Desemprego recua para 14,1% em junho, mas ainda atinge 14,4 milhões de brasileiros

A crise no mercado de trabalho começa a dar sinais de recuperação. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) do IBGE, divulgada nesta terça-feira, mostram que a taxa de desemprego recuou para 14,1% no trimestre encerrado em junho.

É um recuo frente os 14,7% registrados no trimestre encerrado em março, quando o desemprego atingiu nível recorde no país. Ainda assim, o país soma 14,4 milhões de pessoas na fila em busca de um trabalho.

A queda na taxa, ainda que modesta, foi influenciada pelo aumento no número de pessoas ocupadas, que avançou 2,5%, um acréscimo de 2,1 milhões de trabalhadores, totalizando 87,8 milhões nessa condição.

Adriana Beringuy, analista da pesquisa, explica que o crescimento da ocupação ocorreu em várias formas de trabalho.

— Até então vínhamos observando aumentos no trabalho por conta própria e no emprego sem carteira assinada, mas pouca movimentação do emprego com carteira. No segundo trimestre, porém, houve um movimento positivo, com crescimento de 618 mil pessoas a mais no contingente de empregados com carteira — explica Beringuy.

Trabalho por conta própria cresce 4,2%

Esse crescimento de 618 mil de vagas com carteira corresponde a uma alta de 2,1% frente ao trimestre anterior, totalizando 30,2 milhões de pessoas. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o contingente ficou estável, mas interrompeu quatro trimestres sucessivos de quedas.

A ocupação também avançou com o aumento de 3,4% no número empregados sem carteira (10,0 milhões) na comparação com o trimestre anterior. Em relação ao segundo trimestre do ano passado, esse contingente subiu 16,0% ou 1,4 milhão de pessoas.

Outro destaque da pesquisa foi o trabalho por conta própria, que atingiu o patamar recorde de 24,8 milhões de pessoas. Isso representa um crescimento de 4,2% na comparação com o trimestre anterior e, em um ano, um avanço de 3,2 milhões de pessoas, alta de 14,7%.

Nas duas bases de comparação, a alta na ocupação veio do aumento dos conta própria sem CNPJ. São ambulantes e pessoas que fazem doce em casa por exemplo.

Os trabalhadores informais, que incluem aqueles sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores sem remuneração, somaram 35,6 milhões de pessoas e uma taxa de 40,6%.

No trimestre anterior, a taxa foi de 39,6%, com 34,0 milhões de informais. Há um ano esse contingente era menor, 30,8 milhões e uma taxa de 36,9%.

Economistas avaliam que, na medida em que a economia dá sinais de recuperação e a vacinação avança no país, mais pessoas voltarão a procurar emprego.

Com isso, a expectativa é que o país conviva com níveis elevados de desocupação por bastante tempo, já que há um descompasso entre oferta e demanda de mão de obra. O IBGE considera desocupado quem está procurando emprego e está sem trabalho na semana de referência da pesquisa.

Pnad X Caged

Com a pesquisa do segundo trimestre, os dados da Pnad começam a convergir com os do Cadastro Geral de Empregos (Caged), do Ministério do Trabalho, que vêm apontando abertura de vagas nos últimos meses.

O Caged considera apenas vagas formais (com carteira) do setor privado. Os dados são informados pelas próprias empresas ao ministérios e se referem sempre a períodos mensais.

Já a Pnad considera vagas formais e informais. São considerados trabalhadores por conta própria e funcionários públicos também. E os dados são trimestrais, coletados a partir de entrevistas.

O Globo

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