Projeto proíbe técnica de arquitetura que afasta moradores de rua

Após polêmica, funcionários da prefeitura de São Paulo retiram pedras colocadas embaixo de viadutoFonte: Agência Senado

O Senado pode analisar um projeto de lei que proíbe o uso de “arquitetura hostil” em espaços livres de uso público. A técnica, também conhecida como “arquitetura defensiva”, é caracterizada pela instalação de equipamentos urbanos (como pinos metálicos pontudos e cilindros de concreto nas calçadas) que visam afastar pessoas, principalmente as que estão em situação de rua. De autoria do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), a proposta (PL 488/2021) altera o Estatuto da Cidade (Lei 10.257, de 2001).

A medida foi apresentada após grande polêmica em São Paulo, no início de fevereiro. O padre Júlio Lancellotti, conhecido por suas ações de acolhimento às pessoas em situação de rua, usou uma marreta para remover pedras instaladas pela prefeitura no chão de um viaduto. O protesto simbólico do religioso viralizou na internet e ganhou apoiadores pelo país.

Para Contarato, o episódio não foi apenas um fato isolado. Na justificativa do projeto, o senador afirma que muitas cidades brasileiras têm incentivado a arquitetura defensiva, em razão da especulação imobiliária de determinadas regiões. Outros exemplos desse tipo de arquitetura incluem bancos sem encosto, ondulados ou com divisórias, cercas eletrificadas e pedras ásperas e pontiagudas.

“A ideia que está por trás dessa ‘lógica’ neoliberal é a de que a remoção do público indesejado em determinada localidade resulta na valorização de seu entorno e, consequentemente, no aumento do valor de mercado dos empreendimentos que ali se localizam, gerando mais lucro a seus investidores”, explica.

Marginalização

De acordo com o senador, o desenvolvimento urbano está diretamente ligado à redução da marginalização. Para ele, qualquer ação em sentido contrário deve ser repudiada pelo Estado.

“A raiz do problema está na pobreza, na marginalização e na falta de moradia digna. Tirar pessoas vulneráveis do alcance da vista não resolve tais problemas. Pelo contrário, aprofunda ainda mais a desigualdade urbana”, argumenta.

Contarato ressalta ainda que não defende a fixação de moradores de rua nesses espaços, mas acredita que a expulsão deles por meio da chamada arquitetura hostil não soluciona qualquer problema — ao contrário, agrava a desigualdade social.

“Não bastassem a invisibilidade e as mazelas sofridas pelas pessoas em situação de rua, que hoje totalizam cerca de 222 mil pessoas no Brasil, o Estado, sob pressão do capital financeiro, tenta removê-los até mesmo de um lugar em que se abrigam da chuva”, conclui.

Fonte: Agência Senado

Pnad Contínua: Construção gerou 296 mil vagas em relação ao último trimestre de 2020

A população ocupada no País (86,2 milhões) subiu 4,5% (mais 3,7 milhões de pessoas) em relação ao último trimestre de 2020. Já a construção civil gerou 296 mil vagas. Com isso, o setor voltou a superar a marca de 6 milhões de ocupações em todo o País.

No período de outubro-novembro-dezembro, o setor registrou 6,018 milhões de ocupações, número 5,17% superior ao período julho-agosto-setembro/2020.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) para o trimestre, divulgada nesta sexta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e envolvem o mercado formal e informal (sem carteira, conta própria, sem CNPJ, etc).

“O resultado demonstra uma expansão ainda mais generalizada do setor no último trimestre. Também demonstra, mais uma vez, a importância da indústria da construção”, ressalta a economista do Banco de Dados da Câmara Brasileira da indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos.

Em relação ao último trimestre de 2020, a PNAD revelou queda de 803 mil ocupações na construção.

Agência CBIC

Crédito imobiliário e IPO´s

Crédito imobiliário

Os financiamentos imobiliários com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiram R$ 12,29 bilhões em janeiro de 2021, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Trata-se do maior volume nominal registrado em um mês de janeiro na série histórica iniciada em 1994. Comparado a janeiro de 2019, o crescimento atingiu 72%.

CVM orienta sobre registro

Com a nova onda de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem recebido muitos pedidos de registro de companhias abertas juntamente com as solicitações para os IPOS, o que não era tão comum. Com o aumento da demanda, a Superintendência de Relações com Empresas (SEP), área responsável pelos pedidos de companhia aberta, traz recomendações específicas sobre a documentação apresentada. A partir da entrega da totalidade da documentação, a área técnica tem um período de 20 dias para fazer a análise para o registro de companhia aberta.

Fila de IPOs aumenta

A Kora Saúde, a Tegra incorporadora, a petroleira PetroRecôncavo e a plataforma GetNinjas enviaram à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedido para registro de suas ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês). A capixaba Kora pretende se listar no Novo Mercado da B3. O prospecto preliminar diz que a empresa possui dez hospitais próprios localizados no Espírito Santo, Mato Grosso e Tocantins, somando 1.002 leitos, sendo 293 de UTIs. Já a Tegra atua no segmento imobiliário residencial de alta e média renda. Os lançamento em 2020 foram de R$ 964 milhões. A PetroRecôncavo é uma operadora independente de petróleo e gás especializada na operação, desenvolvimento e revitalização de campos maduros em bacias terrestres. A GetNinjas é uma plataforma para sistemas Android, iOS e web, presente em todos os Estados e que conecta digitalmente profissionais de variadas áreas, pessoas físicas ou jurídicas, a potenciais clientes. No fim de 2020, a plataforma reunia 2,1 milhões de profissionais cadastrados, distribuídos em mais de 500 categorias.

Valor Econômico, coluna Destaques

Construção civil permanece aquecida

A construção civil foi o setor que mais gerou empregos em 2020. Segundo informações do Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged), os empreendimentos imobiliários foram responsáveis por abrir 157.881 novos postos de trabalho formais entre janeiro e novembro do ano passado. Mesmo em meio à pandemia, o número foi 34,6% maior em relação ao mesmo período de 2019.

E a boa notícia é que a curva de crescimento deve se manter em 2021. O otimismo ampara-se no próprio aquecimento do mercado imobiliário, que continua registrando altas em sequência. As taxas e juros que vêm sendo aplicados pelos bancos para os financiamentos imobiliários, na casa dos 6% a 8% ao ano, vêm aumentando a fila de consumidores.

É um círculo virtuoso. Juros baixos atraem mais compradores. Mais compradores aumentam a demanda, estimulando a construção. Isso faz com que as construtoras necessitem de mais mão-de-obra. Daí a explicação para um mercado com tamanha empregabilidade.

A Câmara Brasileira da Construção Civil (Cbic) aposta em um crescimento de 4% no PIB do setor em 2021, o que significa a geração de 200 mil novos empregos. Essa expectativa acompanha a projeção de alta dos lançamentos imobiliários entre 15% e 20% em comparação com 2020.

O cenário só não está ainda melhor por causa de alguns insumos. Houve escassez de matérias-primas da construção civil em 2020, e isso elevou os preços de alguns produtos em mais de 70%. Nem mesmo o desabastecimento foi suficiente para emperrar a linha de crescimento, mas entendo que a alta poderia estar mais acelerada se não fosse por esse detalhe.

O Estado de SP, por Renato Las Casas, diretor comercial da Ecogranito

Abrainc pede fim de tarifa de importação de materiais

Empresas de incorporação imobiliária, por meio de sua entida, a Abrainc, solicitou ao governo federal, por meio do Ministério da Economia, a suspensão temporária das alíquotas de importação de materiais de construção, segundo o Valor apurou. A pressão de custos de materiais tem sido considerada o maior desafio para incorporadoras e construtoras, principalmente na cidade de São Paulo, onde o mercado imobiliário é mais pujante.

“Há conversas com o governo para ver o que é possível fazer, por um determinado período, para que os fornecedores de materiais mantenham os preços”, conta uma fonte do setor. No momento, Abrainc e Ministério da Economia estão realizando – cada parte, por seu lado – análises técnicas sobre as implicações das importações. Procurada, a entidade não se manifestou.

Materiais como aço, concreto, fios de cobre e PVC estão entre os que têm as altas mais comentadas no setor. Conforme a fase da obra, o empreendimento será mais afetado pelos reajustes de materiais básicos ou de acabamento. “A construção está bastante sufocada com o aumento dos insumos”, afirma o presidente do Sindicato da Construção (Sinduscon-SP), Odair Senra.

Segundo o vice-presidente de relações institucionais da Tecnisa, Fabio Villas Bôas, no ano passado, o setor entendeu que as altas de preços praticadas pelos fornecedores de materiais eram um “ajuste” após a retomada da demanda. “Mas, aparentemente, os aumentos não têm fim”, diz o executivo.

Elevações dos insumos têm contribuído para pressionar o indicador de referência para ajustes das parcelas pagas pelo comprador à incorporadora até o recebimento das chaves. Em 12 meses, o Índice Nacional de Custo da Construção – Disponibilidade Interna (INCC-DI) acumulado é de 9,37%. A alta de janeiro foi de 0,89%.

Na avaliação de Senra, do Sinduscon-SP, ajustes acentuados do INCC podem vir a resultar em inadimplência ou distratos se não forem acompanhados por aumento de renda do comprador. “Isso ainda não está acontecendo, mas é uma preocupação de todos nós”, ressalta Villas Bôas.

Os prazos para recebimento dos insumos também está mais dilatado. Na SKR Incorporadora e Construtora, o tempo entre pedir e receber aço de fornecedores pequenos costumava ser de 15 a 20 dias e, das grandes produtoras, por volta de 30 dias. “Agora, nos pedem de 60 a 90 dias para a programação de entrega”, compara Gabriel Junqueira, diretor de engenharia da SKR.

Nos padrões médio e alto, incorporadoras podem repassar as elevações de custos para os preços dos imóveis ainda não vendidos, desde que o novo valor não ultrapasse a capacidade de compra dos consumidores ou torne a unidade pouco competitiva em relação a imóveis semelhantes comercializados na mesma região.

Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da Mitre Realty, Rodrigo Cagali, a incorporadora conseguirá vender lançamentos com elevação de preços para preservar margens, assim como ocorreu em 2020. Já o diretor técnico da Trisul, Roberto Pastor, diz não ser possível repassar aumentos de custos para os preços, o que leva a companhia a buscar outras formas de compensação. “Estamos buscando tornar a construção mais racional e mais tecnológica”, afirma Pastor.

Na baixa renda, repassar os aumentos é ainda mais difícil por causa do teto de preço definido para cada faixa de imóveis incluídos no programa habitacional Casa Verde e Amarela. “Do total de nossas obras, 90% está no programa. Temos tentado fazer as construções em tempo menor, mas não há muito para onde correr”, diz Dante Seferian, presidente da Danpris.

Algumas incorporadoras já se preocupam com a potencial volta do risco de estouros de orçamentos. No começo da década passada, o setor enfrentou revisões de orçamento que prejudicaram as margens das empresas. “Em 2020, havia folga, mas os aumentos dos insumos têm comido nossa economia de obras. Em algum momento, pode haver estouro de novo”, diz o vice-presidente da Tecnisa.

O presidente da Direcional Engenharia, Ricardo Gontijo, porém, diz não ver o setor voltar àquela situação de estouro de custos do passado. “O setor aprendeu demais. Houve mudança de processos construtivos que possibilitaram elevar a produtividade. E, lá atrás, o maior problema foi ligado à mão de obra, não aos materiais”, destaca.

Em um cenário mais extremo, construtoras que prestam serviços a incorporadoras podem ter de paralisar obras pela inviabilidade dos custos, no entendimento do presidente do Sinduscon-SP.

A preocupação com a inflação ultrapassa os limites setoriais, de acordo com o executivo de uma incorporadora. O principal impulso para as vendas de imóveis têm sido os juros baixos. Conforme o patamar de alta da inflação, as taxas de juros poderão voltar a subir, alterando a dinâmica favorável ao setor. Não é o que as empresas esperam para o curto prazo, mas trata-se de ponto de atenção.

Valor Econômico

Moradia compacta e flexível: o futuro dos imóveis para Alexandre Frankel, de Vitacon e Housi

A pandemia trouxe um movimento interessante: a procura por imóveis mais amplos e longe dos centros urbanos, diante de um futuro do trabalho híbrido ou completamente remoto.

Alexandre Frankel viu seus negócios – a construtora Vitacon e a plataforma de aluguel por assinatura Housi – crescerem impulsionados por uma tendência completamente oposta.

A Vitacon nasceu em 2010, focando em imóveis que costumam ficar entre 10 e 40 metros quadrados e estão próximos a locais de trabalho, em regiões centrais, com boa  oferta de transporte público. Seus principais clientes são investidores. A Housi surgiu em 2019, primeiramente mediando a locação dos apartamentos da própria Vitacon. Agora, reúne imóveis de outras construtoras e aposta em uma locação completamente flexível, aos sabores de necessidades pessoais, e com “assinatura do imóvel”, que cai em débito automático mensalmente.

Em conversa com o InfoMoney, Frankel admite que a procura por imóveis maiores e mais distantes realmente existe – mas representa uma fatia pequena da população brasileira. “Vejo um movimento parecido com o dos carros. Era uma loucura dizer que as pessoas não comprariam mais automóveis. Mas vemos muita gente hoje que não quer endividamento e dor de cabeça com um veículo, mesmo que o financiamento seja bem facilitado. (…) Temos uma migração do sonho da casa própria para o do acesso à moradia cada vez mais conveniente e flexível.”

Veja os principais trechos da entrevista com Alexandre Frankel, fundador da Vitacon e da Housi:

InfoMoney – Como Vitacon e Housi terminaram o ano de 2020?

Alexandre Frankel – Na Vitacon, fechamos o último ano com R$ 1,3 bilhão em lançamentos, dentro do guia que tínhamos proposto no começo de 2020. Achávamos que a pandemia não permitiria chegar a esse número. Mas o mercado imobiliário se recuperou de forma expressiva, especialmente no segundo semestre. Tivemos um volume geral de vendas (VGV) de R$ 930 milhões sobre esses lançamentos. O número só não foi mais alto porque muitos prédios foram lançados no final do último ano, com órgãos públicos e obras paralisados diante da pandemia.

A Housi tem um modelo de crescimento exponencial, diferentemente do negócio de real estate [moradia própria]. Chegamos a 20 mil unidades para locação cadastradas na nossa plataforma de gestão de aluguel, expandindo a cobertura de duas para 40 cidades ao longo de 2020. A demanda por locação para executivos caiu em 2020, mas foi suprida pela procura dos moradores. Já o fundo imobiliário da Housi (HOSI11) fechou a captação em fevereiro de 2020. Caiu até 30% em março, por conta da pandemia, mas fechou o ano em patamar parecido com o de abertura [a cota registrou desvalorização de 21,15% desde a estreia na B3, em 21/02/20, até o dia 31/12/20]. Acreditamos bastante nos ativos residenciais e estamos planejando novos passos para a Housi.

IM – Quais são as projeções para as duas empresas em 2021?

A Vitacon virou uma especialista em renda por imóveis residenciais, e essa especialização leva segurança aos investidores. Prevemos um mercado aquecido neste ano, seja em imóveis para o varejo [venda de apartamentos direto ao consumidor] ou em imóveis para o atacado [prédios inteiros vendidos para fundos ou investidores institucionais]. Não fechamos nosso guidance, mas projeto uma expansão de 15% a 20% sobre o número de lançamentos em 2020.

Na Housi, queremos triplicar o número unidades e de cidades em que estamos presentes ao longo de 2021. Fazemos a priorização por tamanho de valor e valor médio da locação. Estamos em grandes capitais e agora queremos seguir nas cidades que vêm logo depois nesses dois quesitos. Nosso modelo de moradia flexível tem como precedente a operação em diversas cidades, podendo criar um efeito de rede por meio de toda a rede da Housi. As pessoas deverão escolher outras cidades para morar – seja para trabalho ou para fazer um curso ou networking durante alguns meses.

O usuário já consegue fazer a locação de apartamentos em diversas cidades brasileiras dando apenas alguns cliques na Housi. Em 2021, queremos que ele também consiga fazer a mudança rápida para outros países. Estamos estudando a internacionalização para países na América Latina e Europa com potencial de mercado e cultura aderente ao nosso modelo de moradia flexível. O objetivo é virar a maior gestora de ativos residenciais sediada no Brasil.

IM – Como o modelo de moradia flexível é diferente da locação tradicional?

Do ponto de vista do usuário, a diferença está em uma mudança de apartamento sem atritos. Os modelos anteriores engessam a troca, exigindo visitas, documentos físicos, vistorias e fiadores. Agora, o usuário pode ir com facilidade para um apartamento maior se formou família, ou para um menor se quiser economizar.

A locação na Housi leva menos de um minuto e incluímos serviços como arrumação, manutenção e mobília no mesmo aplicativo. Adotamos um modelo plug and play, inserindo cada vez mais recursos para os moradores dentro da plataforma por meio de parcerias. Vale lembrar que nossos contratos duram até 12 meses e são reajustados por oferta e demanda, não por um índice como IPCA ou IGP-M.

Já do ponto de vista do proprietário, atendemos desde quem tem apenas um imóvel até investidores institucionais, com diversas propriedades. O dono concede a gestão para a Housi e pode acompanhar sua rentabilidade por meio de um painel no aplicativo, como faria com qualquer outro ativo financeiro. Cobramos uma comissão que vai de 8% a 12% do valor de locação. O diferencial está na transparência da rentabilidade e no mínimo de trabalho para gestão da propriedade.

O sucesso do nosso modelo pode ser visto não só pela nossa expansão em propriedades e cidades, mas também pela variedade de valores e usuários. O aluguel mensal costuma ficar entre R$ 800 e R$ 4.000. Já os públicos vão desde entrantes no mercado de trabalho até famílias e idosos. Em comum, nossas pesquisas mostram que 82% dos usuários não planejam a compra de um imóvel no futuro.

IM – De agosto de 2019 a agosto de 2020, a Selic teve nove quedas seguidas, passando de 6,5% ao ano para os atuais 2% ao ano. A taxa básica de juros menor joga contra a tendência de não querer a casa própria?

Por mais que a Selic tenha caído, os juros do financiamento imobiliário não caíram na mesma proporção. Esses financiamentos têm taxas entre 9% a 10% ao ano, considerando o Custo Efetivo Total (CET). Fora o valor da entrada e os custos para a reforma. Os juros continuam altos para quem busca imóvel como moradia. Tais atritos são levados em consideração, e vemos pessoas com um comportamento de não querer fazer a aquisição da propriedade e imobilizar seu capital, independentemente das taxas.

Vejo um movimento parecido com o dos carros. Era uma loucura dizer que as pessoas não comprariam mais automóveis. Mas vemos muita gente hoje que não quer endividamento e dor de cabeça com um veículo, mesmo que o financiamento seja bem facilitado. Não é uma questão de taxa de juros, é um comportamento de consumo. Temos uma migração do sonho da casa própria para o do acesso à moradia cada vez mais conveniente e flexível. Queremos ser o agente dessa transformação, em parceria com construtoras e incorporadoras pelo Brasil.

IM – Sobre Vitacon: alguns estudos apontaram que pessoas estão procurando imóveis maiores e mais distantes, diante do trabalho híbrido ou remoto. A construtora vai contra essa percepção?

Querer todo mundo quer, mas precisamos entender o que cabe no bolso. Algumas pessoas estão indo para casas na praia, essa é uma tendência real, mas existe um número bem maior que não pode se dar ao luxo do trabalho remoto. O mais viável para o resto da população é procurar um apartamento menor que permita não passar pelo transporte público – não procurar um apartamento maior e mais distante.

Em 2020, os imóveis de um dormitório representaram 28% das vendas na cidade de São Paulo, segundo o Secovi, enquanto os de dois dormitórios representaram 59%. Ao todo, esses apartamentos menores acumularam 87% das vendas. Temos uma situação similar em preços: apartamentos de até R$ 240 mil representaram 51% das vendas, seguidos por 27% para os apartamentos entre R$ 240 mil e R$ 500 mil. Ao todo, 78% das vendas.

A solução que se mostrar aderente ao perfil da população, em termos econômicos e de praticidade, será vencedora. Por isso, acreditamos na resiliência da moradia centralizada. Com o avanço da vacinação, teremos um retorno forte aos comportamentos vistos antes da pandemia, em termos de convivência e entretenimento. Projetamos uma demanda igual ou mais reforçada ainda.

IM – Houve um aumento no interesse dos investidores pelos imóveis residenciais?

Investidores representam atualmente mais de 85% das vendas nos prédios da Vitacon. É difícil cravar retorno médio, mas o mercado de imóveis pode apresentar uma rentabilidade de cinco vezes o CDI. É uma taxa bem superior à da renda fixa, lastreada em ativos reais. Fora as correções monetárias dos contratos de locação por índices inflacionários e a própria tendência de valorização das propriedades.

Defendo como uma classe de ativos que deve participar de uma carteira diversificada. Para seus investidores na pessoa física, tem como objetivo a preservação de patrimônio e a renda futura. Já os investidores institucionais começam a explorar os imóveis residenciais. Os fundos imobiliários (FIIs) devem crescer nessa classe de ativos. Queremos ocupar esses espaços, fornecendo gestão.

InfoMoney


Engenheira de 26 anos lidera canteiro de obras e destaca avanço feminino na construção civil

Lorrany Ferreira Moreira
Lorrany Ferreira Moreira / Foto: Marcos Sandes

“Nunca permiti que ninguém diminuísse minha capacidade de sonhar, muito menos de realizar esses sonhos”, conta Lorrany Ferreira Moreira, homenageada da Série ‘Mulheres que lideram’, especial ao Dia Internacional da Mulher da AF Notícias.

Ela deixou Xinguara (PA), em 2015, e chegou em Araguaína com a ‘mala e a coragem’ decidida a se tornar uma profissional de referência no setor da construção civil. “Hoje, posso dizer que já ultrapassei a metade do caminho”, acrescenta.

Lorrany tem 26 anos e, desde 2020, atua como engenheira no setor da construção civil. Quando teve sua primeira oportunidade, ainda como estagiária, deixou o trabalho como maquiadora e deu o melhor de si para conquistar novos degraus. A experiência de estágio foi na obra de construção da Nova Feirinha e serviu de escada para a efetivação no quadro de engenheiros da empresa em que trabalha. 

Quando iniciei minha experiência profissional, percebi o quanto ainda era tímida a presença das mulheres nas obras, executando, coordenando, delegando funções e essa realidade só tem me motivado ainda mais a seguir firme ocupando o espaço que mereço como mulher, afinal meu lugar é onde eu quiser”, destaca a engenheira. 

Desafios

Dentro do quadro de colaboradores da empresa de engenharia em que trabalha, Lorrany é uma das três mulheres da equipe composta por outros seis engenheiros e mais de 20 pedreiros e serventes. 

Entre os serviços em que ela desempenha suas funções está o Centro de Convenções de Araguaína, onde a engenheira atuou no setor de compras para aquisição de todos os materiais. 

“A fase de gestão de obra me deu mais força para seguir firme na profissão, principalmente mostrando a outras mulheres que é possível liderarmos mesmo que os homens ainda estejam em grande número dentro dos canteiros de obras. Foi nessa fase também que aprendi a me posicionar melhor e construir uma relação de respeito com eles”, afirma.

A engenheira civil ainda destaca desafios que, infelizmente, são enfrentados na profissão, como o assédio de várias formas, diferença salarial e falta de respeito quando as mulheres exercem cargos de confiança. 

Sonhos      

Com a bota no chão, Lorrany segue focada em alcançar novas experiências profissionais e seguir representando e lutando pelo crescimento das mulheres em sua área.

“Meu desejo é ver os números crescerem e espero de verdade uma construção civil cada vez mais igualitária e acessível à mulher, desde os canteiros de obra até a gestão de tecnologias de ponta”, concluiu. 

AF Notícias

Como a inovação dos drones está influenciando a indústria da construção

Usar drones para levantamento e mapeamento é apenas o começo quando se trata da gama de soluções que um drone pode fornecer:

Levantamento

A acessibilidade e a precisão estão ajudando os drones a estabelecer seu papel no levantamento e na reprodução de medições altamente precisas. Possui aplicações específicas para pesquisas iniciais onde o acesso a todas as partes da obra não é possível. Os dados dos levantamentos iniciais também ajudam a informar as avaliações de impacto ambiental e fornecem registros históricos do site.

Mapeamento e Modelagem 3D

O processo de modelagem 3D de imagens aéreas de alta resolução (Ortomosaico) possui vários formatos e permite que imagens de toda a área do projeto sejam capturadas e mescladas em um modelo abrangente. Enquanto as imagens 3D oferecem todos os benefícios da modelagem, as imagens 2D permitem medições e ajustes altamente precisos.

Monitoramento do progresso

A grande maioria dos drones mais recentes possuem transmissão de vídeo em tempo real. Os drones tornam a produção de mapas de progresso semanais muito mais rápida, fácil e barata do que as formas tradicionais. Também facilitam o compartilhamento de informações entre construtoras e seus clientes, aumentando a eficiência e a comunicação.

Segurança e manutenção de locais de construção

As operações com drones também podem apoiar a logística e o gerenciamento de ativos nas obras e aumentar a sua segurança. As violações na segurança podem ser rapidamente capturadas pelo drone e a situação verificada em tempo real. O uso de recursos adicionais como imagens térmicas, visão noturna, significa que problemas de segurança ou incêndio podem ser identificadas imediatamente, de uma distância segura. Os dados também podem fornecer pistas e provas para perícia ou auditoria.

Gerenciamento de risco e segurança

Por não serem tripulados os drones tem particular relevância no trabalho nos canteiros de obras. Nas áreas consideradas arriscadas para o envio de pessoal, como estruturas perigosas, áreas com vazamento de materiais perigosos ou onde há materiais inflamáveis, o uso de um drone representa a opção mais segura. Onde houver áreas completamente inacessíveis ou incerteza sobre questões de segurança os drones podem e devem ser usados para economizar tempo e minimizar riscos.

Transporte de mercadorias

Os drones também têm um papel a desempenhar na logística e podem facilitar e melhorar as práticas fornecendo entregas aéreas de equipamentos, materiais e avisos. Sendo pequeno e relativamente fácil de manobrar (por pessoas treinadas), pode ser mais rápido e também mais seguro implantar um drone a um acidente do que usar veículos no local, especialmente porque ser atingido por um veículo em movimento foi a principal causa de mortes em canteiros de obras em 2017, em Londres.

Portal Administradores

Tegra, ex-Brookfield, entra com pedido de IPO para voltar à Bolsa

A Tegra, antiga Brookfield Incorporações, encaminhou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um pedido de registro de oferta de ações (IPO, na sigla em inglês). Se confirmada, a operação vai marcar a sua volta à Bolsa após quase sete anos.

A canandense Brookfield, controladora da companhia, fechou o capital da incorporadora em meados de 2014 em meio a uma forte crise na economia brasileira somada a problemas internos, como distratos, atrasos de obras e estouros de custos, que abalaram os negócios na ocasião. Com isso, a Brookfield se manteve como única acionista, por meio do fundo BRKB RE OPP Fund LLC.

De lá para cá, a incorporadora foi totalmente repaginada. Os lançamentos foram temporariamente cessados, ela deixou o segmento do Minha Casa Minha Vida (em que as margens são mais apertadas) e se firmou nos mercados de médio e alto padrão, com foco em São Paulo, Rio e Campinas. Para o comando da empresa, foi escalado o experiente executivo Ubirajara Freitas (ex-Cyrela), mais conhecida como Bira.

Por fim, a mudança do nome do grupo para Tegra ocorreu em 2017 e foi necessária para espantar a imagem ruim deixada dos tempos de crise. Já a volta do balanço para o azul foi em 2019. A Tegra teve lucro líquido de R$ 86 milhões em 2020, ante R$ 48 milhões no ano anterior. A margem bruta se manteve em 31% nesse período.

A oferta de ações será primária (quando o dinheiro fica no caixa da empresa) e secundária (venda de participação do acionista). A operação está sendo coordenada pelos bancos Itaú BBA (líder), BTG Pactual, Bank of America, Bradesco BBI, Santander e ABC Brasil.

O IPO terá como objetivo dar suporte a uma aceleração do crescimento. Do total de recursos a serem captados na Bolsa, 83% serão destinados para a compra de terrenos para futuros empreendimentos e 17% vão para capital de giro.

O foco do crescimento são os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A incorporadora tem um banco de terrenos com potencial para lançar empreendimentos avaliados em R$ 11,5 bilhões, dos quais 89% estão concentrados em São Paulo, 1% no Rio, e o restante fazem parte da Tamboré, empresa do grupo voltada ao setor de loteamentos.

Nos últimos anos, a Tegra lançou projetos com valor geral de vendas de R$ 1,9 bilhão em 2019, caindo para R$ 964 milhões em 2020 em razão da pandemia. Por outro lado, as vendas cresceram, surfando a onda dos juros baixos. Elas passaram de R$ 1,4 bilhão em 2019 para R$ 1,6 bilhão em 2020. Atualmente, há 26 canteiros em obras.

IstoÉ Dinheiro