Aliança Centro discute, em Nova Iorque, implantação de projeto que revitalizou Chicago no Centro do Rio

A requalificação do Centro do Rio de Janeiro levou o presidente da Aliança Centro Rio, Marcelo Haddad, aos Estados Unidos. Haddad se encontrou em Nova Iorque, na última semana, com Robert Benfatto, presidente do Hudson Yards e do Hell’s Kitchen Alliance Business Improvement District da cidade americana, para conversar sobre as melhores práticas para o desenvolvimento das atividades comerciais, culturais e residenciais das regiões centrais de grandes capitais. Benfatto, que também é copresidente do Conselho de Administração do New York City BID Association, é grande entendedor do assunto, em suas mãos, está um BID – em português, ARE, uma espécie de “condomínio” de prédios em uma certa rua, ou região, que banca serviços suplementares aos prestados pela prefeitura – com orçamento anual de US$ 6 milhões.

Uma das pautas do encontro foi o alinhamento das melhores práticas dos BIDs americanos às primeiras Áreas de Revitalização Econômica (AREs) latino-americanas, que serão inaugurados no Centro do Rio, em setembro deste ano, nas seguintes localidades: uma no Boulevard da Rua São José e a outra em trecho da Avenida Presidente Vargas, nas proximidades da Biblioteca Parque Estadual. Estão previstas para 2024, a inauguração de mais uma ARE, com apoio da São Carlos, Bradesco Properties e PREVI – proprietárias de nove prédios na região da Candelária.

A medida tem à frente a Aliança Centro que, desde 23 de setembro de 2021, quando foi fundada, não tem medido esforços para revitalizar a região. Criada como um movimento suprapartidário, a organização tem como objetivo ultrapassar as dificuldades socioeconômicas enfrentadas pelos centros Histórico e Comercial do Rio de Janeiro ao longo das décadas. Com o advento da pandemia, a atuação do grupo – formado pelos maiores proprietários da região, apoiados por gestores públicos, membros da sociedade civil e do universo político – foi de grande importância para amortecer os impactos da crise sanitária e da crise econômica. Vale lembrar que a entidade surgiu no esteio do projeto Reviver Centro e da criação, pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), do Gabinete de Crise do Centro, iniciativas que contaram com atuação direta do ex-secretário de Planejamento Urbano, Washington Fajardo.

Populares no mundo inteiro, as AREs são organizações locais integradas por proprietários de imóveis comerciais e inquilinos, voltadas para a revitalização dos centros urbanos. Atualmente, existem mais de 2 mil AREs atuando no mundo. No Brasil, o modelo não foi adotado oficialmente porque o Estatuto das Cidades não prevê este instrumento. A legislação brasileira também não prevê um tributo semelhante. As AREs brasileiras serão, portanto, integradas voluntariamente e custeadas pelas empresas participantes da Aliança Centro Rio.

Robert Benfatto e Marcelo Haddad / Foto: Divulgação

Atuação da Aliança na Região

Desde a criação da Aliança pelas maiores empresas proprietárias de imóveis no Centro, como o Opportunity, a São Carlos, Sergio Castro Imóveis e outras, a interlocução com o município melhorou muito e os problemas constatados, geolocalizados e comunicados pela entidade à Prefeitura passaram a ser em grande parte solucionados. Já foram retiradas dezenas de ruínas de velhas bancas de jornal; foram pavimentadas ruas inteiras, como o entorno do Largo de Santa Rita e a Rua da Quitanda; e a camelotagem clandestina vem sendo reprimida na região entre a Rio Branco e a rua do Mercado.

E as estatísticas provam: segundo a Aliança, 61% das queixas e problemas apresentados à Prefeitura até hoje foram resolvidos satisfatoriamente pela Subprefeitura. Um número que, há 2 anos, era menos da metade. A vida da cidade vem respondendo bem à ação das autoridades, com a região da Praça XV, a Orla Conde e a Praça Mauá ficando lotadas mesmo aos sábados, domingos e feriados, com Centro Culturais e restaurantes abarrotados de turistas e cariocas. O subprefeito Alberto Szafran, conhecido como o “xerife” do Centro, explica que“A região não teve atenção da administração anterior e às vezes reconstruir a reputação pode demorar, mas é inegável que o espaço público tem melhorado e que a prefeitura centra muitos de seus esforços para corrigir os problemas do Centro do Rio, que agora recebe novamente investimentos, não só públicos como privados”. O subprefeito cita como exemplo o enorme afluxo de visitantes à região aos sábados, quando toda a Orla Conde e a Praça XV ficam lotados, sem contar a rua do Lavradio.

Diário do Rio

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