Retorno dos fundos imobiliários bate recorde em 2023

O dividend yield (relação entre os dividendos distribuídos e o valor da cota) dos fundos imobiliários alcançou nível recorde neste ano, de 12,5%, em meio ao cenário de taxa de juros elevada para conter a disparada da inflação. A última vez em que o retorno com dividendos da classe registrou variação parecida foi em janeiro de 2016, quando valorizou 12,1%.

“Nos últimos anos, temos observado a desvalorização das cotas dos fundos imobiliários, principalmente pelas incertezas do mercado com a pandemia, a guerra na Ucrânia, além da inflação global e da alta dos juros”, avalia Gabriel Barbosa, gestor de Fundos Imobiliários do Trix.

“Porém, os principais fundos têm conseguido manter, ou até mesmo elevar seus dividendos, o que faz com que o dividend yield aumente consideravelmente”, complementa o gestor.

No ano até aqui, é possível observar um aumento no dividend yield de todos os segmentos da classe de fundos imobiliários, segundo estudo da Guide Investimentos conduzido por Fernando Siqueira, chefe de análise, e Leonardo Veríssimo, analista de fundos imobiliários.

No entanto, entre os destaques, os fundos de recebíveis, que investem em títulos de renda fixa do setor imobiliário e também são conhecidos como fundos de “papel”, são os maiores pagadores de proventos no momento, com retorno em dividendos acumulado de 16,2% em abril.

Mas, apesar dos dividendos turbinados pagos por esses fundos, os especialistas avaliam que parte desses proventos é “fictícia”, dado que refletem resultados passados e, portanto, não são recorrentes. E vale lembrar que, recentemente, o setor de papel foi abatido por uma série de notícias sobre problemas de inadimplência e atraso de pagamento de alguns Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) presentes em diversos fundos, reflexo da crise que se alastrou no mercado de crédito.

Isso porque o cenário de aperto monetário, que levou a taxa básica de juros, a Selic, a 13,75% ao ano, vem pressionando as despesas financeiras das empresas e dos projetos que são objeto de financiamento dos CRIs.

“Os casos de inadimplência com alguns CRIs de fundos, como o HCTR e o DEVA, mostram que os dividendos dos fundos de papel devem ser menores no futuro. Por isso, mantemos nossa preferência pelos fundos ‘high grade’ que, apesar de distribuírem dividendos menores, são menos arriscados”, pontuam os especialistas da Guide.

Em segundo lugar aparecem os fundos imobiliários focados em agências bancária, com retorno em dividendos próximo de 13% ao ano., Siqueira e Veríssimo pontuam que esse segmento atraiu muitos investidores para a classe em 2012. No entanto, vem perdendo espaço nos últimos anos por conta da tendência de redução no número de agências bancárias no país.

Os fundos de fundos (FoFs) aparecem na sequência, na terceira posição. Ainda que o retorno em dividendos esteja em patamares elevados, o setor não distribui rendimento como no ano de 2019, quando os FoFs aproveitaram não só a valorização de quase todos os fundos do Ifix, índice de referência da classe, como o bom momento de emissões de cotas por um preço menor ao praticado no mercado secundário.

“Momentos de queda generalizada nas cotações, igual ao que estamos vivendo, não permitem a realização de ganho de capital [diferença entre valor de compra e de venda]”, dizem Siqueira e Veríssimo.

Valor Investe

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