A reunião do Fórum da Construção Civil da Firjan, que aconteceu na tarde de ontem (29), em formato híbrido, debateu o licenciamento de obras, trazendo os exemplos do Rio de Janeiro e de Salvador, com o LICIN e o Salvador Simplifica, respectivamente. Os dois estados são considerados os mais avançados quando o assunto é desburocratização de processos. O investimento em infraestrutura no Estado do Rio também foi tema do encontro.
Para dar início aos trabalhos e antes de passar a palavra para os convidados, Marcos Saceanu, vice-presidente do Fórum e presidente da Ademi-RJ, destacou a importância da celeridade do licenciamento na consolidação dos investimentos na cidade. “O empresário, sabendo que essa troca do poder público com o privado acontece de forma rápida, é estimulado a fazer mais, aumentando a produtividade. É preciso investir em um licenciamento qualificado e célere”, afirmou ele.
Concordando com as palavras de Saceanu, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação do Rio, Chicão Bulhões, convidado para falar sobre o LICIN, iniciou sua apresentação sendo enfático: “Tempo é dinheiro. O licenciamento precisa ser um processo simples. Quanto mais rápido, mais investimentos”.
Após fazer breve histórico da formatação do LICIN e falar das suas funcionalidades, Chicão destacou que o sistema promoveu um novo panorama do licenciamento na cidade, com um processo mais ágil. “O que antes levava cerca de 250 dias para ser emitido, agora leva, em média, 30 a 60 dias. Isso gera atração de investimentos no mercado imobiliário, fazendo, inclusive, com que o Brasil melhore sua posição no ranking de economia dos países”, disse o secretário.
Sobre os próximos passos do LICIN, Chicão ressaltou que, após um ano com o sistema em operação, está na hora dos setores e da sociedade serem ouvidos novamente, para a obtenção de um feedback sobre seu funcionamento e o que é preciso aperfeiçoar. “Precisamos otimizar os procedimentos. Sabemos que ainda temos muito o que evoluir”, concluiu.
Em Salvador, a necessidade de desburocratizar e simplificar o licenciamento também foi a mola propulsora para a criação do programa Salvador Simplifica, conforme explicou a gerente de planejamento urbano da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de Salvador (SEDUR), Jealva Lins Fonseca. “O programa facilita o processo de quem tem interesse em abrir um negócio ou construir prédios e casas. Se antes eram necessários nove meses para se obter a autorização, agora, são necessários poucos dias ou meses”, disse ela, que participou de forma online da reunião.
Por lá, o programa também ganhou uma nova vertente, com um sistema de licenciamento de obras de projetos desenvolvidos em BIM, o BIM Salvador. A plataforma promove mais dinamismo no mercado da construção civil e de empreendimentos imobiliários, além de reduzir em até 90% o tempo de análise dos empreendimentos, entregando em 60 dias o alvará de projetos de alta complexidade, e automatizar análises objetivas, entre outras vantagens.
Ao final das apresentações sobre licenciamento, o VP do Fórum, Marcos Saceanu, expôs que, para o mercado, o LICIN foi um divisor de águas. “A celeridade foi uma quebra de paradigma e um marco no desenvolvimento econômico da nossa indústria”, disse ele, acrescentando que vê como próximo passo para a evolução do sistema a adesão dos órgãos paralelos ao urbanismo ao mundo digital. “Os demais órgãos precisam enxergar o sucesso dessa iniciativa, para que possamos ganhar ainda mais velocidade”, argumentou, reafirmando que o LICIN é um avanço para o setor. “É o Rio dando exemplo para o País”, concluiu.
Membro do Fórum, o presidente do Sinduscon-Rio, Claudio Hermolin, também teve voz e lembrou que foi importante a interlocução do poder público com o setor privado, quando da elaboração do LICIN, para que fossem ouvidos e entendidos os gargalos no licenciamento. “É preciso a continuidade desse diálogo, para que possamos colocar nosso ponto de vista e acompanhar a evolução do LICIN. Sem dúvida é um sistema revolucionário para o setor”, destacou ele.
Infraestrutura e Saneamento
Fechando a reunião, o gerente de infraestrutura da Firjan, Isaque Ouverney, mostrou o mapa dos principais investimentos que estão sendo feitos no Rio de Janeiro, na área de infraestrutura, destacando o Plano de Recuperação de Distritos Industriais, lançado no mês passado.
De acordo com Ouverney, dentro deste Plano, serão investidos cerca de 120 milhões em obras de pavimentação, saneamento e acesso rodoviário, em áreas administradas pela Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), que envolvem distritos industriais em Campos, Macaé, Santa Cruz e outros municípios.
Os leilões de saneamento realizados em 2021 e o Pacto RJ, que prevê, entre outras iniciativas, a construção de mais de 7 mil unidades e reforma de 60 conjuntos habitacionais, também foram abordados pelo gerente, ressaltando que são demandas importantes para a Construção Civil.
As reuniões do Fórum da Construção Civil acontecem mensalmente e, segundo Marcos Saceanu, são importantes para trazer à tona a discussão de assuntos de interesse do setor. “A união das entidades, principalmente da Ademi, do Sinduscon e da Firjan, faz com que possamos identificar as dores e as soluções para o setor. Debatemos muito e, quanto mais falarmos do nosso ecossistema, mais vamos descobrir como melhorá-lo”, concluiu o VP do Fórum.
Também estavam presentes, como associados Firjan e membros do Fórum, o vice-presidente financeiro do Sinduscon-Rio, Jorge Zarur, e o superintendente da Ademi-RJ, Murillo Allevato.