Antes de agravamento da pandemia, desemprego sobe e atinge 12,9 milhões em março

A taxa de desemprego no Brasil voltou a subir nos três primeiros meses do ano, segundo dados da Pnad Contínua, divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE. O resultado dos três meses encerrados em março foi de 12,2%. Com isso, há 12,9 milhões de desempregados no país.

Houve um crescimento de 1,2 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em dezembro, que serve como base de comparação para o dado atual, quando 11% dos brasileiros estavam desocupados. No entanto, é menor do que a registrada no mesmo período do ano passado, quando atingiu 12,7%.

A alta do desemprego reflete dois movimentos: os efeitos do coronavírus na geração de empregos e a dispensa após as contratações do período de festas.

Tradicionalmente, nos primeiros meses do ano são registrados muitas demissões de trabalhadores temporários e, consequentemente, aumento da taxa de desocupação.

– Grande parte do trimestre ainda está fora desse cenário. Não posso ponderar se o impacto da pandemia foi grande ou pequeno, até porque falamos de um trimestre com movimentos sazonais, mas de fato para algumas atividades ele foi mais intenso – explica Adriana Beringuy, analista do IBGE.

Esses efeitos fizeram com que a massa de trabalhadores com emprego tivesse a maior retração desde 2012. Nos três meses encerrados em março, a população ocupada caiu de 94,5 milhões, em dezembro, para 92,2 milhões de brasileiros. Cerca de 2,3 milhões de brasileiros deixaram de trabalhar no período.

Houve demissões em todos os setores da economia e nos mais diversos tipos de ocupação, como informais e formais. Trata-se de uma queda disseminada em todos os tipos de trabalho.

– Foi uma queda disseminada nas diversas formas de inserção do trabalhador, seja na condição de trabalhador formal ou informal. O movimento, contudo, foi mais acentuado entre os trabalhadores informais. Das 2,3 milhões de pessoas que deixaram o contingente de ocupados, 1,9 milhão é de trabalhadores informais – disse Adriana.

Com isso, a taxa de informalidade, que vinha puxando o mercado de trabalho brasileiro após a recessão entre 2015 e 2016, variou de 41% no último trimestre  de 2019 para 39,9% dos trabalhadores. Juntos, eles representam 36,8 milhões de trabalhadores.

Coleta por telefone

Esta é a primeira estatística de emprego divulgada de emprego que reflete os efeitos do coronavírus. Desde janeiro, o Ministério da Economia não divulgada o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que monitora o mercado formal.O IBGE considera tanto os empregos com carteira assinada quanto os informais.

Na terça-feira, o Ministério da Economia estimou que ao menos 200 mil pessoas teriam direito de receber seguro-desemprego, mas ainda não deram entrada no pedido.

Especialistas avaliam que isso acontece devido a dificuldades nas solicitações pela internet, já que as agências do Sine, onde eram feitos os pedidos, estão fechadas devido a pandemia.

Esta foi a primeira divulgação da Pnad Contínua feita por telefone. Em função da pandemia do novo coronavírus, o IBGE interrompeu a coleta presencial de todas as pesquisas da Instituição no dia 17 de março de 2020.

Desde então, a realização da coleta das informações tem sido feita  por telefone. No caso da pesquisa de março, apenas um pedaço do levantamento foi atingido.

Com isso, a taxa de respostas foi menor do que o habitual. Segundo o IBGE, 61,3% dos domicílios preencheu o questionário da pesquisa. Em janeiro e fevereiro, esse índice foi de 88,4% e 87,9%, respectivamente.

Apesar da queda, o IBGE afirmou que não se observou aumento significativo nos coeficientes de variação, tornando viável a divulgação dos dados do primeiro trimestre de 2020.

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