Compartilhamento de imóveis: estimativa de receita vai a R$ 60 bilhões

O compartilhamento de imóveis continua ganhando cada vez mais espaço no Brasil. O modelo de multipropriedade – ou propriedade compartilhada – superou as expectativas, entre 2022 e o início de 2023, e se aproximou dos R$ 60 bilhões em seu potencial de receitas, de acordo com uma pesquisa divulgada no último dia 17.

Segundo o levantamento “Cenário do Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil”, que teve como base dados da Caio Calfat Real Estate Consulting referentes ao período entre abril de 2022 e abril de 2023, o Valor Geral de Vendas (VGV) do mercado da multipropriedade no país alcançou R$ 59,9 bilhões, em 2022, uma alta de 43,3%. O VGV é a estimativa do potencial de receita que os empreendimentos podem gerar.

O setor também registrou crescimento de 15,4% na oferta de empreendimentos nesse modelo em todo o país, passando de 156 (em 2022) para 180 (em 2023).

Das 180 multipropriedades mapeadas pela pesquisa, 97 estão prontas, 69 em construção e 14 em fase de lançamento. As regiões Sul (54) e Nordeste (51) lideram as ofertas, seguidas por Sudeste (43), Centro-Oeste (26) e Norte (6).

Como funciona

Embora exista no Brasil pelo menos desde meados dos anos 1960, o formato da multipropriedade ganhou força a partir da promulgação da Lei nº 13.777/2018, que regulamentou o setor. Nesse modelo, o imóvel é dividido entre vários “sócios”, para uso por determinada quantidade de dias no ano – são as cotas ou frações imobiliárias. Os dias nos quais cada cotista vai utilizar o imóvel podem ser subsequentes ou alternados, de acordo com o que for estabelecido entre os condôminos.

Quem adquire a fração do imóvel tem direito a uma escritura pública correspondente à sua parte. Na prática, a cota comprada tem o status de propriedade imobiliária e pode ser vendida, doada, dada como garantia ou utilizada em partilha, em caso de divórcio.

Além de residências privadas, há o modelo de multipropriedade focado em hotéis e resorts de luxo, nos quais os proprietários podem usufruir da mesma infraestrutura que os hóspedes comuns. Se uma família pretende frequentar um hotel de luxo 30 dias por ano, por exemplo, essa cota pode ser comprada antecipadamente, por um custo proporcional ao período escolhido.

“Quem adquire um imóvel nessa modalidade passa a ter, de fato, uma matrícula, o que confere o direito de propriedade e até liquidez para os investidores”, explica Henrique Blecher, CEO da Nivi Capital, gestora de fundos imobiliários que estuda a viabilização de investimentos no modelo de multipropriedade.

Mudança de comportamento

“Quem tem uma segunda residência, seja um apartamento na praia ou uma casa na montanha, sabe que esse imóvel não é usado todo o tempo. O crescimento do mercado tem muito a ver com otimização e sustentabilidade: as pessoas estão preferindo pagar por aquilo que realmente usam. Não compram só por comprar”, afirma Maria Carolina Pinheiro, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Wyndham Hotels & Resorts.

Para ela, essa mudança na forma de se relacionar com o imóvel está ligada, sobretudo, a uma questão geracional. “Algo diferente está acontecendo. É uma tendência, principalmente, dos consumidores mais jovens, que não vão comprar um carro se realmente não precisarem dele todo dia. Preferem ir de táxi, de Uber. Esse novo consumidor está buscando soluções mais criativas. O compartilhamento é algo natural para as novas gerações”, avalia.

Blecher, por sua vez, também aponta a flexibilidade como um ponto positivo da multipropriedade. “Permite que uma pessoa possa ter, por exemplo, uma residência na serra e outra na praia. Ter um imóvel em cada lugar, sem precisar desembolsar o custo de um imóvel inteiro. Isso dá, além de flexibilidade, alternativas.”

Portal Metrópoles

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