Incorporadoras esperam recuperação de margem em 2023

A expectativa de queda de juros, da continuação da desaceleração do custo para construir e da melhora nas margens das incorporadoras foi o tema central do Incorpora, Fórum Brasileiro das Incorporadoras Imobiliárias, promovido pela associação brasileira do setor (Abrainc), nesta quinta-feira (29) em São Paulo.

Para Ricardo Gontijo, presidente da Direcional, o custo dos materiais está sob controle, mas a mão de obra, por causa dos reajustes dos salários, ainda sobe. “O aumento na mão de obra não é de todo ruim, porque são mais famílias que podem comprar nosso produto”, ponderou o executivo. A Direcional constrói imóveis de padrão econômico.

Empresas que atuam com rendas mais altas também analisam que o cenário é positivo. O presidente da incorporadora Setin, Antonio Setin, afirmou que a queda de juros e do INCC, índice que mede a inflação da construção civil, devem ajudar seu negócio, focado no público de média-alta renda, porque a decisão de compra é muito afetada pelo comportamento desses dois fatores. O INCC é usado para reajustar as prestações do imóvel durante a sua construção. “Em 2023, com um candidato eleito ou outro, a sociedade e os setores da construção civil assistirão aos indicadores como IPCA ou INCC em queda visível”, disse.

O setor imobiliário tem crescido em vendas e lançamentos, mas passa por dificuldade em suas margens, porque não conseguiu repassar ao consumidor os aumentos de custo dos últimos meses, segundo Leandro Melnick, presidente da Even e do conselho de administração da incorporadora gaúcha Melnick. Mesmo com o arrefecimento atual, haveria um saldo de elevação de custo que foi absorvido pelas companhias. O executivo afirmou esperar que até o fim do próximo ano as margens estejam mais razoáveis no setor, com custos controlados. “Me junto aos otimistas, mas estou apreensivo”, disse.

José Ramos Rocha Neto, presidente da associação brasileira de crédito imobiliário (Abecip) tentou tranquilizar o mercado sobre os recursos para financiar os empreendimentos imobiliários, com a queda de 4,6% no saldo da poupança até agosto deste ano, na comparação com o mesmo período de 2021.

Mesmo assim, o total de recursos para financiamento do setor passou de R$ 1,66 trilhão para R$ 1,81 trilhão, também em relação ao período de janeiro a agosto. O que mudou foram as fontes alternativas, como a letra imobiliária garantida (LIG), letras de crédito imobiliário (LCI), certificado de recebíveis imobiliários (CRI) e fundos de investimento imobiliário (FII). A participação da LIG, apesar de pequena, dobrou de 2% para 4%.

A participação da poupança e do FGTS nesse total caiu de 74% para 69% em um ano.

Para o fim de 2022, a expectativa da entidade é que o total do financiamento imobiliário no país fique em R$ 44 bilhões, queda de 4% ante 2021, mas o segundo melhor ano do indicador. Segundo Rocha Neto, 2023 pode ser o terceiro melhor ano para o financiamento imobiliário, o que significa uma queda ante o desempenho atual.

Apesar do corte de 95% no orçamento federal para o programa Casa Verde e Amarela em 2023, o presidente da Abrainc, Luiz França, afirmou que os recursos do FGTS darão conta de sustentar as atividades do programa, com exceção da faixa inicial, para a população com renda de até R$ 2.400 ao mês. “Os demais grupos têm concorrência entre as empresas”, disse.

Valor Econômico

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