Desaceleração do IGP-M deve persistir em agosto

Há espaço para desaceleração mais expressiva do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), tendência que deve ser observada em agosto, na avaliação da Fundação Getulio Vargas (FGV). Divulgado ontem pela entidade, o indicador subiu 0,40% em julho, praticamente no piso das estimativas de 24 instituições ouvidas pelo Valor Data, que era de 0,41%. Em junho, o IGP-M havia aumentado 0,80%. Em 12 meses, a inflação também ficou mais branda, ao passar de 6,51% para 6,39%.

No dado mensal, excluindo-se do índice o minério de ferro — que tem o maior peso na inflação do atacado e vem em alta consistente desde o desastre de Brumadinho (MG) — o IGP-M teria recuado 0,23% neste mês, após avançar 0,25% na medição anterior, destaca André Braz, economista da FGV. Neste mês, o minério foi o principal impacto inflacionário sobre o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), ao avançar 11,34%, taxa similar à de junho (11,76%).

Segundo Braz, outros fatores além dos efeitos do rompimento da barragem de rejeitos da Vale explicam a pressão nos preços da commodity metálica, como a demanda firme da China. “O minério praticamente dobrou de preço em relação ao ano passado”, observou. O item acumula alta de 66% de janeiro a julho e saltou 92% em 12 meses. As últimas coletas, no entanto, apontam que esse movimento parece ter chegado a seu ápice, disse.

“Um aumento menor do minério já começa a se desenhar nos preços recebidos na ponta e também há um comportamento mais estável da taxa de câmbio”, comentou o economista. A sinalização de alta mais fraca indica perda de fôlego maior do IPA em agosto, afirmou Braz.

Com participação de 60% no IGP-M, o índice ao produtor desacelerou de 1,16% em junho para 0,40% em julho, influenciado principalmente pelos produtos agropecuários, uma vez que os produtos industriais ainda seguiram em terreno positivo, com alta de 0,73%, mas menor do que a leitura passada (1,19%).

Neste subgrupo, houve deflação de 0,61% neste mês, após avanço de 1,04% na leitura passada. A soja, que é o segundo item de maior peso no IPA, deixou aumento de 6,3% em junho e agora registrou queda de 1,36%. Segundo Braz, a elevação do mês anterior, em razão das perspectivas de uma safra americana menor, foi apenas um “mal estar passageiro”. Outra contribuição negativa importante partiu do leite in natura.

Ainda dentro dos itens agropecuários, os alimentos in natura subiram, em média, 0,58% em julho, saindo de deflação de quase 5% em junho, mas o economista pondera que ainda há mais preços em queda do que em alta. A aceleração se deveu somente ao mamão, que saltou 21,4% no mês, disse. O efeito é isolado e já atingiu o varejo, mas não chega a preocupar, avalia.

Os alimentos explicam a maior parte da alta do Índice de Preços ao Consumidor – M (IPC-M), que ficou em 0,16% neste mês, após ter recuado 0,07% em junho. Além da parte de alimentação (-0,55% para 0,22%), mostraram taxas maiores habitação (-0,17% para 0,55%) e despesas diversas (-0,34% para 0,25%).

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