Opções para ganho maior na renda fixa

Com a queda dos juros ao piso histórico, a renda fixa mais conservadora — de aplicações como a poupança e os fundos DI — deve render menos que a inflação em 2020. Para recuperara rentabilidade, os investidores estão migrando para investimentos mais arrojados dentro da renda fixa, como títulos de crédito privado. Nesta categoria, estão aplicações como debêntures (títulos de dívida), Letras de Crédito Agrícola (LCA) e Imobiliária (LCI) e Certificado de Depósito Bancário (CDB). Mas especialistas alertam para o risco elevado de alguns desses papéis e lembram que nem sempre o retorno compensa.

A própria migração dos investidores para essas alternativas acabou reduzindo o retorno desses títulos. Coma demanda aquecida, as empresas estavam conseguindo emiti-los com maior prazo e menor prêmio de risco — juros pagos acima daqueles dos títulos públicos de baixo risco.

O resultado foi que os retornos passaram a não compensar o risco, reduzindo o apetite pelos papéis. Isso obrigou à chamada “reprecificação” de algumas emissões, que tiveram que oferecer juros maiores para atrair investidores.

— Houve um movimento grande rumo ao crédito privado em busca de rentabilidade este ano. Aí, as empresas aproveitaram para captar barato — explica Daniel Pegorini, da Valora Investimentos. — Agora, o mercado está se reajustando e pedindo mais retorno.

DIVERSIFICAÇÃO

Segundo Arturo Pro fi li, da gestora Capitânia, há poucos meses, as debêntures de infraestrutura—títulos de dívida emitidos por empresas para financiar projeto seque têm isenção de Imposto de Renda (IR) — estavam pagando juros entre 0,5 e 1 ponto percentual acima dos títulos públicos.

— Agora, já pagam prêmio de 1 a 2,5 pontos, voltando a ficar interessantes e a justificar o risco — completa.

Especialistas recomendam aumentara exposição ao crédito priva dopara aumentara rentabilidade da carteira, uma vez que a expectativa de retomada da economia e o cenário de juros baixos são favoráveis às empresas. Mas esses papéis oferecem risco e essa conjuntura econômica pode mudar, principalmente alongo prazo.

Os títulos de crédito privado só podem ser resgatados no vencimento e, em caso de insolvência da empresa, o investidor pode não receber nada. Por isso, quanto pior fora situação financeira da empresa e maior for o prazo, maiores devem ser os juros oferecidos.

— É preciso analisar o risco e, acima de tudo, diversificar. Títulos com as melhores avaliações de crédito e com garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) podem ser comprados diretamente pelo investidor. Já para aplicar em ativos mais arriscados, é via fundos de crédito privado — diz Henrique Bousquat, da All Investimentos.

Títulos de bancos são cobertos pelo FGC, que garante pagamento de até R$ 250 mil em caso de calote. Devido às garantias e ao pouco apetite por crédito na economia, os grandes bancos não têm oferecido boas taxas de retorno em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs).

Segundo a RB render acima da inflação ao ano coma taxa Se li cem 5%, um CDB teria que render ao menos 89% do CDI (taxa de referência que acompanha a Selic de perto), enquanto as letras de crédito deveriam menos 74% do CDI. Se a Selic cair a 4,5% ao ano—cenário provável —, os 96% e 82% do CDI, respectivamente.

O cálculo considera alíquota de 15% de IR — que incide sobre o CDB, mas não sobre as letras de crédito —para aplicações com dois anos de prazo.

Grandes bancos raramente entregam juros elevados como esses. Por isso, a recomendação é procurar retornos maiores em papéis de bancos pequenos e médios, mas sempre respeitando o limite do FGC.

Para consultores, as melhores oportunidades estão em títulos corporativos — que não têm FGC —, sobretudo os isentos de IR, como debêntures incentivadas e Certificados de Recebíveis Imobiliários e Agrícolas (CRI/CRA).

— Para investimentos de longo prazo, preferimos títulos que pagam a inflação mais um juro prefixado. E em títulos pós-fixados, recomendamos os que pagam o CDI mais juro fixo, oque garante retorno mesmo com oscilações da Selic — diz Beatriz Aguiar, da R B.

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