Selic em queda faz mercado sonhar com reaquecimento

A queda na taxa básica de juros de 13,25% para 12,75%, anunciada na semana passada pelo Banco Central, levou empresários e representantes de entidades da construção civil a sonhar com o reaquecimento do setor. O corte de meio ponto percentual fez a Selic chegar ao menor patamar dos últimos 16 meses e sinaliza que o ritmo de queda será mantido nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). O mercado defende, em uníssono, no entanto, que o processo de redução em médio e longo prazos seja acelerado e que o país volte a operar com taxas de um dígito.

A tendência de queda aumenta a confiança dos empresários do setor na economia e contribui para aumentar os investimentos e o número de lançamentos imobiliários, avalia o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Renato Correia.

“A sinalização de que o corte dos juros será mantido possibilita o planejamento de novos negócios e incentiva o deslocamento de investimentos para o mercado imobiliário, que tem risco menor, em detrimento do financeiro”, argumenta.

Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), concorda e acrescenta que é preciso minimizar o impacto adverso dos juros elevados no custo de capital das empresas, em especial daquelas que dependem de financiamentos para tocar seus projetos. “Os juros altos representam custos mais elevados para a população e são um obstáculo significativo à geração de empregos e ao crescimento econômico”, pondera.

A expectativa da entidade é a de que esse movimento de queda venha contribuir para a valorização dos imóveis, tornando a aquisição dos bens uma opção financeira vantajosa. “Adquirir propriedades agora, antes de uma queda mais expressiva dos juros, pode significar oportunidades de aumentar o patrimônio e obter ganhos financeiros no futuro. E vale ressaltar que o esgotamento de terrenos em áreas nobres para novos empreendimentos tende a valorizar ainda mais os imóveis que já estão sendo lançados.

Para o CEO da Sequóia Properties, Joaquim Rocha Azevedo, a tendência de queda torna o ambiente econômico mais favorável, o que afeta positivamente o mercado imobiliário, pois reduz o custo do financiamento e das alternativas de investimento. “Ambos tornam o investimento em imóveis mais atraente”, afirma.

Para especialistas e “players” do mercado imobiliário, a expectativa de queda da Taxa Selic cria um cenário de aumento da demanda e de valorização dos imóveis. Segundo o diretor de Negócios Imobiliários do Santander, Sandro Gamba, sempre que existe um movimento de redução da taxa de juros na economia, há um clima de maior confiança e otimismo entre os investidores, e a tendência é de aquecimento da procura por imóveis.

“E, se isso acontece em um momento em que os estoques estão baixos, a valorização tende a ser ainda maior. A queda nas taxas de juros diminui o custo de oportunidades do capital e estimula a compra de imóveis e o desenvolvimento de novos projetos”, acrescenta.

CONFIANÇA NA ECONOMIA

Andre Kiffer, sócio-diretor da Inti Empreendimentos, também defende a tese de que o afrouxamento monetário afeta positivamente a confiança do comprador. “Qualquer redução na taxa de juros cria um cenário de otimismo, destravando decisões de compra e de investimentos. E esse é o principal efeito desse novo corte na taxa de juros: reforçar a relação de confiança na economia.”

O empresário também aposta que haverá mais lançamentos nos segmentos de alto padrão, luxo e superluxo. “Considerando a previsão de novas quedas e a perspectiva de mais oferta de “funding” ao setor, a tendência é, sim, de que haja novos lançamentos”, afirma.

Na avaliação do presidente do SindusCon-SP, Yorki Estefan, mais importante do que o percentual de queda de meio ponto percentual é a indicação de continuidade do ciclo de redução. “A sinalização de baixa é muito importante, mas o patamar mais favorável ao lançamento de novos empreendimentos seria a Taxa Selic chegar a apenas um dígito.”

Ele ressalta que, por não ter necessidade imediata do imóvel, o cliente do segmento de alto padrão pode esperar que os juros atinjam um patamar mais adequado. “E, com a portabilidade do crédito, o comprador pode fazer um bom negócio imobiliário hoje e trocar de banco financiador em um segundo momento”, sugere Estefan.

Valor Econômico, seção Imóveis de Valor

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