Se o Rio fosse um país, ocuparia o 23º lugar no ranking mundial de mortes por Covid-19

O estado do Rio ultrapassou neste domingo a marca de mil mortes causadas pelo novo coronavírus. Desde o início da pandemia, 1.019 pessoas morreram e outras 11.139 foram infectadas pela doença. Se fosse um país, o estado estaria em 23º lugar no ranking mundial de mortes por Covid-19. Apenas 22 países tinham, até ontem, mais de mil mortes registradas.

O número de óbitos por Covid-19 é equivalente ao total de homicídios dolosos registrados entre janeiro e março deste ano no estado. Segundo dados do ISP, foram 1.044 mortes nos três primeiros meses de 2020. Também equivale a quase três vezes o total de mortes nas rodovias federais fluminenses em todo o ano passado, quando foram contabilizadas 353 mortes, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Apenas 18 cidades do estado ainda não possuem casos registrados de Covid-19. Dos 74 municípios com pessoas já infectadas, 45 já tiveram pelo menos um óbito.

A capital continua sendo o epicentro da pandemia no estado. Na cidade do Rio, já foram confirmadas 631 mortes pelo coronavírus e 6.750 pessoas infectadas. Nas últimas 24 horas, foram 302 novos casos e 28 óbitos.

Outra cidade que preocupa pelo alto número de mortes é Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O município é o segundo que mais registrou mortes (84) e casos (484) no estado e foi uma das últimas cidades da região a tomar medidas de isolamento social. O terceiro município que mais registrou óbitos também é da Baixada: Nova Iguaçu já acumula 435 pessoas infectadas e pouco mais da metade das mortes (44) da cidade vizinha.

Na cidade do Rio, a curva de novos casos está ligeiramente abaixo do que o previsto em um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A projeção neste domingo era um acumulado de 7.118 infectados. A capital, porém, registrou até hoje 6% a menos. O estudo aponta que, até o próximo dia 12, mais de 10 mil pessoas serão infectadas. Se a taxa de letalidade se mantiver, o Rio poderá dobrar o número de óbitos.

—A tendência é ter números mais expressivos ainda. A estimativa é que o total possa ser entre 15 e 20 vezes mais do que os dados oficiais — conta o infectologista Edimilson Migowski, diretor de relações externas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Zona Oeste preocupa a prefeitura

A doença já se alastrou por toda a cidade, e a Zona Sul, região que concentrava até o fim de abril o maior número de casos, já não é o epicentro no Rio. A Zona Oeste se transformou na área com maior número de casos. Dos dez bairros com mais óbitos, apenas quatro não são são da região: Copacabana(35), Tijuca (24), Vila Isabel (11) e Flamengo (11).

Apesar dos decretos de isolamento social publicados pelos governos estadual e municipal, parte da população ainda não aderiu às medidas. O Disk-Aglomeração da prefeitura do Rio já recebeu mais de mil reclamações de sobre a circulação de pessoas sem máscaras, cujo uso se tornou obrigatório desde 23 de abril. Dos dez bairros que mais receberam denúncias, seis são da Zona Oeste. A região também é a que mais concentrou aglomerações nos últimos cinco dias, de acordo com dados do Centro de Operações.

O prefeito Marcelo Crivella disse neste domingo que pode bloquear vias e interditar calçadões do comércio de rua na Zona Oeste como forma de conter aglomerações. Esta semana é considerada crucial para conter a velocidade de contágio da pandemia do coronavírus, porque ainda faltam respiradores e insumos que só chegarão da China nos próximos dias.

— A Zona Oeste, com as ruas cheias, representa uma certeza de hospitais ainda mais cheios em poucos dias — afirma Migowski.

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