da Fazenda, Guido Mantega, para impulsionar o consumo durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT.

“Você pode reduzir o Imposto de Renda, eliminar alguns IPIs, reduzir cinco, seis, dez impostos se tiver uma base ampla na qual crie uma nova incidência [de imposto] para pessoas que não pagam”, afirmou Guedes em julho.

O adiamento do envio de uma proposta para 2021 causa uma espécie de efeito cascata no calendário de implementação das mudanças.

Mesmo com aval do Congresso, diferentes regras ainda precisariam atender o princípio da anterioridade e passariam a valer apenas no ano seguinte ao da aprovação. Portanto, caso as discussões fiquem para o ano que vem e consigam ser aprovadas em 2021, diversos pontos só valeriam a partir de 2022.

A visão entre interlocutores do ministro é que a disputa eleitoral fez todas as reformas estruturais ficarem suspensas.

O sentimento é que, com os interesses eleitorais, há pouca energia para discutir medidas que tenham ônus político. Mesmo as reduções de despesas podem ser mal vistas a depender da área que sofreria cortes.

Nem mesmo o Pacto Federativo, texto criado pela equipe de Guedes para cortar despesas e abrir espaço para outros gastos, teve andamento significativo no Congresso até agora e ainda sofreu críticas do próprio Bolsonaro.

O presidente barrou uma parte da proposta defendida pela equipe econômica (o congelamento de pensões e aposentadorias por dois anos, que pouparia R$ 17 bilhões só em 2021).

O momento é de política do arroz com feijão, segundo interlocutores. Soma-se a isso o fato de, como o próprio Guedes já disse publicamente, o Ministério da Economia estar “enquadrado” pela política. Quem manda na Economia agora é a política, afirmam interlocutores.

Guedes tem ressaltado que o governo está funcionando com um novo eixo político, por meio de uma interlocução direta com líderes do que chama de centro-direita (como ele se refere ao centrão). São as preferências desses líderes que, no fim das contas, têm ditado o rumo dos trabalhos.

Em tese, o Congresso pode continuar a discutir seus textos próprios de reforma tributária.

Câmara e Senado têm, cada Casa, uma PEC (proposta de emenda à Constituição) para fundir tributos em um IVA (Imposto sobre Valor Agregado). Mas o andamento deve ficar prejudicado sem as propostas do Executivo.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por exemplo, vem discutindo a criação de um fundo para compensar estados por eventuais perdas na extinção do ICMS, um desenho que, segundo ele próprio, teria de ser feito com a concordância do governo federal.

A equipe econômica vem se opondo à ideia, o que compromete o andamento da proposta.

Até hoje, o Ministério da Economia só entregou ao Congresso o projeto de lei que funde PIS e Cofins na chamada CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), uma proposta já discutida há anos.

Folha de SP

Impactos negativos da covid-19 nas empresas diminuíram em agosto

Os impactos negativos da pandemia da covid-19 foram sentidos por 33,5% das 3,4 milhões de empresas brasileiras na segunda quinzena de agosto, contra 38,6% medidos no período anterior. Na primeira quinzena de junho, o efeito negativo foi sentido por 70% do total. Outras 37,9% tiveram impacto pequeno ou inexistente e 28,6% sentiram efeitos positivos com a crise sanitária na segunda quinzena de agosto. Os dados foram divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid19 nas Empresas.

Empresas de todos os portes relataram a melhora na percepção. Segundo o IBGE, os efeitos pequenos ou inexistentes foram sentidos por 52,6% das empresas de grande porte, 43,3% das médias e por 37,8% das menores. As de porte intermediário tiveram a maior percepção dos efeitos positivos, com 33,8%.

De acordo com o coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas do IBGE, Flávio Magheli, nos primeiros meses da crise sanitária os impactos estavam relacionados à demanda por vendas, produção e atendimento, com o fechamento das lojas e o isolamento social. Depois, os problemas foram de oferta e acesso à cadeia de suprimentos. Com a flexibilização das medidas restritivas, está ocorrendo um processo de retomada gradual.

Atividades

As empresas de construção (40,0%) e do comércio (36,0%) foram as que relataram mais efeitos negativos na quinzena, as mesmas atividades da quinzena anterior. A indústria (40,3%) e o setor de serviços (43,2%) relataram mais impactos pequenos ou inexistentes, com destaque para os segmentos de serviços de informação e comunicação (68,7%) e serviços de transporte (48,8%). Segundo Magheli, o perfil do impacto mudou no decorrer da pandemia.

“Do ponto de vista setorial, no início da pesquisa, há uma incidência forte de dificuldades na indústria, na construção, nos serviços e principalmente no comércio, devido à grande dependência dos pequenos comércios em relação às lojas físicas. Ao longo desses três meses, ocorreu uma retomada gradual, mas no final de agosto 33,5% das empresas ainda sinalizam algum grau de dificuldade”.

Na análise regional, no período analisado os efeitos foram pequenos ou inexistentes para 37,4% das empresas na região Norte; 37,3% no Sudeste; 42,9% no Sul e 40,7% no Centro-Oeste. Com a maior abertura econômica nos estados do nordeste, a região se destaca com 45% das empresas relatando efeitos positivos na segunda quinzena de agosto.

Vendas

A redução nas vendas foi percebido por 32,9% das empresas, 34,7% tiveram impactos pequenos ou inexistentes e 32,2% relataram aumento nas vendas. O setor mais afetado pela redução nas vendas foi a construção, com 42,7%. O aumento foi sentido por 40,7% das empresas do comércio, sendo 43% no comércio varejista e 46,6% comércio de veículos, peças e motocicletas.

Apenas 13,9% das empresas relataram facilidade na capacidade de fabricar produtos ou atender clientes, enquanto 31,4% tiveram dificuldades e 54,4% não tiveram alteração significativa. A dificuldade no acesso ao fornecedor foi relatada por 46,8% e 44,1% não perceberam alteração. Obstáculos para realizar pagamentos de rotina foi sentida por 40,3% das empresas e 53% não tiveram alteração significativa.

Segundo os dados do IBGE, na segunda quinzena de agosto 85% das empresas em funcionamento mantiveram o número de colaboradores em relação ao período anterior, 8,1% diminuíram e 6,3% ampliaram o quadro de pessoal. Das 280 mil empresas que demitiram, 56,8% diminuíram o quadro em até 25%, sendo 55,8% delas empresas de menor porte, com até 49 trabalhadores.

Entre as medidas de prevenção da pandemia foram relatadas por 93,1% das empresas a realização de campanhas de informação e medidas extras de higiene, 28,6% mudaram o método de entrega, 25,7% adotaram o trabalho remoto, 20,1% anteciparam férias dos funcionários e 23,8% adiaram o pagamento de impostos.

O apoio governamental para adotar medidas para reduzir os impactos da pandemia foi relatado por 21,4% das empresas, sendo 47,9% das empresas que adiaram o pagamento de impostos e 61,6% das que acessaram linhas de crédito para o pagamento da folha salarial.

De acordo com Magheli, a situação geral das empresas melhorou, mas ainda não foram recuperadas as perdas provocadas pela pandemia da covid-19.

“Ao longo desses três meses, a percepção das empresas melhorou, mas o efeito de diminuição sobre as vendas, redução na capacidade de fabricar produtos ou atender clientes, dificuldades em acessar fornecedores e insumos e realizar pagamentos ainda faz parte da rotina das empresas”.

Agência Brasil

Ipea eleva projeção para IPCA em 2020 de 1,8% para 2,3% com alta dos alimentos

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar em 2,3% este ano, abaixo do centro da meta de inflação do governo, de 4%.

O cenário está no documento Visão Geral do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quinta-feira. Na edição anterior, o Ipea previa a inflação em 1,8% este ano.

A mudança para cima reflete a aceleração dos preços dos alimentos nos últimos meses. Apesar da previsão de inflação maior, o Ipea destacou que a expectativa segue de uma trajetória bem comportada dos preços, refletindo a capacidade ociosa, menor custo da mão de obra e dos aluguéis.

Os preços dos alimentos têm sido pressionados nos últimos meses por uma combinação de avanço do dólar, sazonalidade desfavorável e aumento dos preços das commodities no mercado internacional. Além do arroz, os destaques têm sido carnes, leites e derivados da soja.

Valor Investe

Adoção do home office registra menor patamar na 2ª quinzena de agosto, aponta IBGE

Em um universo de 3,4 milhões de empresas em funcionamento na 2ª quinzena de agosto, 25,7% informaram adoção de trabalho domiciliar, ou seja, o chamado “home office”, na pesquisa Pulso Covid-19 nas Empresas, anunciada há pouco pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa foi a menor parcela observada na série da pesquisa, iniciada na 1ª quinzena de junho.

Na edição imediatamente anterior da pesquisa, referente à 1ª quinzena de agosto, essa fatia era maior, de 32,3%. Flavio Migheli, gerente da pesquisa, informou ainda que, na 2ª quinzena de junho, essa fatia chegou a atingir 42,5% no levantamento.

Ele comentou que essa diminuição no porcentual desse tópico, no levantamento, tem a ver com a flexibilização nas atividades econômicas, iniciada nos últimos dois meses nas principais capitais, após a adoção de medidas restritivas a partir de março – como forma de inibir contaminação por covid-19.

“Na medida em que as atividades [econômicas] voltam, temos então menor incidência dessa ação [de trabalho domiciliar”, afirmou.

Valor Econômico

Governo envia ao Congresso projeto que libera R$ 6 bilhões para obras de infraestrutura

O governo informou nesta quarta-feira que enviou ao Congresso Nacional projeto de lei que abre um crédito “no valor aproximado de R$ 6 bilhões” que serão usados principalmente para obras de infraestrutura. O impasse sobre o custo dessas obras e o envio do projeto se arrasta há meses dentro do governo.

Só agora, porém, o Palácio do Planalto enviou o texto ao Congresso. A íntegra do projeto ainda não foi divulgada. Por isso, não é possível saber quais projetos e ministérios serão atendidos.

Segundo nota divulgada pela Secretaria-Geral da Presidência da República, os recursos serão usados, entre outros, para construção e manutenção de rodovias, para a Ferrovia de Integração Oeste-Leste.

O dinheiro também será usado, de acordo com a pasta, para estruturação das redes de atenção básica e especializada em saúde da Fundação Nacional de Saúde, para gestão e fiscalização de barragens.

Por conta do teto de gastos — regra que limita o crescimento das despesas da União —, para liberar o dinheiro o governo precisa cancelar outros recursos. Essas informações também não foram divulgadas, e só se tornarão públicas após a íntegra do projeto ser divulgada.

A demora para o envio do projeto ocorreu por conta do total de recursos. Inicialmente, a equipe econômica avisou que só havia espaço para R$ 5 bilhões. Por pressão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), esse valor subiu para R$ 6,5 bilhões. Agora, foram liberados R$ 6 bilhões, de acordo com o Palácio do Planalto.

Ao longo de agosto, ministros do governo cogitaram editar uma medida provisória (MP) liberando recursos para obras fora do teto de gastos, o que irritou Guedes.

Esses ministros argumentam ser necessário aumentar gastos públicos para recuperar a economia, além de pavimentar o caminho para a eleição do presidente Bolsonaro para as eleições de 2022.

Parte do dinheiro terá o destino indicado por parlamentares aliados ao governo, o que deve irrigar suas bases eleitorais. Também há recursos para os ministérios do Desenvolvimento Regional e o da Infraestrutura.

O dinheiro indicado por parlamentares é diferente das emendas anuais colocadas no Orçamento. É uma indicação feita apenas para aliados e acaba irrigando projetos dos próprios ministérios da Infraestrutura, MDR, Agricultura, entre outros.

O Globo

O desafio no pós-pandemia é não voltar para os vícios do passado’, diz presidente da Nestlé

Gigante multinacional dos alimentos que completa cem anos de Brasil em janeiro de 2021, a suíça Nestlé recebeu uma injeção de ânimo corporativa inesperada durante a pandemia de coronavírus. À medida que a economia parava e as pessoas ficavam mais em casa, a companhia de alimentos não podia cruzar os braços, pois seus produtos estão presentes em 99% dos domicílios. Segundo o presidente da Nestlé Brasil, Marcelo Melchior, a necessidade de seguir em frente deu à empresa uma agilidade de decisão que ele vai tentar preservar à medida que o País caminha para o “novo normal”.

“O desafio é não voltar aos vícios do passado, para aquela inércia em que cada um trabalhava no seu silo e a comunicação não ficava muito fluida. Na pandemia, nós fomos extremamente ágeis e nos falamos o tempo todo”, disse Melchior, em entrevista ao Estadão. “A grande pergunta é: será que vamos conseguir manter esse padrão? E a resposta eu só vou ter daqui a 6 meses ou 1 ano.”

Em vez de fazer o centenário brasileiro virar uma celebração apenas do passado, a Nestlé quer fazer da data uma razão para discutir temas relacionados a meio ambiente, sociedade e governança (ESG, na sigla em inglês). Entre os projetos que vão marcar as comemorações estão uma ação de reflorestamento de uma grande área na Bahia e a divulgação de uma pesquisa global sobre as dificuldades que os pais enfrentam para criar os filhos em diferentes regiões do mundo.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Como a pandemia afetou os negócios da Nestlé e como a empresa se adaptou a ela?

Acho que soubemos nos reinventar. Sabíamos que precisávamos continuar a abastecer o mercado, pois 99% dos lares brasileiros têm produtos Nestlé. Então, para os nossos 7 mil promotores de venda, que abastecem supermercados em todo o País e não podiam parar, usamos a nossa frota para fazer uma carona solidária – evitando, assim, que esses trabalhadores usassem transporte coletivo. Cada pessoa também passou a cuidar de uma só loja. E o mais importante para a gente são fábricas e equipes comerciais, que não pararam. O escritório foi mais fácil de resolver, mas ele só representa 2 mil pessoas de um total de 28 mil que temos no País.

E o qual é o desafio agora?

O desafio é não voltar aos vícios do passado, para aquela inércia em que cada um trabalhava no seu silo e a comunicação não ficava muito fluida. Na pandemia, nós fomos extremamente ágeis e nos falamos o tempo todo. E realmente houve delegação de tarefas. A pessoa mais próxima da ação sabe qual é a melhor decisão – e dar a ela o poder de tomar essa decisão faz com que ela trabalhe melhor. Ela não se sente um peão pouco importante em um jogo de xadrez. A grande pergunta é: será que vamos conseguir manter esse padrão? E a resposta eu só vou ter daqui a 6 meses ou 1 ano.

Apesar da pandemia, a Nestlé vai conseguir crescer em 2020?

Em 15 de março, todo o planejamento de 2020 teve de ser jogado no lixo. Houve uma disrupção muito grande. Tudo o que era consumo fora do lar – como o Nestlé Professional ou os serviços para empresas da Nespresso – ficou parado. A Páscoa também foi prejudicada, pois as pessoas não se reuniram como sempre fizeram nessa data. Enquanto isso, outras áreas ficaram absolutamente sobrecarregadas, como e-commerce. Então criamos uma missão colaborativa, em que pessoas foram requisitadas por áreas que tinham muito trabalho. E isso foi bom, porque ninguém ficou sem trabalho e muitos fizeram uma formação que não estava prevista neste ano. E isso se vê nos nossos resultados de 2020. Apesar de alguns segmentos terem sido prejudicados, no geral nós vamos crescer neste ano e ganhar market share (participação de mercado).

A Nestlé faz cem anos de Brasil em 2021. O que vai marcar o centenário?

Vamos fazer muitas ações ao longo do ano que vem. Mas não queremos só relembrar. Queremos falar de meio ambiente e de coisas importantes para a sociedade. Uma ação de reflorestamento na Bahia, em parceria com uma ONG, vai plantar 1 milhão de árvores. Em nossos produtos, vamos buscar redução de uso de plástico – já eliminamos, por exemplo, o que embalava as caixas de bombom. Só isso reduziu nosso consumo de plástico em 400 toneladas por ano. Além de reduzir o plástico, podemos também ampliar o uso de latas, que são embalagens muito ecológicas e já têm um sistema de economia circular.

O Estado de SP

Senado vota nesta quinta MP com R$ 20 bi para socorro a empresas

Está na pauta do Plenário desta quinta-feira (1º) medida provisória (MP 977/2020) que abre crédito extraordinário de R$ 20 bilhões para garantir socorro a micros, pequenas e médias empresas afetadas pela pandemia. A proposta foi aprovada pela Câmara na terça-feira (29), dois dias antes do fim da validade. O dinheiro será usado para garantir empréstimos dentro do Programa Emergencial de Acesso a Crédito com Fundo Garantidor de Empréstimos (Peac-FGI).

Fonte: Agência Senado

Lei flexibiliza regras de licitação até o fim do estado de calamidade pública

O presidente Jair Bolsonaro sancionou, sem vetos, a medida provisória que flexibiliza as regras de licitação durante o estado de calamidade pública da covid-19. A MP 961/2020 foi transformada na Lei 14.065, de 2020, publicada nesta quinta-feira (1) no Diário Oficial da União.

Entre outros pontos, a lei aumenta os limites para a dispensa de licitação e estende o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) para todas as compras e contratos firmados. Assim, todos os órgãos da administração pública poderão dispensar a licitação para obras de engenharia de até R$ 100 mil e para compras de até R$ 50 mil durante o estado de calamidade pública relativo à pandemia.

Criado para aumentar a celeridade das licitações, o RDC era até então aplicado a situações específicas, como obras e serviços de engenharia do Sistema Único de Saúde (SUS). A lei também autoriza, sob certas condições, o pagamento antecipado em licitações. Ou seja, os órgãos públicos poderão efetuar o pagamento pelo serviço ou produto antes mesmo que eles sejam entregues.

Atualmente, o Tribunal de Contas da União (TCU) admite a antecipação do pagamento apenas em situações excepcionais.

A MP 961/2020 teve como relatora no Senado a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS). Seu parecer, aprovado em setembro, manteve o texto aprovado na Câmara, onde o relator foi o deputado João Campos (Republicanos-GO).

As novas regras valem para licitações e contratos firmados por órgãos da União, estados, municípios e Distrito Federal durante o estado de calamidade pública (20 de março a 31 de dezembro). Também vão beneficiar entidades que gerenciam recursos públicos, como organizações da sociedade civil e escolas filantrópicas.

Veja os principais pontos da lei:

  • Pagamento antecipado

Poderá ser feito se for condição indispensável para obter o bem ou o serviço, ou se significar “economia significativa” de recursos. A medida deverá estar prevista no edital de licitação ou no documento que declara o vencedor da licitação (ato adjudicatório).

O órgão licitante deverá exigir medidas para reduzir o risco de inadimplência contratual, como garantia de até 30% do valor do contrato. Se o contrato não for cumprido, o valor antecipado deverá ser devolvido corrigido.

  • Dispensa de licitação

Será permitida para obras e serviços de engenharia de valor até R$ 100 mil (antes o limite era de R$ 33 mil). E para compras e outros serviços de valor até R$ 50 mil (antes, era de R$ 17,6 mil).

  • Regime Diferenciado de Contratações (RDC)

Poderá ser aplicado a todas as licitações, como obras, serviços, compras, venda ou locações.

  • Registro de preços

A lei permite, com alguns limites, a adesão de órgãos e entidades da administração pública federal a ata de registro de preços gerenciada por órgãos estaduais, distrital ou municipais. Além disso, o registro de preços também poderá ser adotado nas compras emergenciais para o combate à covid-19 feitas com dispensa de licitação.

Registro de preços é um procedimento especial de licitação que escolhe a proposta mais vantajosa para contratação futura, quando esta for necessária. Ou seja, o órgão só fecha o contrato com o vencedor quando há necessidade do produto ou serviço. O sistema é usado, por exemplo, na compra de medicamentos pelo sistema público de saúde.

  • Transparência

Todos os atos praticados com as regras da lei deverão ser divulgados em site oficial. Entre os dados que deverão ser tornados públicos estão o nome do contratado, o número do CNPJ, valor e prazo do contrato.

Os órgãos de controle interno e externo darão prioridade de análise e manifestação às compras relacionadas ao enfrentamento da covid-19.

Fonte: Agência Senado