Como práticas de governança remodelam o setor imobiliário

Ainda pode existir muita dúvida a respeito do significado da sigla que representa a responsabilidade socioambiental (ESG), especialmente sobre sua aplicabilidade, importância e real impacto nos negócios e nos consumidores. Perceber ferramentas, atitudes e processos que por vezes já estão sendo aplicados por parte das empresas e profissionais é sair à frente neste quesito.

Júlia Berticelli Basso lidera a Sustentabilidade Corporativa do Grupo RAC  e conversou com exclusividade para a coluna o Mercado por Elas sobre o que tem aplicado na prática no setor.              

Elisa Rosenthal: A preocupação da RAC Engenharia é perceptível e tangível. Como funciona a dinâmica de um departamento de sustentabilidade corporativa e quais são suas principais conquistas frente ao departamento?              

Júlia Basso: O setor de Sustentabilidade Corporativa surgiu com a percepção da importância das nossas iniciativas de sustentabilidade, de inovação e de impacto social permearem todas as áreas do Grupo RAC. Assim sendo, o setor atua de forma estratégica, alinhado à Governança, identificando oportunidades, não só de minimizar nossos impactos negativos, como de potencializar os benefícios das nossas atividades como um todo.

Sem dúvida, a publicação do primeiro Relatório de Sustentabilidade do Grupo RAC representou um grande marco para nós. O material foi elaborado de acordo com as diretrizes internacionais da Global Reporting Initiative (GRI) e relata, de forma integrada e ética, a sustentabilidade no seu mais amplo nível (econômica, ambiental e social).            

ER: As pesquisas do Instituto Mulheres do Imobiliario e behup dão conta que as mulheres priorizam empresas com setor e certificações na hora da tomada de decisão pela compra do imóvel. Sabendo que nós, mulheres, também somos as principais influenciadoras nesta jornada, como a RAC sente estes indicadores em sua performance de vendas?                                                       

JB: Essa priorização tende a se tornar cada vez mais evidente. O Grupo RAC incorpora muitas dessas práticas, que além de servir para tornar nossos empreendimentos mais sustentáveis e inovadores, é o nosso objetivo principal, a iniciativa tem trazido retorno positivo e perceptível.           

Um bom exemplo são as vendas do Árten, o novo lançamento da HIEX Empreendimentos, no qual constatamos que em torno de 20% dos clientes chegaram ao empreendimento devido à identificação com a questão da sustentabilidade, consolidando e tornando cada vez mais evidente o que acreditamos: que o consumidor valoriza e deseja ocupar ambientes sustentáveis, que proporcionem maior bem-estar e que contribuam para um mundo mais harmônico.

ER: Recentemente a empresa entrou para o seleto grupo de companhias com certificação B Corp em nosso setor. O que isso significa para vocês? E para o mercado e consumidores?

JB: Para nós, sermos reconhecidos como a primeira Empresa B do setor de construção civil do Sul do país é motivo de muito orgulho, pois atesta o equilíbrio entre propósito e lucro das organizações certificadas.                

A conquista dessa chancela não é apenas um reconhecimento de resultados, mas também uma identificação de melhorias, já que o processo é bastante complexo e repleto de análises e avaliações. Por isso, além de ficarmos felizes com o que realmente está caminhando bem, também temos a oportunidade de olhar para o que, eventualmente, precisa evoluir.            

Para o consumidor, reafirmamos o nosso compromisso de causar impactos positivos, considerando nossos públicos de interesse na tomada de decisão através de ações mais transparentes, oportunizando que ele faça escolhas mais conscientes e com maior segurança.                             

ER: Quais os próximos passos da agenda ESG da RAC?

JB: Sabemos que a evolução nessa agenda deve ser constante e, por mais que tenhamos orgulho da nossa trajetória até o momento, é apenas o início.                      

Conduzimos cada vez mais para nossas atividades de forma integrada, buscando levar esse olhar atento para nossos canteiros, através da mitigação da pegada de carbono das atividades; para nossos colaboradores e clientes, aumentando o bem-estar durante e após as obras; e para nossos fornecedores, através do mapeamento socioambiental de toda a cadeia.                  

A visão estratégica da empresa contempla metas e planos de ação para evoluirmos cada vez mais no nosso propósito de criar lugares que mudam o mundo.

Exame Online, coluna Mercado com Elas .

You,inc encerra o ano com lucro de R$ 100 milhões em 12 meses

Mesmo com dois anos de pandemia, o mercado de imóveis de luxo segue em franca expansão em São Paulo. De acordo com pesquisa da consultoria Brain – Inteligência Estratégica de 2020 para 2021 houve um crescimento de 3,8% de empreendimentos cada vez mais sofisticados em São Paulo. Já na comparação do segundo trimestre de 2021 com mesmo período de 2022, o aumento foi de 37,7%. O salto foi de 962 para 1325 empreendimentos na capital paulista no período de um ano. 

Forte exemplo do setor é a You,inc, incorporadora há 13 anos no mercado, que apesar do foco inicial em apartamentos compactos em localizações privilegiadas, identificou uma oportunidade com a pandemia para a incorporação de projetos com apartamentos maiores, como os de quatro dormitórios, que já representam 60% do pipeline da empresa nos últimos dois anos. 

“A You,inc é uma companhia que tem a capacidade de se adaptar às tendências do mercado, porém sem perder a sua essência de inovação e pioneirismo. Identificamos a demanda por apartamentos mais funcionais e com mais espaços”, afirma Tatiana Muskat, diretora Institucional da You,inc. Prova disso é que a incorporadora tem um lançamento importante em vista, o Oscar Freire Unlimited, localizado na luxuosa Oscar Freire com Artur de Azevedo, em Pinheiros.

De acordo com a You,inc, o novo e luxuoso empreendimento é o primeiro da incorporadora com metragem de 385m² – além de apartamentos com 25m², 35m² e 220m² -, o mais alto da região com 38 andares e 133 metros de altura com vista privilegiada da região, possui também conceito double living e será construído em um terreno de mais de três mil metros quadrados. O VGV (sigla valor geral de venda) é de impressionantes R$ 450 milhões.

Um dos grandes diferenciais do novo projeto é a separação do fitness em ambientes para cardio, musculação e espaço que pode ser usado para Ioga e luta, entre outros esportes. Raia coberta com 25m e quadra de tênis, além de uma área bem-estar com sauna seca e úmida, sala de massagem e área de descanso são outras vantagens. Tudo isso porque, segundo Tatiana, a pandemia gerou um movimento de busca pelo bem-estar, pela saúde física e mental e espaços diferenciados voltados à prática de esportes são uma grande tendência imobiliária para os próximos anos.

Estratégia para 2023 

No próximo ano, a estratégia da You,inc segue baseada em localização premium, qualidade na execução e gestão de produtos diferenciados que compõem um portfólio de mais de R$ 3 bilhões. O foco segue sendo em compactos de luxo, mas com espaço para projetos diferenciados e especiais. 

“Nos últimos 12 meses tivemos lucro consolidado de mais de R$ 100 milhões e mais de R$ 20 milhões na Controladora, com margem bruta (ex-financiamento) de 32,5%. Continuaremos tomando as melhores decisões de negócio observando o comportamento dos clientes e do mercado, sempre prontos para capturar as oportunidades com foco em resultado”, diz a executiva. 

Exame

Mercado imobiliário abraça o Outubro Rosa

Hoje, a coluna trouxe uma iniciativa muito positiva do mercado imobiliário em prol do Outubro Rosa, campanha para conscientizar as pessoas sobre o câncer de mama e sua prevenção. Cada imóvel vendido ou alugado pelas empresas da holding imobiliária Nexpe (Brasil Brokers, Abyara, Bamberg e Desenrola) até o final deste mês se reverterá na doação de um exame de mamografia para o Instituto Protea. A organização não governamental custeia cirurgias, exames, consultas, radioterapias e quimioterapias contra a doença para mulheres de baixa renda.

“O câncer de mama é uma doença que afeta não apenas a mulher, mas mexe com toda a família e amigos. Portanto, não se trata de um problema de uma pessoa e sim de todos”, alerta Daniel Guerbatin, CEO da holding.

O Dia, coluna Panorama Imobiliário

Poupança ainda é a maior fonte de recursos para o financiamento habitacional, mas cenário vem mudando

Em junho, a caderneta representava 43% do funding para o crédito imobiliário, bem à frente da segunda maior fonte – o FGTS, com 26%. No entanto, a poupança vem reduzindo seu espaço rapidamente. Para se ter uma ideia, contribuiu com 51% do bolo em 2019. Os dados são da Abecip, a associação das instituições que atuam no financiamento habitacional.

Essa queda reflete três fatores principais. Um deles foram os saques na caderneta do ano passado para cá, quando a inflação e a alta dos juros mexeram tanto com o orçamento doméstico quanto com as preferências de investimentos. O segundo é o forte crescimento do crédito imobiliário, a despeito desse cenário, o que pressiona os recursos disponíveis. O terceiro é o desenvolvimento de outros tipos de funding.

São os casos de fundos imobiliários, com participação de 12% em junho, das letras de crédito imobiliário (10%) e das letras imobiliárias garantidas (4%). Estas, conhecidas como LIG, mais que dobraram de volume em um ano, para R$ 69,4 bilhões.

No fim de agosto, o diretor de regulação do Banco Central, Otávio Damaso, disse que “todas as instituições financeiras estão chegando próximas ou passando do limite de alocação dos recursos vindos da poupança”, e que será necessário encontrar alternativas para o setor continuar crescendo.

Valor Econômico

Semana CANPAT Construção 2022: confira os debates sobre gestão de SST e proteção contra queda

Inaugurando a Semana CANPAT Construção 2022, na última segunda-feira (03), o presidente da CPRT, Fernando Guedes Ferreira Filho, reconheceu a atuação e a postura adotada pela subsecretaria de inspeção do trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência. “O Ministério permitiu a abertura de um diálogo inédito, com a participação ativa de empregadores e empregados, trazendo um novo tempo nas práticas de SST, com a implantação do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) e de outras disposições que simplificam, mas não deixam de cumprir o seu objetivo de proteger o trabalhador”, disse.

Guedes salientou, ainda, o número expressivo de trabalhadores na indústria da construção e reforçou a necessidade de proteger os colaboradores. “Nosso setor é conhecido por empregarmos formalmente quase 260 mil trabalhadores só este ano. E cuidar desses trabalhadores é nossa principal obrigação”, apontou.

Haruo Ishikawa, coordenador do Grupo de Intercâmbio de SST na CPRT/CBIC, expressou sua preocupação com o setor e as Normas Regulamentadoras. “É preciso melhorar no Brasil a cultura de segurança e saúde no trabalho na construção civil. A gente não pode ficar sempre atrás do prejuízo”, disse.

Gestão da segurança e saúde nas empresas foi tema do primeiro painel da Semana CANPAT Construção 2022, promovida pela Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em correalização com o SESI – Serviço Social da Indústria e apoio especial do Seconci-Brasil.

Mediado pelo consultor da CBIC, Clóvis Queiroz, o Painel destacou a atuação do Serviço Social da Indústria (SESI) para aperfeiçoar as normas de saúde e segurança do trabalho (SST) após a atualização da Norma Regulamentadora (NR) nº 1, em janeiro de 2022.

De acordo com o palestrante, médico especialista do Departamento Nacional do SESI, Cláudio Patrus, o SESI tem discutido formas para harmonizar a NR 1 com outras normas e, principalmente, adequar a legislação à realidade do país. A NR 1 se refere às disposições gerais e do gerenciamento de riscos ocupacionais, que podem ser ocasionados durante o trabalho. O intuito do regulamento é servir como base para interpretação das demais regulamentações de SST.

Durante o painel, Patrus explicou algumas mudanças e ressaltou pontos que podem influenciar no gerenciamento das organizações. O médico ainda apontou a necessidade de uma maior autonomia das empresas para que possam aplicar a Norma utilizando recursos tecnológicos para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores. “As normas estavam precisando de ajustes, porque o objetivo normativo é fazer com que a segurança e saúde do trabalhador sejam preservadas em todos seus aspectos”, disse.

Uma das ações prevencionistas para avaliação de riscos ocupacionais da Norma é o uso obrigatório da matriz de responsabilidades e competências. Segundo o especialista, a matriz enfatiza a relevância das competências técnicas, mas destaca que a responsabilidade pelo resultado permanece com a organização. Para ele, quanto maior a autonomia de uma empresa, maior a responsabilidade sobre essa autonomia, tornando essa responsabilidade indelegável.

“Eu acho que é um ponto importante para reforçar visto que ao escolher os profissionais, eles precisam ter entregas adequadas e capacitação. Com as novas mudanças houve um redirecionamento para que a gente busque os resultados e não apenas um documento para atender a legislação”, disse.

A partir da experiência vivida durante a pandemia da Covid-19 foi percebida a importância do mapeamento de comorbidades dos trabalhadores dentro das empresas. Com essa percepção de se olhar para a saúde dos trabalhadores, Cláudio Patrus falou sobre a NR17, que apresenta um olhar prevencionista ao orientar o monitoramento de doenças crônicas.

A NR “visa estabelecer as diretrizes e os requisitos que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente no trabalho”. O médico lembrou que a Norma aponta diretrizes relacionadas à ergonomia e a questão da saúde integral.

“Um dos aprendizados que ficaram, a partir da pandemia na área de SST, é o entendimento de que o trabalhador é indivisível. É preciso considerar o trabalho, a saúde ocupacional, segurança do trabalho e a saúde como um todo. O indivíduo é um só”, disse.

Segundo Patrus, o entendimento normativo incentiva o investimento das empresas na qualidade do ambiente de trabalho, tornando-o mais saudável e seguro aos trabalhadores. Desta forma, ressalta que haverá maior tranquilidade no exercício das atividades, sabendo que o trabalhador estará protegido.

Na indústria da construção o tema se torna ainda mais relevante devido às características do setor. Afinal, cada fase da obra tem suas particularidades e é possível observar alterações de riscos. Então, o especialista enfatizou a necessidade de se estar atento às mudanças, facilitando o gerenciamento das empresas, alavancando os resultados, evitando acidentes e doenças relacionados ao trabalho. “É muito bom falar para o setor da construção. A gente entende que o setor é mola-mestre desse país, um setor que movimenta um volume muito grande de empresas e de trabalhadores”, concluiu.

Proteção contra queda de altura

Considerada pelos especialistas como uma das normas mais importantes para a atividade em canteiro de obra, a Norma Reguladora (NR) 18 foi destaque no debate de ontem (4), durante a SEMANA CANPAT CONSTRUÇÃO 2022, promovida pela Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Apresentado pelo engenheiro de segurança do trabalho, Sérgio Ussan, o painel “medidas de proteção contra queda de altura” abordou a importância da inclusão da gestão de segurança do trabalho nas organizações. Para ele, a gestão começa antes de o serviço ser executado e destacou que ainda hoje há um problema de formação, comportamento e comprometimento das empresas. “Quando se fala em segurança do trabalho não estamos falando de custos, estamos falando de investimento”, disse. 

A partir das NR-35 e NR-18, que tratam sobre os requisitos mínimos e medidas de proteção para o trabalho em altura, o engenheiro esclareceu os principais pontos que devem ser observados para se manter um trabalho seguro dentro dos canteiros e lembrou que “norma não se decora, se entende” e que precisa “ser analisada, entendida e aplicada”. 

A queda de altura, seja do objeto contra a pessoa ou da pessoa contra objeto, é uma das principais causas de acidente na construção civil, segundo Sérgio Ussan. Para ele, a segurança do trabalhador deve começar pela sua documentação. “O empregador deve garantir a capacidade de saúde do colaborador para o trabalho em altura. Após essa apuração, é necessário atestar sobre a qualificação do trabalhador e treinamentos concluídos”, apontou o engenheiro. 

Ussan destacou que mais do que equipamentos de proteção, existe uma gestão de segurança que deve ser considerada em primeiro lugar na empresa. O engenheiro destacou a importância do processo de Gestão de Riscos Operacionais (GRO) para garantir a integridade dos trabalhadores.

Outro ponto abordado por Ussan foi o uso de equipamentos de proteção coletiva (EPC) e equipamentos de proteção individual (EPI), que devem ser definidos a partir de projeto feito por profissional habilitado, com as características específicas de materiais e cargas necessárias para cada tipo de obra. “É preciso assegurar a validade do certificado de aprovação dos EPIs e ter uma preocupação total com o projeto”, ressaltou. 

O engenheiro ainda reforçou a necessidade de o projetista dos EPCs ter o conhecimento do empreendimento e das áreas de instalação. “Não basta ver apenas a planta da obra, é preciso ir pessoalmente verificar as condições do projeto”, disse.  

Nos últimos anos, com as mudanças de legislação, Ussan destacou as melhorias ao setor, principalmente em relação à responsabilidade do empregador, conscientização do trabalhador e novos equipamentos e metodologias. 

Nesta Semana CANPAT Construção serão promovidos quatro dias de painéis técnicos nacionais e virtuais, com debates sobre importantes temas em segurança e saúde no trabalho do setor da construção. Na sexta-feira (7), a Semana será concluída com a segunda edição do Dia Nacional de Segurança e Saúde nas Escolas na Indústria da Construção, contando este ano com a participação de 16 entidades do setor.

Agência CBIC

Prefeitura trabalha na limpeza e no desassoreamento do Rio Grande, na Cidade de Deus

A Prefeitura do Rio, por meio da Fundação Rio-Águas, ente vinculado à Secretaria Municipal de Infraestrutura, trabalha na limpeza e no desassoreamento do Rio Grande, na Cidade de Deus. O investimento é de R$ 2,7 milhões do município na prevenção de enchentes e alagamentos. Os trabalhos têm previsão de término até dezembro.

Mais de 60 mil toneladas de material assoreado já foram retiradas do canal, o que representam mais de 5 mil caminhões. Quatro escavadeiras hidráulicas trabalham na limpeza do rio, ao longo da Avenida Cidade de Deus, no trecho da Avenida Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes até o encontro com o Rio Arroio Fundo.

– Essa limpeza do Rio Grande trará melhorias significativas no escoamento das águas pluviais das localidades do entorno do rio, como a Cidade de Deus. Os serviços beneficiam a extensão de 2.100 metros de rio. A expectativa é de que sejam retiradas cerca de 70 mil toneladas de material do canal, o que equivale a mais de 5.800 caminhões basculantes – destacou o presidente da Fundação Rio-Águas, Wanderson Santos.

– A limpeza do Rio Grande é importante para a região. Estamos organizados para terminar os serviços até o fim deste ano para estarmos mais preparados para as chuvas de verão. A Prefeitura está fazendo intervenções muito relevantes para prevenção de enchentes e alagamentos – afirmou a subprefeita de Jacarepaguá, Talita Galhardo.

Portal da Prefeitura do Rio

5G como pilar das cidades inteligentes

Imagine entrar em um carro autônomo e ler o jornal enquanto trafega por vias expressas controladas por um sistema de inteligência artificial. Nesse cenário, para que não ocorram acidentes e o fluxo de automóveis permaneça contínuo, é fundamental que a velocidade de resposta seja instantânea. A imagem parece futurista, mas ilustra como o 5G é determinante para a construção de cidades inteligentes.

A inovação é um pilar das smart cities pelo seu papel de oferecer possibilidades técnicas para que soluções práticas possam sair do campo das ideias. Em primeiro lugar, porque a tecnologia apresenta baixa latência, o que permite que a transmissão de dados aconteça de forma rápida e eficiente. Em segundo, pela sua estabilidade, ao garantir que muitas pessoas e dispositivos possam utilizar a internet ao mesmo tempo.

A estimativa é que o 4G permita 10 mil usuários, simultaneamente, por km². Por isso, a internet cai ou perde a latência em shows e estádios de futebol. O 5G aumenta o número para 1 milhão de usuários. Além de pavimentar a estrada para a internet das coisas (IoT), a tecnologia diminui o consumo de energia dos dispositivos que estão conectados à rede móvel e possibilita que fiquem conectados por mais tempo, sem perder a capacidade.

Na prática, isso facilita, por exemplo, uma conexão melhor entre vários pontos da cidade, seja para a instalação de câmeras de segurança inteligentes, sejam processos de detecção de risco de deslizamentos. “Hoje, essa mesma região precisa de milhares de pontos de fibra óptica para ligar as câmeras”, ilustra Tiago Faierstein, gerente de novos negócios da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Transformações urbanas e embelezamento das cidades

No Brasil, a internet 5G ainda é um movimento tímido. Poucas capitais estão oferecendo o serviço, e, mesmo nos lugares em que o sistema está mais avançado, falta a infraestrutura necessária e pessoas com dispositivos compatíveis. A expectativa, no entanto, é que, até dezembro de 2029, todo o País já esteja integrado à tecnologia. E os postes de luz podem ser uma ferramenta importante na democratização da rede.

Quando se olha para o céu, em boa parte das cidades brasileiras, a primeira coisa que se vê são os emaranhados de fios nos postes de luz. A paisagem é tão comum, no meio urbano, que já é vista quase como um símbolo nacional. Porém, esses ambientes devem, aos poucos, ganhar outra cara. Isso porque os postes são considerados por especialistas como os pontos ideais para a instalação das antenas 5G.

“Os postes de iluminação pública estão no bairro do rico e do pobre. Estão em todos os lugares”, justifica Faierstein. A ideia não é inédita e já é realidade em países como a China. “Além de diminuir o custo de precisar levar um cabo cortando a cidade para expandir o alcance da internet, as luminárias inteligentes melhoram a estética nos bairros ao reduzir a quantidade de fios”, defende Faierstein.

Segurança pública e vigilância

A questão visual, aliás, é analisada como um aspecto primordial para as smart cities. É isso que aponta Radyr Papini, diretor de Zeladoria Urbana da Secretaria Municipal de Subprefeituras de São Paulo. “A imagem é a grande revolução para as cidades inteligentes”, acredita. Ele se refere, no entanto, à instalação de câmeras para melhorar a segurança pública e a qualidade de serviços de saneamento básico.

“Com o 5G, bastaria uma célula de energia solar, uma bateria e uma câmera para observar o nível dos rios depois das chuvas, a necessidade de limpeza em certas regiões e os comportamentos suspeitos”, justifica Papini. “Será possível, por exemplo, realizar reconhecimento facial, conectar com a base de dados de procurados e convocar a Guarda Civil para agir rapidamente em caso de crime.”

Ele entende que o principal problema do sistema, atualmente, é a conexão, responsável por falhas frequentes de comunicação. “É da velocidade de conexão que vão nascer as revoluções. Em breve, vamos conseguir descobrir, imediatamente, onde tem alagamentos, acidentes de trânsito e até boca-de-lobo entupida. Quando uma tecnologia nova aparece, as melhores aplicações surgem com o uso, no dia a dia.”

O Estado de SP, caderno Estadão Imóveis

Imóveis históricos de donos ilustres são colocados à venda no Rio

Imóveis de personalidades à venda na cidade do Rio. Casa do Barão de Mauá, na rua Pascoal Carlos Magno, em Santa Teresa

O casarão em Botafogo abrigou as primeiras reuniões em torno do que viria a ser a Constituição de 1988. Décadas antes, em um sobrado no Centro, em 1930, um cliente dos almoços oferecidos na pensão local gostou da voz da filha da dona e assim o mundo começou a descobrir uma das maiores estrelas do showbizz brasileiro. Endereços como os da Rua Dona Mariana 63, onde viveu o jurista Afonso Arinos de Melo Franco, e da Travessa do Comércio 13, casa da cantora Carmen Miranda entre 1925 e 1932, integram uma lista muito especial de imóveis disponíveis para venda ou aluguel na cidade. São bens protegidos por regras de preservação de patrimônio, que tiveram moradores ilustres e serviram de cenário para a História do país.

— Esses endereços trazem um aspecto concreto para a História que conhecemos dos livros. Poder estar no mesmo prédio onde uma figura memorável passou ou viveu é uma oportunidade e um privilégio. A gente deveria valorizar mais esses aspectos históricos. Mas o valor arquitetônico também é importante. Tudo isso dá uma dimensão bonita da cidade. O essencial é que tenham usos imediatos, com olhar estratégico, principalmente por parte do poder público. E não apenas como investimento — avalia o arquiteto e urbanista Washington Fajardo, ex-secretário municipal de Planejamento Urbano.

Preservação e uso

Com autorização da Câmara Municipal, concedida em 2021, a prefeitura tenta vender a casa que por décadas foi moradia e escritório do jurista e imortal Afonso Arinos de Melo Franco (1905-1990). O imóvel, avaliado em R$ 12,5 milhões, tornou-se bem municipal nos 1990, em uma tentativa de preservação da casa e da biblioteca do ex-senador, que presidiu a comissão de governo encarregada de elaborar o esboço da Constituição de 1988. O endereço já foi sede de instituições como o IRPH (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade), ligado à prefeitura, responsável por seu tombamento provisório.

Seu vizinho, na mesma Rua Dona Mariana, e também tombado pelo município, o casarão da antiga clínica do cirurgião plástico Ivo Pintaguy (1923-2016) segue de pé, mas em parte do terreno está em construção um condomínio residencial com 39 unidades em dois blocos, com entrega prevista para abril de 2023.

Pela legislação em vigor, informa a presidente do IRPH, Laura di Biasi, prédios de até seis pavimentos podem ser construídos em parte do terreno da casa de Afonso Arinos, desde que o futuro projeto mantenha a identidade do imóvel tombado.

— O tombamento não interfere tanto assim em seu uso. Adaptações são possíveis para a realidade de hoje, como a instalação de aparelhos de ar-condicionado. A gente trabalha caso a caso avaliando o potencial dos imóveis. Um bom exemplo disso é o Museu de Arte do Rio (MAR) — diz Laura.

Na construção do MAR, foram incorporados dois históricos imóveis da região: o Palacete Dom João (1910) e um prédio onde já funcionaram a antiga rodoviária do Rio e a 1ª DP (nos anos 1940).

Descendentes de Afonso Arinos acompanham com preocupação o futuro da casa. Lembram, por exemplo, que a coleção de livros do patriarca, considerada na época a maior biblioteca jurídica do país, está encaixotada.

— A família está preocupada devido à tradição do Rio de não manter seu patrimônio. A gente entende que a prefeitura precisa de dinheiro, mas temos uma série de dúvidas. A casa está tombada de forma provisória há 30 anos. Se é para preservar, porque até hoje não houve o tombamento definitivo? O imóvel é uma referência da política brasileira. Meu avô presidiu o anteprojeto da atual Constituição, que foi elaborado na casa em colaboração com intelectuais e especialistas — conta Cesário Mello Franco, neto de Afonso Arinos.

Laura de Biasi, do IRPH, argumenta:

— É trabalhoso reunir documentos nos cadastros de bens tombados. De qualquer forma, a legislação sobre o tombamento provisório já garante a proteção.

Na Travessa do Comércio 13, perto do histórico Arco do Teles, um imóvel particular, precisando de restauração, é oferecido para aluguel por R$ 8 mil. A recuperação da casa onde viveu a cantora Carmen Miranda terá que ser feita sob a orientação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Na Rua Cosme Velho, Zona Sul do Rio, a antiga residência do jornalista e escritor Austregésilo de Athayde (1898-1993), também membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), hoje abriga uma creche, mas a família proprietária vem recebendo sondagens para a venda.

Investimento em história

No bairro de Santa Teresa, no centro do Rio, dois patrimônios históricos tombados se encontram em estágios bem distintos de preservação. Uma propriedade na Rua Paschoal Carlos Magno, em terreno de 1,3 mil metros quadrados, está à venda por R$ 5 milhões. O casarão em mau estado, mas imponente, já serviu de moradia para uma série de nomes notáveis. O primeiro deles, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá (1812-1889), chegou em 1837, quando o acesso ao bairro ainda era em lombo de burro. Depois, passaram por lá o poeta Manuel Bandeira (1886-1968), além dos artistas plásticos Djanira (1914-1979), Carlos Scliar (1920-2001) e Milton Dacosta (1915-1988). Hoje nas mãos de uma rede hoteleira, o imóvel, fechado há dez anos, precisa, para começar, de reforma na fachada — medida necessária para garantir a isenção do IPTU, fixado em R$ 34.843.

— Além da questão histórica, o imóvel está em um ponto excelente. Imagino que possa ser aproveitado para abrir um bom restaurante com outros serviços de alimentação — diz o empresário Claudio Castro, diretor da Sérgio Castro Imóveis, que tenta encontrar um comprador.

Segundo Castro, entre os principais interessados nesse tipo de investimento estão estrangeiros, que compram imóveis históricos degradados, recuperam e revendem com lucro. Ele cita como exemplo outro endereço no bairro, o Castelo Santa Teresa , também tombado. O imóvel pertenceu à família de Alim Pedro (1907-1975), que foi prefeito do então Distrito Federal em 1954 e 1955. Depois de ser comprado e restaurado por empresários europeus, o lugar funciona como hotel-residência com todos os 20 quartos ocupados. O prédio está à venda por R$ 6,5 milhões.

Extra Online

Tributação de dividendos e juros: o que muda para os FIIs em caso de vitória de Lula ou Bolsonaro?

A condução da política monetária e o fantasma da tributação dos dividendos dos FIIs são os principais pontos no radar do mercado de fundos imobiliários em meio ao segundo turno das eleições presidenciais – que será disputado entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Independentemente do vencedor, gestores veem pouca margem para mudanças tanto em relação ao rumo juros quanto à isenção dos rendimentos.

De janeiro de 2021 até agosto de 2022, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic de 2% para os atuais 13,75% ao ano. Durante o período de alta da taxa básica de juros , as aplicações de renda fixa se tornaram mais rentáveis e atraíram investidores da renda variável, derrubando inclusive as cotações dos fundos imobiliários.

No mês passado, o Copom confirmou a expectativa do mercado e manteve a Selic em 13,75% ao ano, sinalizando o fim do ciclo de alta. Diante do cenário, os ativos de risco que estavam descontados voltaram ao radar dos investidores – como fundos imobiliários negociados abaixo do valor patrimonial.

Mesmo sem uma sinalização concreta de redução da Selic, a estabilização da taxa já reflete no mercado de fundos imobiliários, que ostenta 11 semanas seguidas de ganhos.  A possibilidade de uma retomada do aperto monetário – com o retorno da elevação dos juros – poderia inibir a tendência de alta dos FIIs.

Na avaliação de Rossano Nonino, sócio e diretor executivo da Fator ORE, a margem para mexer na Selic será muito pequena, seja qual for o vencedor da eleição do dia 30 de outubro.

“O Banco Central brasileiro é independente e modula as taxas de juros em função das perspectivas de inflação”, explica. “O declínio esperado da inflação nos próximos meses deve fazer com que a autoridade monetária inicie a queda de juros em algum momento em 2023, independentemente de quem estiver na presidência”.

Diante da correlação entre o desempenho dos FIIs com o comportamento dos juros, Bruno Nardo, gestor de Multiestratégia da RBR, avalia que o perfil do governo de Jair Bolsonaro atenderia mais à expectativa do mercado em relação à redução das taxas.

“Nesta ótica, um governo mais alinhado à pauta ortodoxa tende a trazer as taxas de juros de longo prazo do País para níveis mais baixos e assim propiciar um espaço para maior valorização dos FIIs”, afirma Nardo. “Neste sentido, o governo Bolsonaro, com todas as críticas que possa receber, tende a ser mais bem recebido pelo mercado”.

Felipe Solzki, sócio e gestor de FIIs e Fiagos da Galapagos Capital, porém, é mais cauteloso e reforça o discurso de que o resultado do segundo turno não influenciará diretamente no cenário de política monetária no curto prazo.

“[O comportamento da taxa de juros hoje] está mais atrelado ao cenário inflacionário e muito mais dependente, nesse momento, de questões externas, como o preço das commodities”, explica.

No médio prazo, Solzki sugere atenção para o comprometimento do presidente eleito em relação ao cenário fiscal e sua capacidade de aprovar medidas positivas para as contas públicas.

“Dessa forma, independentemente do vencedor, vamos observar as políticas do eleito em relação aos gastos públicos e arrecadação, além das políticas econômicas que podem destravar um crescimento econômico efetivo do País nos próximos anos”, pontua

Tributação dos dividendos dos FIIs

A tributação dos dividendos pagos pelos fundos imobiliários – atualmente isentos – também segue no radar do mercado, mas já não gera grande preocupação, independentemente do resultado da eleição presidencial.

Em 2021, a possibilidade de tributar os rendimentos dos FIIs foi incluída em projeto de lei (PL) que modificava a cobrança do Imposto de Renda. A proposta chegou a ser aprovada na Câmara dos Deputados, mas alguns itens que tratavam de investimentos acabaram sendo eliminados – entre eles, a tributação dos dividendos de FIIs.

Na oportunidade, o mercado de fundos imobiliários demonstrou que o segmento é extremamente pulverizado e focado principalmente na pessoa física (que hoje representa quase 75% da base de investidores do produto). A contribuição dos FIIs para o setor imobiliário – inclusive na geração de emprego – também foi lembrada na época.

Diante dos argumentos, os gestores não acreditam que o tema será retomado com o início de um governo Lula ou com a sequência da gestão de Bolsonaro.

“Apesar da polarização entre esquerda e direita, temos visto um Congresso com uma visão pró-mercado”, afirma Matheus Cartocci, da REC Gestão, lembrando que o resultado da eleição deste domingo sinaliza para um Congresso com perfil semelhante ao atual.

Solzki, da Galapagos, também descarta que a discussão sobre a tributação dos FIIs seja retomada no curto prazo, seja qual for o resultado das eleições. Ele lembra que já ficou claro a importância dos fundos para o setor imobiliário e que o impacto efetivo de uma tributação nas contas públicas seria mínimo.

Candidatos conhecidos e limitados pelo exterior e Congresso

Além de pouca margem sobre a condução da política monetária e mesmo sobre uma eventual tributação dos dividendos dos FIIs, os dois candidatos que restaram na disputa pela Presidência da República já são conhecidos do mercado, o que ajuda a reduzir as incertezas sobre o futuro presidente.

“Até por isso a volatilidade ficou aquém do esperado até o primeiro turno das eleições, lembra Cartocci.

Levantamento do Hedge Top FoF II (HFOF11) divulgado no mês passado confirma a impressão do gestor. Segundo os dados, a volatilidade do Ifix – índice dos FIIs mais negociados na Bolsa – em 2022 está em 4,59%, a segunda menor desde 2011, abaixo apenas da de 2019 (4,18%).

Fonte: FII HFOF11

A volatilidade do índice de fundos imobiliários se manteve sob controle mesmo com o flerte dos dois candidatos com políticas populistas, deixando de lado a austeridade fiscal, como a revisão do teto de gastos, afirma Lucas Elmor, sócio e diretor de gestão da Hectare Capital.

No entanto, ele lembra que o atual momento da economia global também limita o que classifica de aventuras fiscais do vencedor do pleito.

“No início do próximo governo, haverá pouco ou nenhum espaço para aventuras fiscais, sobretudo pelo fato de o ambiente externo apresentar riscos importantes como a inflação global e a potencial recessão nas principais economias da Europa e nos Estados Unidos”, reflete.

Elmor reforça o discurso de Cartocci e acredita que a nova composição do Congresso também limitará pautas que não estejam alinhadas às expectativas do mercado.

“Considerando o novo equilíbrio de forças no Congresso, as novas alianças formadas serão preponderantes na aprovação de correções de rumo na política fiscal e, consequentemente, com impacto no mercado de fundos imobiliários”, projeta.

InfoMoney

Variação entre valor anunciado e de venda chega a 33,5% em São Paulo. No Rio, especulação é moderada

Bairros tradicionais das classes média e alta das zonas Oeste e Central da capital paulista lideram a lista de localidades onde o valor dos imóveis são negociados com maior desconto entre o preço anunciado e o efetivamente pago.

Na lista com as maiores faixas de diferença de valor estão a Vila Mariana (33,5%), Jardim América (25,2%), Moema (25,2%), Vila Madalena (25,1%) e Pinheiros (24, 4%). Esses percentuais referem-se aos primeiros cinco meses de 2022 e integram o indicador da ferramenta especulômetro, da startup Loft.

“Nós disponibilizamos mensalmente o relatório mensal ao público desde outubro de 2020”, explica Fábio Takahashi, gerente de Dados da Loft, acrescentando que o cálculo compara as transações registradas via Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) na Secretaria da Fazenda do município com o valor médio de casas ou apartamentos semelhantes anunciados nos principais portais imobiliários.

O gerente destaca que um dos papéis principais do especulômetro é colaborar para a decisão de compra e venda dos bens. “No Brasil, faltam dados confiáveis sobre o valor dos imóveis. Essa ferramenta pode ajudar a tornar as transações mais transparentes e ágeis”, avalia.

De janeiro a maio deste ano, a Vila Mariana aparece de forma consistente no relatório como um dos bairros com maior variação entre o valor anunciado e o consolidado no fechamento do negócio. Outro bairro que tem registrado grandes descontos é o Jardim Paulistano: no levantamento deste mês, a variação chegou a 24,3%.

Com ou sem desconto, as vendas de imóveis em São Paulo cresceram 10,8%, conforme o relatório do Sindicato da Habitação (Secovi-SP) divulgado em setembro, que levou em consideração os negócios realizados em julho na comparação com mesmo mês de 2021. No total, foram comercializadas 5.955 unidades residenciais no período, com VGV de R$ 2,7 bilhões.

ALTO PADRÃO

Para Marco Túlio Vilela de Lima, CEO da Esquema Imóveis, a margem de desconto para imóveis de alto padrão é mais moderada: média de 8%. Segundo ele, o percentual já foi bem na década passada, mas perdeu força no pós-pandemia.

“O mercado de alto padrão ficou tão aquecido nos últimos anos que os descontos baixaram muito. O que pode acontecer agora é o contrário: o preço inicial ser ajustado para cima, dependendo da procura de determinado imóvel”, analisa.

Guilherme Kraemer, CEO da imobiliária Revenda, tem a mesma percepção. No caso dos chamados “empreendimentos icônicos”, de alta procura, a chance de abatimento no preço pedido é bastante improvável.

“São imóveis tão desejados e raros que o espaço de negociação tende a ser mínimo. Já vi interessado pagando até mais só para garantir a compra”, diz.

Na avaliação de Kraemer, a questão do bairro não influencia diretamente na diferença dos valores negociados. “O estoque daquele tipo de imóvel em determinada região ou o tempo em que está em oferta no mercado podem impactar mais o preço final.”

No Rio, Leblon e Ipanema têm menor flexibilidade de preços

No sentido oposto ao dos dados obtidos pela Loft na capital paulista, os bairros mais cobiçados do Rio são os que apresentaram descontos médios mais baixos na ferramenta especulômetro.

Na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, a diferença entre o valor pedido pelo vendedor e o da compra efetiva ficou abaixo de 16%. Em Ipanema (19,8%), Gávea (20,7%) e Leblon (26%), as margens de negociação foram consideradas moderadas pelos pesquisadores.

Já localidades mais periféricas da cidade, como Vargem Pequena (37,7%), Méier (36,6%) e Grajaú (34,8%), lideraram a lista dos maiores descontos. O especulômetro do Rio analisou 6,2 mil transações imobiliárias realizadas na capital fluminense ao longo do ano passado.

Para Sérgio Coelho, corretor especializado em alto padrão no Rio de Janeiro, a margem praticada no mercado carioca neste ano está entre 15% e 20%. “Essa é a diferença entre o preço que o cliente gostaria de pagar, o valor anunciado para atrair visitas e aquele que realmente vai constar no contrato de compra e venda”, explica.

Aos proprietários, o corretor orienta que seja feita uma precificação inicial o mais próxima possível do mercado, a fim de atrair interessados. Do contrário, o imóvel tende a ficar empacado.

Ele comenta que só conseguiu encerrar uma negociação de dois anos de um apartamento na Avenida Delfim Moreira, no Leblon, graças a um desconto de R$ 2,7 milhões. O preço final ficou em R$ 11,2 milhões.

“Em geral, os proprietários cansam de pagar condomínio e IPTU, que costumam ser caros nesse tipo de propriedade, e acabam reduzindo o valor”, explica Coelho.

Para quem está comprando, procurar por ruas menos badaladas da Zona Sul pode ser uma dica importante na busca por desconto. Imóveis antigos e que precisam de reforma também têm mais margem de negociação.

Valor Econômico