Proteção contra Covid beira 100% com terceira dose de vacina, diz estudo

Um estudo realizado com 1.310 colaboradores do Hospital das Clínicas de São Paulo mostrou que após a terceira dose do imunizante contra a Covid-19 a produção de anticorpos sobe para 99,7%, muito perto da totalidade. O trabalho teve o apoio do Instituto Todos pela Saúde, do Itaú.

Para ampliar a proteção contra a variante ômicron, no sábado (18), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou a redução do intervalo de aplicação da dose de reforço da vacina contra a Covid-19 de cinco para quatro meses.

Os participantes da pesquisa estavam em acompanhamento desde o início da pandemia e receberam as duas primeiras doses da Coronavac e o reforço da Pfizer.

A dosagem de anticorpos é uma das formas de medir a proteção de uma vacina.

Para a infectologista do Hospital das Clínicas e responsável pelo estudo, Silvia Figueiredo Costa, provavelmente, se as duas primeiras doses tivessem sido de outro imunizante, a resposta seria semelhante, o que ressalta a importância do reforço. Porém, não é possível confirmar essa hipótese no momento, uma vez que estudos sobre a dose de reforço começaram a sair recentemente.

“O que nos deixa mais tranquilos, como parte da população brasileira, do Chile e de outros países receberam a primeira e a segunda dose da Coronavac, após o reforço com a vacina de outro fabricante houve essa pontuação bem elevada de produção de anticorpos”, avalia Costa.

O reforço não impede as formas leves da doença, mas protege da hospitalização. “Nós não tivemos nenhum caso [no Hospital das Clínicas] com a terceira dose que tenha sido internado”, afirma.

Para a análise, os anticorpos foram medidos quatro vezes e as amostras de soro coletadas submetidas ao teste de anticorpos da classe IgG (Imunoglobulina G) pelo método de quimioluminescência.

“É um teste de última geração, o mesmo método do ano passado, mas que agora está avaliando três partes da proteína S [Spike] e ficou mais interessante trabalhar a resposta vacinal”, explica.

Na mesma coorte foram analisados os anticorpos neutralizantes —aqueles capazes de bloquear a entrada do vírus nas células—, mas os resultados serão conhecidos em 2022.

Antes da disponibilização das vacinas, a taxa de soroconversão de anticorpos no grupo estudado estava em 15,1% e exclusivamente relacionada ao contato da pessoa com o vírus.

Após a aplicação da primeira dose, em fevereiro, a taxa subiu para 28,9%. Com a segunda dose, em abril, o percentual alcançou 89,5% e neste mês, após o reforço da Pfizer, chegou a 99,7%. “Nós esperamos duas semanas após a terceira dose para dar tempo de ter a produção de anticorpos.”

Do grupo, apenas quatro pessoas não apresentaram anticorpos contra a Covid-19.

Quem contraiu a doença nos dois últimos dois meses foi excluído da pesquisa. “Excluímos para não ter nenhum viés no resultado da sorologia, porque as pessoas que tiveram Covid vão ter a sorologia positiva. Então, uma forma de diferenciar o que é sorologia positiva da resposta vacinal do que é sorologia positiva de quem teve Covid recente é excluir quem pegou a doença nos dois últimos meses, senão você não consegue diferenciar. Essa alta positividade é por causa da vacina”, explica a médica.

Para a especialista, o estudo mostra que a Coronavac estimulou a imunidade de memória. “Quando foi feito o reforço, aumentou bastante a produção de anticorpos, que seriam um dos sistemas para proteger a população da doença, principalmente da forma grave da Covid”, afirma.

A pesquisa mostra também que a segunda dose da Coronavac já havia elevado a produção de anticorpos a uma porcentagem alta, mas com o tempo a proteção diminui e, por isso, é importante receber o reforço.

Na opinião da infectologista, ainda não é possível estabelecer o intervalo para a revacinação. Segundo ela, dependerá das variantes em circulação e da evolução da pandemia a partir de agora.

“Seria muito importante vacinar [a população] na África, que está com baixa taxa de vacinação e em alguns países na Ásia para que não tenhamos novas variantes circulando. Os dados com a ômicron mostram que a terceira dose, dependendo da vacina tomada anteriormente, têm uma produção de anticorpos de 70%”, diz a médica.

O trabalho ainda sequenciou amostras de funcionários do grupo estudado que testaram positivo para Covid-19 ao longo da pesquisa e observou que, entre os meses de março e julho, houve predominância de infecções causadas pela variante gama (P.1): março, 91%; abril, 98,5%; maio, 98,9%; junho, 100%; e julho, 88,5%.

A delta começou a ser identificada também em julho entre funcionários do HC, quando era 6,5% dos casos, e nos meses seguintes tornou-se predominante: agosto, 79,8%; setembro, 97,4%; outubro e novembro, 100%.

Esse sequenciamento não detectou a presença da ômicron.

“Mesmo no Brasil está havendo uma procura menor pela terceira dose, o que nos preocupa bastante. Indivíduos com alguma doença de base e população acima de 60 anos sem a terceira dose podem sofrer um impacto maior na manifestação clínica da Covid-19 e necessidade de hospitalização, e podemos evitar isso”, afirma a médica.

A médica orienta que a terceira dose é importante, mas não deve ser encarada como um passaporte para a não adesão ao distanciamento social e ao uso de máscara, pois a população pode ter a forma assintomática da Covid-19 e transmitir, inclusive para as crianças. “A pandemia não acabou e temos que evitar o surgimento de variantes.”

Folha de SP

Câmara de Niterói aprova tombamento de prédio da UFF que governo federal quer leiloar

Prédio que já abrigou cursos de pós-graduação da UFF, no Ingá, está na lista para ser leiloado pelo governo federal Foto: Divulgação/Cynthia Gorham
Prédio que já abrigou cursos de pós-graduação da UFF, no Ingá, está na lista para ser leiloado pelo governo federal Foto: Divulgação/Cynthia Gorham

A Câmara Municipal aprovou, em segunda discussão, o projeto de lei para o tombamento como patrimônio cultural do imóvel da UFF na Rua Tiradentes, no Ingá, que está na lista de 35 bens a serem leiloados pelo governo federal no Rio.

Sem uso desde os anos 1990, o prédio onde funcionava o Instituto de Artes e Comunicação Social também abrigou cursos de pós-graduação.

De autoria do vereadores Paulo Eduardo Gomes, Benny Briolly e Professor Tulio, do PSOL, o projeto justifica a necessidade de proteção destacando as características arquitetônicas de estilo eclético e o valor afetivo do prédio.

“Destacamos que o tombamento não impede o leilão do imóvel pelo governo federal. No entanto, caso confirmada a venda, a lei municipal obrigará também o novo proprietário a preservar as características do patrimônio que faz parte da memória e da história da cidade, da UFF e do país, uma vez que é símbolo da luta do Serviço Social no Brasil”, diz uma nota dos parlamentares.

O Globo

Orçamento de 2022 é aprovado pelo Congresso Nacional

O Congresso Nacional aprovou na noite desta terça-feira (21) o relatório final do projeto de lei orçamentária de 2022. A matéria segue para sanção presidencial.

O Orçamento do ano que vem prevê valor total da despesa para 2022 de R$ 4,82 trilhões, dos quais R$ 1,88 trilhão refere-se ao refinanciamento da dívida pública.

O texto foi aprovado em sessão separada do Congresso Nacional, como tem acontecido em virtude da pandemia de Covid-19. Entre os deputados, a proposta foi aprovada por 358 votos favoráveis e 97 contrários. No Senado, o texto passou por 51 votos a 20.

O Orçamento para 2022 concede de mais R$ 2 bilhões para reajuste de servidores do Poder Executivo, destina R$ 800 milhões para o reajuste de agentes comunitários de saúde e fixa o Fundo Eleitoral em R$ 4,934 bilhões. O aumento para os servidores já havia sido rejeitado pelo relator, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), mas foi viabilizado após acordo entre os parlamentares e cortes no Orçamento.

O texto também prevê tem aumento para os recursos para educação. O Orçamento prevê R$ 113,4 bilhões na manutenção e no desenvolvimento do ensino em 2022. A complementação da União ao Fundo Nacional da Educação Básica (Fundeb) será de R$ 30,1 bilhões. 

A proposta de Orçamento para 2022 estabelece o salário mínimo no valor de R$ 1.210 para o próximo ano. Esse montante representa aumento de 10,04% em relação ao salário mínimo atual de R$ 1,1 mil. A variação corresponde à projeção oficial da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) para este ano. O que indicaria mais um ano sem ganhos reais (reajuste acima da inflação).

No projeto original do Poder Executivo, o financiamento de campanhas eleitorais teria R$ 2,1 bilhões no ano que vem. O valor foi reajustado pelos parlamentares e, na primeira versão do relatório, seriam destinados R$ 5,1 bilhões. O montante final que foi aprovado no Orçamento para o financiamento público para o pleito de 2022 foi R$ 4,9 bilhões. Durante a votação no Senado, parlamentares tentaram diminuir esse valor, mas foram derrotados.

O Orçamento 2022 destina R$ 89 bilhões para o pagamento do Auxílio Brasil, no valor de R$ 400 mensais por família. No projeto original, enviado pelo Poder Executivo, destinava R$ 34,7 bilhões. Já as despesas com Saúde tiveram um crescimento de R$ 15 bilhões em relação à proposta original encaminhada pelo Poder Executivo, chegando a mais de R$ 160 bilhões.

No relatório final, as emendas de relator somam R$ 16,5 bilhões e vão atender 30 programações diferentes. As principais são custeio dos serviços de atenção primária à saúde (R$ 4,68 bilhões) e serviços de assistência hospitalar e ambulatorial (R$ 2,6 bilhões).

Agência Brasil

Setor de casa e construção fatura quase R$ 4 bilhões

As reformas no lar deram um salto na pandemia, contribuindo para o bom resultado das franquias que atuam no segmento. De acordo com pesquisa trimestral da Associação Brasileira do Franchising (ABF), em parceria com a empresa de pesquisas AGP, o setor de Casa e Construção apresentou crescimento de 10,8%, chegando a quase R$ 4 bilhões no terceiro trimestre. Já no comparativo entre outubro de 2020 e setembro de 2021, houve uma variação positiva de 26,2%.

A permanência das famílias em casa para manter o distanciamento social, a valorização do bem-estar e dos próprios imóveis, com reformas e a instalação de melhorias, como piscinas, também contribuíram para o aquecimento da construção civil de forma geral. Para ser ter ideia, a iGUi registrou crescimento de 103% na venda de serviços de limpeza, manutenção e produtos para todos os tipos de piscinas.

Seguindo esta tendência, outro estudo, desta vez da Casa do Construtor, indica que cerca de 60% das pessoas fizeram obras em suas residências durante o período de pandemia e outros 70% ainda pretendem realizar algum tipo de melhoria.

O Dia, coluna Panorama Imobiliário

Aquecido, setor de construção civil acumula vagas de emprego, mas tem demanda por profissionais qualificados

Desde o início da pandemia de Covid-19, o setor de construção civil acumula vagas de emprego e manteve em alta a demanda por trabalhadores. Em todo o Brasil, foram abertas milhares de vagas, desde o ano passado, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Trabalho.

Isso porque, mesmo com a pandemia, reformas e construções em residências e escritórios mantiveram o setor em crescimento. No entanto, as empresas têm esbarrado na falta de profissionais qualificados.

O gerente de obras, Diogo Lopez, afirma que um dos maiores desafios para preencher as vagas é essa falta de mão de obra capacitada no mercado. “Quando não conseguimos, no mercado, o colaborador pronto, damos oportunidade para o desenvolvimento [de funcionários] dentro da empresa”, diz Lopez.

Esta foi o caso de Ronaldo Ferreira, que se capacitou como operador de grua dentro da empresa em que trabalha. “Sempre sonhei com essa oportunidade”, afirmou o operador.

Formação tecnológica

A arquiteta Gabriela Souza é projetista BIM, ramo onde os profissionais trabalham com modelos virtuais em 3D para projetar obras. “Todo planejamento é feito antes de colocar o primeiro tijolo. Pensamos em todos os itens de acabamento, estrutura hidráulica e elétrica para que não haja retrabalho depois”, explica.

Souza acredita que a profissão tem boa projeção de mercado para 2022. O diretor do Senai Campinas(SP) e Valinhos (SP), Everson Copobianco, entretanto, ressalta que o problema da formação de profissionais é ampliado no contexto das funções tecnológicas.

Mesmo nesse contexto, Copobianco deixa uma boa dica para quem procura oportunidades para o próximo ano. “Existem escolas que oferecem cursos desde pedreiro assentador, encanador e eletricista, até cursos de BIM e mestre de obras que são 40 vagas no mínimo, por ano, ofertadas gratuitamente para a sociedade”.

G1

Crédito imobiliário atinge R$ 17,5 bi em novembro; alta é de 26,8% em um ano

Os financiamentos para a compra e a construção da casa própria atingiram R$ 17,5 bilhões em novembro, montante 2,3% superior ao de outubro e 26,8% maior que o de novembro de 2020. O volume acumulado de janeiro a novembro de 2021 atingiu R$ 189,40 bilhões, alta de 77,8% em relação a igual período do ano passado.

Nos 12 meses compreendidos entre dezembro de 2020 e novembro de 2021, o montante financiado somou R$ 206,86 bilhões, alta de 79,6% em relação aos 12 meses anteriores.

Os dados foram divulgados na tarde de ontem, 21, pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Os números consideram apenas os empréstimos bancários com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que atendem principalmente o mercado de imóveis de médio e alto padrão.

Ficam de fora desta pesquisa as operações com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que abastece o programa Casa Verde e Amarela (CVA).

Quantidade de moradias

Em termos de unidades, foram financiados em novembro 69,9 mil imóveis, resultado 1,7% menor que o de outubro, mas superior em 51,1% se comparado ao de novembro do ano passado.

Entre janeiro e novembro de 2021, foram financiados 804,3 mil imóveis, resultado 116,9% superior ao de igual período do ano passado.

No último período de 12 meses, entre dezembro de 2020 e novembro de 2021, o número de unidades financiadas foi de 860,19 mil, resultado 113,7% superior ao dos 12 meses anteriores.

Ranking dos bancos

No mês de novembro, a Caixa Econômica Federal concedeu R$ 8,049 bilhões em financiamentos, liderando o mercado. Na sequência vieram Itaú Unibanco (R$ 3,693 bilhões), Bradesco (R$ 2,795 bilhões) e Santander (R$ 1,319 bilhão).

No acumulado do ano, o ranking se manteve. A Caixa ofertou R$ 76,628 bilhões, seguida por Itaú Unibanco (R$ 48,081 bilhões), Bradesco (R$ 34,060 bilhões) e Santander (R$ 17,756 bilhões).

InfoMoney

CTPP aprova pauta de revisão das NRs para 2022 e Grupo de Trabalho para a NR 18

Nos últimos dias 07 e 08, foi realizada, em Brasília, a 8ª Reunião Extraordinária da Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP) do Ministério do Trabalho e Previdência, que pautou para deliberação a discussão da agenda regulatória de revisão, harmonização e modernização das Normas Regulamentadoras (NRs) para o ano de 2022, a qual, após debates entre os representantes do governo, trabalhadores (Centrais Sindicais) e empregadores (Confederações Nacionais) que a compõe, teve sua definição aprovada pelos seus membros, como também, a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para acompanhamento da implantação da nova NR 18.

Tradicionalmente, ao longo dos seus mais de 25 anos de existência, a CTPP oportuniza, para a sua última reunião, a definição da sua agenda de revisão ou criação regulatória dos temas de segurança e saúde no trabalho (SST) do ano seguinte, permitindo, assim, uma “certa” previsibilidade, um indicativo do que poderá a vir afetar as relações do trabalho deste ou aquele setor, dando uma transparência regulatória, para os segmentos econômicos, representantes setoriais de trabalhadores e empregadores, aos profissionais especializados de SST e todos aqueles que acompanham essa temática. Cabe ressaltar que a agenda regulatória da CTPP não é estanque, podendo ser alterada de acordo com o desenvolvimento dos trabalhos.

Importante lembrarmos que, nesse mesmo período no ano de 2020, a CTPP deliberou naquele momento uma pauta bastante ambiciosa de revisões normativas para ser perseguida ao longo do ano de 2021. Foi acordado entre a sua representação tripartite a revisão geral ou simplesmente a harmonização do texto normativo de nada menos do que 22 Normas Regulamentadoras (NRs 4, 5, 6, 8, 10, 11, 13, 14, 19, 21, 22, 23, 25, 26, 29, 30, 32, 33, 34, 35, 36 e 37), além da criação de uma nova NR (Limpeza Urbana). Todo esse processo revisional foi pautado para ser deliberado ao longo de seis reuniões da CTPP (fevereiro, abril, junho, agosto, outubro e dezembro). Claro que, tamanha ambição regulatória se mostrou inviável do ponto de vista prático e operacional das negociações tripartites necessárias para a deliberação de uma revisão normativa, portanto, muitas das NRs pautadas para revisão nesse ano, sequer chegaram a ser debatidas, assim, passarão a constar também da nova lista da CTPP para o próximo ano (2022).

É claro que o fator “pandemia mundial” atrapalhou bastante o avançar das negociações tripartites, mas não foi a única razão. Outro fator que igualmente atrapalhou as negociações tripartites foi a insegurança jurídica ocasionada pela Ação Civil Pública (ACP) patrocinada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em desfavor do processo de revisão das NRs em curso (processo esse que o MPT participa ativamente!), requerendo inclusive, a condenação da União em R$ 84 milhões de reais por danos morais coletivos. Essa ACP, fez com que as reuniões da CTPP ao longo de 2021 se tornassem extremamente burocráticas e regimentais, perdendo o foco necessário paras as revisões normativas necessárias. Em setembro de 2021, a 15ª Vara do Trabalho de Brasília proferiu uma sentença acolhendo os argumentos do Governo Federal e extinguiu a ação do MPT. O juízo reconheceu que a ação não se tratava de relações de trabalho e meio ambiente, como caberia à Justiça do Trabalho analisar, mas sobre suspensão de ato normativo de Secretaria de Governo, cuja competência, é da Justiça Federal.

Já para o ano de 2022, a proposta de revisão normativa que vinha sendo apresentada e defendida pela representação governamental e que foi aprovada pela CTPP, nos parece ser tão quanto ou até muito mais ambiciosa do que a lista consensada pela CTPP no final de 2020. Para o próximo ano, o governo pretende realizar a revisão de nada menos do que 13 Normas Regulamentadoras (NRs 4, 6, 10, 11, 13, 15 (Anexos 1, 2, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 13A e 14), 16 (Anexos 1, 2, 3, 4, 5 e Radiações Ionizantes), 22, 32, 33, 34, 35 e 36), harmonização em outras 6 Normas Regulamentadoras (NRs 8, 14, 21, 23, 25 e 26) e ajustes pontuais na NR 18 (contêiner, máquinas etc). A CTPP também aprovou a criação de um Grupo de Trabalho, formado por uma representação tripartite da Indústria da Construção, para acompanhar a implementação da nova NR 18 no próximo ano.

Esse trabalho, em situações normais, demandaria por si só, um esforço hercúleo das representações de trabalhadores e empregadores que compõem a CTPP para ser concretizado, contudo, o ano de 2022 não será um ano como um outro qualquer, é ano de eleição, com desincompatibilizações ocorrendo no governo e organizações privadas a partir do mês de abril. Como se não bastasse tudo isso, foram inclusas na pauta de revisão diversos anexos da NR 15 (insalubridade) e 16 (periculosidade), duas importantes normas que precisam de fato de uma revisão, mas que são dois “vespeiros de marimbondo”, em especial em ano eleitoral, pois mexe com o bolso e com a aposentadoria especial do trabalhador.

Agência CBIC, por Clovis Veloso de Queiroz Neto, consultor CBIC e membro da Bancada Patronal na CTPP

Novo marco legal: Barroso rejeita pedido de estatais de saneamento para estender prazo

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou o pedido de estatais de saneamento para estender até 16 de agosto de 2022 o prazo para essas empresas comprovarem capacidade econômico-financeira para cumprir as metas do novo marco legal do saneamento.

A solicitação chegou à Corte por meio de ação apresentada pela Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe). Com a decisão do ministro, fica mantido o prazo previsto em decreto editado em maio deste ano, segundo o qual as empresas devem apresentar requerimento de comprovação de capacidade econômico-financeira à agência reguladora responsável até 31 de dezembro de 2021.

O marco legal determina que as companhias com contratos em vigor devem incluir as metas de universalização previstas na lei até 31 de março do próximo ano. Para fazer isso e manter os contratos, por sua vez, as empresas também precisam comprovar que têm estofo financeiro e econômico para bancar os investimentos. Pelas metas da lei, até 2033, os prestadores de serviço precisam garantir o atendimento de água potável a 99% da população e o de coleta e tratamento de esgoto a 90%.

A Aesbe, no entanto, reclamou que os prazos eram insuficientes. O principal apontamento feito ao STF foi a demora do governo em regulamentar essa previsão legal. O marco definia que o decreto presidencial precisaria ser editado em até 90 dias após a sanção da lei, em vigor desde julho de 2020. O ato, no entanto, só chegou em maio deste ano.

“Fosse respeitado esse prazo, haveria um período de dezessete meses e meio para que as estatais pudessem elaborar os estudos comprovadores de sua capacidade financeira – prazo presumido como adequado pela legislação para a execução deste encargo”, afirmou a associação ao STF.

Barroso, no entanto, disse que a argumentação tecida pelas estatais não poderia ser extraída do novo marco do saneamento. O ministro pontuou, por exemplo, que a lei não estipula qual deve ser a data-limite para que as empresas com contratos em vigor se desobriguem de comprovar a capacidade econômico-financeira de seus negócios. O que a legislação faz é prever que os aditivos com as novas metas – que devem estar atrelados a essa comprovação – precisam ser assinados até 31 de março do próximo ano.

“Assim, parece-me que, desde a edição da lei, em 15.07.2020, já era de conhecimento das prestadoras que elas deveriam se dedicar a buscar recursos que as tornassem capazes de atender os novos marcos de expansão do serviço impostos pela lei, bem como a elaborar demonstrações que evidenciassem tal capacidade”, continuou o ministro.

Na avaliação de Barroso, não caberia ao Judiciário, “por falta de capacidade institucional”, contrariar a conclusão de órgãos técnicos – de que o prazo é suficiente – e interferir no cronograma definido pelo Poder Executivo, “salvo ilegalidade manifesta ou ausência de razoabilidade, o que não parece ocorrer”.

InfoMoney

Rio e São Paulo têm os dez bairros com metro quadrado mais caro do país

Os bairros de Vidigal e Leblon estão entre os mais caros do Brasil
Os bairros do Vidigal e Leblon estão entre os mais caros do Brasil / foto: Bruna Prado/ MTUR

As cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo concentram os dez bairros mais caros para se comprar um imóvel no país. Cada uma das cidades tem cinco dos locais com o metro quadrado mais caro, é o que aponta levantamento da DataZAP+, empresa de inteligência imobiliária do grupo Zap, com dados de outubro de 2021.

O bairro com o metro quadrado mais caro do Brasil é o Leblon: R$ 21.612,19, seguido pela Vila Nova Conceição, em São Paulo, com R$ 20.569,77.

Segundo o economista Pedro Tenório, do DataZAP+, o mercado imobiliário teve o ápice em junho deste ano, quando o nível de concessão de crédito residencial para pessoa física atingiu um pico.

Desde então, há uma desaceleração do preço em decorrência da deterioração do cenário macroeconômico, “principalmente em virtude do aumento da Selic e da expectativa de incrementos adicionais nas taxas de juros de financiamentos imobiliários”, justificou.

No ranking dos bairros mais caros, no caso do Rio de Janeiro, aparecem ainda os bairros de Ipanema, Vidigal, Lagoa e Jardim Botânico. Já em São Paulo, também constam Jardim Paulistano, Cidade Jardim, Vila Olímpia e Ibirapuera.

Fora do eixo Rio-São Paulo

Quem ganha destaque e valorização imobiliária fora do eixo Rio-São Paulo é o bairro do Campeche, no sul da ilha de Florianópolis, em Santa Catarina. Atualmente, o bairro praiano tem o metro quadrado de R$13.083,35 para venda.

“Com a pandemia, localidades menos densas, de natureza próxima à infraestrutura urbana têm se valorizado. O fenômeno é comum em bairros nobres de capitais litorâneas e se encaixa no caso do Campeche, apesar do charme rústico do bairro”, destacou Tenório.

Alguns bairros tiveram uma valorização acentuada de janeiro deste ano para outubro. Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo, que hoje ocupa a sétima posição, anteriormente estava em 12º. Já o bairro do Jardim Botânico, na zona sul do Rio, era o 13º e hoje está na 10ª colocação.

Já o bairro de Cidade Jardim, na zona sul da capital de São Paulo, saiu da posição de metro quadrado mais caro do país, em janeiro, para ocupar a quinta colocação no último levantamento, tendo recuado 25,5% no preço do imóvel. Foi a variação mais negativa da lista. Passou de R$ 22.773,45 para R$ 16.955,21 o metro quadrado.

“Rio de Janeiro e São Paulo são as cidades que mais geram massa de renda e oportunidades, além de concentrarem uma estrutura complexa de comércio e serviços. A pandemia, no entanto, parece ter balançado o ranqueamento usual dos bairros de São Paulo”, avalia o economista do DataZAP+.

Tenório destaca ainda que uma porção dos bairros com metro quadrado mais caro estava diretamente associada à proximidade com centros comerciais de alta renda na cidade. “O home office em conjunto com maior importância dada ao contato com a natureza abriu espaço para essas movimentações”, disse.

Confira a lista dos 10 bairros mais caros do Brasil, por metro quadrado:

  • 1º Leblon (RJ) – R$ 21.612,19
  • 2º Vila Nova Conceição (SP) – R$ 20.569,77
  • 3º Ipanema (RJ) – R$ 18.910,03
  • 4º Jardim Paulistano (SP) – R$ 17.290,33
  • 5º Cidade Jardim (SP) – R$ 16.955,21
  • 6º Vidigal (RJ) – R$ 16.616,66
  • 7º Vila Olímpia (SP) – R$ 16.517,19
  • 8º Lagoa (RJ) – R$ 16.463,65
  • 9º Ibirapuera (SP) – R$ 16.451,16
  • 10º Jardim Botânico (RJ) – R$ 15.893,87

CNN Brasil

Cidades investem em sistemas para aumentar a eficiência no consumo, integrando diferentes tecnologias

A cidade do futuro já foi aquela em que o uso de tecnologia permitia oferecer pontos gratuitos de acesso à internet ou câmeras de monitoramento de ruas. A emergência das mudanças climáticas mudou o foco. A transição energética é hoje o principal debate, e o maior desafio das cidades é migrar para um cenário menos dependente de energia fóssil, com uso eficiente, fontes de energia renovável e redução a zero nas emissões de gases do efeito estufa.

Nessa “cidade inteligente” que se desenha é preciso que tecnologias se integrem e conversem, aliadas à chamada internet das coisas, do inglês Internet of Things (IoT).

— Está claro que precisamos de resposta urgente às mudanças climáticas. E a transição energética é essencial para essa resposta, buscando reduzir desperdício de energia em iluminação e climatização de ambientes, por exemplo, por meio de tecnologias mais modernas e eficientes — diz o professor Luiz Carlos Pereira da Silva, coordenador do Escritório de Projetos Especiais Campus Sustentável da Unicamp, que se propõe a ser um laboratório para as cidades, testando o que pode ser reproduzido em escala maior.

Cidades pelo mundo vêm avançando na implantação de frotas limpas, com ônibus elétrico e a hidrogênio. Cristina Albuquerque, gerente de Mobilidade Urbana do WRI Brasil, instituto especializado em estudar e implementar soluções sustentáveis, cita os exemplos de Londres e, na América Latina, de Bogotá, na Colômbia, e Chile, país que tem hoje a maior frota de ônibus elétricos fora da China.

— Eletrificar os transportes é um caminho rápido para a logística urbana, seja no transporte público, nas frotas corporativas ou nas entregas de última milha — afirma a professora Flávia Consoni, coordenadora do Laboratório de Estudos do Veículo Elétrico do Instituto de Geociências da Unicamp e membro do Comitê de Ciência e Tecnologia da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica.

Flávia explica que a adoção do critério ESG — sigla em inglês de ambiental, social e governança — tem levado as empresas a eletrificarem frotas para cumprir metas de redução de emissões. Especialista em Política Científica e Tecnológica, a professora afirma que o Brasil, por sua dimensão, não deve ter resposta única para alcançar as metas de baixa emissão.

É possível combinar o uso de etanol ao de veículos elétricos com geração de energia fotovoltaica, por exemplo.

Medir qualidade é desafio

Na geração de energia, Nelson Kagan, coordenador do Núcleo de Pesquisas em Redes Elétricas Inteligentes da Escola Politécnica da USP, acredita que a perspectiva é de convergência e integração de tecnologias, com a microgeração fotovoltaica sendo devolvida à rede de distribuição.

Segundo ele, há diferentes modelos. Na Alemanha, por exemplo, cuja meta é reduzir o uso de energia nuclear, o valor da energia produzida pelo consumidor é maior do que a entregue pela rede de distribuição.

Laboratório - Telhados com painéis fotovoltaicos e aproveitamento da luz natural no Campus Sustentável da Unicamp, que testa soluções para tornar cidades mais inteligentes Foto: Divulgação
Laboratório – Telhados com painéis fotovoltaicos e aproveitamento da luz natural no Campus Sustentável da Unicamp, que testa soluções para tornar cidades mais inteligentes Foto: Divulgação

O núcleo da USP funciona desde 2017, e Kagan pesquisa há pelo menos 10 anos o assunto. Segundo ele, há uma década as motivações eram diferentes do restante do mundo. Uma delas eram as perdas comerciais das distribuidoras, decorrentes do roubo de energia, o famoso “gato”, que chegam a 40% em algumas regiões.

Outro desafio é a medição da qualidade do serviço, com monitoramento do número de horas sem energia:

— As tecnologias têm melhorado bastante com a automação da rede, que permite supervisionar à distância e identificar rapidamente quando ocorre um problema.

Kagan diz que, nesta vertente da cidade inteligente, há desde os medidores inteligentes (monitoramento remoto) até a possibilidade de consumidores de baixa tensão obterem tarifas diferenciadas de acordo com a hora do dia, adequando o uso de equipamentos à faixa tarifária. Hoje é possível optar pela “tarifa branca”, mais barata fora dos horários de pico, desde que seja pedido à concessionária de energia e seja instalado novo medidor.

— No futuro a tarifa pode mudar a cada hora, conforme oferta e demanda. E o consumidor conseguirá usar o sistema de forma mais inteligente.

Luz muda à distância

Na iluminação pública, o Campus Sustentável da Unicamp — por onde circulam cerca de 60 mil pessoas por dia, em períodos sem pandemia — tem um projeto, por exemplo, que prevê redução de 70% no consumo. Todas as luminárias passarão a ter lâmpadas LED e sensores de telegestão que possibilitam monitorar e alterar a luminosidade à distância: é possível programar horários para reduzir a iluminação de acordo com o número de pessoas que transitam no local.

Além de servir como showroom, a Unicamp oferecerá cursos para gestores municipais.

Há ainda a geração de energia fotovoltaica. Nos últimos quatro anos, a instalação das placas reduziu em 5% o consumo de energia e, nos próximos quatro anos, diminuirá mais 20%. E, dos seis ônibus que circulam no campus, um é elétrico e deverão ser incorporados um movido a hidrogênio e outro a gás natural.

O Globo