Fundo de startup da ArcelorMittal faz o primeiro aporte no Brasil

Dentro da estratégia de investir em inovação, a ArcelorMittal firmou o primeiro contrato do Açolab Ventures, fundo de gestão criado para acelerar startups. A empresa escolhida foi a Aval Tecnologia, desenvolvedora da Agilean, uma plataforma de gestão da construção civil.

Segundo Rodrigo Carazolli gerente geral de Inovação da ArcelorMittal Aços Longos, esse será o primeiro aporte que ao final do contrato se converterá em participação na companhia. “Até o inicio de 2024 devemos concluir o processo. Os investimentos serão, dessa forma, definidos ao longo desse tempo, até porque serão pelo menos mais quatro injeções de recursos”, afirmou o executivo da companhia.

Carazolli afirmou, ainda, que a ArcelorMittal já estrutura mais um acordo, desta vez com uma startup do setor de energia. “Até o fim do ano, devemos anunciar mais um acordo com startup. A ideia é que o fundo aporte em 10 a 15 empresas no país”, ressaltou o executivo, acrescentando que o Açolab Ventures foi criado em maio e tem à disposição R$ 100 milhões de recursos.

Nesse primeiro acordo, conforme Carazolli, a siderúrgica escolheu a Aval Tecnologia por oferecer uma solução que melhora o desempenho nos canteiros de obras pelo país. “Dentro dessa estratégia de investimento criamos uma tese que nos guia durante o tempo do aporte. Procuramos empresas com foco na construção civil, com soluções que visam aumentar a produtividade nesse segmento”, afirmou o executivo.

André Quinderé, CEO da Aval Tecnologia, disse que a plataforma já roda em 180 canteiros no Brasil e em um em Portugal e com a parceira com a ArcelorMittal deve aumentar muito a presença no país. “Essa solução consegue gerir em tempo real toda uma construção. O tempo do planejamento de obra, por exemplo, que em média dura dois meses, pode ser reduzido em 60%.”

A empresa adota por meio dessa plataforma, segundo Quinderé, as tecnologias da indústria 4.0 para aumentar a produtividade dentro do canteiro de obras. Com isso, a solução utiliza no setor da construção civil tecnologias como inteligência artificial e IoT (internet das coisas) aplicadas diretamente à gestão da produção.

O aplicativo permite o acompanhamento de cada obra em tempo real por meio de dispositivos instalados no canteiro. “Além do aporte, a ArcelorMittal irá nos fornecer todo o seu conhecimento comercial, marketing. E isso pode alavancar bastante a nossa empresa. Estamos revendo as estimativas depois desse acordo”, afirmou Quinderé.

Para administrar esse fundo, a ArcelorMittal escolheu, segundo Carazolli, a Valetec Capital. “Com isso, essa gestora, especializada e focada em Corporate Venture Capital (CVC), deve acelerar a seleção e priorização de novas startups para análise e investimento.” Carazolli afirmou, ainda, que desde que foi lançado em maio, o fundo já recebeu mais de 600 consultas.

Valor Econômico

Reciclagem otimiza prazos, processos e construção nos canteiros de obra

Pautas sobre sustentabilidade têm ganhado cada vez mais atenção e visibilidade, pois colocam em jogo o futuro do Planeta. No campo da Arquitetura, não poderia ser diferente. Construções mais sustentáveis e benéficas para o meio ambiente estão nos holofotes, pensando em preservá-lo.

Segundo Levi Torres, Coordenador da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), os dados gerais sobre reciclagem de resíduos têm um aumento significativo e crescente. De tudo que é produzido, cerca de 20% é reciclado.

Uma prática que têm ganhado muita força no campo da arquitetura é a de reciclagem nos canteiros de obra durante o projeto. Já muito comum em Riviera de São Lourenço, o hábito faz profissionais da área acreditarem que o processo otimiza a construção, protege o meio ambiente e ainda gera receita.

Os resíduos de obras são sempre da responsabilidade do gerador, tanto da coleta quando destinação correta (Foto: Unsplash /   Josue Isai Ramos Figueroa / CreativeCommons)
Os resíduos de obras são sempre da responsabilidade do gerador, tanto da coleta quando destinação correta (Foto: Unsplash / Josue Isai Ramos Figueroa / CreativeCommons)

O diretor de planejamento urbano da Sobloco Construtora, Nagib Anderaos, comenta: “quando você implementa um sistema de reciclagem dentro dos canteiros de obra, você otimiza a construção, pois gera menos resíduos, diminui o desperdício, deixa o ambiente mais organizado e seguro, e também protege o meio ambiente”.

O resíduo da construção e da demolição (RCD) e o da construção civil (RCC) são os gerados durante os processos de construção, da reforma, da escavação ou da demolição. Em termos práticos, essa destinação correta é sempre responsabilidade do gerador.

Para Torres, a principal dificuldade da reciclagem é justamente a conscientização dos geradores na responsabilidade da criação de resíduos. “Isso se torna um entrave para as empreiteiras, principalmente as que não têm experiência nesse processo”, reforça o engenheiro Wlademir Sega, da Sobloco.

O Instituto A. Yoshii acredita que a reciclagem no canteiro de obras pode ser muito positiva. “Nossas obras são extremamente organizadas, com uma área destinada apenas para a separação dos resíduos em baias específicas para cada tipo. Elas são armazenadas nesses espaços e direcionadas para empresas credenciadas e especializadas em destinação de resíduo”, explica Aparecido Siqueira, presidente do Instituto.

O Instituto criou um programa para mudar ainda mais o olhar dos colaboradores. Além de priorizarem o mínimo de resíduo possível, agora transformam o “lixo” em matéria-prima. Através do projeto Obra&Arte, a A. Yoshii Engenharia, que mantém o instituto, criou um espaço físico para a execução da iniciativa.

O projeto coleta os resíduos de obra e os transforma em peças de decoração e móveis – que, inclusive, são usados na decoração dos projetos da construtora. A ação é divulgada para os operários das obras, que podem se inscrever e são dirigidos pelo Coletivo Ôda, que ministra oficinas e auxilia na execução.

Levi relembra que os estádios demolidos antes da Copa de 2014 tiveram os resíduos destinados para construção de outras obras, como estradas, acessos, base e sub-base.

Para Torres, os principais benefícios do uso de materiais reutilizados são o financeiro e o ambiental. O primeiro torna os materiais mais baratos para a construção, que dá lucro para quem o faz. O segundo permite que menos resíduos sejam descartados e tenham destinação correta.

Casa&Jardim

Construtoras e incorporadoras avaliam se manifesto por harmonia fecha portas no governo

As entidades da construção civil e da incorporação imobiliária foram convidadas a participar do manifesto que pede a harmonia dos Poderes, mas ficaram divididas. Muitos dirigentes optaram por posturas mais discretas e rejeitaram o convite feito pela Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo). Outras ainda avaliam se vão aderir.

A Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) avisou publicamente que não vai assinar. A Abrainc, associação que reúne as 20 maiores incorporadoras do país, prefere nem falar sobre o tema.

Segundo um executivo do setor, que pediu para não ter o nome revelado, nos grupos de mensagens de empresários, apenas de 10% a 15% dos participantes estariam entusiasmados com a possibilidade de aderir a esse tipo de publicação.

A Folha apurou que mesmo lideranças que já assumiram posicionamentos críticos ao governo Jair Bolsonaro definirão que não assinarão o manifesto para evitar fechar portas no governo.

O anúncio de que Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil deixariam a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) acendeu um alerta para as entidades. O sinal foi o de que participar de qualquer movimento, mesmo de caráter brando, poderia representar o fim do diálogo com ministros e secretários de pastas estratégicas para o setor.

José Carlos Martins, da Cbic, esteve com o ministro Paulo Guedes, da Economia, há alguns dias, com quem reforçou os pleitos do setor para reduzir o imposto de importação do aço para construção e a redução das barreiras técnicas por um ano.

Na semana passada, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e o secretário Nacional de Habitação, Alfredo dos Santos, participaram de uma reunião com as incorporadoras ligadas à Abrainc.

Martins, da Cbic, diz não ver motivos para a adesão ao manifesto. Na avaliação dele, não há “mínima chance” de ruptura institucional. “Nosso setor trabalha olhando para o médio e longo prazo, e nunca estivemos tão fortes. Ninguém está nem aí para isso, as empresas estão lançando mais. Ninguém é louco de achar que alguma ruptura pode acontecer.”

No sábado (28), em mais uma série de afirmações vistas como golpistas, Bolsonaro disse que “não deseja provar rupturas, mas tudo tem um limite”. Durante culto da igreja Assembleia de Deus, projetou três cenários para o futuro: “Estar preso, ser morto ou a vitória”.

Para Martins, as afirmações são bravatas. “Se ele tensionar, não vai acontecer nada. Ele fala esse tipo de coisa para os 20% do eleitorado dele”, diz o presidente da Cbic.

“Ele fala isso e, no entanto, democraticamente pediu o impeachment do [ministro do Supremo Tribunal Federal] Alexandre de Moraes. [O presidente do Senado, Rodrigo] Pacheco [DEM-MG] negou e o que aconteceu? Nada, é da democracia”, afirma. “Claro que a gente tem que ficar atento, mas não vai dar em nada.”

Outro dirigente ouvido pela Folha diz que as demandas do setor imobiliário são levadas diretamente para o governo de “maneira construtiva”. Por isso, não haveria por que levar para a imprensa uma discussão que pode ser feita de modo privado, ainda que as volatilidades sejam vistas como desfavoráveis para o segmento.

Segundo a Folha apurou, entidades optaram também por não criticar a publicação do documento encabeçado pela Fiesp, como meio de não se indispor com os associados, uma vez que muitos estão descontentes com as políticas do governo para o setor.

O programa que sucedeu o Minha Casa, Minha Vida, batizado de Casa Verde e Amarela, está praticamente parado. Mais de 90% do orçamento previsto para os subsídios foi vetado por Bolsonaro. De R$ 2,1 bilhões previstos inicialmente, R$ 2 bilhões foram cortados para que o governo viabilizasse a aprovação da lei orçamentária deste ano.

Do que sobrou para o programa de habitação, a maior parte do dinheiro já foi usado. Sem crédito suplementar, o caixa estará zerado em setembro. Segundo o Ministério de Desenvolvimento Regional, há cerca de 1.600 obras em andamento. São 230 mil unidades residenciais em construção.

Em São Paulo, o Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil) marcou para a tarde desta segunda-feira (30) uma reunião para definir se assinaria ou não o manifesto. Inicialmente, os diretores concordam com o teor do documento, mas ainda estavam em dúvida quanto ao uso político do posicionamento.

Outros sindicatos e entidades do setor imobiliário ainda aguardavam a versão final do manifesto –cuja publicação havia sido suspensa pela Fiesp– para decidir. Uma preocupação de dirigentes ouvidos pela Folha é a de que o documento vire uma plataforma político-eleitoral de Paulo Skaf, presidente da Fiesp.

Num momento de grande expectativa quanto à viabilização de uma terceira via para as eleições de 2022, assinar um documento encabeçado por uma liderança com pretensões eleitorais deixou empresários desconfortáveis.

Folha de SP