Arquiteto lista tendências de sustentabilidade na construção civil carioca

Sustentabilidade deixou de ser uma palavra comprida e abstrata para entrar pra valer no vocábulo da construção civil. Quem põe a mão na massa sabe bem disso, caso de Pedro Évora, responsável pelo projeto da 12ª edição da ArtRio, cujos pavilhões na Marina da Glória foram todos feitos à base de materiais reutilizáveis. “A presença de características ligadas à sigla ESG é crescente nos novos projetos”, confirma o professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio, duas vezes indicado ao prêmio de arquitetura contemporânea Mies Van der Rohe, espécie de Oscar do setor. Ele elenca práticas nessa linha já adotadas por empreendimentos cariocas.

1 – Velho não, retrofitado
Presente mais do que nunca no dia a dia de arquitetos e urbanistas, a técnica emergiu na Europa para recuperar edifícios antigos por meio de tecnologias de modernização e readequação de instalações. “Mais do que uma simples reforma, o objetivo é aproveitar a estrutura existente, trazer uma construção obsoleta para a atualidade, aumentar o valor do bem e assim reafirmar o capital cultural da sociedade”, explica Évora. Muitos prédios comerciais e hotéis estão enveredando por essa direção. Um deles é o Hotel Flamengo Palace, construção dos anos 1970 que, após um investimento de 20 milhões de reais, vai dar lugar ao residencial Insight Rio.

2 – Junto e misturado

Tão disseminadas nos grandes condomínios da Barra, as áreas de lazer e serviço compartilhadas agora também integram empreendimentos menores — caso do Hub Coliving, entregue em 2021, no Centro. Por lá, a sustentabilidade é incentivada pela vida comunitária em áreas como coworking, lavanderia, academia e até um cinema. “Além do ganho de espaço nas moradias, otimiza o uso de água e energia elétrica e incentiva encontros. Já pensou paquerar enquanto espera a roupa ficar limpa?”, brinca Évora.

3 – Em paz com a natureza

Com paisagismo do Escritório Burle Marx, o Parque Sustentável da Gávea é um exemplo de área verde preservada: são 17 000 metros quadrados, com destaque para espécies nativas da Mata Atlântica. “Aos moradores, ainda serão oferecidas atividades como trilhas ecológicas com zonas de contemplação”, conta Évora. “Depois da pandemia, ar livre e natureza passaram a ser ainda mais desejados, daí o investimento em apartamentos com jardins privativos e espaços arborizados.”

4 – Sem desperdício

De acordo com a administradora Estasa, o consumo de água é a segunda maior despesa mensal dos condomínios, atrás apenas da folha de pagamento dos funcionários — o rateio em pé de igualdade entre residentes é um desestímulo ao uso consciente. “Já vemos empreendimentos adotando a medição individual”, diz o especialista, lembrando do Tiê Residencial, na Tijuca, previsto para ficar pronto em 2025. “Captação da chuva, irrigação automatizada e uso de temporizador são outras tecnologias nessa linha”, enumera.

5 – Obras inteligentes
A possibilidade de modificações previstas na planta original evita desperdícios com reformas posteriores. No Jardim Botânico, o Puro Casas Inteligentes, com doze unidades entre estúdios, apartamentos e coberturas dúplex, permite que o futuro morador decida antes da obra como serão divididos os cômodos, atendendo às necessidades de cada família. “A ideia é organizar a casa de forma inteligente, para que todos os espaços possam ser bem aproveitados”, afirma.

6 – Fez-se a luz

Na Lagoa, o Edifício Lineu 708 adotou diversas iniciativas para reduzir o consumo de energia elétrica: instalou sensores de presença nas áreas comuns, fez uso de lâmpadas de LED, estudou um melhor aproveitamento da luz natural e criou um circuito independente para as garagens. “Agora, os empreendimentos estão muito focados na economia, mas o próximo passo será investir em aquecimento solar e painéis fotovoltaicos, para também gerarem energia”, prevê Évora.

7 – Vou de bike
Com a redução do espaço destinado a automóveis, antes determinado por lei, os condomínios passaram a incentivar o uso de meios de transporte públicos ou sustentáveis. Muitos oferecem tomadas para carros e bicicletas elétricas e até mesmo incluem serviços de compartilhamento das magrelas. “No caso do Vargas 1140, no Centro, há uma ligação direta com a estação de metrô, e a diminuição da garagem rendeu mais áreas comuns e espaço para as unidades residenciais”, encerra o arquiteto.

Veja Rio

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