‘Aprovaram o dobro de unidades em relação ao que foi vendido’

O empresário Mauro Teixeira Pinto, sócio da construtora TPA, especializada em erguer edifícios residenciais no centro de São Paulo, está cauteloso, apesar da melhora que houve no mercado imobiliário este ano. Nos últimos 12 meses até setembro, foram vendidas na capital paulista 42 mil unidades, aponta pesquisa do Secovi-SP. 

Teixeira diz que, além destas, foram aprovadas na capital paulista 80 mil unidades que ainda serão lançadas. “Aprovaram o dobro de unidades em relação ao que está vendendo, é um exagero”, afirma. Ele se diz assustado com a euforia que há hoje no setor, mas mantém os planos de lançar três empreendimentos no centro em 2020. A seguir, trechos da entrevista.

Por que a construtora se especializou no centro de São Paulo? Completamos 45 anos este ano. Desde 2007, lançamos dez empreendimentos na capital, com valor Geral de Vendas de R$ 650 milhões. Gosto do centro e estudei muito o que aconteceu no centro de outras cidades do mundo. 

O centro tem infraestrutura. Não estou falando de transporte, mas de hospital, escola, cultura, turismo, calçada, fiação enterrada, ônibus. São Paulo tem uma população gigante com muito problema de transporte. Andar duas horas de ônibus é considerado normal, mas para mim é uma aberração. As opções de moradia para quem ganha R$ 5 mil são ruins: sacudir no ônibus e ter qualidade de vida horrorosa. Por isso, decidi construir no centro.

Como o sr. avalia o mercado hoje?

Em 12 meses até setembro foram vendidas 42 mil unidades na capital, é um recorde. Um mercado equilibrado é de 35 mil unidades por ano. Foram aprovadas em São Paulo 80 mil unidades este ano. A Prefeitura deu alvará e essas unidades serão lançadas. É muita coisa, é mais que o dobro do que o mercado absorve.

Os preços vão cair?

Há uma certa euforia porque o juro caiu demais. Isso assusta: a reação é mais forte do que a própria demanda. Lógico que quero que a economia vá bem. Mas assusta quando o ego supera a racionalidade. Aprovaram o dobro em relação ao que está vendendo, é um exagero.

Quais serão os desdobramentos? 

Pode haver um estoque de empreendimentos não vendidos. O preço do terreno sobe, o preço de venda final do imóvel cai. Como empresário, vejo com cautela. O problema é o emprego, que vai reagir, mas muito lentamente.

Quais os planos para 2020?

Três empreendimentos no centro e um no Itaim, de apartamentos de alto padrão.

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