A gestão de logística e operação na redução de custos na construção civil

Nos últimos anos, a indústria da construção civil vem apresentando mudanças significativas em seus métodos executivos e processos construtivos. Mais do que garantir uma logística aprimorada construtiva, o orçamento funciona como pilar de todo o planejamento de uma construção, contemplando aspectos como a disponibilidade e os valores dos principais recursos: humanos, de materiais e equipamentos.                                                                                             

A redução de custos na construção civil é um desafio às construtoras, uma vez que a previsão correta de custos é a chave para uma execução que atenda às expectativas de mercado.

Tipos de custo na construção civil

A palavra “custo” pode ser entendida como o esforço ou a dificuldade gerada para adquirir algum bem ou direito. Atualmente, diante da globalização, o “custo do produto” é sem dúvida a “chave” que abre a porta do sucesso do negócio. O setor da construção civil, em termos de custos, tem um grande diferencial sobre a maioria dos outros setores. Enquanto que nestes outros setores é o produto que passa pelos centros de custos, recebendo assim alocação de recursos de cada etapa transpassada, na construção civil são os centros de custos que passam pelo produto, que aloca recursos a cada etapa concluída, adquirindo assim características específicas para o seu custeamento.

A expressão “redução de custos” tem uma representatividade de diminuição de custos, não levando em consideração que tal diminuição pode ocasionar uma perda na qualidade e na segurança dos produtos ou serviços. Porém, a “otimização de custos”, reconhece, além do custo em si, também a qualidade e a segurança, dando ênfase para uma composição ótima do bem produzido, em produção ou a produzir. A própria etimologia da palavra define a diferença entre reduzir e otimizar. Reduzir é tornar menor, provocar situação precária, estado penoso, já a palavra otimizar é tirar o máximo partido de, obter o melhor resultado de, planear ou desenvolver com o máximo de eficiência.

Na construção civil, há três tipos principais de custos: custos pagos ou incorridos, custo contratado e custo orçado x custo realizado.

Nos custos pagos ou incorridos, aplica-se o tratamento contábil aos bens adquiridos para estocagem, sem destinação específica, e deverão ser debitados a uma conta de almoxarifado e somente apropriáveis ao custo de qualquer empreendimento quando nela aplicados, a todos os custos pagos ou incorridos serão primeiramente debitados a uma conta representativa das obras em andamentos com os mapas de apropriação de custos.

Custo contratado é todo acordo feito entre duas ou mais pessoas, que transferem entre si algum direito ou se sujeitam a alguma obrigação chamada de contrato do latin “contractu”. Portanto, custo contratado é o custo que foi ajustado por convenção, combinado através de um documento legalmente registrado. O contribuinte fica obrigado a manter à disposição do órgão público, demonstração analítica por emprendimento

Custo orçado x Custo realizado. O custo orçado será baseado nos custos usuais, no tipo de empreendimento imobiliário e compreenderá a diferença ente o custo total previsto e os custos pagos.

Para entender o processo de formação de preço de uma obra, a composição e aplicação do BDI – Bonificação e Despesas Indiretas – nos orçamentos, é necessário compreender a diferença entre custo, despesa e preço.

Custo é informação que importa, primordialmente, ao produtor e compreende o gasto correspondente à produção de determinado bem ou serviço. No caso da construção civil, pode ser conceituado como todo o valor investido diretamente na produção de determinada obra.

Despesas são gastos que decorrem da atividade empresarial e podem ser fixas ou variáveis em função do volume de produção. Como exemplo de despesa fixa, há a manutenção da sede da empresa (imóveis, remuneração de diretores e equipe administrativa etc.), e de despesa variável, cita-se a tributação sobre o faturamento.

Por sua vez, o preço é a quantia financeira paga pelo comprador por determinado bem ou serviço. No caso da construção, é o valor contratual acordado para a obra, inclusos todos os custos da obra, as despesas e o lucro da empresa executora.

A formação do preço de uma obra depende da correta estimativa de custos, despesas e da definição da margem de lucro que se espera auferir ao final do contrato. Os custos diretos e indiretos de um orçamento são estimados com base em dados extraídos do projeto e do planejamento da obra, e são expressos em valor monetário (quantitativos x preços unitários). As demais parcelas da formação do preço são estimadas como um percentual a incidir sobre os custos, formado pelo lucro (lucro (B – bonificação) e pelas despesas indiretas (DI).

A estimativa dos componentes do BDI é obtida por meio de cálculos que levam em conta características da obra, do contrato, da empresa contratada e da tributação incidente.

É trazido, na bibliografia da construção civil, que o seu custo é função direta de variáveis:

– Área construída;
– Padrão construtivo;
– Características arquitetônicas;
– Tecnologia dos processos de construção;
– Características do solo….e estas variáveis, quando de sua construção em que se aplica com os recursos de materiais, mão de obra e equipamentos, encontram-se atreladas a diversos índices da construção civil, tais como o CUB e o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da  Construção Civil do IBGE.

No que tange ao padrão construtivo, encontra-se, no mercado imobiliário, ampla gama de material de construção com variações de preços, qualidade, características que afetam o valor construtivo. São os materiais modernos que não deixam a desejar em funcionalidade, resistência, de fácil aplicação, com baixa aplicação de mão de obra.

Quanto ao estilo arquitetônico, ela é concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade, visando à determinada intenção.

E nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se, ela se revela igualmente à arte plástica, uma vez que  há sempre, para cada caso específico, certa margem final de opção entre os limites – máximo e mínimo – determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo meio, reclamados pela função ou impostos pelo programa, escolher na escala dos valores contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada, com baixo custo de implantação em seu todo.

No tocante à tecnologia construtiva, o constante desenvolvimento de soluções construtivas, além de transformar o processo de planejamento e construção de uma edificação, reduz prazos e otimiza custos, não dispensando a funcionalidade e segurança para os ocupantes da edificação.      

A nova tecnologia emprega elevadores “inteligentes” que trazem economia de tempo e consumo; vidros aplicados na fachada que entre outros é resistente às intempéries; lajes que viabilizam vãos livres e permitem flexibilizar o ambiente, adaptando-os às necessidades dos usuários, minimizando custos com alvenarias divisórias; emprego de equipamentos e de componentes pré-moldados industrializados, que possuem custo menor de produção em relação as tradicionais técnicas, entre outros.

Por fim, um controle orçamentário bem executado, é garantia de um padrão melhor de qualidade à edificação, com o mínimo de custos e prazos, reforçando parcerias no mercado imobiliário construtivo, agregando maior credibilidade à construtora.

Portal Migalhas, por Luiz Paulo Gião de Campos, perito judicial

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