Engenheiro desenvolve programa para identificar astros, que serve para medir recalque de edificações

Allan de Medeiros Martins é professor de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Na mesma instituição, graduou-se e virou doutor na área, além de mestre em Ciências. Com bolsa da CAPES foi para o Observatório de Genebra, na Suíça, onde participou de um projeto mundial de caça a planetas e criou um algoritmo para auxiliar nas buscas. O programa se mostrou útil em outra frente, ao ser usado para solucionar um problema recorrente na construção civil: a medição de recalques.  

Você desenvolveu um algoritmo para buscar planetas que se mostrou útil para a construção civil. Como foi isso?
O primeiro projeto é o NIRPS (Near Infra Red Planet Searcher), que tem o objetivo de fazer um espectrômetro para analisar exoplanetas. Trabalhei como engenheiro de software e desenvolvi algoritmos para resolver o problema de encontrar planetas fora do Sistema Solar. Deu certo. O instrumento está instalado e o algoritmo, rodando. Ao chegar no Brasil, dois anos e meio depois, surgiu uma demanda de um projeto para a construção de um equipamento para medição de recalque na construção civil. Recalque é quando você tem duas colunas e uma afunda um pouco em relação à outra. E é preciso medir esse afundamento. Depois de analisar, cheguei à conclusão que o algoritmo que resolve esse problema é o mesmo.

De onde surgiu essa demanda que você citou?
O pessoal que me procurou é da empresa FundaSolos. O dono estava com o problema. Ele é o engenheiro que faz a fundação do solo, é o mais interessado em medir esse afundamento. E ele constatou que essa medição é feita por humanos, de uma forma passível de erros e trabalhosa e cara, além de não ser rápida. Mas é uma medida muito importante. Então ele nos procurou no Departamento de Engenharia Elétrica da UFRN para saber se tinha algum jeito de fazer um sistema que fizesse essa medida de forma automática.

Como é a forma tradicional de se medir o recalque?
Com o teodolito, um dispositivo que se coloca em cima de um tripé, nivela bem direitinho, aponta para um lugar de referência e aponta para os pilares em uma marcação bem específica. A partir dessas observações, o teodolito faz a conta e diz quanto recalcou. Só que é um equipamento que você tem que colocar lá no campo, abrir, ele precisa estar bem nivelado, bem calibrado, o ser humano tem que olhar na ocular e apontar bem direitinho para o canto certo. Tem todo um processo, que é lento, caro e passível de erros. As medições hoje são feitas de mês em mês, quando são feitas. Nosso sistema, por outro lado, faz em tempo real.

Como funciona o uso do algoritmo?
São três softwares. Tem o supervisório, que é o que o usuário final vê, em uma tela, com gráficos e os dados dos recalques de cada par de pilares. Tem um de calibração, porque a medição é feita com sensores digitais e temos que calibrar para medir em milímetros. Esse é mais administrativo, não é todo mundo que vê. E tem o principal, que é o software que pega as medidas dos sensores acoplados no equipamento, que nós colocamos nos pilares. As medições que fazemos nesses sensores têm que ser transformadas em recalque. E o algoritmo que transforma essas medições em recalque é o que trouxemos lá do NIRPS. Ele roda no próprio dispositivo e manda as medições via wi-fi para o software supervisório, que mostra em tempo real como está o recalque. E não precisa enviar uma pessoa para o local.

Qual é o impacto do projeto?
Recalque é o deslocamento de uma coluna em relação à outra. Essa medida, ao ser feita de maneira imprecisa ou errada, ou não feita, a consequência pode ser desde uma pequena rachadura ou uma falha estrutural pequena até uma catástrofe, de afundar uma das colunas e o prédio ruir. Conseguir ter a medição em tempo real, a qualquer hora que você quiser monitorar, é algo que abre muitas portas.

É, em sua visão, um caso de ciência a serviço da sociedade?
Quando eu converso sobre esse projeto sempre falo que existe um mito de que há pesquisas sem retorno. Algo distante, como por exemplo, astrofísica, para buscar planetas fora do Sistema Solar. A primeira pergunta que muita gente faz é “para que o Brasil e o mundo estão gastando dinheiro para descobrir planetas? Qual é a utilidade disso?” E esse projeto vem responder essa pergunta de maneira bastante elegante, em minha opinião: usar as tecnologias desenvolvidas nessa busca em outras áreas. A busca não vai só reforçar o conhecimento da humanidade, como terá aplicações práticas dos algoritmos que precisamos desenvolver para resolver esse desafio. 

Portal Gov.Br

MDR apresenta novas medidas aprovadas pelo Conselho do FGTS no Construa Minas

O secretário nacional de Habitação do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), Alfredo dos Santos, apresentou na tarde de ontem (19), durante o Construa Minas, em Belo Horizonte/MG, as novas medidas aprovadas pelo Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O evento integra a 1ª edição do “Construa – Onde a Construção do Brasil se encontra”.

O secretário foi palestrante do Painel 3, que debateu o futuro dos programas habitacionais e fontes de recursos para o financiamento imobiliário. Entre as medidas apresentadas está a expansão de R$ 1 bilhão em subsídios para o Programa Casa Verde e Amarela em 2023. A medida vai beneficiar famílias com renda até R$ 4,4 mil, com estimativa da construção de mais de 370 mil unidades habitacionais.

Além disso, Alfredo dos Santos destacou a proposta aprovada pelo conselho que regulamenta o uso de depósitos futuros do FGTS em prestações de financiamento imobiliário. “Foi uma mudança de paradigma, pois é a oportunidade de o trabalhador tomar uma decisão exclusiva, sem nenhum tipo de imposição, de utilizar os depósitos futuros para a ampliação da compra do imóvel. Foi uma discussão ampla, muito complexa”, comentou.

O evento está sendo realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em conjunto com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), em parceria com mais de 20 entidades da cadeia produtiva do setor no estado e apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), e conta com atividades até esta sexta-feira (21).

O encontro tem como objetivo promover o debate com especialistas sobre temas estratégicos do setor e do mercado imobiliário em âmbito nacional e estadual, fortalecendo e fomentando o desenvolvimento socioeconômico e ambiental da indústria da construção e da economia brasileira. Com o lançamento do evento, o intuito da CBIC é promover edições regionais em todo o País.

Além do secretário, participaram do debate:

  • Élson Povoa, vice-presidente da CBIC e membro do Conselho Curador do FGTS;
  • Celso Petrucci, presidente da Comissão da indústria Imobiliária (CII) da CBIC;
  • Carlos Henrique Passos, presidente da Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS) da CBIC;
  • Maria Henriqueta Arantes, consultora da CBIC; e
  • Renato Michel, presidente do Sinduscon-MG.

Agência CBIC

Câmara dos Deputados aprova MPV que altera Lei sobre Laudêmio Imóveis

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta semana, a Medida Provisória nº 1127 de 2022, que limita o reajuste das taxas de foro e de ocupação dos terrenos da União a 10,06% (correspondente à inflação de 2021), no exercício de 2022. A medida segue para análise do Senado Federal.

A relatora da MP, deputada Rosana Valle (PL/SP), incluiu no texto sugestões de alteração apresentadas pela Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União (SPU) com os seguintes objetivos:

  • Determinar o prazo de 60 dias para a regularização do registro cadastral tanto para as transferências onerosas quanto para as gratuitas;
  • Facilitar a aquisição de imóveis não operacionais da extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA) por parte das pessoas que ocupam esses imóveis há mais de 17 anos;
  • Permitir que na alienação de imóveis inscritos em ocupação, utilizados como moradia pelos atuais ocupantes, será admitida a avaliação por planta de valores da SPU;
  • Desburocratizar o processo de avaliação de imóveis;
  • Atualizar as regras de alienação de imóveis da União tombados;
  • Permitir que autarquias, fundações e empresas públicas federais possam doar à União os imóveis inservíveis que não estejam sendo utilizados em suas atividades operacionais; e
  • Possibilitar a alienação direta de imóveis da União para os titulares de contratos de cessão de uso, sob qualquer modalidade e regime, que estejam em dia com as obrigações contratuais.

Agência CBIC

Morre, aos 103 anos, o arquiteto Mauro Ribeiro Viegas

Foto: Antonio Batalha/Divulgação Firjan

Morreu aos 103 anos, na noite de terça-feira, (18/10), no Rio de Janeiro, o arquiteto Mauro Ribeiro Viegas. Ele também era urbanista, professor catedrático de materiais de construção e estudos e autor de diversas obras técnicas.

Como urbanista, foi incumbido dos parques e jardins da cidade do Rio de Janeiro. Da mesma forma, colaborou na construção de Brasília, onde montou um pioneiro laboratório de análise de materiais de construção. Também esteve à frente da COHAB no governo Negrão de Lima.

Se formou em 1945 pela Faculdade Nacional de Arquitetura, o professor Mauro fundou, em 1952, a Concremat Engenharia e Tecnologia S/A, como o primeiro laboratório privado de controle sistêmico da qualidade dos materiais de construção, contribuindo para o desenvolvimento do Brasil. A empresa completou 70 anos em 2022 como uma das maiores empregadoras de engenheiros civis do país.

À frente do seu tempo, o professor Mauro foi um dos primeiros executivos do setor de infraestrutura a insistir na agenda ambiental, atuando ativamente para a constituição, em 1996, de um dos primeiros comitês de bacias do Brasil, o do Rio Paraíba do Sul, com o objetivo de endereçar questões hídricas e sociais associadas a atividades econômicas originadas a partir do uso descontrolado e irregular da água.

Seguiu participativo nos debates e atividades envolvendo o urbanismo no Brasil e no Rio de Janeiro entre as décadas de 1960 e 2000, tornando-se empresário e presidindo a Cooperativa Habitacional da Guanabara e o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-RJ). Organizou e presidiu por seis anos o Conselho Empresarial de Meio Ambiente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, entidade da qual foi benemérito

A morte foi lamentada pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Entre as diversas atividades exercidas na federação, Viegas foi vice-presidente do CIRJ, entre os anos de 1995 e 2004. Também presidiu os conselhos Empresarial de Meio Ambiente (1995 a 2001) e Empresarial de Recursos Hídricos (2001 a 2015). Em 2002, foi condecorado com a medalha do Mérito Industrial do Rio de Janeiro e, desde 2015, era integrante do Conselho de Eméritos da FIRJAN/CIRJ.

Mauro foi provedor jubilado da Igreja Nossa Senhora do Outeiro da Glória. Sua história e seu legado foram narrados no documentário “Mauro Ribeiro Viegas – Memórias de um brasileiro”.

Este grande arquiteto e urbanista carioca partiu para uma nova jornada. Mauro Viegas foi marido, pai, avó e bisavô. Deixa seis filhos, 13 netos e 17 bisnetos.

Diário do Rio

Vendas de imóveis de médio e alto padrão dispararam em 2022

As vendas de imóveis de médio e alto padrão cresceram 145,3%, em 2022. É o que mostra um levantamento realizado com empresas associadas à ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), em parceria com a FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

De acordo com a pesquisa, nos primeiros cinco meses de 2022 foram comercializadas 19.620 unidades a mais, em comparação com o mesmo período do ano passado. Para se ter uma ideia este índice representou 18% no número de ativos imobiliários vendidos em todo país no primeiro semestre desse ano.

A pesquisa alerta que a leitura dos indicadores apresentados colabora para avalizar a resiliência do segmento de incorporação, a despeito dos desafios do cenário macroeconômico e do período pós pandemia. 

O crescimento reflete diretamente no setor de lojas de material de construção. Para Mauro Cardoso, empresário dono de um grupo do ramo, os clientes têm dois motivos principais para terem comprado tantos imóveis assim no período pós-pandemia. “Uma das razões para alta procura desse tipo de imóvel é a oportunidade de investimento, historicamente de baixo risco. O outro ponto, sem dúvida, foi a busca por casas com ótimas áreas de lazer, já que esse espaço se tornou o principal ponto de encontro dos amigos depois da pandemia”, afirma.

O empresário destaca também que a curto prazo muitos desses compradores apostam na rentabilidade da locação dos imóveis. “A localização privilegiada, arquitetura e infraestrutura diferenciada, opções de lazer sem sair de casa e, claro, a segurança, fazem com que o valor do aluguel suba de patamar, gerando consequentemente o retorno financeiro ao proprietário do imóvel”, diz Cardoso.

Não são somente imóveis já construídos que passam por um bom momento. Com o aquecimento do mercado, segundo a pesquisa, o número lançamentos imobiliários do seguimento de médio e alto padrão também apresentou alta: 12,9% em relação ao mesmo período de 2021.

Segundo Cardoso, o desempenho positivo desse ativo imobiliário influencia diretamente o mercado de comercialização de materiais de construção. “Há vários exemplos de sintomas do aquecimento do setor. Recentemente os feirões de pisos e porcelanatos voltaram com índices acima do período pré-pandemia”, informa Cardoso.

Outro indicador positivo é a relação de distratos/vendas. O levantamento da ABRAINC – FIBE constatou recuo de 4,0 pontos percentuais em comparação com o mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, índice está em 10%. Em 2016, por exemplo, essa taxa chegou a 62%.

Portal Terra

Crescimento do Brasil de 2019 a 2022 deve ser de 1,14%, diz FMI

Dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam que o Brasil deve registrar um crescimento médio do PIB de 1,14%, um resultado bem inferior ao que deve ser alcançado por um grupo de 24 países emergentes e também entre 19 nações da América Latina e do Caribe.

Entre os 24 países que servem de referência para o MSCI Emerging Markets Index, o desempenho do PIB do Brasil de 2019 a 2022 fica na 18ª posição. Em relação às 19 nações da América Latina e do Caribe que apresentaram crescimento médio nestes quatro anos, o Brasil alcança o 12º lugar.

Essa análise compara o desempenho da economia dos países em quatro anos e considera o impacto da pandemia para todos. Ela foi realizada com base em dados do FMI. Os números relativos ao desempenho do produto interno bruto de todos os países em 2022 são as projeções do FMI divulgadas na semana passada pelo relatório Perspectiva da Economia Global.

No caso dos 24 países que fazem parte do índice MSCI de emergentes, a China alcança a primeira posição, com um avanço médio do PIB de 4,84% entre 2019 e 2022. Ela é seguida por Egito, Turquia, Taiwan, Colômbia e Hungria. O Brasil apenas superou o desempenho de Kuwait, México, República Tcheca, Catar, África do Sul e Tailândia.

Na região

Em relação às nações da América Latina, a liderança ficou com a República Dominicana, com um crescimento médio de 3,73% no período. O Brasil ficou atrás de 11 países, entre eles Colômbia, Guatemala, Costa Rica, Belize, Nicarágua e Chile. A alta média de 1,14% do PIB nacional só superou a de Aruba, México, Dominica, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Argentina.

O Brasil cresceu 1,2% em 2019, mas o Produto Interno Bruto caiu 3,9% em 2020 sob os efeitos da pandemia. No ano seguinte, ocorreu uma expansão de 4,6%. Para 2022, o FMI estima um avanço de 2,8% do PIB. Dessa forma, a média atingiu 1,14%, com casas decimais arredondadas.

Nos dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2022, o crescimento médio foi de 2,45%. Nos oito anos da administração de Luiz Inácio Lula da Silva, a taxa foi de 4,0% entre 2003 e 2010. Durante os seis anos incompletos da gestão de Dilma Rousseff, de 2011 até o fim de agosto de 2016, o indicador atingiu apenas 0,29%, dada a maior recessão da história registrada em 2015 e no ano seguinte. Nos dois anos inteiros do governo de Michel Temer como presidente (2017 e 2018), a média foi de 1,55%.

Para especialistas internacionais, entre os fatores que levaram ao desempenho abaixo da média estão a necessidade de reformas estruturais, os conflitos institucionais frequentes em Brasília e a política ambiental do atual governo, que permitiu o aumento expressivo do desmatamento (leia abaixo mais análises).

O Ministério da Economia foi procurado para se pronunciar sobre o tema, mas não se manifestou.

CNN Brasil

Mercado imobiliário: aluguel em alta e venda em baixa no Rio

No acumulado dos últimos 12 meses, o valor do aluguel no Rio subiu 5 p.p. acima da inflação. Para as propriedades à venda, o preço aumentou 1,9% (abaixo da inflação), uma queda real de 6.1 p.p. Os dados são do Imovelweb , portal imobiliário.

No fechamento do terceiro trimestre de 2022, o levantamento aponta um incremento de preço no aluguel de 3,0% no Rio de Janeiro, maior que São Paulo (+2,5%), Brasília (+2,4%) e Belo Horizonte (1,3%), porém menor que Curitiba (6,2%).

Em setembro, o preço médio de aluguel e venda subiu marginalmente em setembro. No caso do aluguel, o valor médio mensal em setembro ficou em R$ 2.131 para os apartamentos de dois quartos, subindo 0,8% no mês. Já para os imóveis à venda, o relatório aponta um preço de R$ 8.875 por m², com alta de 0,1% em setembro.

Na análise dos imóveis à venda, houve uma queda de preço de 0,2%, levemente superior ao da inflação no mesmo período (-0,1%).

O Globo, coluna Míriam Leitão

Direcional: R$ 1,2 bi em lançamentos e redução de custo trarão novo fôlego na bolsa

Com alta de 30% acumulada na bolsa, a Direcional (DIRR3) acumula valorização de 570 milhões de reais em valor de mercado somente este ano. Os papéis da companhia foram um dos que surfaram o bom momento do setor na bolsa após as mudanças anunciadas no Programa Casa Verde e Amarela. Atualmente, cerca de 70% dos negócios da construtora são voltados para este segmento de moradia popular. Os outros 30% são voltados para público de média classe média, por meio da marca Riva.

Em entrevista à EXAME Invest, Ricardo Ribeiro, presidente do Grupo Direcional, afirmou que o cenário é promissor após os ajustes feitos no Casa Verde e Amarela, segmento que utiliza o funding do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Foram ajustes muito bem pensados. Sem preocupação de ser algo pontual, que vai muito bem por um período e depois não tem mais condições de ter continuidade. Foram pensados com uma visão de longo prazo.” Ele afirma que o modelo do programa tem se mostrado vitorioso desde 2009. “É um programa de referência e já passou pelo governo Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro.”

O segmento foi penalizado nos últimos anos devido ao custo da construção civil, que disparam com à pandemia, alta das commodities e do câmbio, Guerra na Ucrânia, entre outros. A habitação popular sofreu ainda mais porque o subsídio oferecido pelo governo também estava defasado. Ribeiro explica que o custo é muito relevante para o setor, pois não é possível mexer no preço do empreendimento, pois impactaria diretamente na demanda do consumidor. Com a queda do custo da construção civil, o cenário ficou ainda melhor. “Com a queda do diesel e do preço da matéria-prima. Hoje, sem dúvida, é o melhor cenário de custo dos últimos dois anos.”

Novas mudanças

Para dar uma ajudinha extra às construtoras, na tarde da última terça-feira, 18, o Conselho Curador do FGTS aprovou o aumento de R$ 1 bilhão em subsídios para o Casa Verde e Amarela, totalizando R$ 9,5 bilhões para o orçamento Ministério do Desenvolvimento Regional. Além disso, o Conselho aprovou o uso de depósitos futuros do FGTS em prestações de financiamento imobiliário. A medida pode ser aplicada para famílias que estão no Grupo 1 do Programa Casa Verde e Amarela, ou seja, com renda mensal até R$ 2,4 mil. Os depósitos ficam retidos com o agente financeiro até o abatimento do valor caucionado.

Para Ribeiro, a medida anunciada trará mais capacidade de compra para aos consumidores. “O pagamento será da própria renda decorrente do salário e acrescida dos 8%, que é o montante pago mensalmente pelo FGTS ao trabalhador. Este ponto é super relevante.”

O executivo acredita que as medidas anunciadas, juntamente com a redução da taxa de juro e o prazo de financiamento, incluírão milhares de consumidores ao programa nos próximos anos. “A redução do juro é o mais representativo na capacidade de compra para o cliente. Todos os benefícios do programa são voltados para o comprador e o cliente escolhe de qual empresa ele comprará o imóvel. Isso faz o programa ser pulverizado e organizado. Existe uma enorme concorrência. E as empresas têm que se reinventar o tempo todo. O que é muito positivo.”

Recorde de lançamentos

Na semana passada, a companhia deu início à divulgação das prévias operacionais e os números agradaram os investidores. No terceiro trimestre deste ano, construtora e incorporadora teve recorde de lançamentos, chegando em 1,2 bilhão de reais, um aumento de 10% sobre o mesmo período do ano passado e alta de 50% em relação ao segundo trimestre deste ano. Além disso, registrou o melhor trimestre de vendas líquidas, chegando a R$ 847 milhões, um crescimento de 32% sobre o mesmo período do ano passado.

Os analistas do Credit Suisse afirmaram estar confiantes que a companhia está no ‘caminho certo’ para alcançar ROE (Return on Equity) acima de 20%. Disseram ainda que a Direcional está bem posicionada no segmento de baixa renda e bem posicionada para ganhar market share. Com isso, a classificação é de Outperform e o preço-alvo dos papéis é de R$ 21. Na tarde da última terça-feira, 18, as ações fecharam o pregão em R$ 16,68.

Os analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) também recomendam a compra das ações da companhia e estimam preço-alvo de R$ 18 por ação. Em relatório divulgado, a equipe de analistas do banco destacou a empresa está sendo negociada a 1,9x P/VP (preço/valor patrimonial) após o ‘forte rali na bolsa.’ Eles destacaram ainda que a Direcional lançou 11 projetos no valor próximo a R$ 1,19 bilhão e a composição dos lançamentos: foi de R$ 640 milhões no programa habitacional Casa Verde Amarela e R$ 549 milhões sob a marca Riva.

Exame

Câmara pode votar nesta quarta-feira MP que limita reajuste de taxa de ocupação dos terrenos da União

A Câmara dos Deputados pode votar nesta quarta-feira (19) a Medida Provisória 1127/22, que limita o reajuste das taxas de foro e de ocupação dos terrenos da União a 10,06% (correspondente à inflação de 2021), no exercício de 2022. O texto precisa ser votado até o dia 3 de novembro ou perderá a validade.

Na pauta da sessão do Plenário, marcada para as 9 horas, também estão outros seis projetos de lei, entre os quais o PL 1776/15, que inclui a pedofilia no rol de crimes hediondos.

Os deputados poderão analisar ainda projetos como o que cria programas de saúde mental para profissionais de segurança pública (PL 4815/19); e o que estabelece o marco legal para a indústria de jogos eletrônicos (PL  2796/21).

Money Times

Tokenização pode desatar amarras do mercado imobiliário e favorecer economia, diz executivo

Como um efeito dominó, o que acontece na economia do outro lado do mundo, mais cedo ou mais tarde, tem impacto em diversos outros locais do planeta, em maior ou menor grau. Porém, alguns setores representam verdadeiros catalizadores econômicos e, ao mesmo tempo, servem de temômetro da atividade econômica.

Um exemplo é o setor imobiliário, que costuma se aquecer nos mercados de alta, mas que também pode causar estragos, como a crise financeira que atingiu o mundo, em 2008, em razão do estouro da bolha da especulação imobiliária nos EUA.

O mercado de criptomoedas também sentiu os impactos de uma crise do setor imobiliário, no ano passado, quando a Evergrande Group, segunda maior incorporadora imobiliária da China, disse que não teria dinheiro para arcar com seus compromissos. Um possível calote de US$ 300 bilhões em seus credores que resultou em quedas generalizadas no mercado tradicional e no mercado cripto.

O gigantismo do setor imobiliário, que exige grandes aportes de empresas e consumidores, pode ser percebido ainda pelo alto grau de burocratização, em linhas gerais relacionadas às garantias jurídicas que envolvem as operações. Por outro lado, embora necessárias, estas garantias também são refratárias à entrada de novos atores para o ecossistema imobiliário.

Foi o que frisou o gerente de negócios da empresa processadora de pagamentos CoinPayments, Rubens Neistein, em um artigo publicado na última segunda-feira, 17, no Monitor Mercantil ao defender a tokenização no mercado imobiliário no Brasil.

A representação de terrenos, casas, apartamentos e outros imóveis por criptoativos, via tecnologia blockchain, deverá saltar de US$ 2,3 bilhões em 2021 para US$ 5,6 bilhões em 2026, de acordo com uma projeção da empresa de consultoria MarketsandMarkets. Número que poderá chegar a US$ 40 trilhões em 2032, segundo avaliação do CEO da plataforma de negociação e gestão de propriedades digitais Netspaces, Andreas Blazoudakis.

Um avanço que reflete a disrupção deste setor, uma vez que a tecnologia também possibilita a compra de parte de um imóvel, como se fosse uma determina quantidade de ações de uma empresa de capital aberto.

Neistein argumentou que a tokenização soluciona dois problemas que atrapalham o desenvolvimento do setor, um deles relacionado à agilidade das transações, tanto no mercado primário quanto no secundário, que pode ainda favorecer as empresas na capitação de recursos para o desenvolvimento de novos empreendimentos, pela venda de utility tokens (tokens de utilidade), vinculados às vendas, e security tokens (tokens de segurança), no caso de revendas.

O segundo embaraço do mercado imobiliário, no caso a refração à entrada de novos atores, seria solucionado também pela tokenização, de acordo com o executivo, em razão da acessibilidade e praticidade de compra e venda de tokens.

Por outro lado, ele deixou claro que há desafios para um eventual cenário de tokenização de imóveis no Brasil. Entre eles a adequação da legislação, a eliminação de riscos de problemas de compliance e a manutenção das boas práticas, além da criação de um arcabouço teórico voltado aos esclarecimentos sobre o assunto, já que o desconhecimento e a desinformação ainda são outras barreiras no caminho do avanço da tokenização imobiliária no país.

Em junho deste ano, uma plataforma de investimentos, com receio de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) encarar os tokens de um de seus empreendimentos como valor mobiliário, disse que tokenizaria um prédio em São Paulo e que faria a negociação em um país favorável aos criptoativos, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

Exame