Hotéis, restaurantes e construção foram os setores mais afetados pela pandemia, diz Ipea

Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a partir de dados do mercado de trabalho do IBGE e da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho concluiu que o setor de alimentação e alojamento foi o mais afetado pela pandemia de covid-19 nos últimos meses, seguido pelo setor de construção.

Divulgado nesta segunda-feira, o documento mostra que o saldo líquido de emprego formal no setor de alojamento e alimentação recuou 8,15% em abril deste ano, frente ao mesmo mês do ano anterior, a queda mais intensa entre as atividades, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). 

Com base na Pnad Contínua, do IBGE, o estudo mostra que a ocupação em alojamento e alimentação recuou 1,2 milhão de postos de trabalho em abril, frente ao mesmo mês do ano anterior, que corresponde a uma queda de 21,4%. O estudo considera dados mensalizados da pesquisa do IBGE , que originalmente usa trimestres móveis.

O pesquisador Carlos Henrique Corseuil, que assina o documento com os pesquisadores Lauro Ramos e Felipe Russo, explica que o setor de alojamento e alimentação (como hotéis, restaurantes, bares) foi mais duramente impactado porque necessita da presença física do cliente durante a pandemia.

Desde o fim de março, decretos de isolamento social editados em São Paulo e no Rio de Janeiro, além de outras grandes cidades, determinaram o fechamento de hotéis, restaurantes e bares para enfrentar a pandemia. Restaurantes e bares puderam operar apenas com serviços de entrega em domicílio.

“Mesmo com restaurantes atuando por delivery, a demanda não foi a mesma de antes da pandemia. Com a quarentena, as famílias passaram a preparar alimentos dentro de casa, em vez de pedir entrega”, explicou Corseuil, acrescentando que, nesse quadro, o setor precisou ajustar rapidamente o quadro de pessoal.

Mesmo na atividade informal, os trabalhadores que obtinham sua renda da alimentação foram afetados. Com escritórios fechados e obras paradas, as vendas de alimentos na rua — como quentinhas, lanches — foram impactadas durante a pandemia. Desta forma, a ocupação e a renda desses informais também foram afetadas.

Na construção, o levantamento identificou queda de 5,19% no saldo líquido de emprego formal em abril, frente ao mesmo mês do ano passado, considerados dados do Caged. Pela Pnad Contínua, que inclui o emprego informal, a perda de ocupações por essa base de comparação foi de 1,4 milhão, queda de 22,6%.

Corseuil afirmou que, além da redução de pessoal em grandes obras de construção civil, o ramo de reformas de residência e construção de casas também tende a ter sido afetado pelo isolamento social. “Houve desligamento em massa de trabalhadores informais no setor durante a pandemia”, acrescentou.

Apesar do maior impacto nessas atividades, o estudo aponta que as perdas de empregos foram disseminados durante a crise. Comércio, indústria e serviços tiveram saldos negativos. Exceção foi a administração pública, com aumento do número de pessoal ocupado mesmo durante a pandemia.

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