Itaú entra na briga do crédito imobiliário e reduz juro

Tradicionalmente mais silencioso que os concorrentes nos anúncios de juros e tarifas, o Itaú Unibanco anunciou a redução da taxa do financiamento imobiliário a partir de 7,45% ao ano + TR (taxa referencial, atualmente zerada).

As novas taxas estarão disponíveis a partir de 1º de outubro. Antes, o banco cobrava a partir de 8,1% ao ano + TR.

O novo juro é menor que o cobrado pelo Santander, de 7,99% ao ano + TR, até então o menor custo oferecido pelo mercado para a casa própria.

O Banco do Brasil também tem taxa a partir de 7,99%, mas apenas para contratos de prazos mais curtos que os tradicionais 30 a 35 anos.

Nessa composição, o juro do Itaú pode ficar em nível menor até que o empréstimo da Caixa atrelado à inflação. Lançada em agosto, a modalidade tem custo entre 2,95% a 4,95% mais a variação do IPCA, atualmente em 3,43%.

O movimento de queda da taxa do financiamento imobiliário vinha sendo puxado pelo Santander, que reduziu em julho o custo do crédito para 7,99% + TR em uma ação promocional com Luiza Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza.

O movimento de baixa no custo do crédito é colado ciclo de queda da taxa Selic, que está na mínima histórica de 5,50% ao ano. A expectativa de economistas é que ela possa cair abaixo de 5% até o final do ano, reflexo da fraqueza da economia brasileira e da inflação baixa.

“A gente não tem história de liderar esse movimento [de queda de juros]”, afirma Cristiane Magalhães, diretora do Itaú Unibanco.

Ela estimou que o banco poderá ter aumento de 20% nas consultas, sem confirmar qual é a expectativa de contratos fechados.

Segundo ela, ainda que a taxa seja “a partir de” 7,45% + TR, isso não significa que o universo de clientes beneficiados seja muito reduzido.

“Não é para todos os clientes, mas também não é para 2% ou 3%”, afirmou Magalhães.

Ela tampouco afirmou qual é o público potencial beneficiado pela taxa. O Itaú não diz qual é a taxa máxima praticada nessa linha.

Dados do Banco Central mostram que os novos financiamentos contratados tiveram custo médio de 8,2% ao ano — considerado os empréstimos com recursos direcionados, o dinheiro da poupança e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Procurados, os demais bancos indicaram que acompanham movimentos de mercado, sem sinalizar se pretendem baixar o custo do crédito a seus clientes para fazer frente às novas taxas anunciadas pelo Itaú.

O mercado de crédito imobiliário é liderado pela Caixa Econômica Federal, que emprestou entre janeiro e agosto deste ano R$ 10,1 bilhões para a compra da casa própria, financiando 48,7 mil unidades.

O Itaú desembolsou R$ 8,5 bilhões a seus clientes, para 26,5 mil imóveis, enquanto o Bradesco emprestou R$ 8,4 bilhões que apoiaram a compra de 30,2 mil unidades. Os dados são da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).

O crédito imobiliário foi uma das linhas que melhor atravessou o período de crise econômica. Tem a preferência dos bancos porque o imóvel é dado em garantia e também porque faz com que o banco estabeleça um vínculo de longo prazo com os clientes, gerando receitas com outros produtos e serviços.

Mas a disputa entre os bancos cresce também na esteira da recuperação do mercado imobiliário e alguns sinais de maior confiança de consumidores para a compra da casa própria.

Ainda de acordo com números compilados da Abecip, foram liberados R$ 6,7 bilhões de reais para o financiamento imobiliário apenas em agosto, uma alta de 18,4% na comparação com igual mês de 2018.

Esse montante de recursos foi destinado para a compra de 26,4 mil unidades, crescimento de 17,3% na comparação anual. Ante julho, a expansão foi de 6%.

Outros indicadores vinham mostrando a recuperação do mercado imobiliário, como o salto no número de lançamentos. A Abrainc (associação das incorporadoras) mostrava 16,3 mil novas unidades lançadas apenas em junho — a maioria delas, 12,6 mil, era do programa Minha Casa Minha Vida.

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