Isolamento acústico de micélio deve chegar ao mercado da construção no 2º semestre

As peças em micélio da Mush são produzidas em moldes a partir do crescimento dos fungos, alimentados com resíduos da indústria da madeira.| Foto: Laertes Soares/Divulgação

A ideia de usar o micélio – parte vegetativa dos fungos – para tornar a construção civil mais sustentável, mobiliza pesquisadores de diferentes partes do mundo, há alguns anos, e está cada vez mais próxima de se concretizar no Paraná. Até o início do segundo semestre, a Mush, startup que trabalha com o material, pretende colocar no mercado placas para isolamento acústico entre ambientes.

“É uma nova forma de fazer o tratamento acústico em ambientes internos, diminuindo o ruído que um espaço implica no outro”, explica o CEO da unidade de construção civil, arquitetura, decoração e design da Mush, Leandro Oshiro.

Assim como outras peças produzidas pela empresa, o material será feito a partir do cultivo de fungos em moldes. A reprodução das condições da natureza faz com que eles – e o micélio – cresçam até atingirem o tamanho e a forma desejados, quando as peças passam por aquecimento e secagem. Neste caso, o objetivo é oferecer ao mercado chapas de 1,20 x 2,40m, semelhantes às de mdf, para tornar o produto mais acessível e adequado à aplicação.

Sustentabilidade e praticidade

Atualmente, o isolamento acústico é comumente feito com blocos cerâmicos desenvolvidos especificamente para esse fim. Conforme Oshiro, o material apresenta duas desvantagens: a primeira é que seu processo produtivo envolve extração e queima do barro, fazendo com que não seja a alternativa mais sustentável. A segunda é que o isolamento precisa ser previstos desde o início do projeto – ou, então, a instalação dos blocos tradicionais vai demandar a quebra de paredes.

“Uma forma de usar nossas placas é associando-as à alvenaria, substituindo os blocos na construção da parede. Outra é, em vez de quebrar uma parede pronta e refazê-la com os blocos cerâmicos, adicionar a placa a elas e dar acabamento”, diz Oshiro.

Em um segundo momento, o objetivo da Mush é que as placas de micélio possam substituir materiais como o dry wall. Para chegar a isso, porém, será necessário produzi-las em tamanhos maiores: neste momento, os testes estão sendo feitos com placas de aproximadamente 30 x 30 cm. As chapas de grandes dimensões vão entrar em produção a partir de junho, quando entrará em operação a nova fábrica da empresa, possibilitando os estudos de adaptação.

“Recebemos um investimento para fazer uma ampliação na escala de produção. Então, teremos uma nova fábrica que vai ficar instalada aqui em Ponta Grossa, em um barracão de 400 metros quadrados”, revela o representante da Mush.

Além de permitir a produção de peças maiores – e a pesquisa a partir delas –, o novo espaço deve possibilitar a continuidade de estudos para a produção de outros materiais como tijolos de micélio e placas que substituem as de gesso perfurado.

Gazeta do Povo



Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *