Economistas já começam a ver juros a 8% ao ano, com inflação persistente e avanço da vacinação

Com a maior alta em 18 anos e um aviso que vai jogar os juros para um patamar que vai influenciar o ritmo da economia, já começam a surgir projeções de que a Taxa Selic, que subiu de 4,25% para 5,25% na noite desta quarta-feira,  chegue a 8%, o que pode acontecer até o fim do ano.

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados é um dos que já estão ajustando as previsões. Prevê que a Selic chegue a 8% na última reunião do ano, em início de dezembro: 

— O Banco Central fez certo, se não sinalizasse com mais agressividade agora, iria perder o controle das expectativas da inflação de 2022.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, que serve de referência para o sistema de metas de inflação, está se aproximando de 9% em 12 meses.

Problemas climáticos que estão fazendo os preços dos alimentos subirem novamente, ao contrário do esperado, a bandeira vermelha nas contas de luz, outra pressão no orçamento das famílias, e os serviços que tendem a subir com o avanço da vacinação. Alerta já feito pelo BC para justificar os juros mais altos e contracionistas: 

—  Reforça o cenário de atividade mais fraca em 2022. Estamos prevendo alta de 1,8% do PIB (Produto Interno Bruto) e o mercado está projetando acima de 2%, mas pode haver reversão desses números para baixo, ficando mais próximo de 1,5%, cenário pré-pandemia — afirma Vale.

2022, ano difícil

A Oxford Economics também prevê que a Taxa Selic chegue a 8%, mas em fevereiro de 2022.  No seu relatório aponta que os choques de oferta, de alimentos, de energia, que pareciam temporários, estão se tornando mais permanentes, com a inflação indo para o quarto ano seguido acima da meta de inflação, o que exigirá ação mais agressiva do BC, para manter a credibilidade de que vai perseguir a meta de inflação.

Diz ainda que a recuperação econômica é outro fator a permitir disseminação da inflação.  

Thaís Zara, economista sênior da LCA Consultores, afirma que taxa de juro neutro, aquela que não provocaria aperto na economia, está acima de 7%. Por isso, as expectativas vão para acima disso. Ela espera que fique em 7,5% ao fim do ano: 

— Uma combinação dos serviços começando a voltar, alta nos preços da energia elétrica, alimentação e bens industriais no atacado fez o Copom (Comitê de Política Monetária) agir mais rapidamente para evitar contaminação das expectativas de inflação para frente.

E as previsões para inflação já estão acima da meta de 3,5% para 2022. Na média do mercado, 3,81%, mas tanto Vale quanto Thaís esperam 4%, enquanto Oxford Economics espera 4,5%.  

— Era preciso evitar que as expectativas se desgarrem em 2022 que será um ano tenso do ponto de vista politico —diz Vale. 

O Globo


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