Mercado de alto padrão se manterá aquecido em 2022

O desempenho do mercado imobiliário de alto padrão neste ano não deverá ser afetado pelos fatores que sinalizam uma conjuntura de desaceleração econômica até o terceiro trimestre, como juros altos, aumento da inflação e eleições. O segmento residencial — que registrou um crescimento histórico de 226% em lançamentos no ano passado na comparação com 2020, de acordo com o resultado anual do Indicador Abrainc-Fipe — vai se manter em alta, embora com um ritmo menos acelerado, avaliam empresários e analistas do setor imobiliário.

As expectativas favoráveis a lançamentos e aquisição de terrenos, aferidas pela quarta edição do Indicador de Confiança do setor imobiliário residencial, são uma excelente sinalização de crescimento para o setor, na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França. “Os indicadores mostram que os empresários esperam manter o ritmo dos negócios em vez de reduzi-lo, apesar da cautela exigida pelo momento econômico”, afirma.

França argumenta que a expectativa de elevação de preços dos imóveis deve aquecer o mercado e trazer mais oportunidades — especialmente porque os valores cobrados pelo metro quadrado no Brasil estão bem abaixo dos níveis de preços praticados no mercado internacional. “A tendência é de valorização, a exemplo do que ocorreu nos últimos anos em alguns importantes bairros da cidade de São Paulo. No período de dez a 15 anos, um imóvel adquirido por algo como R$ 8 mil o metro quadrado hoje está com a metragem avalia-da em R$ 50 mil”, compara.

A análise consensual é que a demanda por imóveis de luxo é inelástica, e que o desejo por mais conforto, espaço e praticidade, despertados a partir do isolamento social imposto pela pandemia, mantém-se como mola propulsora da excelente performance da incorporação imobiliária de alta renda. “O que pode ocorrer, sim, é uma redução da procura por imóveis com perfil de investimento. Mas, dentro de perfil residencial com objetivo de moradia, a demanda por projetos luxuosos deverá continuar forte ao longo deste ano”, avalia o sócio-diretor da Inti Empreendimentos, André Kiffer.

Segundo ele, principalmente porque a decisão de compra pelo cliente potencial no segmento de alto padrão não é influenciada por variações de ordem conjuntural, como a realização de eleições, aumento dos índices de inflação, alta de juros e revisão de expectativa do PIB para baixo.

O analista-chefe do Setor Real Estate na XP, Ygor Altero, destaca a resiliência do mercado de alta renda, concordando ainda que a de-cisão de compra por parte dos clientes mais sofisticados independe dos desdobramentos da política econômica do país. “Isso ocorre desde que o consumidor identifique no produto um maior valor agregado, como de fato vem ocorrendo com o lançamento de empreendimentos de altíssimo padrão e projetos diferenciados”, diz ele.

Sylvio Pinheiro, diretor da G+P Soluções, também aposta na manutenção da curva de crescimento do segmento de imóveis de alto padrão ao longo deste ano. “O mercado de luxo tem crescido no mundo inteiro em todos os setores. De bebidas a carros, de roupas a mansões, o mundo nunca consumiu tanto. Entendo que o mercado imobiliário continuará a crescer no Brasil”, conclui.

A expectativa da diretora da Precisão Empreendimentos Imobiliários, Sonia Chalfin, é de forte tendência de crescimento nos próximos meses. “Crescemos 35% no ano passado na comparação com 2020, mesmo com a pandemia. Foi um crescimento substancial diante do cenário que estamos atravessando. E, para este ano, as projeções estão ainda mais ousadas. Queremos focar mais em imóveis no Leblon (Zona Sul do Rio de Janeiro) e no entorno do bairro, além de abrir mais uma filial”, diz ela.

No ano passado, vendas no segmento aumentaram 21%

Com um crescimento histórico de 226%, os lançamentos no segmento residencial de médio e alto padrão (MAP) ao longo de 2021 somaram 64.505 unidades. Em termos de vendas, 27.937 imóveis foram comercializados no ano passado, com alta de 21% em comparação ao balanço de 2020.

Os resultados constam da quarta edição do Indicador de Confiança do setor imobiliário residencial, realizado pela Abrainc em parceria com a Deloitte. A pesquisa revela ainda que os preços aumentaram no quarto trimestre do ano passado, mantendo a tendência de alta, que pode ainda ser reflexo de custo e de certa manutenção na procura por imóveis.

Apesar da cautela em relação às vendas, o segmento deve seguir com o planejamento para os lançamentos em 2022. Os dados apurados entre 20 de janeiro e 13 de fevereiro, junto a 55 empresas construtoras e incorporadoras, revelam também que no quarto trimestre do ano a demanda geral da procura de imóveis foi mantida após leve retração no período anterior.

No acumulado do ano, os lançamentos e vendas cresceram acima das séries históricas, o que sinaliza o bom desempenho das incorpora-doras. “O setor representa uma grande porta de entrada para o mercado de trabalho e é hoje responsável por cerca de 9% dos empregos gerados no Brasil, é um dos protagonistas no processo de recuperação econômica brasileira,, mantendo-se resiliente”, afirma Luiz França.

Valor Econômico

OLX amplia oferta no setor imobiliário após aquisição de startup

Pensando em expandir seu ecossistema focado no mercado imobiliário – que já abrange marcas como Viva Real, ZAP Imóveis e OLX Imóveis –, a OLX Brasil deu mais um passo em direção ao seu objetivo: adquiriu a startup gaúcha Sohtec, que será integrada à unidade de negócios ZAP+ e aplicará soluções tecnológicas em toda sua atuação no mercado de compra e venda de imóveis. 

A Sohtec foi fundada no Rio Grande do Sul para oferecer soluções às principais queixas das imobiliárias utilizando tecnologia avançada no processamento e gerenciamento de leads. A compra da startup foi realizada justamente para implementar tais soluções ao ZAPway+, um braço do grupo que apoia os agentes imobiliários deixando seus processos 100% digitais.

“Com a aquisição da Sohtec, a proposta de ZAPway+ ganha força e os clientes passam a contar com uma solução ainda mais completa e integrada. Ficamos entusiasmados em levar mais tecnologia e empoderamento às imobiliárias. Estamos ampliando a nossa atuação para estar ainda mais próximos dos nossos parceiros, em busca da construção de um mercado mais digital e conectado”, acrescenta o vice-presidente da ZAPway+ , Rafael Nader.

A inteligência de dados oferece mais competitividade ao segmento e praticidade aos interessados em adquirir ou alugar um imóvel, garantindo uma experiência otimizada desde o agendamento da visitas até a assinatura do contrato. Demanda que cresceu vertiginosamente durante a pandemia e deve manter-se relevante mesmo com o fim do isolamento social.

Casa Vogue

Empresas da Bolsa lucram 235% mais em 2021

Depois de cair 35% em 2020 por causa dos efeitos da pandemia, o lucro das empresas listadas na B3 mais do que triplicou em 2021. Segundo dados da consultoria de informações financeiras Economatica, o ganho médio de um conjunto de 291 companhias abertas saltou de R$ 68 bilhões, em 2020, para R$ 228 bilhões, no ano passado – alta de 235%. O montante supera com folga o momento pré-crise, quando as empresas lucraram R$ 105 bilhões.

“Os valores foram muito significativos, com lucro e receitas crescentes no período. Mesmo isolando 2020, que foi um ano ruim e que tem uma base fraca, o resultado é o dobro do verificado em 2019, antes do coronavírus”, diz o gerente de relação institucional e comercial da Economatica, Einar Rivero. Ao contrário de negócios de pequeno e médio porte que não conseguiram sobreviver à pandemia e fecharam as portas, as grandes companhias aprenderam com a crise e saíram fortalecidas.

Exemplo disso é o retorno sobre patrimônio (ROE), indicador que mede quanto uma empresa pode gerar de valor ao negócio e aos investidores com base nos recursos próprios. Em 2020, essa rentabilidade caiu de 12,08% para 7,02%. No ano passado, saltou para 20,49%. O resultado é reflexo de um avanço das receitas bem acima das despesas operacionais.

Enquanto as vendas líquidas cresceram 45,9% no ano passado, os gastos subiram 22,4%, segundo a Economatica. Nessa equação, o caixa avançou 12%, de R$ 483 bilhões para R$ 541 bilhões.

Eficiência

Na avaliação do economista VanDyck Silveira, presidente da Trevisan Escola de Negócios, as empresas fizeram uma limpeza em termos de eficiência dentro de suas organizações (mas não de produtividade). 

“Houve uma melhora nos gastos, nos estoques e na alocação de recursos, que agora aparece nos balanços”, diz o executivo. Segundo ele, a pandemia trouxe muitas mudanças para o mundo corporativo, como o home office, mas também resultou em demissões e substituição de mão de obra por maquinários e novas tecnologias. Quando há recontratação de pessoal, o salário é menor. Exemplo disso é que renda média do trabalhador brasileiro caiu quase 10% em um ano, e deve demorar a se recuperar. 

Além da maior eficiência das empresas, Silveira destaca que o resultado de 2021 também reflete o boom de commodities (petróleo e minerais). Embora o levantamento da Economatica não inclua Petrobras e Vale para não distorcer a média, muitas empresas ligadas a esses setores acabam abocanhando parte do aumento desses preços. Petróleo e mineração estão entre os dez setores que mais lucraram no ano passado.

Mas o campeão foi o de energia elétrica. Num ano de crise energética, em que o País quase viveu um novo racionamento, as empresas lucraram R$ 52,2 bilhões ante R$ 44,8 bilhões de 2020. Os números refletem, além de uma recuperação na demanda que caiu no primeiro ano da pandemia, a alta nos preços da energia, já que os aumentos são repassados para a tarifa dos consumidores.

Em relatório do Itaú BBA, os analistas afirmam que algumas empresas seriam beneficiadas pelos reajustes baseados no IGPM. No ano passado, o índice acumulou 17,78% de alta. Outro fator que ajudou as empresas a melhorar os resultados foram as reduções nas perdas e na inadimplência.

Além disso, com a necessidade de gerar energia para compensar a queda no volume de água dos reservatórios, algumas geradoras passaram a produzir energia térmica, mais cara. Em alguns casos, o preço era superior a R$ 2 mil o megawatt/hora (MWh).

Exceções

Segundo Einar Rivero, da Economatica, quase todos os setores registraram recuperação em 2021, exceto os segmentos de educação e Transporte e Serviços – este último inclui as companhias de aviação civil, que ainda sofrem os reflexos da pandemia e podem ter mais problemas por causa da alta no preço dos combustíveis. A Gol, por exemplo, teve prejuízo de R$ 7,2 bilhões em 2021; e a Azul, de R$ 4,7 bilhões.

O Estado de SP

Entidades lamentam a morte de Luiz Chor

Na madrugada de ontem (31), faleceu o empresário e líder sindical, Luiz Chor, um dos grandes nomes da Construção Civil no Rio de Janeiro. Ele estava com 91 anos de idade e a causa da morte não foi revelada.

A notícia do seu falecimento mobilizou as entidades do setor, que manifestaram seu luto e ressaltaram a importância do seu legado. O Sinduscon-Rio, o Seconci-Rio e a Ademi-RJ divulgaram suas notas de pesar entre seus associados.

Luiz Chor nasceu no Rio de Janeiro, no final de 1930, e, aos 19 anos, ingressou na Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, onde se formou em 1954. Ainda na década de 50, ingressou no setor imobiliário, ficando sócio da Construtora Francesa. Mas foi na Chozil, fundada juntamente com seu irmão Jacob e com o engenheiro Maurício Zylberberg, considerada uma das incorporadoras mais atuantes no Rio, nas décadas de 60 a 90, que despontou no mercado de imóveis.

Na década de 70, passou a militar em diversas entidades ligadas à construção e à corretagem de imóveis, tendo se tornado diretor e presidente de várias delas. Em sua trajetória, foi presidente do Sinduscon-Rio, entre os anos 1986 e 1992, e da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), entre 1984 e 1987. Chor também foi um dos fundadores do Serviço Social da Indústria da Construção do Rio de Janeiro (Seconci-Rio), em 1988, além de ter integrado a diretoria do Sistema FIRJAN, onde chegou à vice-presidência executiva da entidade.

Seu nome passou a ser conhecido nacionalmente, pois liderava as campanhas contra os cartéis de aço e cimento, que impediam o crescimento do setor, e atuava em prol da erradicação do analfabetismo entre os operários da construção civil. É detentor de várias comendas, títulos e medalhas outorgadas no Brasil e deixa um legado marcante para o setor da Construção Civil.