O que muda para o mercado imobiliário com a chegada do metaverso?

O universo virtual compartilhado já começa a se refletir no mercado imobiliário, principalmente em ações de marketing. Aos poucos, os anúncios de venda de terrenos no metaverso, com NFTs como moedas de pagamento, e a possibilidade de visita a imóveis por meio de óculos VR, passam a fazer parte da realidade do setor.

Algumas empresas já deram início à reprodução do mundo real no virtual, ou seja, estão lançando empreendimentos, simultaneamente, nas duas dimensões.

O custo de investir em tecnologias ainda não popularizadas limita o número de empresas que apostam nessas iniciativas, mas a tendência é que a conciliação de ações, nos mundos real e virtual, faça parte, cada vez mais, da vida de incorporadoras, imobiliárias e plataformas que atuam nesta indústria.

Vantagens e desvantagens do metaverso

De acordo com Vânia Gomes, fundadora da UBlink, plataforma imobiliária, toda empresa que pretende ser perene e oferecer o melhor a seus clientes precisa estar atualizada e, de preferência, buscar o pioneirismo nas tecnologias utilizadas e na forma de fazer negócio.

“Investir no metaverso faz parte das iniciativas que têm de, ao menos, ser avaliadas por empresas do setor imobiliário com visão de longo prazo”, afirma.

Prova disso, para Arthur Igreja, especialista em tecnologia, inovação e tendências, é que o metaverso pode impactar o mercado imobiliário de várias formas, como um canal de atendimento, em que uma pessoa queira fazer uma reunião usando a tecnologia.

“A capilaridade também é um grande impacto, com a possibilidade de se ter um escritório virtualizado, com atendimento de clientes do mundo inteiro. E também na exibição dos próprios imóveis e na integração”, conta.

Entretanto, a executiva ressalta que essa indústria utiliza muito pouco de tecnologias já conhecidas e disponíveis, como deep technology – IA e blockchain. Desta forma, ela crê que o estágio de maturidade do setor no uso de tecnologias disruptivas prejudica a aceleração do uso de um metaverso.

Além disso, o custo no uso destas tecnologias ainda é visto como uma barreira para muitos. “Não vejo, exatamente, desvantagens no investimento no metaverso. Mas é preciso que organizações consolidadas e startups no início de sua jornada avaliem se este já é o momento de apostar no universo virtual compartilhado”, reforça.

“Pode ser que, antes de dar este passo, a empresa precise aprimorar tecnologias que assegurem que o funcionamento do negócio, no mundo real, ocorra da melhor forma possível, proporcionando melhoria nos processos existentes e buscando novos processos que tragam inovação e disrupção nos modelos de negócio existentes”, salienta Vânia Gomes.

Outro ponto é evitar a repetição do que aconteceu, há quase 20 anos, quando algumas incorporadoras investiram no Second Life — modelo pioneiro de simulação virtual do mundo real. A experiência acabou se mostrando uma onda que foi deixada de lado.

Arthur Igreja destaca que entre as principais vantagens de se investir no metaverso está a vanguarda. Ou seja, estar à frente e ser visto como um profissional ou uma empresa que está conectada com as tecnologias e a transformação digital, bem como a possibilidade de abrir novos mercados.

A desvantagem, segundo o especialista, é que muito possivelmente isso poderá não trazer um retorno tão imediato e tangível no curto prazo. “É muito mais uma aposta e um posicionamento de mercado. É preciso ter essa consciência”, frisa.

Principais tendências

Em relação à tecnologia, uma das tendências mais em evidência é o avanço de ações de empresas no metaverso com maior inovação. A tokenização, que facilita o fracionamento digital do imóvel para a venda a vários proprietários, também tem crescido.

Desse modo, Vânia Gomes relembra que a UBlink foi a primeira empresa a oferecer uma wallet – carteira virtual para que usuários tenham disponíveis documentos do imóvel. Ao carregar informações validadas, a UBWallet funciona como processo de pré-tokenização.

“O Google Wallet – aplicativo que reúne dados de pagamento e documentos pessoais – foi lançado, em maio, nos Estados Unidos, e só chegará ao Brasil nos próximos meses. Ou seja, nós nos antecipamos em relação a uma das gigantes mundiais de tecnologia”, compara.

Já no mercado imobiliário stricto sensu, a busca por locação tende a crescer, diante de um cenário mais desafiador para a compra de imóveis, com inflação e juros em alta.

Por fim, Arthur Igreja coloca que o setor imobiliário passará por uma série de transformações, sendo uma delas o tipo de empreendimento que está sendo buscado e seus atrativos, principalmente, como reflexo das mudanças da pandemia, com a valorização dos home offices, das casas e dos condomínios.

“Vemos uma onda muito forte de geração distribuída, eletrificação dos carros, aspectos voltados à sustentabilidade, à conveniência, com serviços agregados ao condomínio e ao residencial, sem falar nas tecnologias, como metaverso, NFT, o próprio pagamento em criptomoeda”, elenca.

“Estamos tendo também a revolução da web3 e o segmento imobiliário não ficará fora disso. Vemos uma convergência muito forte entre tecnologia e todos os mercados. É importante que corretor e imobiliária digital estejam atentos às mudanças”, finaliza o especialista.

Portal Consumidor Moderno

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