A versão final da medida provisória (MP) que desburocratiza o ambiente de negócios deve fazer o Brasil ganhar mais posições do que o inicialmente esperado no ranking Doing Business, do Banco Mundial. A avaliação é do secretário de Advocacia da Concorrência e Competitividade do Ministério da Economia, Geanluca Lorenzon.
A MP foi aprovada na última quarta-feira pela Câmara e segue para o Senado. Modificações feitas pelo deputado devem ter impacto positivo. Uma das mudanças facilita as citações judiciais no país.
— Como o relator incluiu no texto a citação eletrônica, a gente deve ganhar mais posições. Ele inclui a possibilidade de todas as citações judiciais no Brasil serem eletrônicas, feitas por e-mail. Isso vai agilizar a execução de contratos — disse o secretário.
Na versão mais recente do Doing Business, de 2019, o Brasil ocupa a posição 124 do ranking, que tem 190 países. A divulgação do relatório do Banco Mundial foi suspensa no ano passado após suspeitas de irregularidades na coleta de informações.
A primeira projeção apresentada pelo governo era de que a economia brasileira entraria pela primeira vez no top 100 no ranking do Banco Mundial.
Entre as medidas que facilitam a abertura de empresas, a MP vai reunir todos os cadastros em um sistema só, dispensado os empresários de fazer uma inscrição no fisco estadual e municipal.
Além disso, as empresas de maior porte poderão fazer seus registros sem informar o endereço do estabelecimento. Atualmente, ao criar um CNPJ, os empreendedores precisam informar um endereço em zona comercial.
O secretário explica que atualmente empresas que trabalham em home office e não tem uma sede comercial muitas vezes usam endereços fantasmas para completar o cadastro.
— Vamos dizer que você vai abrir uma empresa e todo mundo vai trabalhar de casa. Antes, a pessoa tinha que fazer um aluguel, um endereço fantasma ou não fazer. Agora a gente está corrigindo isso porque a nova economia do pós-pandemia requer flexibilidade para os novos modelos de negócio — afirmou o secretário.
Preço mínimo para importados
A proposta original enviada pelo governo ao Congresso sofreu inúmeras alterações pelo relator, deputado Marco Bertaiolli (PSD-SP). Segundo Lorenzon, todas foram conversadas e o Ministério da Economia apoia o texto aprovado.
Um ponto se destacou, no entanto. Depois de conversar com representantes da indústria, Bertaiolli decidiu retirar um trecho que vedava o estabelecimento de um preço mínimo para produtos importados. Esse preço é considerado uma barreira comercial por dificultar a importação e barrar concorrentes da indústria nacional.
Na visão do secretário, a retirada desse trecho não traz impacto, porque a prática já é vedada por acordos internacionais assinados pelo Brasil e não é mais adotada pelo Ministério.
— A gente não vê como grande prejuízo essa retirada para estabelecer o consenso porque o tratado do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) que foi assinado e ratificado pelo Brasil já tinha essa previsão — explicou.
Lorenzon ressalta que o governo apoia o projeto que passou pelos deputados, mas está aberto a novas sugestões dos senadores. O texto tem até dia 8 de agosto para ser aprovado antes de perder a validade.
Nova MP deve ser apresentada
O secretário disse ainda que o governo deve enviar uma nova MP, além da reforma tributária, para que o país chegue entre os 50 melhores países para se fazer negócios.
De acordo com Lorenzon, as medidas que constam na MP trariam crescimento econômico de forma indireta por conta da redução das burocracias que as empresas precisam lidar diariamente. Com isso, a expectativa é que a produtividade melhore:
— Quando a gente permite que as empresas possam alocar sua atenção, tempo e dinheiro nas atividades produtivas, em detrimento das improdutivas, como a burocracia, nós estamos possibilitando o aumento da produtividade e o crescimento da economia.
O Globo