Prédio construído por PM ligado à milicia é demolido em operação na Muzema

Operação na Muzema, no Itanhangá, vai demolir construções que somam R$ 7 milhões Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Operação na Muzema, no Itanhangá, vai demolir construções que somam R$ 7 milhões Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

A força-tarefa do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do estado do Rio e a Secretaria municipal de Ordem Pública (Seop) realizam uma nova operação nesta quarta-feira na comunidade da Muzema, no Itanhangá, Zona Oeste do Rio. A ação tem o objetivo de demolir sete prédios irregulares no local. Um outro edifício também seria demolido, mas já conta com moradores.

Segundo investigação do Gaeco, um dos edifícios, ainda em construção, pertence ao policial militar Ronny Pessanha de Oliveira, preso acusado de integrar a milícia da Muzema e de Rio das Pedras.

O prédio está localizado em área verde e sua construção não atende à legislação vigente. As obras são feitas sem licença da Prefeitura do Rio e sem aprovação de qualquer projeto pela administração municipal, de acordo com dados apurados pelo GLOBO. Após uma vistoria feita pela prefeitura esta semana, foi determinada a demolição do prédio, uma vez que não há possibilidade de regularização da construção.

— Trata-se de mais uma operação conjunta do GAECO com a Prefeitura, a terceira em Rio das Pedras e Muzema nos últimos 30 dias, para demolir construções realizadas pela milícia e, assim, conter a expansão imobiliária e ocupação irregular do solo. Após quatro operações e 72 denunciados desde 2019, o GAECO tem pleno conhecimento que a construção irregular de imóveis é uma das maiores fontes de renda dessa milícia, sendo uma ação como esta de extrema relevância para sufocá-los financeiramente. Em uma dessas operações, a Sturm, deflagrada em dezembro de 2020, o GAECO prendeu o miliciano conhecido com “Ronnie do BOPE” e, agora, complementa a persecução penal demolindo o prédio que ele estava construindo com o dinheiro oriundo de suas práticas criminosas. Neutraliza-se, assim, qualquer vantagem financeira do crime — disse a subcoordenadora só Gaeco do MPRJ, Roberta Laplace.

Ao todo são cinco pontos na região onde haverá demolições nesta quarta-feira. A operação do Gaeco do MPRJ ocorre com o apoio da subprefeitura de Jacarepaguá e da PM. Segundo o secretário da Seop, Brenno Carnevale, as construções estão avaliadas em R$ 7 milhões.

— Nos últimos 20 dias foram R$ 15 milhões, o que tem impactado o crime organizado. Isso é importante para preservar vidas, mostrar que os órgãos estão juntos na segurança pública e em prol da ordem pública. As áreas estão desabitadas, sequer tem luz, mas, às vezes, são colocadas pessoas dizendo que moram no local para atrapalhar a demolição. A secretaria de Assistência Social acompanha a operação para dar esse suporte — diz o secretário.

Durante a operação, uma mulher disse que não iria deixar um dos imóveis ser demolido e alegou ser esposa de um policial militar. Com uma criança no colo, ela se posicionou de frente para a casa com vista para a Lagoa da Tijuca. A Força-Tarefa do Gaeco ameaçou chamar a Corregedoria Interna da PM e ela aceitou sair. Será investigado quem é o policial que seria o dono do imóvel. Por volta das 8h45, a casa de três andares, com uma piscina em construção, começou a ser demolida.

O Globo

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