E-mails mostram que governo negociou com empresa que denunciou propina, diz jornal

O Ministério da Saúde negociou oficialmente a venda de vacinas com representantes da Davat Medical Supply, segundo o jornal “Folha de S.Paulo”. Um representante da empresa afirmou à publicação que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de assinar contrato.

O jornal obteve emails que mostram troca de mensagens da negociação entre Roberto Ferreira Dias, diretor de Logística do ministério, Herman Cardenas, que aparece como presidente da empresa, e Cristiano Alberto Carvalho, que se apresenta como procurador dela.

Dias teve sua exoneração anunciada ontem à noite. Segundo o jornal, foi ele mesmo quem enviou email onde menciona uma reunião ocorrida sobre o tema. Ele é apontado como o autor do pedido de propina.

Em 26 de fevereiro, Cardenas informa a oferta de 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca, citando Luiz Paulo Dominguetti Pereira como representante da empresa.

Em entrevista à “Folha”, Dominguetti disse que jantou na noite anterior ao recebimento daquele email com Roberto Dias, quando ouviu, segundo ele, o pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina negociada. O contrato não foi assinado, segundo ele, porque a empresa se recusou a pagar a propina.

Dominguetti informou ainda que uma agenda oficial chegou a ser marcada com Dias na tarde do dia 26 de fevereiro no Ministério da Saúde com Dias para discutir a compra. Dominguetti foi colocado numa sala, onde recebeu uma ligação onde lhe perguntaram se teria o acerto da propina. Ele negou. Depois disso, ficaram de entrar em contato para a compra da vacina e isso nunca ocorreu. A empresa, segundo ele, tentou por outras vias, sem sucesso. “Ninguém queria vacina”, afirmou.

Dias foi indicado ao cargo pelo deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara. Barros nega a indicação.

Valor Investe

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