Os desafios empresariais do ESG

A arte de produzir e administrar empresas,  foi submetida a inúmeras transformações desde a revolução industrial de 1.760.  Ela foi influenciada pela constante evolução tecnológica, busca de maiores ganhos, economias de escala, novas descobertas, maior competitividade entre os fornecedores, maiores exigências dos consumidores e preservação dos recursos naturais. 

Da época de  Henry Ford que com seu Ford T inaugurou a era da produção em massa e tinha  como objetivo reduzir custos, zelar pelo aumento de produtividade, introduzir novas formas de administração e incentivar o consumo em massa vamos ao norte-americano Frederick Taylor  que cria as sementes para a assim chamada ” Administração Científica” sempre objetivando a eficiência das tarefas em nível operacional principalmente no chão de fábrica.  Já o teórico francês Fayol criou os “Princípios da Administração”  e  desde então o todo foi evoluindo. A partir dos meados do século passado pudemos acompanhar uma aceleração de novas ideias e conceitos, impulsionados pelo anseios das empresas em alcançar maior produtividade, competitividade e ganhos. 

Mais recentemente pressões vindas de  órgãos reguladores e da sociedade em geral   levaram as empresas  a se preocupar com o meio ambiente, a emissão de gases poluentes, transparência administrativa, ética, igualdade e equidade social entre outros.  Quantos de nós não participamos de discussões sobre MBO (Management by Objectives) desenvolvido por  Peter Drucker, Reengenharia, Downsizing, BSC, Lean Manufacturing, Balanced Scorecard, Compliance, Governança Corporativa? Como  consequência de tantas ideias e experimentações práticas, algumas bem sucedidas e outras não, os métodos de produção e administração alcançaram admirável progresso no decorrer dos anos. Não podemos desconsiderar o emprego cada vez mais intenso da tecnologia e comunicação que influenciaram e colaboraram com os avanços. Mas também podemos dizer, sem medo,  que questões ambientais, sociais e de moral / ética não foram consideradas prioridades durante todos estes anos.

Hoje, um dos temas mais debatidos no mundo empresarial gira em torno do ESG (Environment, Social, Governance). Desde 1.960  quando começaram a surgir cada vez mais debates sobre  sustentabilidade  que saíram  da esfera puramente acadêmica para serem abraçadas pelos governos nacionais e finalmente pela Organização Nações Unidas no início do século XXI. A grande meta que está em debate é o aquecimento global em consequência da emissão de gases carbônicos (CO2) em grande quantidade causando enormes desequilíbrios no efeito estufa do planeta.

A nossa sociedade com seus meios de produção e de consumo é no fundo uma das grandes responsáveis pela preocupante situação em que nos encontramos. Todos, desde o cidadão com seus hábitos de mobilidade e consumo até as grandes corporações industriais terão que contribuir para a reversão deste quadro. Nesse contexto, as empresas, pressionadas pela sociedade, terão que agir para se tornar menos poluentes, assim como ser transparentes frente aos seus stakeholders via uma boa governança corporativa. A responsabilidade social  em relação ao ambiente externo e interno igualmente faz parte das transformações que estão sendo exigidas. Não podemos negar que o setor financeiro está empenhado em promover o ESG.

Qual será  o perfil profissional ideal  para colocar as empresas nos trilhos dessa nova filosofia? Até hoje  não existem cursos de ESG nas escolas técnicas e faculdades. Por outro lado, as próprias siglas indicam que  o ESG abarca uma grande diversidade de assuntos. Em primeiro lugar, os empresários terão que se conscientizar da responsabilidade social que seus empreendimentos têm, com o planeta e a humanidade. Em segundo, a ideia do ESG terá que ser amplamente divulgada no âmbito de suas empresas, sejam elas de prestação de serviços, industriais ou do terceiro setor.  E por fim terá que ser buscada a pessoa ou grupo de pessoas a colocarem o todo em prática. 

Não havendo uma pessoa especializada ou formada em ESG devemos olhar para indivíduos que tenham uma boa formação   generalista e que conheçam muito bem a empresa. Interessante também seria que estas pessoas tivessem uma boa cultura geral e interesse por assuntos globais. Além da proatividade deveriam saber elaborar projetos, desenvolver indicadores e lidar com equipes.

Não resta dúvida que a evolução do tema ESG não irá parar por aqui. O setor industrial precisará se reinventar para que possamos reverter o andar da carruagem. Uma tendência apontada é a de mudar a filosofia da transformação e produção de linear para circular. Mas isso é assunto para uma próxima vez!

Folha de Pernambuco, coluna Diplomacia Econômica, por Thomas Lan, consultor

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