Votorantim avalia entrar em imóveis, saúde e saneamento 

A Votorantim vai diversificar ainda mais a sua atuação. O conglomerado brasileiro, que já tem empresas como a CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), a mineradora Nexa e o Banco Votorantim sob o seu chapéu, está olhando com mais afinco para os setores de saúde, saneamento e mercado imobiliário.

O diretor financeiro da Votorantim, Sergio Malacrida, disse que a companhia fechou o segundo trimestre com caixa de R$ 5 bilhões e alavancagem abaixo de 1 vez, o que permite entrar em qualquer segmento.

“Temos flexibilidade para investimentos. Tivemos o upgrade de nosso rating pela Moody’s, o que nos torna uma das poucas empresas brasileiras que são consideradas grau de investimento pelas três agências mais relevantes do mundo. Esse contexto nos permite seguir com a nossa estratégia de alocação de capital”, afirmou Malacrida.

No setor de saúde, o executivo afirmou que a Votorantim está olhando todos os elos da cadeia, desde laboratórios, hospitais a farmacêuticas. Malacrida ressaltou que a companhia já entrou em alguns processos neste ano. “Nos interessa em qualquer parte da setor. Participamos de transações mas que não se concretizaram. Agora, não temos nada no radar, mas não se surpreenda se estivermos em um negócio.”

Em saneamento, Malacrida disse que a Votorantim deve seguir a mesma estratégia da Votorantim Energia, em que criou uma empresa para atuar no setor e assim realizar os investimentos. “Podemos fazer igual ou podemos comprar uma empresa já constituída e investir. Queremos participar ativamente desses setores”, disse o executivo.

O setor que está mais estruturado para novos investimentos, conforme Malacrida, é o imobiliário. A Votorantim criou este ano a Altre para desenvolver empreendimentos comerciais. O foco, segundo ele, é investimento em galpões e escritórios tanto no Brasil como no exterior. “Separamos ativos do grupo com vocação imobiliária e estamos buscando outros para desenvolver os projetos”, afirmou.

Essa estratégia de alocar recursos em novos negócios pode ser sustentada pelo momento que a companhia vive. A Votorantim reverteu o prejuízo no segundo trimestre deste ano, lucrando R$ 2,3 bilhões no período. Nos doze meses, o lucro da Votorantim chegou a R$ 4,28 bilhões ante uma perda de R$ 3,06 bilhões em 2020.

De acordo com os dados, a receita líquida avançou em 68% no comparativo trimestral, fechando em R$ 12,7 bilhões. Já o lucro antes de juros e impostos (Ebitda, na sigla em inglês) ficou em R$ 3,6 bilhões entre abril e junho, o que representa alta de 201%, se comparado com o mesmo período de 2020.

A alavancagem consolidada da companhia – medida pela relação dívida líquida / Ebitda ajustado – atingiu 0,92 vez, o menor patamar desde 2006. No mesmo período do ano passado, essa relação foi de 3,92 vezes.

O resultado veio acima do que era esperado no começo do ano, segundo Malacrida. “A dinâmica na construção civil, que é global, com aumento do consumo de aço e cimento, favoreceu essa reação no setor. Aliado a isso tivemos um aumento do preço das commodities, alumínio, zinco e cobre, que são as que temos, junto com a alta do dólar no período, nos fez apresentar resultados bem robustos. Nosso Ebitda cresceu 200% e nossa alavancagem ficou abaixo de 1 vez”, afirmou o executivo.

No período, a Votorantim Cimentos concluiu a aquisição da McInnis, na América do Norte, atraindo como acionista o investidor institucional de longo prazo Caisse de depôt et placement du Québec (CDPQ). A empresa também anunciou a aquisição da Cementos Balboa, na Espanha, com capacidade instalada de produção atual de 1,6 milhão de toneladas de cimento por ano. No trimestre houve também a preparação do IPO da Companhia Brasileira de Alumínio, concluído em 15 de julho, que permitirá à CBA seguir com sua estratégia de investimentos.

Com base nesses resultados e na perspectiva positiva, a Moody’s anunciou a elevação do rating da empresa, que agora passa a ser considerada grau de investimento em escala global. O mesmo se aplicou para a Votorantim Cimentos. A classificação de ambas as companhias foi elevada de Ba1 para Baa3, com perspectiva estável. Além da Moody’s, a Votorantim possui grau de investimento pela S&P Global Ratings e Fitch Ratings.

O executivo afirmou que a expectativa para o segundo semestre deste ano são positivas. Segundo ele, caso as condições de mercado não se modifiquem, o período deve ser melhor do que em 2020. “Se nada de muito fora do radar acontecer, como o mercado está esperando, o segundo semestre será muito bom, melhor do que em 2020. A diferença para a segunda metade do ano passado é que o movimento foi de aceleração, agora é de estabilidade em um patamar mais elevado.”

Valor Econômico

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