Na revisão do Novo Mercado, B3 quer incluir metas ESG

Na próxima revisão das regras do Novo Mercado, a B3 pretende incluir os fatores de responsabilidade social e ambiental ao segmento que foi criado para reunir empresas que adotam boas práticas de governança corporativa. Segundo o presidente da bolsa, Gilson Finkelsztain, assim como hoje há exigências de comitês fiscal e de auditorias para as companhias que buscam esse selo, a ideia é que respondam como estão endereçando os outros dois aspectos da pauta da sustentabilidade.

“O ESG vem muito forte no sentido do que vai publicar, como e o que vai cumprir, vamos elevar a barra”, disse ao participar ontem de painel do congresso Mercado Global de Carbono. Não é algo que a bolsa pretenda fazer já em 2022, mas na reciclagem, nos próximos dois anos. “Como o Novo Mercado é uma referência para o mercado de capitais, isso virá para a agenda. Não é fácil, tem que fazer conversas com os investidores e as empresas, mas a gente vai induzir.”

Para o executivo, a forma de mostrar que as melhores práticas são um compromisso sério é colocar metas claras vinculadas a instrumentos financeiros, a exemplo da própria B3, que levantou US$ 700 milhões por meio de um “sustainability linked bond (SLB) em setembro do ano passado.

Com pouca materialidade do lado ambiental, já que atua no segmento de serviços, a companhia se comprometeu a criar até 2024 um índice para medir a performance de empresas que tenham bons indicadores de diversidade, e até 2026, ter 35% de mulheres em cargos de liderança. A remuneração pactuada foi de 4,125% ao ano, com um pênalti de 0,125%, a partir de 2025, caso não atinja o primeiro critério, e de mais 0,125%, se o segundo não for cumprido a partir de 2027.

Daniel Bassan, CEO do UBS BB, disse que as companhias já estão nesse jogo. Ele citou que, do ponto de vista financeiro puro e simples, o benefício para os emissores é melhor percebido entre os investidores europeus, mais dispostos a receber um pouco menos de juros em bônus verdes. A estimativa é que papéis dessa natureza saem 25 pontos percentuais abaixo da taxa paga num título de dívida convencional. Os ativos costumam ter condições mais favoráveis de negociação no secundário, porque melhora a percepção de risco.

Valor Econômico

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