Mulheres ocupam cargos de liderança no mercado

Da esquerda para a direita: Cristina Gravina, Patrícia Curvelo e Carolina Lindner são algumas das mulheres que ocupam postos de comando no mercado imobiliário carioca — Foto: MARCO SOBRAL/AGÊNCIA O GLOBO

A busca por igualdade de gênero em postos de comando do mercado de trabalho brasileiro é uma luta que vem ganhando força neste século em todos os setores da economia. No Brasil, as mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança — quarto lugar no ranking global, segundo pesquisa da Grant Thornton, divulgada em março deste ano.

No mercado imobiliário não tem sido diferente. Os esforços por oportunidades nas incorporadoras, construtoras e corretoras de imóveis vêm gerando participação crescente de mulheres em postos relevantes de grandes companhias. Um exemplo é a JFL Realty, liderada por Carolina Burg Terpins, CEO e sócia-fundadora da incorporadora especializada no segmento multifamily property.

“As mulheres ocupam cargos de liderança em todas as áreas da organização, inclusive na Presidência. E envolvemos a participação feminina também nas tomadas de decisão”, informa Carolina, acrescentando ainda que os empreendimentos já entregues da companhia são gerenciados exclusivamente por mulheres.

Na Vitacon, a participação feminina é forte: representa 65% do quadro de colaboradores. Responsável direta por um time de 21 profissionais, a diretora de Incorporação, Alexandra Monteiro, atua também como coach para que mais mulheres possam ocupar postos de liderança na incorporadora.

Para ela, uma das características consideradas fundamentais para a ascensão das mulheres nesse mercado é a atenção aos detalhes. “Esse é um diferencial feminino”, diz Alexandra. “Sempre que aponto uma direção à equipe ou tomo uma decisão, estou olhando o negócio e os impactos esperados de forma macro e micro, simultaneamente”, exemplifica.

Na Cyrela, outra gigante do setor, o sexo feminino já responde por 40% dos 5,5 mil funcionários da construtora. “É um avanço expressivo para um setor predominantemente masculino”, destaca a diretora Jurídica e de Compliance, Rafaella Carvalho Corti. “A personalidade das mulheres tem características que podem torná-las mais eficientes do que os homens no aspecto gerencial, como empatia e maior capacidade de negociação”, enfatiza.

DESTAQUE NAS VENDAS

O poder de negociação feminino também é um trunfo que colabora para a projeção delas no mercado imobiliário, sobretudo na área de vendas. Segundo dados do Conselho Federal dos Corretores de Imóveis (Cofeci), as mulheres representam 32% dos profissionais de corretagem de imóveis do país.

Para a CEO do grupo On Brokers, Nayara Técia, o sucesso da mulher no segmento deve-se à dedicação integral. “Para elas, atuar na corretagem não é um plano B. É a única atividade e, por isso, elas vêm se destacando nas vendas”, pondera ela, informando que a imobiliária tem 80% de mulheres entre seus profissionais.

Na Bossa Nova Sotheby’s, o time de corretores da capital paulista tem 132 mulheres, o que representa 69% do total. Na área de Marketing e na Diretoria, metade das equipes é formada por pessoas do sexo feminino. “Ainda estamos longe do ideal, mas temos conquistado espaço”, afirma a diretora de Marketing, Amanda Pimenta.

Para ela, as mulheres lidam melhor com a pluralidade da rotina no trabalho, em razão de já exercerem múltiplas funções na vida pessoal. Mas acredita que, para se ter vantagem no mercado imobiliário, é preciso ter habilidades em diversas áreas. “No fim das contas, a competência profissional não está atrelada ao gênero”, conclui.

Elas são essenciais para o sucesso dos negócios

Mais do que uma questão de inclusão, a participação feminina em posições de liderança no mercado imobiliário e na construção civil tem se mostrado essencial para o sucesso dos negócios. Impedidas de atuar em setores que exigissem força bruta dos trabalhadores até 1988, elas vêm aumentando sua participação também nessas áreas.

No Rio de Janeiro, a arquiteta Cristina Gravina, líder de Produto e Marketing do Opportunity Imobiliário, é um exemplo dessa mudança de comportamento. Ela começou a carreira num canteiro de obras há 24 anos e admite que houve grandes avanços desde então.

“Observamos atualmente uma presença feminina mais efetiva tanto no canteiro de obras quanto na incorporação e na área administrativa. Sem dúvida, é um avanço, mas ainda há muito a ser conquistado”, afirma.

Na também carioca Performance Empreendimentos Imobiliários, a executiva Carolina Lindner, única mulher nas sete diretorias da incorporadora, diz que, na disputa por mais vagas em cargos de liderança no setor, as mulheres vêm se capacitando e devem ampliar a participação delas na indústria da construção.

“Para isso, é fundamental união e apoio a outras profissionais do sexo feminino, de modo a incentivar e criar condições para que a atuação delas ganhe visibilidade e reconhecimento”, pondera.

Primeira mulher a operar no mercado de leilões de imóveis no eixo Rio-São Paulo, Patrícia Curvelo, sócia da BidYou Assessoria de Investimentos, avalia que as mulheres estão sempre mais dispostas a ouvir e a entender o cliente. “Somos mais empáticas diante de problemas e temos mais habilidade para buscar soluções. No segmento de leilões, essas características são muito importantes”, ressalta.

Valor Econômico

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *