Compra do Fashion Mall e Jardim Guadalupe Shopping foi concluída

Iniciada em outubro de 2020, a compra do Fashion Mall e do Shopping Jardim Guadalupe pela Gafisa foi finalizada e, segundo informações, o valor foi de R$ 99,3 milhões, pagos em 2 parcelas. No caso do Fashion Mall, a incorporadora será proprietária de 100% e, no Shopping de Guadalupe, terá um sócio minoritário.

“A Gafisa Propriedades já iniciou os esforços para o turnaroud de ambos os empreendimentos. A conclusão desta operação é mais um marco para a recente história da Gafisa Propriedades e contribui para a rica história da Gafisa como companhia inovadora em busca de geração de valor para seus acionistas”, afirmou a companhia em fato relevante ao mercado.

A Gafisa já começou a reestruturação do Fashion Mall, que estava um tanto abandonado. Isso marca de vez o retorno da Gafisa, uma das empresas líderes do mercado imobiliário brasileiro, e a aquisição dos complexos comerciais é tida, por fontes do setor imobiliário, como parte fundamental da estratégia de retorno da empresa ao Rio. Estas mesmas fontes creem que há a possibilidade de a Gafisa construir uma torre de apartamentos em cima do Shopping da Zona Sul.

Diário do Rio

Como serão os imóveis do futuro? Construtechs e proptechs crescem no Brasil, e dão a resposta

Os brasileiros estão procurando imóveis para alugar ou comprar — mas a forma de construir ou transacionar essas propriedades continua muito tradicional. A depender de startups brasileiras, porém, o quadro pode ser bem diferente.

Os imóveis do futuro têm a compra de materiais de construção feita completamente pela internet, em busca do melhor preço. Depois, são montados como blocos de Lego. A compra ou aluguel dessas casas ou apartamentos também pode ser feita pelo celular ou pelo computador, com contratos flexíveis de locação. Depois, tanto os aparelhos instalados na casa quanto o condomínio serão mais inteligentes.

As startups que trabalham com edificação ou gestão de propriedades, chamadas respectivamente de construtechs e proptechs, estão aos poucos levando tecnologias como essas ao setor. Já são 839 startups na área, segundo um estudo elaborado pelos fundos de capital de risco ACE e Terracotta Ventures.

O InfoMoney conversou com esses veículos de venture capital para traçar um quadro das construtechs e proptechs no Brasil. Depois, elencou alguns exemplos de construtechs e proptechs que estão liderando a modernização do mercado imobiliário brasileiro — assim como grandes empresas interessadas nessa oportunidade.

Construtechs e proptechs no Brasil

“O mercado de construção e propriedades é antigo e tem uma grande proporção em relação ao PIB. Existe muito dinheiro e geralmente estamos fazendo mais do mesmo, então existem muitas oportunidades. Vemos muito potencial de evolução”, diz Pedro Waengertner, CEO da ACE. O fundo de investimentos já aportou em negócios como Conaz (materiais de construção) e Decorati (reformas).

O setor de construção representou 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). A câmara também estima que o faturamento do setor pode chegar a R$ 221 bilhões em 2021. Já as vendas de imóveis residenciais novos no país tiveram um avanço de 9,8% na comparação entre 2019 e 2020. O primeiro trimestre deste ano também teve alta nas vendas, de 3,7% na comparação anual.

Na última edição do estudo da Terracotta Ventures e da ACE, as construtechs e proptechs foram divididas em quatro categorias: projeto e viabilidade (7,6% das startups); construção (26%); aquisição (31,8%); e propriedade em uso (34,6%). As construtechs atendem as duas primeiras categorias, enquanto as proptechs atendem as duas últimas.

Marcus Anselmo, sócio operador da Terracotta Ventures, atuava administrando um corporate venture capital da empresa de tecnologia Softplan e fundou a Terracotta Ventures em 2016, como veículo independente de aportes em tecnologia para construção.

As construtechs e proptechs ainda estava começando no Brasil no primeiro estudo do fundo, feito em 2017. “Mas sabíamos que a tese de startups de transformar a cadeia de construção e imobiliária, adotada por startups como OpenDoor e Zillow, chegaria em breve ao Brasil. Criamos o fundo com a tese de investir esperando um ciclo de crescimento intenso”, diz Anselmo.

Para o sócio operador da Terracotta Ventures, houve um crescimento anual significativo das construtechs e proptechs ano após ano desde 2017. Havia 230 startups brasileiras do tipo naquele ano – esse número cresceu 235% até 2021.

Waengertner completa que as proptechs estão progressivamente digitalizando a cadeia imobiliária. O primeiro impulso foi a demanda dos compradores de propriedades. “Do ponto de vista do consumidor, a prioridade é encontrar formas mais fáceis de fazer algo”, diz o CEO da ACE. Portais como Imovelweb e Zap Imóveis foram pioneiros, trazendo classificados para a internet. O Quinto Andar estendeu essa digitalização para os aluguéis de imóveis, cuidando de burocracias como o seguro fiança e assinatura digital de documentos. A Loft fez um movimento similar para a compra de imóveis.

“A etapa atual é dominar a cadeia de ponta a ponta. A mesma startup que vende imóveis também pode oferecer financiamento e reforma, por exemplo. As startups estão ampliando seu escopo e ampliando sua avaliação de mercado. Basta ver o valor de venda da Zap Imóveis [de R$ 2,9 bilhões, para a OLX], ou o valuation da Loft [US$ 2,9 bilhões]”, afirma Waengertner.

Também dentro de proptechs, Anselmo diz que o último estudo apontou pela primeira vez que as startups de propriedade em uso ultrapassaram as de aquisição. Um exemplo são as condotechs, que atuam para gerar maior eficiência na administração de condomínios. Nessa categoria também estão as de gestão energética e de gestão de aparelhos para casas inteligentes (smart homes).

“Há um amadurecimento do setor, com startups atingindo outros pontos da cadeia imobiliária. O condomínio tem os mesmos problemas vistos no resto do mercado anos atrás: administradoras não profissionais e desagregadas, taxas sem transparência e experiência vista como ruim pelos usuários.”

Interesse de grandes empresas e investidores

Tanto construtechs quanto proptechs se colocam como bons alvos de aquisição por outros players do mercado imobiliário — fabricantes de materiais de construção, corretoras imobiliárias e até startups em estágio mais maduro.

O sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon/SP) criou uma plataforma de inovação aberta, chamada iCON Hub. A iniciativa começou em janeiro de 2020, com investimento de empresas como Conx, MRV e Trisul. O iCON afirma ter levado 200 oportunidades, que se transformaram em 14 projetos entre construtoras ou incorporadoras e startups ou empresas de tecnologia.

Outras iniciativas partem das próprias empresas. Votorantim Cimentos, Gerdau e Tigre criaram a Juntos Somos Mais, programa de fidelidade para varejistas e profissionais da construção. A startup atende 28 empresas, 80 mil lojas e mais de 500 mil profissionais. A empresa de impermeabilização Vedacit já está na terceira edição do seu programa de aceleração de startups Vedacit Labs. O investimento por edição é de R$ 2 milhões. As startups têm a possibilidade de escalarem o negócio e trabalharem com a Trutec, empresa da Vedacit que leva soluções tecnológicas para a construção civil. Um último exemplo é a Cyrela, incorporadora que tem a plataforma de conexão com startups Next Floor e têm as próprias startups, como CashMe e Mude.me.

Startups maiores também estão com apetite e abocanham os empreendimentos menores. A Conaz e a Decorati, duas das startups no setor investidas pela ACE, foram vendidas respectivamente pela construtech Ambar e pela proptech Loft. Já o Quinto Andar adquiriu a SíndicoNet, empresa que reúne conteúdos e serviços para moradores de condomínio. “Faz parte da nossa estratégia de ser sinônimo de moradia, não só de aluguel”, explicou anteriormente Gabriel Braga, cofundador do QuintoAndar, ao InfoMoney. Recentemente, o QuintoAndar captou uma rodada que o avaliou em US$ 4 bilhões.

Além da demanda dos consumidores e de empresas maiores, um último impulso para as construtechs e proptechs foi o interesse crescente dos investidores em propriedades, em um cenário de juros que continuam historicamente baixos e tornam o financiamento imobiliário mais atraente. A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, está hoje em 2,75% ao ano – e as taxas do financiamento imobiliário acompanham a Selic.

“Vemos empresas como Vitacon e Housi atualizando o mercado de investimento em imóveis”, diz Waengertner. A construtora Vitacon nasceu em 2010, focando em imóveis que costumam ficar entre 10 e 40 metros quadrados e estão próximos a locais de trabalho, em regiões centrais, com boa oferta de transporte público. Investidores representam atualmente mais de 85% das vendas nos prédios da Vitacon.

A empresa teve R$ 1,3 bilhão em lançamentos e volume geral de vendas (VGV) de R$ 930 milhões durante 2020. “A Vitacon virou uma especialista em renda por imóveis residenciais, e essa especialização leva segurança aos investidores”, afirmou Alexandre Frankel, CEO da Vitacon e da Housi, em entrevista anterior ao InfoMoney.

Quarto da Vitacon (Divulgação)

Pela plataforma de aluguel flexível Housi, o dono de imóvel concede a gestão da propriedade e pode acompanhar sua rentabilidade por meio de um painel no aplicativo, como faria com qualquer outro ativo financeiro. A Housi cobra uma comissão que vai de 8% a 12% do valor de locação. O diferencial está na transparência da rentabilidade e no mínimo de trabalho de administração do investimento.

Construtechs: dos “prédios de Lego” às compras inteligentes

Em construtechs, Waegertner vê mais investimentos em novos métodos construtivos. “É uma área que terá um ganho interessante. Mão de obra, materiais e experiência da companhia são variáveis que impactam tanto a qualidade da construção quanto o preço ao consumidor. A tecnologia permitirá o surgimento de soluções mais ágeis e baratas.”

Dados colhidos pela Terracotta Ventures apontam que a construção modular consegue ser até 50% mais rápida que a tradicional e até quatro vezes mais produtiva. Essa tecnologia também tem o potencial para reduzir o desperdício para menos de 2%, ante 8% perdidos na construção tradicional. Globalmente, 77 startups de construção modular receberam investimentos de capital de risco desde 2010. No total, foram 130 rodadas que movimentaram mais de US$ 2,29 bilhões. A empresa que mais levantou capital foi a americana Katerra, investida pelo SoftBank.

Ainda segundo a Terracotta, existem 55 startups de construção modular no Brasil. A tecnologia surge como uma oportunidade de reduzir o déficit habitacional brasileiro, estimado em 5,876 milhões de moradias em 2019. Mas uma mão de obra ainda barata e impostos reduzidos para a construção civil tradicional ainda jogam contra a expansão do modelo no Brasil.

A Brasil ao Cubo é um exemplo de construtech que mostra como serão os imóveis do futuro no país. A construtech ergueu um prédio de oito andares em apenas 20 dias. A Brasil ao Cubo consegue esse prazo por acoplar grandes peças fabricadas, em uma espécie de Lego em grande escala. A construtech aposta na construção off site – feita longe do local de implementação do edifício. Os blocos só saem para seu destino com instalações hidráulica, elétrica e de cerâmica já prontas – por exemplo, os banheiros são trasladados completos.

Grandes empresas já estão de olho na Brasil ao Cubo. Por exemplo, a siderúrgica Gerdau está entre os principais acionistas da construtech. Em outubro de 2020, a Gerdau comprou um terço da Brasil ao Cubo por R$ 60 milhões. As construções modulares fazem parte da estratégia de tornar os novos negócios responsáveis por 20% da receita da siderúrgica Gerdau em dez anos. Ricardo Mateus, presidente da Brasil ao Cubo, afirmou que o potencial desse mercado de construção modular é de R$ 150 bilhões.

Edifício Level, um dos projetos da Brasil ao Cubo, em fase de construção (Reprodução)
Edifício Level, um dos projetos da Brasil ao Cubo, em fase de construção (Reprodução)

Outro exemplo de construtech é a Oico, que tem uma plataforma online para compra e venda de materiais de construção. A startup foi criada em abril de 2020, em plena pandemia, pelos empreendedores Pedro Dellagnelo e Pedro Rocha. O negócio atende 50 compradores profissionais de materiais. O negócio atende 50 construtoras de obras rápidas. As empresas mandam uma requisição com os materiais desejados e dizem em qual prazo esperam recebê-los. A startup monta uma resposta com base em 60 mil produtos únicos e 500 fornecedores registrados no estado de São Paulo.

“Vimos tanto demanda maior quanto oferta menor de materiais de construção. Conquistamos muitas empresas porque elas não conseguiam encontrar materiais nos fornecedores que já tinham. Então, investimos em tecnologia para mapear os preços no mercado, como forma de ajudar nossos clientes a controlarem seus orçamentos o quanto possível”, explicou Rocha anteriormente ao InfoMoney. Os fundadores estimam o mercado de materiais de construção vendidos no varejo brasileiro para pessoas jurídicas em R$ 80 bilhões.

A Obra Show também atua com compra e venda de materiais de construção, mas com uma estratégia regionalizada e associada à prestação de serviços. Paulo Souza, fundador da construtech, havia criado anteriormente a empresa de software Dynaset. “Construção civil é um setor gigantesco e promissor, mas com poucas soluções em tecnologia. Criamos um produto para atender todo o ecossistema: fábricas, lojistas, profissionais e consumidores. A regionalização surge para melhorar a experiência do consumidor e do lojista, fazendo ele comprar de lojas que conhece e permitindo que elas entreguem em apenas três horas.”

A Obra Show é um marketplace com 50 mil produtos, 300 profissionais de obras e 200 lojistas. Os vendedores de materiais de construção cuidam tanto do estoque quanto da entrega, e pagam uma comissão à Obra Show pela exposição e plataforma. Já os profissionais não pagam para estar no marketplace, ganhando inclusive descontos para comprar a matéria-prima no marketplace. A construtech atende 16 cidades em quatro estados.

“A pandemia acelerou a digitalização de todos os setores, inclusive a construção civil. O consumidor comprou mais pela internet, e o lojista se viu forçado a ter um canal virtual de vendas”, diz Souza. A Obra Show teve aumento de 47% no faturamento nos últimos três meses. A startup espera crescer mensalmente entre 10% a 12% nos próximos meses (crescimento trimestral de 33% a 40,5%), até o final de 2021. Até a metade de 2022, a Obra Show espera chegar a mais 50 cidades brasileiras.

Proptechs: imóveis digitais, aluguéis flexíveis e moradias inteligentes

Já no mundo das proptechs, a ACE aponta aponta os maiores players brasileiros são os “marketplaces de imóveis”. Boa parte do capital está concentrado em quatro startups em estágio avançado: Creditas, Loft, QuintoAndar e VivaReal (hoje parte da OLX).

As quatro companhias focam em digitalizar aluguel, compra, financiamento e reforma de propriedades — uma frente que ganhou força durante a pandemia de Covid-19. Nessas proptechs, Waengertner afirma que a inteligência artificial será uma tecnologia cada vez mais adotada. “O objetivo é ajudar na tomada de decisão e levar eficiência tanto às startups quanto aos parceiros, como corretoras imobiliárias”, diz o CEO da ACE.

A Loft captou a maior rodada de venture capital já vista no Brasil: foram US$ 425 milhões (cerca de R$ 2,4 bilhões). Nos piores meses da pandemia, o unicórnio de propriedades investiu na digitalização da compra de um imóvel. Já quando a preferência por diferentes tipos de imóveis ficou mais clara, a Loft focou em ampliar a quantidade de unidades disponíveis na plataforma.

A Loft tem hoje 15 mil apartamentos listados em mais de 130 bairros de São Paulo e do Rio de Janeiro. O portfólio cresceu quinze vezes entre março de 2020 e março de 2021. O portfólio atual de propriedades deve ser sextuplicado em 2021, chegando a 90 mil imóveis.

Outro objetivo com o aporte é criar ou reforçar funcionalidades que facilitem a experiência de vendedores e compradores de propriedades – incluindo aí a inteligência artificial mencionada por Waengertner. Um exemplo de reforço está na metodologia de precificação. A Loft usa um histórico de transações reais, com valores apurados na escrita dos imóveis e em fontes públicas e privadas, para dizer para cada usuário em quanto tempo ele vai vender um imóvel dependendo do preço.

O Quinto Andar, plataforma para aluguel e compra de imóveis, também a inteligência artificial para precificação de imóveis. A startup usa uma base de 500 mil imóveis que já passaram pela plataforma, olhando para informações como fotos, visitas, propostas de aluguel e valor efetivo das transações. Também analisa transações que acontecem em tempo real (mecânica parecida com a de preços dinâmicos nos aplicativos de mobilidade urbana). Na frente de locação, a empresa tem mais de 100 mil contratos sob gestão.

O InfoMoney também conversou anteriormente com outras proptechs em ascensão, como Housi e Yuca. As duas defendem a tendência da moradia mais flexível. “Veremos um movimento similar ao visto nos automóveis, com o surgimento de serviços de assinatura e de aplicativos como o Uber. Especialmente ao consumidor mais jovem, que não comprou um imóvel, a moradia nômade pode surgir como opção”, analisa Waengertner.

A Housi surgiu em 2019, primeiramente mediando a locação dos apartamentos da empresa-mãe Vitacon. Agora como empresa independente, a Housi reúne imóveis de outras construtoras e aposta em uma locação flexível e com débito automático mensal. Os contratos duram até 12 meses e são reajustados por oferta e demanda, não por índices como IPCA ou IGP-M.

“Os modelos anteriores engessam a troca, exigindo visitas, documentos físicos, vistorias e fiadores. Agora, o usuário pode ir com facilidade para um apartamento maior se formou família, ou para um menor se quiser economizar”, afirmou Frankel. “A locação na Housi leva menos de um minuto e inclui serviços como arrumação, manutenção e mobília no mesmo aplicativo.”

A Housi chegou a 20 mil unidades para locação cadastradas na plataforma de gestão de aluguel, expandindo a cobertura de duas para 40 cidades ao longo de 2020. O objetivo é triplicar o número de unidades e de cidades em que a Housi está presente ao longo de 2021.

Além da locação de curta duração de diversas metragens, outra tendência é dividir apartamentos maiores — um hábito que vem desde as repúblicas universitárias, mas que hoje atende também jovens profissionais em metrópoles.

Dados do Global Coliving Report coletados pela Terracotta Ventures mostram que o mercado de moradia compartilhada, ou coliving, movimentou 3,75 bilhões de dólares em investimento. A China representou mais de 60% do montante – país que passou por um intenso movimento de migração e urbanização, levando a uma necessidade de otimizar espaços (e seus preços). São 50 empresas no ramo e 2 milhões de locatários.

A Yuca é uma das representantes do coliving no Brasil. A proptech foi fundada pelos empreendedores Eduardo Campos, Paulo Bichucher e Rafael Steinbruch em julho de 2019. A startup reforma apartamentos com grandes metragens na cidade de São Paulo, e loca cada quarto para um morador. Sala e cozinha são compartilhadas, enquanto o uso dos banheiros pode ser tanto individual quanto compartilhado.

Os apartamentos são todos mobiliados e contam com um boleto único por morador que já inclui condomínio, IPTU, água, luz, internet, gás e limpeza semanal. A Yuca fornece atendimento e suporte para a locação, incluindo eventuais consertos. Os aluguéis não pedem seguro fiança e os contratos começam em seis meses.

Apartamento mobiliado pela Yuca (Divulgação)
Apartamento mobiliado pela Yuca (Divulgação)

A ocupação na Yuca está na faixa dos 80% em maio de 2021. A startup vai fechar o mês com quase 400 unidades sob gestão. Até o final de 2021, espera chegar a 2.000 unidades. “O mercado de coliving ainda é muito incipiente no mercado brasileiro. Sua trajetória de evolução se cruzou com a da pandemia, mas se manteve resiliente”, avaliou Steinbruch anteriormente ao InfoMoney.

Para o cofundador, a pandemia pode até ter provocado uma queda na ocupação, mas trouxe efeitos duradouros para a valorização de espaços acessíveis no bolso e amplos em espaço. “As pessoas passam mais tempo em casa. Quem estava em unidades muito pequenas quis mais ambientes, e o coliving surgiu como opção econômica. Essa procura deve continuar depois da pandemia, porque o trabalho flexível virou realidade”.

Ainda dentro do mercado de locação flexível, a startup mexicana Casai aposta em tecnologia. A Casai fornece figuras e instruções em seu aplicativo para os usuários, muitos deles estrangeiros, chegarem ao apartamento reservado. A portaria do local também pode usar o app para reproduzir uma mensagem de boas-vindas no idioma do usuário. A Casai coloca fechaduras digitais em todas as propriedades, abertas por um código no seu aplicativo.

A startup não compra as propriedades, mas trabalha com locadores para transformar seus apartamentos em smart homes por meio da integração com equipamentos como Chromecast e Google Home. Aparelhos de marcas diferentes se conversam e podem ser acessados pelo aplicativo da Casai por meio de um hub de hardwares criado pela própria startup, apelidado de Butler (“mordomo”).

Apartamento que pode ser alugado pela Casai (Divulgação)
Apartamento que pode ser alugado pela Casai (Divulgação)

A Casai começou seu piloto brasileiro em novembro de 2020. Em processo de expansão, hoje tem 100 unidades em operação no Brasil, com ocupação acima de 90%. Considerando tanto Brasil quanto México, a Casai busca triplicar de tamanho neste ano e manter sua ocupação acima de 90%. O investimento inicial será de R$ 100 milhões na operação brasileira – o objetivo é que a receita no país ultrapasse a mexicana em três anos.

InfoMoney

Região Serrana vive um boom imobiliário sem precedentes

Dez anos após a maior tragédia climática do Brasil, que deixou quase mil vítimas entre mortos e desaparecidos, a Região Serrana do Rio de Janeiro renasceu para o mercado imobiliário no contexto de uma nova calamidade: a pandemia do novo coronavírus. A obrigatoriedade do isolamento social, os períodos de lockdown (ainda que parciais) e, em contrapartida, a adoção do home office e do home schooling levaram — e continuam levando  dezenas de cariocas e fluminenses a buscarem um imóvel fora da Região Metropolitana.

— O preço médio de venda de imóveis na Região Serrana subiu entre 15% e 20% no período da pandemia. Terrenos vendidos por R$ 250 mil antes de março de 2020 são oferecidos agora por R$ 650 mil, R$ 700 mil. E encontram comprador — diz o vice-presidente da Secovi- Rio, Leonardo Schneider.

Ele mesmo é um exemplo desse carioca que buscou refúgio na Serra durante a pandemia. Assim que o novo coronavírus chegou ao Rio, Schneider comprou uma casa num condomínio em Itaipava, Petrópolis, e se mudou para lá, aproveitando que a escola da filha adotara o sistema de aulas on-line.

Como ele, muita gente aproveitou uma série de fatores positivos para buscar novos ares. A região tem boa infraestrutura de comércio e de comunicação, permitindo o home office sem grandes transtornos. Sem viagens para o exterior e com o dólar nas alturas, ter um endereço no campo virou um bom negócio.

— Lugares até mais afastados, como Secretário, também estão vivendo esse boom. Projetos que ficaram dois, três anos sem vender nada já comercializaram cinco, seis áreas — observa Schneider.

Em algumas situações, a busca por um imóvel virou corre-corre. Rodrigo Mello, corretor da Morabilidade, especializada em imóveis de alto padrão, vendeu uma casa de sete suítes em Itaipava em apenas 48 horas.

— Publiquei o anúncio numa quinta-feira à noite e, na sexta, um cliente me ligou querendo fechar negócio. Nem estava preocupado em visitar a casa. Falei com a proprietária, e ela me avisou que, nesse meio-tempo, aparecera outro interessado. Combinamos que, se ele não fizesse proposta, eu levaria meu cliente lá. No sábado, fechamos negócio — conta ele, que vendeu outras quatro casas na região também em tempo recorde.

Teresópolis

Se Petrópolis e arredores ainda despontam como os queridinhos desse boom imobiliário, o movimento de incorporadores e corretoras em Teresópolis indica que a cidade voltou a crescer na preferência de quem quer fugir para as montanhas.

— Na Região Serrana, ainda há muito espaço para se construir grandes empreendimentos, com área de lazer, muito verde e vistas. Com a pandemia, as pessoas enxergaram a necessidade de ter mais qualidade de vida — explica a CEO da Riooito, Mariliza Fontes Pereira.

A incorporadora tinha um estoque entre 50 e 60 unidades, que vendeu no início da pandemia. Em Teresópolis, tem dois empreendimentos, um deles completamente vendido.

Em Petrópolis, fez um megacondomínio, e todas as 662 unidades já têm dono. A fartura de ofertas atende pessoas como o advogado e contador Marcos Pereira, que faz planos de se mudar para Teresópolis assim que ficar pronta a cobertura que comprou na cidade.

— Quero sair da confusão do Rio — diz ele.

Rodrigo Barbosa, que mora em Teresópolis há três anos, faz um alerta: as autoridades precisam se planejar melhor para receber os novos moradores.

— Nos fins de semana, a cidade já não funciona tão bem. Se muito mais gente resolver se mudar para cá, pode ser que a tão sonhada tranquilidade se perca.

O Globo

Startup desenvolve Tinder para a construção civil e já fatura R$ 3 milhões

Uma startup desenvolveu uma solução que mapeia obras em todo o Brasil e indica, também, os potenciais clientes para outras empresas do segmento. É uma espécie de Tinder da construção civil. O objetivo é integrar os elos dessa cadeia com o objetivo de aumentar o faturamento e ser mais produtivo.

“A gente faz uma ponte de quem está construindo, seja qualquer tipo de obra, seja uma reforma, uma construção, com quem vende produtos e serviços para essa construção”, diz o empresário Wanderson Leite.

O empresária pensou na solução durante o caminho para o trabalho – uma fábrica de lajes.

A plataforma usa big data para mapear obras em qualquer região do país. Com essa informação estratégica, as lojas não precisam ficar esperando o cliente entrar pela porta. Vão atrás deles com o melhor preço e condições para fechar o negócio.

A plataforma tem mais de 750 mil obras catalogadas. O acesso aos dados vem da Lei de Acesso à Informação, que permite que pessoas físicas e jurídicas saibam onde está sendo feita uma obra que tenha mudanças estruturais.

“As empresas que têm interesse em saber onde estão as obras em andamento em todo o país fazem a contratação da plataforma em forma de mensalidade”, afirma o empresário.

O faturamento da startup foi mais de R$ 3 milhões em 2020 – aumento de 90% em relação a 2019.

G1

Condomínios vivem ‘segunda onda’ de litígios com prolongamento da pandemia

Quando a pandemia levou mais de 7,9 milhões de pessoas para o home office, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estresse predominou nos condomínios residenciais. Entre março e agosto do ano passado, a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios (AABIC) chegou a registrar aumento de 300% nas reclamações entre vizinhos.

Com o passar do tempo, o comportamento dos moradores melhorou, mas parece que foi momentâneo. Um levantamento realizado com 5 mil condomínios brasileiros no primeiro trimestre de 2021 pela Winker, especializada em soluções tecnológicas para o mercado imobiliário, apontou que a quantidade de multas e advertências, que estava em queda nos últimos meses de 2020, voltou a subir em janeiro deste ano. Uma pesquisa da Lello Condomínios realizada em abril confirma as suspeitas: entre os síndicos entrevistados, 43,2% disseram que o número de ocorrências de barulhos e brigas entre vizinhos cresceu durante a pandemia e 23,6% afirmaram que o problema piorou em 2021.

Rafael Bernardes
‘O ser humano não é herói por natureza’, diz o síndico profissional Rafael Bernardes. Foto: Alex SIlva/Estadão

Entre as principais dificuldades enfrentadas pelos síndicos após um ano de crise sanitária estão as obras nas unidades (23%), conflitos entre vizinhos (22%), a questão do uso ou fechamento das áreas comuns (15%), fazer o condôminos cumprirem as normas de segurança (13%) e a inadimplência, relatada também por 13% dos entrevistados. Quando questionados sobre o que mais fez falta no período da pandemia para exercer o cargo, 47% disseram ter sido a ausência de compreensão dos moradores sobre as decisões tomadas para a segurança de todos no condomínio.

“As pessoas estão já muito cansadas de todo esse processo”, observa Angélica Arbex, diretora de marketing e inovação da Lello Condomínios. “A gente viveu uma piora muito grande no início do ano no número de casos (de covid-19), internações e mortes, e os condomínios precisaram de novo reagir e endurecer as regras de uso e convivência nos espaços comuns”, explica. Apesar de ter notado um pouco mais de resistência por parte de alguns condôminos, Angélica fala que a grande maioria compreendeu o momento e optou por priorizar o espaço mais importante no cenário atual – a casa.

Longo prazo

Para Bruno Cordeiro, fundador da administradora digital Condofy, é o momento de aceitar a realidade de que certas questões não vão mudar tão cedo. “As assembleias já estão com propostas de longo prazo, como colocar wi-fi no condomínio todo, porque as pessoas ainda vão ficar em casa por um bom tempo”, diz. Ele acredita, no entanto, que a impaciência dos condôminos se deve ao prolongamento de uma situação que todos pensaram que acabaria mais rápido. “Na primeira onda, todo mundo pensava que não teria decisões definitivas porque isso passaria logo. Mas, quando viram que não, ficaram irritados e frustrados”, diz.

O fato de as empresas também terem tomado decisões definitivas sobre o formato de trabalho contribuiu para a insatisfação. Segundo ele, 80% das pessoas já sabem que passarão definitivamente a trabalhar de casa – e isso significou o início de mais um monte de obras, quebração de paredes, mudanças na rede elétrica e até mesmo melhorias nas áreas comuns, já que o uso tende a aumentar.

Com a restrição na circulação de pessoas, as equipes que trabalham nas reformas também ficaram mais enxutas, esticando os períodos de barulheira. E os conflitos, consequentemente, voltaram a crescer. “No caso da Condofy, tem até uma síndica que proibiu obras no horário do cochilo dela à tarde”, diz. “Mas não tem jeito, é uma revolução: o que acontecia antes nos condomínios comerciais migrou para os residenciais.”

Três fases

De acordo com Rafael Bernardes, síndico profissional que administra mais de 40 condomínios com um total de 20 mil moradores, é possível dividir o comportamento das pessoas em três momentos da pandemia. O primeiro foi de pânico, quando todos ficaram presos em casa de repente. “Foi uma adaptação confusa, com pais e crianças em casa, obras em andamento, cachorro na varanda, garimpo de álcool em gel e rebeldia na hora de fechar as áreas comuns”, ele relata. “Aí todos olhavam para o síndico querendo respostas, mas a gente também não tinha.”

Já o segundo momento ele define como “paz no condomínio”: os moradores começaram a ajudar os vizinhos, fazer compras uns para os outros, assistir a shows da sacada e aplaudir. “Foi uma situação de evolução da humanidade, mesmo”, lembra o síndico. Mas então começou o abre-e-fecha, que gerou nova confusão no humor, na opinião dele. “O conflito predominou na crise”, avalia. “Nos últimos três meses, virou uma anarquia total.”

Bernardes conta que, no caso dos condomínios que administra, as pessoas desistiram do não aglomerar, do uso da máscara nas áreas comuns e do álcool em gel, que agora sobra nos dispensers dos prédios. “Fora a inadimplência por conta do desemprego e de pequenos empresários que quebraram na crise”, desabafa. “Estamos multando em dobro, os casos de violência doméstica triplicaram. A sensação é de viver uma guerra e o síndico virou para-raios dessa situação.” Com a perspectiva de a pandemia se arrastar por tempo ainda indeterminado no Brasil, a conclusão não é muito otimista. “A gente percebeu que, na crise, os moradores afloraram um sentimento de coletividade, mas infelizmente o ser humano não é herói por natureza”, reflete. “Nenhum síndico estava preparado para isso.”

O Estado de SP, coluna Radar Imobiliário

Economia reabre no 2º semestre com atual ritmo de vacinação, diz presidente do Banco Central

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que, com o atual ritmo de vacinação contra a covid-19 no país, espera que a economia reabra no segundo semestre. “A vacinação hoje é a melhor saída para a economia e o emprego”, afirmou em entrevista ao CNN Brasil exibida na noite de quinta-feira.

Campos Neto também defendeu os gastos do governo em razão da pandemia, mas ressaltou a importância de o país mostrar disciplina com os gastos, acrescentando que o fiscal é importante na diferenciação do grau de risco. O presidente do BC destacou que o Brasil teve uma surpresa positiva na arrecadação e que, por isso, “vamos terminar o ano com uma dívida pública melhor do que o esperado”.

Sobre a alta da inflação que vem sendo observada, Campo Neto disse que o BC está vigilante e que houve vários choques, como das commodities e alta nos alimentos e que a autoridade monetária se antecipou e ajustou os juros mais do que o mercado esperava.

“Quando as commodities sobem, a moeda nos mercados emergentes se aprecia e nos países produtores de commodities ainda mais; aqui aconteceu o contrário, a moeda brasileira depreciou”, justificou, acrescentando que o BC fará o possível para garantir a meta de inflação.

Ainda sobre a taxa Selic, Campos Neto disse que a meta primordial do BC é a inflação. “Mas temos que olhar também para o emprego, o crescimento. Estamos vigilantes e observando todas as variáveis.”

Campos Neto afirmou que pretende concluir seu mandato à frente da instituição, independente do resultado das eleições de 2022. Com a aprovação da autonomia do BC, Campos Neto tem mandato até 31 de dezembro de 2024. “Fico até o último dia do mandato e isso fará o prêmio de risco do país ficar mais baixo, porque as decisões do presidente do BC independem do ciclo político.”

Valor Investe

Pagamentos a trabalhador com redução de jornada começam nesta sexta

O governo começa nesta sexta-feira (28) a fazer os primeiros pagamentos da nova edição do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), o programa que permite às empresas reduzirem ou suspenderem temporariamente a jornada e o salário dos funcionários, com um complemento da renda pago pelo governo. O programa é válido para trabalhadores com carteira assinada.  

Criado no ano passado como uma medida de resposta emergencial à pandemia, o programa foi reeditado no fim de abril, preservando regras parecidas, e terá validade por 120 dias. O período de redução ou suspensão do contrato pode ser de até quatro meses, desde que dentro do período de vigência da medida.

O BEm permite que as empresas façam acordo com funcionários para reduzir o salário e a jornada em 25%, 50% ou 70%. Nesses casos, o governo paga um valor adicional para o funcionário calculado com base no seguro-desemprego a que ele teria direito. 

Também passa a ser permitida a suspensão temporária do contrato de trabalho. Nesse caso, o funcionário deixa de trabalhar por um período e receberá o benefício do governo no valor de 100% do seguro-desemprego a que teria direito. Dependendo do faturamento da empresa, ela pode ter que pagar uma parte da renda ao trabalhador.

Os valores do complemento pago pelo governo, de acordo com a Caixa Econômica Federal, podem variar de R$ 261,25 até R$ 1.813,03.

Os pagamentos são feitos pela Caixa ou pelo Banco do Brasil, para os trabalhadores que indiquem ter conta em um dos dois bancos, ou no banco indicado pelo trabalhador. Neste caso, é feita uma transferência gratuita do BB para a conta indicada. As informações bancárias do trabalhador devem ser informadas pela empresa no momento em que registra o contrato de redução ou suspensão da jornada junto ao Ministério da Economia. 

Os trabalhadores que não possuírem ou não informarem uma conta bancária própria também receberão pela Caixa. Neste caso, a Caixa abrirá automaticamente em seu nome uma poupança social digital, gratuita, que pode ser movimentada pelo aplicativo Caixa TEM, usado para o pagamento de outros benefícios sociais como o auxílio emergencial e o Bolsa Família. 

Na impossibilidade dessas opções, o benefício será disponibilizado para saque com o Cartão do Cidadão, também da Caixa, o mesmo usado para o resgate de outros benefícios como o Bolsa Família, seguro-desemprego e FGTS. O saque com o Cartão do Cidadão pode ser feito nos guichês ou caixas eletrônicas das agências Caixa, nas lotéricas e em correspondentes Caixa Aqui.

Confira a Portaria que dispõe sobre o processamento e pagamento do beneficio emergencial. clique aqui

CNN Brasil

Inflação do aluguel sobe 37,04% em 12 meses e bate recorde dos últimos 26 anos

O IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado) subiu 4,1% em maio, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (28) pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Com o resultado, o índice, que é conhecido como inflação do aluguel, avançou 37,04% em 12 meses e registrou a maior alta em 26 anos.  

Anteriormente, o recorde em 12 meses era de abril de 2003, quando o índice ficou em 32,95%. Em maio de 2020, o índice havia subido 0,28% e acumulava alta de 6,51% em 12 meses.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do índice geral e apura a variação dos preços no atacado, passou a subir em maio 5,23%, após alta de 1,84% no mês anterior.

“Os preços de commodities importantes voltaram a pressionar a inflação ao produtor. Em maio, o IPA avançou 5,23%, sob forte influência dos aumentos registrados para minério de ferro, cana-de-açúcar e milho. Essas três commodities responderam por 62,9% do resultado do IPA, cuja taxa foi de 5,23%”, afirma André Braz, Coordenador dos Índices de Preços.

Entre os componentes do índice, o grande destaque foi o grupo Matérias-Primas Brutas, que disparou 10,15% em maio, após variar 1,28% em abril.

A pressão da alta dos preços para o consumidor também ficou maior no mês, com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), de peso de 30% sobre o índice geral, acelerando a alta a 0,61% em maio, de 0,44% em abril.

O grupo Habitação foi o principal responsável por essa leitura, com ganho de 1,16% em maio, ante alta de 0,39% no mês anterior. Os preços da tarifa de eletricidade residencial aceleraram a alta a 4,38% este mês, contra 0,06% em abril.

O Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), por sua vez, passou a subir 1,80% no período, de avanço de 0,95% em abril.

CNN Brasil

Investimentos em transporte e saneamento básico são os mais defasados na infraestrutura, diz estudo

O já reduzido investimento que o Brasil destina anualmente para infraestrutura — de transporte, logística, energia, telecomunicações e saneamento — encolheu em mais de 11% entre 2017 e 2020, para R$ 115,2 bilhões. É o equivalente a apenas 1,55% do PIB do país, a menor fração destinada ao setor desde 2010, segundo levantamento feito pela Inter.B Consultoria.

O estudo também investigou a defasagem, por setor, dos investimentos — ou seja, a diferença entre o quanto foi aplicado e o quanto seria necessário para ter infraestrutura moderna e sustentável. E chegou à conclusão que este hiato é maior justamente nas áreas mais relacionadas ao bem-estar geral da população: saneamento e transportes, este último com forte impacto em mobilidade urbana.

. Foto: Criação O Globo
. Foto: Criação O Globo

   O economista Claudio Frischtak, que coordenou a pesquisa, destaca que deficiência em serviços de infraestrutura derruba a produtividade de estudantes e trabalhadores. Na ponta, isso freia a atividade econômica.

— Afeta a economia no curto e no médio prazo. Tem grandes externalidades. Quando o investimento na Cedae estiver pronto, por exemplo, (com acesso a saneamento básico) as pessoas ficarão menos doentes, haverá menos falta à escola, menos afastamento do trabalho, maior produtividade do trabalhador.

Investimento público

O Brasil investiu em média 2,01% ao ano em infraestrutura desde 2001. Seria necessário dobrar, para 4,24% ao ano, esse volume de investimentos para modernizar e ampliar o estoque de infraestrutura existente no país. As lacunas são maiores em transportes, que receberam apenas 0,65% do PIB e precisariam de 2% do PIB; e em saneamento, que obteve 0,91% do PIB, mas deveria ter 0,44% do PIB.

— O país investe pouco e não investe bem. Enquanto não se resolver o problema de governança em infraestrutura e o Estado souber investir bem, não tenho certeza de que colocar mais recursos vai resolver — alerta o economista Claudio Frischtak, à frente da Inter.B e que coordenou a pesquisa.

Nos últimos quatro anos, o investimento em infraestrutura de transporte tombou em quase 28,5%, para R$ 32,2 bilhões. No caso da mobilidade urbana, os aportes despencaram 62%, para R$ 3,8 bilhões.

O segmento, avalia Frischtak, deixa claro que os problemas na área de infraestrutura no país não estão apenas no pouco recurso financeiro. Ele destaca obras com 30 a 40 anos de idade, em média, e baixo nível de manutenção, resultando em perdas em eficiência, aumento de gastos de operação e riscos aos usuários.

— O tombo de demanda na pandemia levou a um colapso em mobilidade urbana. Afetou a capacidade de investimento das empresas. Trouxe incerteza, mas pesa a ausência de atuação do poder público. É preciso criar um ambiente institucional que aumente a produtividade dos investimentos. Há má regulação. Falta foco em projeto, fiscalização, monitoramento de operação — diz ele.

Com a crise trazida pela Covid-19, continua Frischtak, licitações foram remodeladas e adiadas. O poder público deve, contudo, buscar medidas inovadoras para suprir as demandas em cada área.

Em mobilidade, o uso do bilhete único metropolitano, por exemplo, reduz o custo do transporte de forma relevante para o trabalhador, ao mesmo tempo em que o uso de um pedágio urbano poderia garantir recursos para serviços específicos, lista ele.

Dos R$ 115,2 bilhões investidos em infraestrutura em 2020, menos de 30% vieram de recursos públicos, a menor fatia desde 2010. Em tempos de aperto fiscal e escassez financeira, o capital privado é importante, diz o economista, mas não pode suprir toda a demanda em infraestrutura.

Segundo o levantamento, o conjunto da infraestrutura existente no país representa hoje 35,9% do PIB — embora tenha chegado a 53,7% em meados da década de 1980. Para cobrir a depreciação e modernizar esse estoque existente hoje, é preciso que ele alcance o equivalente a 60,4% do PIB.

O Globo

TJ-RJ nega pedido de suspensão do impeachment de Witzel

O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) recusou o pedido do ex-governador Wilson Witzel (PSC) para suspender a sua condenação no processo do impeachment, concluído no mês passado. A decisão do Tribunal Especial Misto (TEM), além de destituir Witzel do cargo, também o tornou inelegível por cinco anos.

A defesa de Witzel alegava que ele fora julgado por um tribunal de exceção, já que o TEM “foi criado para julgar exclusivamente uma pessoa, ou um fato específico ocorrido antes da sua criação, o que é totalmente vedado”. O Órgão Especial do TJ-RJ, no entanto, entendeu que o Supremo Tribunal Federal (STF) já considerou que a Lei dos Crimes de Responsabilidade (Lei 1.079/1950) foi recepcionada pela Constituição de 1988 e, com isso, o desembargador Bernardo Garcez negou o pedido do ex-governador.

O desembargador também ressaltou as condições para concessão de liminar em relação ao processo. “Diante de tudo o que foi exposto aqui, não há fundamento relevante. Também não há risco de ineficácia da medida, uma vez que o julgamento e a condenação do impetrante pelo Tribunal Especial Misto se consumou na sessão do dia 30 de abril de 2021 do Tribunal Especial Misto. Assim sendo, a liminar é indeferida.”

O TEM decidiu pelo impeachment por unanimidade: cinco desembargadores e cinco deputados estaduais que integravam o Tribunal concordaram com o afastamento definitivo. Eles entenderam que Witzel é culpado por crime de responsabilidade na gestão de contratos na área da Saúde durante a pandemia da Covid-19.

Eram necessários sete votos para que o impeachment fosse confirmado. Desde o início do processo de impeachment, Witzel se diz vítima de uma conspiração política. Ele definiu o julgamento como uma “injustiça” e prometeu recorrer.

O Globo