Após provocação de Paes, arquitetos se dividem entre demolir ou reformar antigo anexo da Alerj na Praça Quinze

Um conjunto arquitetônico de alto valor foi devolvido à vista dos passantes após a derrubada do Elevado da Perimetral. Ao redor da Praça Quinze, no centro do Rio, voltaram a chamar atenção construções do século XVIII, como o Arco do Teles, o Chafariz do Mestre Valentim e o Paço Imperial, além do prédio do Museu Naval, um pouco mais novo: é de 1868. Na região, a concentração de belas fachadas que fazem parte do patrimônio histórico da cidade ressalta, por oposição, a presença envidraçada do antigo prédio anexo da Assembleia Legislativa (Alerj). O prefeito Eduardo Paes, em vídeo, trouxe à tona mais uma vez a discussão sobre a sua demolição, que depende, no entanto, do governo estadual, o proprietário. Acusado há décadas de ser um autêntico “estraga paisagem”, o edifício ainda por cima perdeu seu uso com a mudança de toda a estrutura da Alerj para nova sede na Rua da Ajuda. Foi a deixa para Paes retomar a discussão. Os especialistas se dividem.

A ideia de dar um fim ao prédio chegou a ganhar força na época da demolição da Perimetral, em 2013 e 2014. Hoje, há uma lei, aprovada pelos deputados e sancionada pelo governador Cláudio Castro, no fim de 2020, que autoriza o estado a transformá-lo no Hospital do Olho. Procurado, o Palácio Guanabara não respondeu sobre que destino terá o edifício.

— Ali havia um palácio lindo, que foi derrubado em 1936, sendo que, no lugar, construíram um prédio art déco pesadão. E, em 1975, fizeram essa obtusidade envidraçada, aproveitando só a estrutura do anterior. Ele não tem nada a ver com a região: é uma arquitetura moderna sem valor plástico. Colocá-la abaixo vai deixar em evidência o Museu Naval e os fundos do Palácio Tiradentes — opina o historiador Milton Teixeira, sentenciando. — Ali, realmente, não há mais nada digno de ser preservado.

Pontos de destaque da Praça Quinze e arredores Foto: Editoria de Arte
Pontos de destaque da Praça Quinze e arredores Foto: Editoria de Arte

O arquiteto e urbanista Luiz Fernando Janot, membro do conselhe superior do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), também é favorável à demolição. Para ele, a saída da construção, pode, inclusive, valorizar aquela área da Praça Quinze, contribuindo nos planos do município — que hoje pilota o programa Reviver Centro — de atrair mais moradores para a região.

— A vocação do Centro é cultural. Então, tem que se valorizar esse aspecto, criando condições para atrair moradores — diz Janot. — O anexo da Assembleia está num dos pontos mais importantes da história do Rio. Não vejo esse prédio sendo lugar de habitação. E não vejo problema em liberar essa área desde que ela seja incorporada de maneira boa para a cidade, e não seguindo interesses particulares.

Desde o começo do século XX, aquele ponto é alvo da cultura carioca de demolições. No terreno entre a Rua Dom Manuel e a Praça Quinze, uma construção de estilo neoclássico levantada pelo engenheiro Pereira Passos (que viria a ser prefeito do Rio) ficou de pé de 1875 a 1936. Ali funcionaram a Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas eo Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. Como servidor, o escritor Machado de Assis deu expediente no endereço.

Uma segunda demolição

O edifício art déco que, na década de 1930, o sucedeu, também veio abaixo: na década de 1970, após a transferência da capital para Brasília, passou da União para o estado. Acabou desfigurado e ganhou a fachada atual. O arquiteto e historiador Nireu Cavalcanti já havia proposto à Alerj a sua demolição:

— Seria um ganho para a Praça Quinze e para o Palácio Tiradentes, belo exemplo de prédio eclético dentro da linha do academicismo neoclássico. E liberaria toda a linha de fachadas da Rua Dom Manuel.

Já o arquiteto e urbanista Pedro da Luz, professor da UFF, é contrário:

— Discordo da ideia de implosão, acho que a estrutura pode ser reformada, pois aquele edifício não agrega qualidade à praça. Um concurso público de retrofit da edificação coordenado pelo IAB seria ótimo.

Para seu colega Sérgio Magalhães, que presidiu o Comitê Executivo do Congresso Mundial de Arquitetos, no Rio, são necessários estudos antes de qualquer solução:

— É preciso ver esse conjunto da Praça Quinze com cuidado. No início do século XX, com a arborização, ela mudou de escala, descaracterizando a ambiência original.

Inimigos da paisagem cultural

O antigo anexo da Alerj não é o único patinho feio da cidade. Muito mais monumental que ele e também alvo de críticas de arquitetos, urbanistas e historiadores é o Edifício Candido Mendes, na Rua da Assembleia. Com 154 metros de altura, o prédio projetado no final dos anos de 1970 é considerado um precursor do estilo “pele de vidro” na cidade. No entanto, sua grandiosidade destoa na paisagem do conjunto arquitetônico e urbanístico da Praça Quinze e imediações, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O Convento do Carmo, que remonta ao século XVII e que por muito tempo ficou sob a guarda Universidade Candido Mendes, é o mais afetado pelo arranha-céu.

— É uma caixa de vidro em cima do Convento do Carmo. Ele transformou um prédio histórico num sapato — ataca o arquiteto e historiador Nireu Cavcalcanti, especialista em Rio setecentista.

O historiador Milton Teixeira, se pudesse, também mandava derrubar o mesmo edifício.

O arquiteto e urbanista Luiz Fernando Janot faz uma ressalva:

— Não se deve fazer caça às bruxas. Demolir por demolir é perigoso. Salvo em casos especiais, como esse da Alerj, que abre espaço para valorização de um local histórico.

O Globo

Prefeitura inicia processo de concessão do Aquaviário da Barra e Solário Carioca

A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou que está retomando o projeto de concessão do transporte aquaviário de passageiros na cidade. Foi publicado no Diário Oficial, o PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse), para que sejam desenvolvidos os estudos técnicos, ambientais, jurídicos e econômicos do projeto, que de acordo com o secretário de Infraestrutura, Jorge Arraes, pode modificar a dinâmica de trabalho e lazer da cidade.

Projetos como o transporte aquaviário têm potencial transformador para toda a cidade, pois melhora a qualidade de vida de moradores e trabalhadores, que diariamente precisam transitar nestas localidades. Além disso, contribuirá para o desenvolvimento do turismo na cidade, que gera empregos e renda para a retomada da economia do Rio”, explicou o secretário de Infraestrutura.

A Comissão Especial de Parcerias Estratégicas (Cepe) da Secretaria Municipal de Infraestrutura irá fazer a seleção de até dois proponentes, que podem se organizar em consórcios. Os interessados terão 30 dias para apresentar seu requerimento de interesse, e os eventuais autorizados terão 120 dias para realizar os estudos.

Com a implantação do sistema, a Prefeitura pretende disponibilizar embarcações adequadas, que forneçam conforto e segurança, sem perder de vista condições tarifárias justas e adequadas à realidade operacional e ao passageiro, reduzindo o tempo de deslocamento e melhorando a qualidade de vida urbana.

Além disso, a Prefeitura também acabou de lançar uma consulta pública para o Solário Carioca. Trata-se de uma Parceria Público-Privada (PPP), no modelo de concessão administrativa, para implantação, manutenção e operação de uma Usina Solar Fotovoltaica (UFV) de potência nominal de 5 MW, e que vai funcionar no aterro sanitário de Santa Cruz, atualmente desativado. Entre os compromissos assumidos pela Prefeitura no Plano de Desenvolvimento Sustentável estão a geração de energias renováveis e limpas, além da redução das emissões de carbono.

A consulta pública, que vai até o dia 18/03 é a primeira etapa do procedimento de licitação. A previsão é que a licitação ocorra ainda neste primeiro semestre deste ano. Jorge Arraes explica o objetivo da medida.

O Projeto Solário Carioca vem para marcar a volta da cidade do Rio para a vanguarda das parcerias público-privadas. Esse projeto é um dos pioneiros do país neste modelo de utilização de aterros sanitários desativados para implantação de usinas de geração solar, que contribui para fomento às energias renováveis e à redução de emissões de carbono na cidade”, afirmou o secretário de Infraestrutura.

O estudo do Solário prevê uma economia de 1.9 milhões/ano aos cofres públicos, e investimentos pela concessão administrativa de R$ 25 a R$ 30 milhões ao longo de 20 anos. O terreno, localizado em Santa Cruz, zona Oeste da cidade, tem 15 hectares e a previsão é que a usina ocupe cerca de 56% da área, ou seja, 8,4 hectares. A usina vai gerar uma média de mais de 9 MWh/ano de energia.

Diário do Rio

Sudeste: Espirito Santo tem o menor custo da construção civil

O Espírito Santo tem o metro quadrado mais barato do Sudeste. No Estado, os custos para a construção civil por metro quadrado são de R$ 1.422,25, o mais baixo entre todos os estados da região. As informações são Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices (Sinapi-ES) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O local do Sudeste em que o custo da construção civil é mais caro é o Rio de Janeiro (R$ 1.683,89), em seguida São Paulo (R$ 1.615,19). Em Minas Gerais, o valor do metro quadrado é de R$ 1.472,82.

Variação Mensal e Acumulado

Contudo, com relação ao crescimento mensal, o Estado ocupa a 8ª posição do ranking entre os estados brasileiros com a variação de 1,06%, entre janeiro de 2022 e dezembro de 2021. O percentual está acima da média nacional (0,72%). Já no acumulado dos últimos 12 meses, o crescimento foi de 19,49%, também superior à média no Brasil (17,17%).

“Apesar do crescimento na variação mensal e no acumulado ser maior do que o observado na região Sudeste e no Brasil, com relação ao valor do metro quadrado, o Espírito Santo apresenta valores inferiores ao Sudeste (R$ 1.579,80) e do país (R$ 1.525,48). Com relação à região Sudeste, é o mais barato”, explica o técnico de pesquisa do Instituto Jones Santos Neves (IJSN), Claudimar Marçal.

Materiais e Mão de Obra

O que influenciou o aumento dos custos foram os materiais utilizados (R$ 869,97), que representam mais de 60% do valor. O crescimento foi de 1,56% entre dezembro e janeiro, e 29,7% no acumulado. Já a mão de obra (R$ 552,28), que representa 28,83% dos gastos na construção civil, subiu 0,28% no primeiro mês do ano e 6,30% em 12 meses.

O crescimento nos valores do setor foi observado ao longo dos últimos meses em todos os estados brasileiros, segundo o IJSN, que explica a questão em razão a uma maior demanda por imóveis no período. Entre os fatores que influenciaram o aumento estão os incentivos financeiros, com as taxas de juros mais favoráveis ao consumidor.

Impactos da Pandemia

“Houve ainda a falta de insumos e de produtos em razão da pandemia, isso também eleva os preços. O setor da construção civil, apesar de ter apresentado recursos para mitigar o problema das paralisações em razão das restrições sanitárias, acabou sofrendo impactos com relação à mão de obra”, disse o técnico do Instituto.

Sobre a pandemia, Marçal destaca que houve uma mudança de hábito entre os consumidores, que ao passarem mais tempo em suas casas, começaram a observar melhor suas moradias.

“As pessoas deixaram de gastar com restaurantes e viagens e começaram a investir na própria casa. As empresas estavam com estoque muito grande, ou seja, elas tinham imóveis para colocar à venda e as pessoas começaram a buscar por novos empreendimentos. Com o aquecimento da demanda, e na região da Grande Vitória nós temos ainda a demanda por imóveis de alto padrão, o setor começou a lançar novos produtos. Isso aqueceu o mercado em 2021”, afirmou Marçal.

Expectativas para 2022

A perspectiva com relação aos custos da construção civil é de que eles continuem crescendo.

“A taxa de juros está subindo, mas em 2016 e 2017 ela era quase 16%, ou seja, já tivemos um período em que ela era mais alta. Além disso, as taxas do setor imobiliário são em torno de 10% ao ano, não ao dia. Não que os produtos estejam baratos, mas existem condições favoráveis que estimulam esse mercado. Apesar da expectativa dos juros subiram em 2022, as construtoras vão continuar ofertando os produtos e a tendência é de que os consumidores continuem comprando”, comentou.

Custo do Metro Quadrado no Sudeste

Região Sudeste – R$ 1.579,80
Rio de Janeiro – R$ 1.683,89
São Paulo – R$ 1.615,19
Minas Gerais – R$ 1.472,82.
Espírito Santo – R$ 1.422,25

Variação no Espírito Santo

Valor dos Custos em janeiro: R$ 1.422,25
Dezembro/janeiro: +1,06%,
Acumulado em 12 meses: +19,49%

Variação da Mão de Obra

Valor dos custos em janeiro: R$ 552,28
Dezembro/janeiro: +0,28%
Acumulado em 12 meses: +6,30%

Variação dos Materiais Utilizados

Valor dos custos em janeiro: R$ 869,97
Dezembro/janeiro: +1,56%
Acumulado em 12 meses: +29,7%

Fonte: Instituto Jones Santos Neves

Portal ESBrasil

Proptechs revolucionam conceito de moradia

Muito antes da pandemia de Covid-19, o conceito de moradia já vinha se transformando, impulsionado por um número crescente de inovações. Casas inteligentes que se conectam a dispositivos de seus moradores deixaram de ser meros estandes de demonstração em feiras de tecnologia para ocupar espaços reais. Ambientes compartilhados se popularizaram, acompanhando o início da tendência do home office. As medidas restritivas impostas pela crise sanitária, no entanto, aceleraram uma configuração que não deve desaparecer quando a pandemia terminar oficialmente: a da moradia como um serviço — modelo também conhecido, em inglês, pelo termo living as a service. Pelo menos essa é a aposta de algumas proptechs, startups do mercado imobiliário, que há alguns anos vêm trazendo disrupções para um segmento conhecido pela sua burocracia e conservadorismo.

Em um país onde o sonho da casa própria ainda é prioridade para a maioria, essas empresas se popularizaram por utilizar tecnologia para facilitar o aluguel e a venda de imóveis. As praticidades variam de um tour virtual pela casa ou apartamento desejado à assinatura de um contrato digital de locação, sem as burocracias típicas do setor, como fiadores e cauções. Não é à toa que proptechs como Quinto Andar e Loft são avaliadas hoje em bilhões de dólares, alcançando o status de startup“unicórnio”.

Mas até essas empresas têm sido desafiadas a lidar com as novas demandas de mercado — situação que levou ao surgimento de concorrentes com modelos de negócios que olham o conceito de moradia de uma forma diferente. Uma delas é a Housi, startup fundada em 2019 e que se apresenta como plataforma de moradia por assinatura. O CEO da empresa, Alexandre Lafer Frankel, explica que a ideia do negócio, voltado para o público jovem, é permitir que o usuário alugue um imóvel com a mesma facilidade que reserva um quarto de hotel. “Estamos questionando o status quo do modelo atual. Ao invés do sonho da compra da casa própria, acreditamos no sonho do acesso à casa própria”, disse Frankel, em entrevista à Casa Vogue.

Pelo aplicativo instalado no celular, o usuário da Housi aluga seu imóvel sem a necessidade de apresentação de numerosas comprovações (precisa apenas de um documento de identificação) e não há período mínimo para a locação. Ele pode escolher ainda se quer o imóvel 100% mobiliado e abastecido com itens como utensílios de cozinha, eletrodomésticos, eletroeletrônicos e enxoval de cama, mesa e banho. As despesas com condomínio e outras contas, como a da internet (item essencial), já estão inclusas no pacote.

Modelo híbrido

A proposta de aluguel por assinatura da Housi vem ao encontro do que buscam os nômades digitais. O hábito de trabalhar sem um local fixo ganhou ainda mais popularidade em função da pandemia, depois que um número maior de empresas passou a adotar o modelo “anywhere de trabalho. Isso abriu espaço também para negócios como o da Charlie, que opera como uma mescla de Airbnb com imobiliária tradicional, conectando hóspedes a apartamentos de investidores que estejam disponíveis para moradia — de curta ou longa duração.

Para colocar em pé seu modelo de negócio, a startup fechou parceria com incorporadoras grandes do setor, como Cyrela e Camargo Correa. A Charlie cobra pelo seu serviço de 18% a 20% do total de cada locação realizada, que pode ser feita pelo inquilino sem fiador ou seguro fiançaO objetivo da empresa é que o investidor não precise se preocupar com nada — ela fica responsável pelo atendimento ao cliente, limpeza e manutenção do empreendimento. Além disso, a startup também atua no mercado de hotéis, alugando unidades de empreendimentos de redes como Mercure e Ramada.

Moradia compartilhada

Outra startup que vem explorando o desapego dos jovens em ter uma moradia própria é Yucca. Fundada em 2019, a proptech foi criada com o objetivo de oferecer uma solução de coliving em São Paulo. Bastante procurado por estudantes, jovens em início de carreira e nômades digitais, esse modelo de moradia compartilhada funciona como uma espécie de “república 2.0”. A Yucca reforma apartamentos com grandes metragens em regiões centrais de São Paulo, e loca cada quarto para um morador. Sala e cozinha são compartilhadas, enquanto o uso dos banheiros pode ser tanto individual quanto compartilhado. Outra vantagem é o fato de os apartamentos já estarem mobiliados e contarem com um boleto único por morador que inclui condomínio, IPTU, água, luz, internet, gás e limpeza semanal.

No ano passado, a startup captou 10 milhões de dólares ֫— o equivalente a cerca de 56 milhões de reais —, numa rodada de investimentos liderada pelo fundo de venture capital Monashees, famoso por aportar recursos em unicórnios como 99, Rappi e Loggi. O dinheiro vai ajudar a proptech a se transformar numa gestora de propriedade, oferecendo produtos diferentes para cada momento de vida do usuário — o que incluiu o aluguel de unidades para pessoas que desejam morar sozinhas, mas não querem se preocupar com burocracias, como o pagamento de contas básicas e limpeza.

Segundo Eduardo Campos, um dos fundadores da Yucca, o plano da empresa de ampliar seu escopo de atuação não é uma resposta à pandemia e a consequente necessidade de isolamento social. “O coliving é um nicho incrível, mas é muito bom para um tipo de usuário específico. Para a gente crescer e ser uma gestora grande, de alto impacto, temos que ter produtos para vários outros segmentos de mercado”, frisou Campos, em entrevista à Folha de S.Paulo.

E a boa notícia é que dinheiro não deve faltar para as proptechs continuarem inovando e reformulando seus modelos. Um levantamento feito pela gestora de recursos Terracota Ventures, referente ao primeiro semestre de 2021, mostra que, em todo o mundo, essas empresas receberam 1,709 bilhão de dólares em aportes, o equivalente a 8,72 bilhões de reais. O sonho da casa própria pode até estar se tornando antiquado, mas olhando essas cifras, não há dúvidas de que o investimento no setor continua sendo, sim, um bom negócio.

Capital Aberto

Brasil dará isenção de Imposto de Renda para investidor estrangeiro, diz Guedes

O governo brasileiro deve anunciar nos próximos dias a isenção do Imposto de Renda para investimentos estrangeiros em títulos de dívidas de empresas brasileiras. Na prática, isso tornará mais barato que elas obtenham recursos de empréstimos do exterior.

A expectativa é que a medida ajude na capitalização de empresas que investiram na privatização no Brasil, como na concessão de estradas. “As empresas privadas precisam de financiamento barato. No passado, quando o governo era o condutor [de investimentos], demos isenção fiscal para investidores estrangeiros comprarem títulos [ligados ao governo]. Agora que o condutor é o investimento privado, precisamos dar a mesma isenção. Então estaremos removendo impostos em investimentos estrangeiros em títulos privados. Deveremos anunciar isso na semana que vem”, disse o ministro Paulo Guedes à Folha, em Nova York.

A medida deve reduzir a arrecadação em R$ 450 milhões por ano e pode ser tomada pelo Executivo, sem passar pelo Congresso. Atualmente, há incidência de 15% sobre os ganhos de capital nestas aplicações, quando elas são realizadas por não brasileiros.

Guedes viajou aos EUA para encontros com investidores, em Nova York e em Miami. Nesta terça (1º), o ministro participou de um evento na Brazilian American Chamber of Commerce em Nova York. Ele falou a uma plateia de cerca de 40 pessoas, formada por empresários e representantes do mercado financeiro, por cerca de duas horas.

Ele disse que as pessoas no exterior podem estar mal informadas sobre a situação atual do Brasil, ressaltou números positivos do país, como a queda do desemprego para 11,6%, e voltou a dizer que a inflação no país deve ser controlada este ano.

“No Brasil, a inflação era de 3% [antes da pandemia] e chegou a 10%. Já vivemos com 5.000%. Então 10% para nós é brincadeira de criança. Vai ser coisa de seis meses, nove meses e acaba. Mas não aqui [nos EUA]. A inflação está esperando vocês na esquina”, disse.

Guedes fez uma defesa do governo Jair Bolsonaro. Disse que a gestão está fazendo uma transição de um modelo de economia capitaneado pelo Estado, adotada, na visão dele, por todos os governos desde a ditadura militar, para um cenário onde os investimentos privados predominam.

Ele avalia que a crise brasileira atual, com alto desemprego e perda de renda e de compra, é fruto de governos passados, que gastaram muito dinheiro público e sufocaram o empreendedorismo por excesso de regras e impostos.

“Não é Bolsonaro que destruiu o Brasil. O país vem sendo destruído há 40 anos”, afirmou.

Também disse que Bolsonaro e partidos de direita chegam em situação competitiva às eleições deste ano. “Não estou dizendo que Lula não vai ganhar, mas que será uma eleição disputada”, projetou. Guedes também fez elogios a Tarcísio de Freitas, atual ministro da Infraestrutura. “Tarcísio será o próximo governador de São Paulo”, projetou.

O ministro abordou, ainda, a ideia de uma moeda única no continente sul-americano, da qual o Brasil poderia ser a âncora, “da mesma forma que a Alemanha é com o euro”. E que caso a ideia tivesse avançado, alguns anos atrás, as economias de Argentina e Venezuela “poderiam ter sido salvas”.

“Daqui a quatro, cinco anos, vamos ter uma moeda digital, blockchain, ninguém usando dinheiro vivo. Como na China, todo mundo [pagando] com celulares”, projeta. “Daqui a alguns anos, haverá seis ou sete moedas relevantes no mundo, e as outras vão desaparecer por irrelevância. Mesmo os cidadãos dos países que as usam vão abandoná-las”, estima.

Folha de SP

Vidro reciclado pode ser uma solução para construções mais sustentáveis

Pesquisadores da Universidade Técnica de Berlim, na Alemanha, e da Universidade de Brunel, na Inglaterra, testaram substituir agregados — como areia — por vidro no concreto para impressão 3D e descobriram que o material pode ser uma ótima alternativa para resolver o problema da falta de sustentabilidade. A solução pode ajudar a amenizar os problemas ambientais causados pela exploração mineral, além de contribuir para o desenvolvimento de um concreto com propriedades superiores ao que contém areia natural.

Considerando que o vidro é produzido a partir de areia e fácil de reciclar, ele pode ser usado para fabricar concreto com um processamento menos complex. A aplicação do concreto 3D promete aumentar o número de possibilidades no campo da arquitetura e da construção, enquanto contribui para a sustentabilidade exigida na indústria, reduz os custos e economiza tempo.

O uso do vidro reciclado no lugar da areia garante que o material seja reaproveitado de forma mais eficiente, já que ainda existem gargalos no processo de reciclagem.

Reaproveitando vidro

Para produzir o concreto 3D, os pesquisadores utilizaram vidros de bebidas com cal sodada obtidos em uma empresa de reciclagem. A equipe triturou as garrafas de vidro com a ajuda de uma máquina e, então, as peças trituradas com menos de um milímetro quadrado foram lavadas, secadas, moídas e peneiradas. O material triturado foi então usado no lugar da areia para fabricar o concreto para imprimir blocos e outros elementos de construção em 3D.

O vidro sodo-cálcico — o tipo de vidro mais comum — conta com uma condutividade térmica pelo menos três vezes menor do que o agregado de quartzo — bastante usado para fabricar o concreto atualmente. Dessa forma, o vidro reciclado oferece melhores propriedades de isolamento para o concreto, diminuindo os custos necessários para resfriamento ou aquecimento durante as épocas de verão e inverno.

Testes com concreto convencional

Os pesquisadores também fizeram testes com o cimento Portland — o tipo mais comum do material — com a substituição da parte “tradicional” da substância pelo pó de calcário no processo de fabricação do concreto. O cimento Portland é um componente chave do concreto, porém a sua produção causa a liberação de grandes quantidades de dióxido de carbono, que contribui com o efeito estufa.

Em comparação, o calcário oferece menos riscos ambientais do que o cimento Portland, não diminui a qualidade da mistura e também pode ser usado para fabricar o concreto de impressão 3D. Para fazer o teste, a equipe acrescentou calcário feito de pequenas esferas termoplásticas ocas no lugar do cimento Portland para diminuir a densidade do concreto — o que reduziu a condutividade térmica do material em até 40% em relação a outros tipos de concreto.

Impressão 3D na construção civil

A partir da tecnologia de impressão 3D, é possível desenvolver qualquer estrutura — como uma parede — em um computador, converter em código simples e enviar o arquivo para uma impressora 3D, que consegue operar 24 horas por dia. Com o avanço da técnica de impressão 3D será possível aumentar a segurança dos trabalhadores, além de diminuir a quantidade de resíduos desperdiçados, visto que será tudo calculado corretamente.

A tecnologia também terá um papel importante no desenvolvimento de construções leves e eficientes, além de ajudar a sociedade a caminhar em direção a um futuro cada vez mais neutro em carbono.

CanalTech

Preço de venda dos imóveis residenciais registrou um aumento de 0,49% em fevereiro

O Índice FipeZAP+, que acompanha o comportamento dos preços de venda de imóveis residenciais em 50 cidades brasileiras, registrou alta de 0,49% em fevereiro, desacelerando em relação a janeiro, quando registrou 0,53%. O levantamento apontou elevação dos preços em 46 das 50 cidades monitoradas, sendo que, em 18 delas, essa variação superou a inflação ao consumidor medida pelo IPCA, estimada pelos agentes financeiros, de 0,88%, segundo o Boletim Focus do Banco Central, divulgado ontem.

Entre as 16 capitais acompanhadas, a única cidade a não registrar aumento mensal no preço de venda residencial foi Porto Alegre (-0,01%), em contraste às variações apuradas em Vitória (+2,36%), Goiânia (+2,25%), Campo Grande (+1,50%), Fortaleza (+1,18%), Maceió (+1,15%), João Pessoa (+1,09%), Florianópolis (+1,07%), Salvador (+0,89%) Brasília (+0,50%), São Paulo (+0,38%), Recife (+0,33%), Belo Horizonte (+0,30%), Curitiba (+0,22%), Rio de Janeiro (+0,19%) e Manaus (+0,09%).

Acumulados

Nos primeiros dois meses do ano, o Índice FipeZAP+ de venda residencial registra alta acumulada de 1,02%. Os aumentos dos preços residenciais mais significativos, no período, foram em Goiânia (+4,32%), Vitória (+3,97%), Campo Grande (+3,50%), Maceió (+2,82%), Florianópolis (+2,31%), Fortaleza (+1,90%), João Pessoa (+1,83%), Salvador (+1,38%) e Brasília (+1,27%).

Em 12 meses, o Índice FipeZAP+ registra crescimento de 5,71%. Todas as 50 cidades monitoradas tiveram movimento de alta dos preços de venda de imóveis residenciais, com destaque para Vitória (+22,45%), Maceió (+17,93%) Goiânia (+17,44%), Florianópolis (+16,35%) e Curitiba (+13,98%). Em níveis menores, Campo Grande (+9,34%), Brasília (+9,25%), João Pessoa (+8,73%), Manaus (+8,65%), Fortaleza (+7,92%), Recife (+4,82%), Belo Horizonte (+4,49%), Porto Alegre (+4,29%), São Paulo (+4,12%), Salvador (+3,27%) e Rio de Janeiro (+2,01%).

Preço médio

Com base na amostra de anúncios de imóveis residenciais para venda no mês passado, segundo o levantamento, o preço médio para as 50 cidades monitoradas pelo Índice FipeZAP+ foi de R$ 7.941/m². Entre as 16 capitais acompanhadas pelo índice, São Paulo ainda tem o valor médio mais elevado (R$ 9.787/m²), seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 9.682/m²), Vitória (R$ 8.843/m²), Florianópolis (R$ 8.794/m²) e Brasília (R$ 8.723/m²). No sentido oposto, Campo Grande (R$ 4.749/m²), João Pessoa (R$ 5.015/m²), Goiânia (R$ 5.333/m²) e Salvador (R$ 5.404/m²) têm os menores preços médios.

Valor Investe

Preços de matérias-primas disparam e economistas preveem aumento da inflação

Uma semana após o início da guerra na Ucrânia, o avanço nos preços de algumas matérias-primas básicas indica que o impacto da inflação no bolso do consumidor deve ser forte. Desde 23 de fevereiro, o petróleo subiu 16,6%, de US$ 96,84 para US$ 112,93 o barril do óleo tipo Brent. Na Bolsa de Chicago, a cotação do trigo aumentou 19,7% (de US$ 8,85 para US$ 10,59 por bushel) e o milho, outros 6,5% (de US$ 6,81 para US$ 7,25 por bushel). Esses são os produtos nos quais Rússia e Ucrânia são mais fortes no comércio global.

A depender do desenrolar do confronto, analistas alertam que o avanço dos preços não deve parar por aí, e o impacto nas cotações dos produtos e de seus derivados no Brasil deve aparecer em breve.

“Tem tudo para piorar o cenário da inflação”, afirma o coordenador de índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz. Ele projetava 5,8% para a inflação deste ano e começa a considerar um índice em torno de 6,2%. Na sua avaliação, os efeitos da guerra e das sanções comerciais sobre os preços deverão ser permanentes até o fim do ano na medida em que o conflito não deve se resolver no curto prazo.

Por enquanto, essa pressão das commodities não foi captada pelos IGPs (Índices Gerais de Preços) da FGV. Ele diz acreditar que a alta do petróleo, grãos, produtos químicos, fertilizantes e derivados deve ficar nítida no IGP-10 deste mês.

Em alta

Preços de commodities sobem com a guerra

*Equivale a 27,21 kg; **Equivale a 25,40 kg FonteBroadcast

Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, diz que a tendência é de que a inflação deste ano fique entre 6% e 6,5%, apesar de a consultoria ainda estar com uma projeção de 5,8%. “O conflito adiciona um choque que afeta intensamente o preço das commodities.”  Na opinião do economista Guilherme Moreira, coordenador do IPC da Fipe, “com certeza” a inflação vai subir. Ele acredita que o efeito da guerra sobre os preços das commodities deve elevar em ao menos meio ponto a inflação do ano. Ele esperava 5,5% para o IPC da Fipe e agora projeta 6%.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, reconhece que os preços dos produtos agrícolas podem subir. Mas o nível, segundo ela, depende da duração do conflito. “Se a guerra acabar hoje, é um impacto. Se continuar por muito tempo, é outro. Temos de diminuir impactos, achando alternativas”, disse. Ela afirma que haverá abastecimento, ainda que, possivelmente, abaixo do potencial. “Temos certeza e garantia do abastecimento. Vamos produzir. Podemos produzir um pouco menos.”

Trigo

“O mercado está totalmente fora da normalidade, muito especulado porque o conflito acontece na região que mais tem trigo para vender no mundo”, afirma Élcio Bento, analista de trigo da consultoria Safras & Mercado. Ele diz que há muita incerteza. Se o conflito se estender, a cotação poderá ultrapassar o pico de US$ 12,52 por bushel, atingido em 2008, na bolha das commodities. Mas, se houver uma solução, toda essa alta será devolvida rapidamente também, explica.

Por enquanto, a disparada do preço internacional do trigo não bateu na cotação da farinha, porque os moinhos estão estocados. “Mas agora vão começar a comprar trigo para o segundo semestre”, afirma o embaixador Rubens Barbosa, presidente executivo da Abitrigo, que reúne a indústria. Barbosa diz que faz dois anos que os moinhos não estão repassando integralmente altas de custo. “Com esse grande aumento, quando os moinhos forem às compras, certamente vai haver pressão.”

Quando o trigo sobe, o milho, que é o grão substituto, vai de carona, observa Paulo Molinari, analista de milho da Safras & Mercado. 

O Estado de SP