Águas do Rio promete retirar esgoto da Baía após recuperação da estação Caju

A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Alegria, no Caju, na Zona Portuária, inaugurada há mais de duas décadas como a principal do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, terá um novo investimento nos próximos anos. De acordo com a concessionária Águas do Rio, mais de R$30 milhões serão aplicados no projeto.

O planejamento prevê que a estação aumente de 1.700 para 3.600 litros de esgoto tratados, em média, por segundo, o que elevaria o número de pessoas atendidas dos atuais 510 mil para 1,08 milhão. A meta final, que remete aos números propagados à época da inauguração, em 2001, é atingir a capacidade máxima da estação até 2033, o suficiente para proporcionar para cerca de 1,5 milhão de cidadãos esgoto tratado, no Centro e na Zona Norte da cidade.

Águas do Rio assumiu os serviços da Cedae em 124 bairros da capital e mais 27 cidades do estado e afirma que a estação ETE parecia um cenário de guerra. “Muito mato, muitos equipamentos danificados ou inoperantes. Em um dos decantadores chegou a nascer uma pequena plantação de tomate. Começamos a limpar tudo, a substituir e recuperar peças sem deixar de operar. Em alguns momentos já chegamos a atingir picos de 2 mil litros de esgoto processados por segundo, mas ainda há muito trabalho”, diz Alexandre Bianchini, diretor presidente da Águas do Rio.

Bianchini não descarta, que com o investimento a longo prazo, seja possível a ampliação da capacidade original da ETE para até 7 mil litros por segundo. “É possível. Há novas tecnologias disponíveis e corremos atrás de inovação para aumentar a performance. Além disso, temos área ali para expandir e assim acompanhar o crescimento da população e as modificações de perfil do Centro da cidade que certamente demandam adequações da nossa parte”, conclui.

Problemas

Uma das grandes falhas do programa de despoluição foi a construção de estações de tratamento sem se preocupar com a implantação de tubulações, o que resultou numa falta de esgoto para tratar após a conclusão das ETEs. Atualmente, tubulações com dois metros de diâmetro percorrem caminhos vindos do Centro e da Zona Norte, a profundidades que podem chegar a até 19 metros da superfície, levando os dejetos. O Programa de Saneamento Ambiental (PSAM), sob a coordenação da Secretaria estadual do Ambiente e Sustentabilidade (Seas), trabalha na construção de outros dois troncos coletores: o de Manguinhos, com previsão de entrega no primeiro semestre de 2023, e o Faria Timbó, previsto para até julho de 2024.

José Ricardo Brito, secretário estadual do Ambiente e Sustentabilidade, alega que quase 60% das obras já realizadas. No caso do Faria Timbó, surgiu uma dificuldade adicional devido ao tipo de rocha encontrado, por isso o prazo maior.

“Esse é um trabalho de grande porte e necessário para a cidade. Quando esses troncos estiverem ligados à Estação Alegria teremos como aumentar de fato o nível de esgoto tratado na cidade, o que vai ser importantíssimo para diminuir o nível de poluição na Baía de Guanabara”, disse

De acordo com dados disponibilizados no site do PSAM, o tronco de Manguinhos terá 4,6 quilômetros de extensão e capacidade de captação de 1.293 litros de esgoto por segundo, abarcando 600 mil moradores de bairros como Bonsucesso, Benfica, Engenho Novo e Méier. Já o Faria Timbó terá capacidade de 1.049 litros por segundo num percurso de mais de seis quilômetros a partir de bairros como Piedade, Cascadura, Madureira, e Oswaldo Cruz, beneficiando 456 mil pessoas. Juntas, as duas obras consumirão cerca de R$ 260 milhões.

“Estamos nos preparando para ter capacidade de receber esse volume. Uma coisa depende da outra. Não adianta termos nossa capacidade máxima instalada disponível sem que o esgoto chegue”, disse Pedro Ortolano, gerente de operação da ETE Alegria.

O trabalho iniciado pela Águas do Rio na Estação Alegria inclui desde a recuperação das estruturas de gradeamento grosso e fino — responsáveis por reter detritos sólidos que caso entrem no sistema podem causar danos à operação — até o sistema de bombeamento, as caixas de areia, os decantadores primários e todo o tratamento secundário, que inclui os tanques de aeração, onde é finalizado o processo antes que ele seja despejado, já tratado, no Canal do Cunha.

Dos cinco decantadores que compõem a primeira etapa do tratamento do esgoto que chega à estação Alegria, apenas um estava operando. A empresa afirma que há, no momento, 50 pessoas trabalhando na limpeza de resíduos nesses tanques que têm quatro metros e meio de profundidade. O trabalho é considerado chave para ampliar a capacidade de tratamento da estação. “O objetivo final é ampliar, mas antes nosso foco estava em garantir a operação atual, não tinha como ser diferente. Hoje contamos com três dos cinco grupos já recuperados e disponíveis. Isso é mais que suficiente para trabalharmos com o volume atual e nos dá uma segurança operacional que não existia antes”, diz Ortolano.

Outros projetos

Além da estação Alegria, a concessionária Águas do Rio é responsável ainda pela ETE de São Gonçalo, onde também estão sendo realizadas obras de reforma, além de um estudo técnico sobre a viabilidade de ampliação da capacidade. No primeiro ano de operação, a empresa reformou e revitalizou as 26 estações elevatórias existentes na região da Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio. Na Elevatória Hípica, a antiga tubulação foi substituída por uma nova, feita de aço carbono, mais resistente e durável e menos suscetível a vazamentos. A elevatória de São Conrado, responsável por bombear o esgoto do bairro e de parte da Rocinha, também passou por obras e teve sua capacidade aumentada.

Diário do Rio

Projeção da inflação para 2022 varia de 5,60% para 5,61%

A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, teve variação positiva de 5,60% para 5,61% para este ano. É a primeira elevação na projeção, após 17 semanas de redução consecutiva.

A estimativa consta do Boletim Focus de hoje (31), pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC), em Brasília, com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.

Para 2023, a projeção da inflação ficou em 4,94%. Para 2024 e 2025, as previsões são de inflação em 3,50% e 3%, respectivamente.

A estimativa para 2022 está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,5% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2% e o superior 5%.

Em setembro, houve deflação de 0,29%, o terceiro mês seguido de queda no indicador. Com o resultado, o IPCA acumula alta de 4,09% no ano e 7,17% em 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Taxa de juros

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa está no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.

Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre o ano nos mesmos 13,75%. Para o fim de 2023, a estimativa é de que a taxa básica caia para 11,25% ao ano. Já para 2024 e 2025, a previsão é de Selic em 8% ao ano e 7,75% ao ano, respectivamente.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

PIB e câmbio

A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano continua em 2,76%. Para 2023, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – é de crescimento de 0,64%. Para 2024 e 2025, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 1,8% e 2%, respectivamente.

A expectativa para a cotação do dólar manteve-se em R$ 5,20 para o final deste ano. Para o fim de 2023, a previsão é de que a moeda americana se mantenha nesse mesmo patamar.

Agência Brasil

IPTU 2023: Contribuintes têm até hoje para obter desconto da Nota Carioca

Os contribuintes da cidade do Rio têm até hoje (31/10) para fazer o direcionamento de créditos da Nota Carioca para abatimento de até 100% do valor do IPTU em 2023. A transferência dos valores pode ser feita pelo site do programa e garante descontos para um ou mais imóveis, comerciais ou residenciais, localizados no município do Rio.

Podem ter créditos disponíveis no sistema pessoas físicas cujos CPFs estejam identificados nos documentos fiscais emitidos a partir de 1º de janeiro de 2020, desde que o ISS correspondente tenha sido pago pelo prestador de serviços. O abatimento no IPTU 2023 pode alcançar até mesmo imóveis com débitos do imposto, excluindo aqueles que possuem apenas cobrança de TCL – Taxa de Coleta Domiciliar de Lixo. O programa permite ainda que o valor seja direcionado a um mesmo imóvel por CPFs distintos, sem que haja necessidade de o contribuinte ser o proprietário do imóvel beneficiado.

Neste ano, cerca de R$ 156 milhões em créditos da Nota Carioca estão disponíveis aos contribuintes da cidade. Para realizar o procedimento o cidadão deve se cadastrar no site da Nota Carioca  e indicar o número de inscrição do imóvel no cadastro do IPTU – presente na guia de pagamento do imposto. Para direcionar valores é preciso ter no mínimo R$ 1,00 acumulado no sistema.

Validade dos créditos

Os créditos da Nota Carioca são válidos até o segundo ano seguinte àquele em que tiverem sido gerados. Por isso, os que foram gerados em 2020, cerca de R$ 59 milhões, perderão a validade em 31/10, caso não sejam utilizados para abatimento no IPTU.

Diário do Rio

Mercado imobiliário aposta na busca por experiências da geração Z

Os nascidos no final dos anos 1990 estão chegando ao mercado imobiliário com um conceito de moradia distinto do de seus pais. Acostumados a compartilhar suas vidas nas redes sociais, a chamada Geração Z consome experiências.

“As áreas de convivência têm muito peso para eles, é tudo muito social. E há uma fronteira muito menor entre o pessoal e o profissional”, afirma André Kovari, sócio da Vita Urbana.

Apartamentos compactos, bem localizados e com ampla oferta de serviços que trazem praticidade ao dia a dia são o foco desses consumidores que prezam o tempo livre.

“É a infraestrutura da porta do apartamento para fora que conquista esse cliente”, diz Cyro Naufel, diretor de atendimento da imobiliária Lopes.

A demanda básica na hora de alugar ou comprar um imóvel é por academia, espaços de convivência, de coworking, ambiente ao ar livre, lavanderia e bicicletário.

“O público jovem não quer dirigir. Até 2018, o mercado tinha dúvidas sobre empreendimentos sem vaga na garagem. Hoje, usamos o local onde os carros ficariam estacionados para ampliar a área comum”, diz Fernando Trotta, CEO da Pivô Desenvolvimento Imobiliário. A empresa tem oito empreendimentos em São Paulo sem garagens.

“Essa forma de compartilhar serviços insere as pessoas e barateia o condomínio. O nosso objetivo é moradia a custo zero, com as parcerias cobrindo todos os gastos do condomínio. E temos uma fila de empresas querendo ser integradas”, afirma Alexandre Lafer Frankel, CEO da Housi, plataforma digital.

A fotógrafa Nádia Reis, 28 anos, vive há cerca de dois anos em um apartamento de moradia flexível e usa as áreas comuns também em seus ensaios.

“Fotografo muitos clientes aqui, porque é bem estético. E a praticidade de alugar pelo tempo que eu quiser e sem fiador faz toda a diferença”, diz.

“O apartamento já é completo, não precisei comprar nada, e tenho tudo no prédio: mercado, adega, serviço de faxina que peço pelo app. E todo dia conheço alguém novo no elevador, é o melhor networking”, afirma Nádia.

Investir na compra de um imóvel não é o foco inicial dessa geração, que está no início da carreira profissional. “Os imóveis ficaram menores, mas mais caros”, diz Felipe Santos, da aMora.

“É o público de primeiro imóvel, que faz o que o bolso permite. A opção pelo aluguel é a principal”, afirma Leonardo Azevedo, fundador do Apê 11.

Nascidos conectados à internet, esses jovens recorrem à tecnologia desde a busca pelo imóvel ao delivery de refeição, supermercado e farmácia.

Quase 60% dos consumidores nessa faixa etária buscam o imóvel pelo site Apê 11, segundo pesquisa feita com dados do Google Analitics a pedido da Folha.

“Mais da metade do nosso público está dentro dessa geração e mostra muita habilidade para conhecer o apartamento e apresentar propostas de forma digital”, diz Azevedo.

Recém-chegado no mercado, o aplicativo Ublink permite visitar virtualmente um apartamento “como quem caça Pokemón”, diz Rogério Santos, um dos fundadores.

“Se preferir, no próprio aplicativo pode pedir uma visita presencial. O cliente também pode apresentar oferta online ao proprietário do imóvel e ser informado da chance de a proposta ser aceita”, afirma Santos.

Andressa Gulin, CEO da incorporadora AG7, afirma que esses jovens buscam mais independência e flexibilidade na hora de escolher onde morar. “Muitos novos modelos de negócios de menor custo e maior flexibilidade como locações, residências a service, cosharing e coliving têm um apelo atrativo para a realidade deles”, afirma.

“Mas uma coisa é um fato: as pessoas entenderam a importância de escolher um lugar para morar e estão dispostas a investir mais nisso em busca de qualidade de vida, bem-estar e saúde física e mental”, diz a executiva.

“O jovem busca facilidade, ele entende que um imóvel grande significa mais trabalho, seja para mobiliar, seja para limpar. Este jovem não possui tanto tempo livre e não dispõe de um funcionário para manter o seu lar. A busca ou se faz por um imóvel menor ou vemos os jovens dividindo apartamento, focados em uso total do imóvel e em valorização do tempo livre”, diz a arquiteta Gabriela Accorsi, do site La Decora.

Para os especialistas, ao contrário da geração dos pais, que buscava um lugar definitivo para morar, acreditando em uma única compra de imóvel durante a vida, a geração atual se importa mais com o que tem próximo à residência e cumpra sua rotina e com áreas comuns que atendam aos seus hábitos.

“Eles querem uma academia boa e confortável, não ligam para uma cozinha super equipada. Estão atentos ao design do prédio, à automação, de olho no moderno e no ‘instagramável’, sem precisar criar raízes”, afirma José Roberto Leite, sócio da incorporadora Next Realty.

Conforto para essa geração é uma mistura de facilidade e senso de pertencimento no local escolhido, segundo a executiva da AG7. “Tem os que gostam de viver no centro porque buscam por diversidade, outros querem viver em um lugar mais antigo, pois buscam nostalgia”, afirma.

Apostando nessa necessidade de pertencimento, a Vita Urbana decorou um de seus imóveis no centro da capital ao estilo Santa Ceciliers. “Compramos todos os objetos do decorado na região de Santa Cecília, decoramos com plantas e até incluímos almofada em formato de gato para que, quando fossem visitar o empreendimento, esses jovens já se sintam em casa”, conta Kovari.

“São os consumidores do momento. Diversos setores estão prestando atenção a eles e no mercado imobiliário não poderia se diferente”, afirma Naufel.

PREFERÊNCIAS DA GERAÇÃO Z AO ESCOLHER IMÓVEIS

Confira levantamento feito pela plataforma Apto com clientes nascidos entre 1998 e 2004

  • Com 60% do público, o sexo feminino prevalece como os usuários que mais acessam o Apto em busca de imóveis novos em 2022
  • Empreendimentos prontos para morar são a preferência de 37%
  • Imóveis de médio padrão estão entre os mais requisitados, com 50% das buscas
  • Entre os maiores atrativos estão: ampla área de lazer, bicicletário, pet places, financiamento pelo Casa Verde e Amarela, coworking e wi-fi em áreas comuns
  • Sobre a localização, a preferência é por imóveis perto de hospital, faculdade, metrô/trem, shopping e com comércio de rua

Folha de Sp

Marquise, Moura Dubeux e BSPAR são as grandes campeãs de vendas do 3TRI22 no Ceará

O Flash Imobiliário da Lopes Immobilis apresentou o resultado geral de vendas no terceiro trimestre deste ano, cujas construtoras vencedoras foram agraciadas com troféus e certificados entregues a seus representantes. No ranking de médio e alto padrão a campeã foi a Marquise Incorporações, seguida da Moura Dubeux, em segundo, e BSPAR, em terceiro lugar.

O resultado foi muito expressivo, tanto que apenas estas três construtoras com forte atuação no mercado imobiliário cearense, juntas, foram responsáveis pela venda de quase um terço do total de apartamentos comercializados no acumulado de janeiro a setembro deste ano, que foi de R$ 1,45 bilhão, com R$ 404,99 milhões.

A Marquise foi a construtora que obteve o maior volume de vendas no terceiro trimestre, demonstrando toda a sua força num mercado que a cada dia se apresenta mais competitivo e com consumidores mais exigentes. A gerente Comercial Poliana Nobre recebeu a premiação das mãos de Ricardo Bezerra.

Já pela segunda colocada, a incorporadora pernambucana Moura Dubeux, que vem realizando constantes lançamentos na capital cearense, quem recebeu a premiação foi a gerente Comercial no Ceará, Ivna Moraes, que comanda uma equipe de vendas altamente qualificada.

E o empresário Beto Studart, CEO do Grupo BSPAR, recebeu a premiação de terceiro lugar conquistada por sua incorporadora. Na oportunidade, ele anunciou que está preparando o lançamento do BS Vision, que será um novo marco da construção civil na capital cearense.

Portal In

Venda de imóveis prontos pode afetar o resultado financeiro das incorporadoras

A poucos dias das divulgações dos balanços das incorporadoras de capital aberto, o mercado aguarda para ver se os bons resultados apresentados nas prévias operacionais vão se refletir também em melhores indicadores financeiros para essas companhias.

Na média e alta renda, as incorporadoras optaram por reduzir seu ritmo de lançamentos, para se resguardar de uma possível diminuição da busca do consumidor pelos imóveis. O período entre julho e setembro foi marcado pela continuidade de juros elevados, que afetam principalmente o consumidor de média renda, e pela proximidade do período eleitoral, que poderia deixar esse consumidor receoso de se comprometer com uma compra do tamanho de um imóvel.

Segundo levantamento do Itaú BBA, o valor dos lançamentos dessas companhias foi de R$ 4 bilhões no terceiro trimestre, enquanto os novos projetos no mesmo período do ano passado e no segundo trimestre deste ano ficaram na casa dos R$ 4,9 bilhões.

A surpresa positiva para o mercado foi que as vendas não acompanharam o mesmo ritmo de queda dos lançamentos. No consolidado feito pelo banco, somaram R$ 3,7 bilhões em valor geral de venda (VGV), pouco abaixo dos R$ 3,8 bilhões do trimestre anterior, mas bem acima dos R$ 2,9 bilhões computados entre julho e setembro de 2021.

O efeito dos ritmos diferentes de lançamentos e vendas foi uma maior comercialização do estoque para as incorporadoras de média e alta renda. A pesquisa do Itaú BBA também mostra que, pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2021, o total de meses necessários para escoar o estoque dessas companhias foi reduzido, de 23 para 22 meses.

A venda de unidades em construção ou já prontas é positiva para as empresas, por diminuir o custo de carrego dessas unidades, mas pode ter impacto sobre a margem bruta das companhias, como afirmou o chefe de real estate da XP, Ygor Altero, em relatório, porque costuma significar descontos maiores para os compradores.

As incorporadoras de todos os padrões vêm tentando aumentar o valor das novas unidades, para compensar a inflação do custo da construção, forte desde o início da pandemia. Esse indicador, ao menos, já começou a se estabilizar. Para os analistas do Credit Suisse, o pior momento de alta de custos provavelmente já ficou no passado, mas o preço do concreto e da mão de obra ainda são fonte de preocupação.

O movimento de elevação do preço das unidades e de estabilidade dos custos também contribui para a expectativa do setor de ter melhora na rentabilidade dos empreendimentos.

No segmento de baixa renda, que foi especialmente atingido pelo aumento do custo da construção, por já trabalhar com margens mais apertadas, é esperado que as companhias que vinham conseguindo apresentar resultados operacionais e financeiros melhores, como Cury e Direcional, repitam os bons números. Já MRV e Tenda, que sofreram mais com os custos, optaram por reduzir o ritmo de lançamentos e a velocidade de vendas, e se concentrar no aumento do preço dos produtos, agora mais selecionados. Para o Credit, a Tenda deve ser o destaque negativo do trimestre, enquanto a MRV pode apresentar uma leve melhora de suas margens.

Em geral, as condições econômicas ainda são melhores para o segmento de baixa renda. A taxa de juros dentro do Casa Verde Amarela (CVA) é fixa e não acompanha as alterações da Selic na mesma velocidade e intensidade, e os recursos para bancar os financiamentos da política habitacional estão chegando em maior volume.

No terceiro trimestre, a Caixa reportou a liberação de R$ 19,3 bilhões para financiamentos do CVA, alta de 20% sobre o período anterior e de 36% ante o mesmo trimestre de 2021.

O período também marcou a implementação de atualizações no programa habitacional, muito pedidas pelas companhias que atuam no setor, como a ampliação da renda permitida e mudanças nas curvas de subsídios. Em setembro, começou a valer a possibilidade de se ampliar o prazo máximo do financiamento imobiliário no CVA de 30 para 35 anos, o que pode reduzir o valor mensal de pagamento e, assim, alcançar mais beneficiários.

Essa última alteração, porém, não é oferecida para todos os usuários do programa, depende da análise de crédito feita Caixa, o que limita seus efeitos.

Uma última atualização começou a operar neste mês, e permite incluir os depósitos futuros no FGTS como parte da renda familiar do tomador do empréstimo pelo CVA. Ela também vem com um porém: só foi liberada para famílias que com renda de até R$ 2.400, ou seja, apenas para as faixas iniciais do programa.

A incorporadora Pacaembu, que faz casas para o CVA no interior de São Paulo, afirma que vai se beneficiar da medida. Seus imóveis são vendidos, em média, a R$ 164 mil. Já incorporadoras que atuam nas capitais do país, principalmente no Sudeste, não conseguem atender esse público, pelo modelo atual do programa.

Valor Econômico

A regulação urbana, a economia e a redução das desigualdades

Políticas urbanas e regramentos inadequados podem criar distorções importantes na operação do mercado imobiliário, e colocar em risco o crescimento econômico local, além de gerar problemas como segregação, longos tempos de deslocamento, deterioração da qualidade de vida, falta de moradia e barreiras à mobilidade social.

Nos países mais desenvolvidos começa surgir a compreensão de que o aumento acentuado dos preços das moradias e a consequente diminuição do acesso à habitação nas áreas metropolitanas, são resultado de regras de zoneamento excessivamente restritivas e regulamentações que oneram o custo da produção imobiliária.

Pesquisadores da London School of Economics, em Londres, Michael Storper e Adrés Pose, argumentam que essas políticas restritivas em relação à produção de moradias são cada vez mais vistas como centrais para a ampliação das desigualdades sociais e espaciais em escala nacional.

Essa conexão, segundo eles, surge porque as políticas habitacionais locais criam barreiras à possibilidade de pessoas de regiões menos dinâmicas se mudarem para regiões mais dinâmicas. A habitação, nesta visão, não é mais uma questão local: é central para debates sobre o crescimento nacional.

Parece haver entre os estudiosos desse tema, consenso de que para mitigar dentro das cidades distorções Inter regionais de oportunidades, reduzir desigualdades, e aumentar o acesso a moradia em bairros mais prósperos, seria necessária a introdução de modelos de zoneamento que aumentem de forma relevante o adensamento e as áreas destinadas à habitação, nas regiões com maior oferta de infraestrutura física e social de qualidade.

A professora Cecile Gaubert da Universidade Berkeley, California, EUA, argumenta que as cidades estão subdimensionadas hoje porque as empresas não podem capturar todos os ganhos potenciais de aglomeração para a produtividade dos trabalhadores, e isso ocorre porque os salários nas grandes cidades são inflados pelos custos excessivos da moradia devido à regulamentação urbanística. Assim, se a oferta habitacional aumentasse nos locais mais adequados, o crescimento urbano envolveria trabalhadores qualificados desfrutando de altos prêmios salariais urbanos.

Uma onda mais recente de pesquisas se aventura em estimar como a adequados, regulação menos restritiva da oferta habitacional afeta o crescimento populacional, o tamanho das cidades e a desigualdade de renda.

Segundo Chang Hsieh da Universidade de Chicago e Enrico Moretti da Universidade da California, à medida que a construção de moradias se desvincula da regulamentação em áreas metropolitanas prósperas, Nova York, por exemplo, ganha 787% em emprego, enquanto a base de empregos é multiplicada por cinco em San Francisco-San Jose. A desregulamentação habitacional, eles afirmam, geraria US$ 1,4 trilhão anualmente em PIB adicional nos EUA, por meio de uma combinação de ganhos salariais e transferência de aluguéis excessivos para os salários dos trabalhadores.

Assim, as evidencias apontam que a regulação urbanística adequada em escala regional, desencadearia a construção de novas moradias nos bairros onde os trabalhadores qualificados querem morar. A produção em escala conveniente de moradias para famílias de mais alta renda, as impedirá de competir diretamente com as famílias de baixa renda por habitações mais antigas e de menor qualidade, permitindo que essas famílias se desloquem para regiões com oferta de melhor infraestrutura, num processo que pode ser exitoso para a materialização da redução das desigualdades.

Folha de SP, coluna Claudio Bernardes

Venda virtual de imóveis cai no gosto do cliente

A tecnologia mudou radicalmente a forma de fazer negócios no mercado imobiliário — e as mudanças chegaram também ao segmento econômico. O interessado em comprar um imóvel hoje pode visitar os apartamentos, informar-se sobre documentação e até assinar contrato de compra de forma virtual. Esse modelo foi acelerado durante a pandemia e tornou-se um braço permanente de venda nas empresas.

A Cury foi uma das construtoras que investiram pesado na digitalização. Pelo aplicativo de celular ou pelo site da empresa, o cliente pode fazer um tour virtual no decorado com óculos de realidade aumentada ou em 3D, assistir a vídeos com apresentação do imóvel por um arquiteto e ainda ter análise de crédito por meio da documentação enviada por e-mail. Negociação de valores e condições de parcelamento da entrada também pode ser 100% digital.

— Nosso objetivo é oferecer todas as possibilidades e deixar o cliente à vontade para escolher. Ele pode, por exemplo, fazer apenas uma etapa presencial e as outras, on-line ou fazer todo o processo de forma digital — explica Adriano Affonso, gerente geral Comercial RJ e SP da Cury.

Segundo ele, o número de clientes que optam por adquirir um imóvel de maneira 100% digital ainda é pequeno, mas vem crescendo desde o início da pandemia, passando de 10% para 20% do total de imóveis vendidos pela construtora. Em contrapartida, os que ainda preferem fazer todo o processo por meio presencial não passa de 1%.

— Quando tudo era presencial, o fechamento do negócio levava mais tempo, porque era necessário marcar horário para a visita e, às vezes, havia dificuldade de deslocamento dos clientes. O tempo médio para fechar uma compra com todas as etapas presenciais era de 40 dias, hoje caiu para a metade — diz Affonso.

A Vivaz, que atua no segmento econômico desde 2018, já nasceu com a oferta de uma plataforma dedicada à venda on-line de imóveis. Pelo site da construtora, há ferramentas de visita virtual ao apartamento decorado que reproduzem de forma fiel as visitas presenciais, com visão 360 graus do imóvel. Os corretores também estão disponíveis em chats para falar com os clientes em horários flexíveis, e a assinatura do contrato pode ser feita digitalmente, assim como o pagamento da parcela da entrada por boleto ou Pix.

— Na prática, o encontro presencial pode acontecer somente na vistoria do imóvel, antes da entrega das chaves, quando costumamos fazer um encontro com os proprietários para celebrar o momento. Para muitos, é a realização do sonho da casa própria — observa o diretor de Incorporação da Vivaz e da Living, Vítor Ximenes. Segundo ele, em média, 50% dos compradores optam por assinar o contrato de forma digital.

A Riviera Construtora implementou uma plataforma de venda on-line em função da quarentena durante a pandemia. Mas a ferramenta veio para ficar. Para a consultora de Marketing e Vendas da empresa, Jamille Dias, a modalidade trouxe praticidade e economia de tempo tanto para a companhia quanto para os clientes.

— Antes, as pessoas precisavam ir muitas vezes ao estande para levar documentos. Agora, tudo pode ser feito on-line. Os que mais se adaptam a esse modelo são os jovens, mais acostumados a comprar pela internet. Os investidores também costumam fazer tudo digitalmente — ressalta a consultora da Riviera.

Visita ao decorado não perdeu importância

Compra envolve financiamento de longo prazo, o que exige cautela dos interessados

O decorado dá uma noção real do tamanho do imóvel
O decorado dá uma noção real do tamanho do imóvel Foto: RIO8/DIVULGAÇÃO

 Embora as vendas on-line tenham ganhado força depois da pandemia, a visita ao decorado no estande ainda é a “cereja do bolo” no momento da negociação com o cliente. Segundo a consultora de Marketing e Vendas da Riviera Construtora, Jamille Dias, os argumentos de venda tendem a ser mais eficazes quando feitos “olho no olho”.

— A maioria dos clientes opta por visitar o estande para ver o decorado ao vivo e a cores. Nossos corretores também estimulam isso. Mesmo com o processo todo on-line, essa visita presencial não perdeu a importância. No segmento econômico, isso ainda tem muita força — afirma ela.

Para a gerente de Vendas da Rio8 Incorporações, Sheila Ferreira, os clientes do segmento econômico, em geral, ainda são muito receosos de fazer o processo de maneira totalmente online. Normalmente, só assinam digitalmente o contrato após irem pelo menos uma vez ao estande. A exceção fica por conta dos investidores, que, segundo Sheila, já estão acostumados a comprar de forma virtual.

— As pessoas gostam também de ver a localização do imóvel, o bairro e o entorno, para então decidir pela compra. Muitos ainda são bem desconfiados. Desejam olhar a estrutura do estande, verificar se o trabalho da construtora é sério. É uma operação que envolve financiamento de longo prazo e tem relação com o sonho da pessoa de adquirir sua casa própria — pondera Sheila.

Extra Online

Residenciais ganham estúdios para podcasts

Produzir conteúdo está na ordem do dia, e o mercado imobiliário não poderia ficar de fora dessa tendência. Lançamentos com espaços para gravação de vídeos tornam-se cada vez mais comuns, atendendo um público que cria podcasts, posts para redes sociais ou apresentações formais de trabalho. A pandemia só potencializou a demanda por estúdios montados com equipamentos básicos, como jogos de luzes e microfones, e que permitam fazer uma produção mais profissional.

Tendência. Pesquisa de 2019 já apontava demanda por esse tipo de espaço — Foto: CARVALHO HOSKEN / DIVULGAÇÃO
Tendência. Pesquisa de 2019 já apontava demanda por esse tipo de espaço — Foto: CARVALHO HOSKEN / DIVULGAÇÃO

Mas, embora só agora comecem a pipocar residenciais com estúdios de gravação, a ideia não é nova. Já em 2019, o time de incorporação da Carvalho Hosken, em suas pesquisas de tendências, apontava para o crescimento da demanda por espaços de produção de conteúdo. Com o coronavírus e o isolamento social, houve um aumento exponencial no número de pessoas interessadas em se comunicar por posts e vídeos, de uma hora para outra.

—Todo mundo passou a gerar conteúdo e a produzir posts e vídeos em casa. Porém, isso gera conflito, às vezes, porque é preciso gravar no mesmo ambiente em que alguém está estudando ou trabalhando. Nossa ideia é ofertar um espaço profissional para os produtores de conteúdo, tanto faz ser um influenciador de moda ou uma professora de Matemática — explica a gerente de Incorporação da Carvalho Hosken, Talitha de Abreu Ribeiro.

A Carvalho Hosken montou o live box no Elos, um dos condomínios do Ilha Pura, o bairro planejado erguido pela empresa na Barra da Tijuca. Os moradores das 680 unidades poderão aproveitar o espaço que conta com ring lights e microfones. O ambiente foi projetado ao lado da sala de reuniões para deixar claro que se trata de uma área profissional. Para usar, basta o morador reservar horário na administração.

Home office

O Jardim da Barra, que a Calçada Empreendimentos Imobiliários ergue também na Região Olímpica da Barra da Tijuca, é outro que oferece espaços reservados a influenciadores e podcasters. O residencial terá 304 unidades.

O diretor Comercial da incorporadora, Bruno Oliveira, lembra que, com a pandemia, muitas pessoas se viram obrigadas a transformar suas casas em ambientes de trabalho. Agora, cabe às construtoras desenvolver prédios que atendam a essas novas necessidades.

— As pessoas continuam buscando espaços maiores, que ofereçam mais qualidade de vida e em que também possam trabalhar, seja em home office direto ou de forma híbrida, por exemplo. Muitas se tornaram produtoras de conteúdo durante a pandemia e querem continuar fazendo seus vídeos sem sair do lugar em que moram. O estúdio profissional, além disso, pode servir também para quem pensa em iniciar uma nova carreira — diz ele.

Por falar em nova carreira, o Lazuli, em Niterói, parceria da União Realizações com a Mônaco, será o primeiro do país com espaço dedicado à prática dos eSports. Com cerca de 80 metros quadrados, o egame arena terá computadores e estações para competição entre times, telão, arquibancada e a possibilidade de transmissão das partidas. E não fica por aí. Os moradores das 119 unidades contarão ainda com estúdios de streaming e de produção de conteúdo audiovisual para redes sociais.

— Nossa arena é um diferencial. Mesmo com o jogo rolando em ambiente virtual, os moradores poderão estar juntos — observa a diretora de Operações da União Realizações, Paula Barbosa.

O Globo

“É a construção civil que vai fomentar a economia nos próximos anos”, José Carlos Martins

O setor da construção civil mostrou resiliência desde o início da pandemia. Após dois anos de bons resultados, o primeiro semestre de 2022 foi marcado pela alta no custo das commodities e dos fretes e pela perda do poder aquisitivo das famílias, o que levou as incorporadoras a frear os lançamentos. Mas a recuperação já chegou, e os bons ventos já voltaram a soprar, aposta José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), na entrevista a seguir.

Qual sua avaliação do setor da construção civil em 2022?

José Carlos Martins — Após dois anos de forte crescimento, com oito trimestres positivos consecutivos, o setor sofreu uma retração, reflexo do repasse da alta de custos da construção para os preços dos imóveis e a diminuição do poder aquisitivo das pessoas em razão da inflação. O primeiro trimestre foi muito ruim, com queda de 25,6% nos lançamentos das unidades populares na comparação com o mesmo período de 2021. As empresas perceberam que os imóveis viáveis não caberiam mais no bolso das famílias.

Isso mudou com as mudanças na política de subsídios?

Sim, após essas mudanças, o cenário começou a melhorar no segundo semestre. Em agosto e setembro, o volume de contratação de financiamentos do programa federal de habitação já crescia 40%, em comparação a 2021. Isso indica que fecharemos este ano com cerca de 10% de crescimento nas contratações e de 3,5% no PIB da construção.

E com relação à geração de empregos?

Continuaremos positivos. Segundo dados do Caged, o setor gerou mais de 665 mil empregos formais entre julho de 2020 e setembro deste ano.

O que é preciso para manter esse ritmo?

Dobrar a participação da construção civil no PIB nacional. Para isso, é preciso adotar medidas macro, como garantir o fluxo de recursos para financiamento. Não podemos ter soluços, nem investir pouco. Independentemente de quem for o próximo presidente da República, é preciso haver uma decisão política para se construir mais casas no país.

O mandatário precisa ver a construção civil como a verdadeira locomotiva do crescimento da economia brasileira, como acontece em diversos países. Nos Estados Unidos, com toda a economia digital, o setor tem uma participação no PIB três vezes maior que a nossa. Existe um indicador importante. Segundo os analistas, a nossa economia está 0,3% abaixo do seu pico de atividade, ocorrido em 2014. Já a construção civil está 23,69% aquém de sua performance histórica máxima – também daquele ano. Isso mostra o tamanho da oportunidade e onde ela está. Qualquer governante deverá entender que é a construção civil que vai gerar emprego e fomentar a economia nos próximos anos.

O cenário internacional recente impactou muito a construção civil? O que pode ser feito para mitigar esse efeito?

O aumento de preços das commodities e dos combustíveis afetou diretamente o setor em que o custo do frete, por exemplo, é muito importante. Acredito que seja preciso abrir mais canais com fornecedores no exterior, a fim de regular o preço dos insumos do setor no mercado interno por meio da livre concorrência.

De que forma a sustentabilidade impacta no presente e no futuro da construção civil?

Precisamos entender que todos nós podemos ganhar muito se formos mais sustentáveis. Destinar parte do mercado para as casas de madeira, por exemplo. A madeira não emite gases do efeito estufa, captura carbono e, dependendo da região, não precisa de transporte de longa distância.

Em Rio Branco (AC), as construções dependem do cimento que vem de Brasília. Já imaginou o quanto de carbono é emitido nesse processo? Eles poderiam utilizar madeira de reflorestamento para fabricar habitações, principalmente nas áreas mais degradadas da cidade. Então, vejo a sustentabilidade e o ESG como grandes oportunidades para o setor.

Como aumentar a produtividade da construção civil?

Com industrialização, inovação e capacitação da mão de obra. Estes devem ser os pilares da transformação da produtividade no setor.

A industrialização dos processos vai diminuir imensamente a quantidade de resíduos, a necessidade de retrabalho e o desperdício de tempo e de materiais. Nosso modelo construtivo tem avançado, mas ainda é arcaico em muitos aspectos. Também é inegável a necessidade de inovação para reduzir os custos da construção, algo que já vem acontecendo, se compararmos os valores de agora com os de uma década atrás.

E sobre a mão de obra?

Uma pesquisa que fizemos neste ano apontou que 89% das empresas do setor consultadas estão sofrendo com a falta de profissionais mais capacitados. Servente de obra, por exemplo, tem bastante, mas a cada dia precisamos menos dele e mais de operadores de empilhadeira.

Se por um lado vimos uma modernização da gestão do setor imobiliário nos últimos anos, agora é hora de dar um embalo na etapa da construção para ela se tornar mais produtiva e competitiva.

Valor Econômico, Imóveis de Valor